Brinquedos podem causar doenças?

Brinquedos em brinquedotecas como uma fonte de microrganismos patogênicos para as infecções hospitalares

Sonia Regina Testa da Silva Ramos*

Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil

Revista Paulista de Pediatria

“… a brincadeira que é universal e que é própria da saúde: o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde…” (Winnicott)

As brincadeiras fazem parte da vida da criança, e é por meio delas que, muitas vezes, a criança expressa os sentimentos de forma não verbal. Essa forma de expressão é de muita importância quando submetida a agravos, como a internação hospitalar. Privar a criança de sua linguagem é piorar ainda mais a agressão.

Assim, um espaço adequado para que as brincadeiras aconteçam dentro do ambiente hospitalar é altamente recomendado. No Brasil, desde 2005, os hospitais que prestam atendimento pediátrico estão obrigados por lei a contar com brinquedotecas.1

Se, por um lado, a brinquedoteca proporciona um local para a criança manifestar seus sentimentos durante a internação e minimizar o sofrimento, sendo um dos locais do hospital lembrados com alegria, por outro, o convívio próximo e o contato com brinquedos manipulados por outras crianças podem facilitar a aquisição de infecções. Infelizmente, pode ocorrer a contaminação dos brinquedos, e surtos de infecções hospitalares já foram atribuídos a eles.24

As crianças apresentam algumas peculiaridades que as predispõem aos processos infecciosos, como a imaturidade imunológica, a falta de contato anterior com patógenos, a falta de controle esfincteriano nas crianças de baixa idade e a fase oral do desenvolvimento. Soma-se a isso a interação muito próxima com os membros da equipe de saúde e familiares e, portanto, maior contato com mãos e utensílios potencialmente contaminados. Também as causas infecciosas grande parte das vezes predominam nas internações pediátricas.5

Embora a maior vulnerabilidade da criança e a exposição a patógenos sejam bem conhecidas, o papel das superfícies e, particularmente, dos brinquedos tem tido pouca atenção por parte das equipes de controle de infecção hospitalar e de pesquisa, e é tida como prioritária.6,7

Boretti et al,8, em artigo publicado nesta edição da revista, mostram que microrganismos do gênero Staphylococcus, tanto coagulase negativos como positivos, com resistência elevada aos antimicrobianos habitualmente utilizados no tratamento de pacientes internados, estavam presentes em 87% dos brinquedos que analisaram logo após a manipulação pela criança. Tem o mérito de mostrar que a contaminação é elevada por microrganismos resistentes e que em alguns materiais, como plásticos e borracha, a contaminação é mais intensa.

Algumas limitações podem ser apontadas e podem servir para a continuação dessa linha de pesquisa. O desenho do estudo não permite saber quando ocorreu a contaminação, se os brinquedos já estavam contaminados antes da manipulação pela criança. Sabe-se que os estafilococos permanecem muitos dias viáveis em fomites e superfícies.9,10

A origem dos microrganismos também não pode ser analisada, e um fato curioso é o encontro de estafilococos coagulase positivos, como o S. Intermedius, o S. schleiferi e o S. hyicus.5,11 Essas espécies habitualmente são encontradas em animais domésticos, como cães e gatos;5,11 será que a procedência nos brinquedos foi das crianças expostas a animais antes da internação? Ou nesse hospital ocorre a visita terapêutica de animais? A presença dos microrganismos não prova que eles podem infectar os pacientes, mas estudos utilizando tecnologia de biologia molecular poderiam atestar a origem das cepas que infectam os pacientes.5

De qualquer forma, medidas preventivas para evitar a disseminação dos microrganismos devem ser tomadas.

Além das medidas clássicas de limpeza e desinfecção dos brinquedos e, portanto, a escolha de brinquedos laváveis e da higiene das mãos, não se deve esquecer da higiene das mãos das crianças12 e da limpeza e desinfecção dos mobiliários e das superfícies do ambiente.10

Tecnologias inovadoras, como superfícies autodesinfetantes, métodos de cuidados com pouca manipulação, desenho das áreas destinadas à recreação, devem ser pesquisadas em hospitais pediátricos.6,7,10

REFERÊNCIAS

  1. Brasil – Presidência da República. Lei nº 11.104, de 21 de março de 2005. Dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação. Brasília: Casa Civil; 2005. Available from: HYPERLINK “http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11104.htm”www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11104.htmwww.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11104.htm [ Links ]
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*Autor para correspondência. E-mailsonia.ramos@hc.fm.usp.br (S.R.T.S. Ramos).

Revista Paulista de Pediatria

versão impressa ISSN 0103-0582

Rev. paul. pediatr. vol.32 no.3 São Paulo set. 2014

http://dx.doi.org/10.1590/0103-0582201432321

BORETTI, Vanessa Stolf et al. Perfil de sensibilidade de Staphylococcus spp. e Streptococcus spp. isolados de brinquedos de brinquedoteca de um hospital de ensino. Rev. paul. pediatr. [online]. 2014, vol.32, n.3, pp. 151-156. ISSN 0103-0582.

Melhores atividades físicas na infância

  1. Qual a idade mínima para a prática de exercícios? Quais as atividades físicas mais indicadas na infância? Como elas devem ser feitas?A atividade física é desejável para o ser humano em todas as idades. Portanto, deve ser estimulada. O lactente deve ter liberdade para se mover de acordo com o seu nível de desenvolvimento.25--2--PiramideAtividadeFisicaA partir dos 6 meses já existem exercícios que estimulam o desenvolvimento; um cercado permite à criança observar o ambiente, brincar e se apoiar para ficar de pé.

A partir dos 10 meses a criança deve ter espaço para engatinhar e depois começar a andar com apoio; na criança de 1-3 anos, a atividade física deve ser estimulada.

No pré-escolar de 4 a 7 anos são atividades indicadas: andar, correr, pular, subir, nadar. Isso pode ser feito através de jogos que visam aperfeiçoar a coordenação motora.06_ginastica_kids_estudio_1286207116

Direcionar já para um esporte pode privar o desenvolvimento de certos grupos musculares. A atividade física desenvolve a força muscular, flexibilidade e resistência, aperfeiçoa a coordenação motora, estimula o metabolismo ósseo, aumenta a capacidade respiratória e cardíaca, melhora o humor e o apetite, mas previne a obesidade e, a longo prazo, diminui os riscos de hipertensão, diabetes e cardiopatias isquêmicas.

2. Em quais casos a atividade física não é recomendada para crianças? Existe contraindicação?

A princípio, não há contraindicação para a atividade física. É importante adaptar à etapa do desenvolvimento e às condições de cada criança, evitando os exercícios de força e aqueles que levam à hipertrofia da massa muscular, pois os músculos enrijecidos “opõem-se ao crescimento ósseo”.

A natação (excelente atividade física) pode não ser indicada, temporariamente, para crianças com rinite-sinusite crônica, por exemplo.images9

3. Qual é a diferença entre atividade física e esporte? 

Entende-se por esporte a atividade física que está associada à competição e visa resultados.

O esporte é importante na formação do caráter porque desenvolve a sociabilidade (função do conjunto), respeito às regras (limites), empenho (essencial para o sucesso) e o modo de lidar com a vitória e a derrota.

Por outro lado, acarreta riscos de lesões físicas (luxação, fratura, rompimento de ligamentos, entorses), desidratação (pelo calor) e sobrecarga psicológica (conflito emocional).

Entre 8 e 11 anos já se pode indicar um esporte favorito sem dar ênfase no aspecto competitivo. Trata-se de uma associação de ginástica e jogos.

A partir dos 12 anos já se pode iniciar treinamento visando resultados.

É importante respeitar a maturidade biológica da criança e evitar sobrecarga nos exercícios. Cumpre advertir que nesta faixa etária existem grandes diferenças de maturação entre crianças da mesma idade. Por isso é preciso identificar o ritmo de crescimento e de maturidade pubertária não levando em conta apenas a idade cronológica (a idade óssea pode ser um dado de orientação).

4. Qual deve ser a participação dos pais em relação à prática da atividade física? 

Cabe aos pais estimular essa prática. Estimular não significa fazer cobranças excessivas as quais podem associar a ideia de derrota com fracasso, provocar aversão ao esporte quando adulto e até causar transtornos de caráter.

5. Quais os cuidados que os profissionais devem ter nas aulas?

Se aos pais cabe encorajar e estimular, ao técnico e professor cabe controlar a intensidade do treinamento levando em conta a idade adequada (individualizar e não se basear apenas na idade cronológica), o sexo, introdução gradativa, aumento gradual sem forçar, acompanhar o desenvolvimento, evitar cobrança excessiva de resultados.

A criança deve ter o direito de não ser um campeão.

Atividade física programada deve ser idealmente realizada 5 vezes por semana, no mínimo 3 dias. Cerca de 150 minutos por semana, com orientação profissional.

Em alguns adolescentes maiores, a musculação poderia ser iniciada desde que com cargas baixas com muitas repetições para um bom condicionamento.

Cabe aos técnicos estimular uma alimentação adequada (orientada pelo médico) e advertir que os suplementos alimentares hoje tão em voga não tem eficácia comprovada e que os anabolizantes são prejudiciais à saúde.

O treinador deve aproveitar sua respeitada posição para doutrinar as crianças contra o fumo, bebida e drogas.

6. Qual é objetivo final da atividade física/esporte na criança?

O esporte pode e deve ser um aliado da saúde da criança.

Para isso é necessário que pais e técnicos se conscientizem que a criança não é um adulto em miniatura e que a meta é a manutenção da atividade física para toda a vida e não um “transitório pequeno grande atleta”.

O incentivo dos pais é imprescindível, o que não é absolutamente sinônimo de cobranças irrealistas. Pais, treinador e médico devem formar uma equipe para atingir o objetivo final: atitude correta em relação à atividade física para toda a vida no contexto de uma vida saudável.

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Idade Esporte na Criança X Idade
1-2-3 anos A atividade física deve ser iniciada o quanto antes
4-5-6-7 anos Correr, pular, gritar, andar, subir, cair são algumas das atividades indicadas Direcionar para um esporte pode privar o desenvolvimento de certos grupos musculares
8-9-10-11 anos Indicar um esporte favorito
Evitar competições para impedir o “conflito emocional”
12-13-14 anos Início de treinamento visando resultados
Respeitar a maturidade biológica da criança e evitar sobrecarga nos exercícios

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Mickey Exercícios: Episodio 1

Segurança em casa: dicas de especialistas para evitar os acidentes domésticos mais comuns

Princípios gerais para todos os ambientes:

  • Proteger janelas com grade de proteção.
  • Trocar urgentemente vidros quebrados ou rachados.
  • Cuidado com piso molhado, escorregadio, quebrados ou soltos.
  • Tapetes antiderrapantes ou fixados no chão, sem bordas reviradas.
  • As tomadas elétricas devem ter proteção.
  • Não pode haver fios elétricos com revestimento descascado ou rachado.
  • Os fios dos aparelhos eletroeletrônicos devem possuir dimensões apenas suficientes para alcançar as tomadas e ser de difícil acesso.
  • Nunca ligar dois ou mais aparelhos numa mesma tomada.
  • Os acessos à escada e à cozinha devem, preferencialmente, ser protegidos com portões.
  • A chave elétrica geral deve estar em local de difícil acesso, mas deve ser facilmente manejada.
  • Os sacos plásticos não podem ser acessíveis às crianças.
  • Nunca manter móvel (mesa, cadeira, sofá, banco) embaixo da janela.
  • Todos os produtos tóxicos (medicamentos, produtos de limpeza, tintas, detergentes) devem ser guardados nos recipientes originais, em armários trancados.
  • Evitar objetos com partes pequenas (menores de 2 cm de diâmetro), brinquedos, balões, sacos plásticos, que podem constituir risco de sufocação.
  • Se possível, não manter armas de fogo em casa. Caso seja extremamente necessário, guardar em local de difícil acesso e trancado a chave.
  • Prepare-se para agir rapidamente e saber o que fazer em caso de acidente.
  • Caso seja possível, ter um extintor de incêndio sempre pronto para uso e em local acessível.
  • Aconselha-se que as escadas possuam corrimão, piso antiderrapante e sejam bem iluminadas. Se possível, destacar com fitas ou cor diferente as bordas dos degraus. Além disso, deve ser bem nivelada e não pode possuir vãos.
  • Evitar sempre o uso de extensões e benjamins.
  • Tenha os números dos telefones do SAMU (192) e do CIT (0800-721-3000) anotados em lugares de fácil acesso.

 Cozinha

  • Ter, se possível, gavetas com travas para guardar facas, produtos de limpeza e outros materiais.
  • Guardar facas com corte virado para baixo.
  • Panelas no fogão, nas bocas de trás e cabo virado para dentro do fogão.
  • Fogão firmemente preso e em posição estável.
  • Prateleiras altas com produtos de limpeza, inseticidas.
  • Separação de produtos gerais e alimentos, verificando sempre a data de vencimento antes do uso.
  • Mesa com toalha sem sobras nas pontas.
  • Botijão de gás fora da cozinha.
  • Não deixar fósforos, isqueiros e acendedores.

 Quarto das crianças

 Guardar brinquedos em caixas ou local que possa ser fechado

  • Não deixar objetos espalhados no chão
  • Não manter móveis perto da janela
  • Preferir camas a beliches. Caso seja necessária a utilização da última, deve ter grade de proteção.
  • Evitar brinquedos e enfeites que possam desprender pequenas peças ou que sejam frágeis
  • Verificar estabilidade da cama e dos móveis, periodicamente.

Quarto de bebê

  • Berços com espaço pequeno entre as grades, de forma a não possibilitar a passagem da cabeça, braços ou pés do bebê.
  • Não deixar almofadas, brinquedos ou outros objetos dentro do berço.images6
  • Verificar estabilidade do berço e dos móveis, regularmente.
  • Tomar cuidado com os objetos ao redor do berço e verificar se não há possibilidade de o bebê alcançá-lo.

Prevenção

Amamentação e uso de medicamentos

Saiba-mais-sobre-Uso-de-drogas-e-Aleitamento-Maternoamamentacao_uso_medicamentos_2ed

É muito frequente o uso de medicamentos e outras substâncias por mulheres que estão amamentando. A maioria é compatível com a amamentação; poucos são os fármacos formalmente contraindicados e alguns requerem cautela ao serem prescritos durante a amamentação, devido aos riscos de efeitos adversos nos lactentes e/ou na lactação.

No entanto, com frequência, profissionais de saúde recomendam a interrupção do aleitamento materno quando as mães são medicadas, muitas vezes porque desconhecem o grau de segurança do uso das diversas drogas (também referidas como medicamentos ou fármacos) durante o período de lactação.

Por isso, cabe ao profissional de saúde, antes de tomar qualquer decisão, buscar informações atualizadas para avaliar adequadamente os riscos e os benefícios do uso de uma determinada droga em uma mulher que está amamentando.

Visando auxiliar os profissionais de saúde nas suas avaliações quanto ao uso de drogas durante a amamentação, o Ministério da Saúde, em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), disponibiliza um Manual (veja abaixo) contendo informações básicas sobre o uso de drogas durante o período da lactação.

O aleitamento materno é uma prática de fundamental importância para a mãe, a criança e a sociedade em geral, que deve ser sempre incentivada e protegida, salvo em algumas situações excepcionais. Assim, não se justifica, na maioria das vezes, a interrupção da amamentação quando a nutriz necessitar algum tipo de tratamento farmacológico, impedindo desnecessariamente que mãe e criança usufruam dos benefícios do aleitamento materno.

A indicação criteriosa do tratamento materno e a seleção cuidadosa dos medicamentos geralmente permitem que a amamentação continue sem interrupção e com segurança.

GALACTAGOGOS

Galactagogas são substâncias que auxiliam o início e a manutenção da produção adequada de leite. Os fármacos galactagogos atuam como antagonista dopaminérgico, reduzindo a ação inibitória da dopamina sobre a secreção de prolactina.

O uso de galactagogos deve ser reservado para situações em que foram descartadas as causas tratáveis de hipogalactia (p.ex. hipotireoidismo materno ou uso de medicamentos) e, principalmente, após avaliação da técnica de amamentação e de medidas que sabidamente aumentam a produção de leite, tais como maior frequência das mamadas e esvaziamento adequado das mamas.

Cabe ressaltar que a estimulação mecânica da região aréolo-mamilar pela sucção do lactente e a ordenha do leite são os estímulos mais importantes para a manutenção da lactação. Tais estímulos promovem a secreção de prolactina pela hipófise anterior e de ocitocina pela hipófise posterior.

Dentre as substâncias que induzem, mantêm e aumentam a produção de leite, domperidona e metoclopramida são as mais indicadas. Não há evidências científicas de que alimentos ou plantas possuam propriedades galactagogas.

A segurança do uso dos antagonistas dopaminérgicos como galactogogos não foi adequadamente estudada, mas eles oferecem risco potencial para as mães e para os lactentes. Estes devem ser observados para efeitos adversos como sonolência, déficit de sucção, irritabilidade e desconforto abdominal. Há risco de depressão materna após uso prolongado de metoclopramida.

A domperidona apresenta menor lipossolubilidade e maior peso molecular que a metoclopramida, o que reduz sua penetração no sistema nervoso central e no compartimento lácteo.

Acredita-se que os galactagogos possam trazer algum benefício nas seguintes situações:

Indução da lactação em mulheres que não estavam grávidas como em mães adotivas ou que aguardam seus filhos nascerem de uma barriga de aluguel.

Relactação, que é o reestabelecimento da lactação após o desmame.

Aumento do suprimento insuficiente de leite decorrente de separação mãe-filho por doença materna ou do lactente, como em mães de recém-nascidos pré-termo em unidades de terapia intensiva neonatais.

Princípios básicos para a prescrição de galactagogos:

  • Antes de utilizar qualquer substância na tentativa de aumentar o suprimento de leite, avaliar com cuidado as técnicas de amamentação e o volume de leite materno.
  • Informar a nutriz sobre a eficácia, a segurança e o tempo de uso do galactagogo.
  • Avaliar as contraindicações do medicamento e informar à nutriz os possíveis efeitos adversos.
  • Observar o aumento ou não do volume de leite materno e o ganho ponderal do lactente.
  • Acompanhar a mãe e o lactente, observando a ocorrência de efeitos adversos.
  • A metoclopramida não deve ser utilizada por período maior que três semanas.
  1. INIBIDORES DA LACTAÇÃO

Algumas drogas são bem conhecidas por reduzirem a produção de leite. Como o crescimento do lactente está diretamente relacionado à síntese e ingestão do leite materno, o uso de qualquer uma dessas drogas pode representar risco de déficit ponderal, principalmente durante o período pós-parto imediato, época mais sensível para a supressão da lactação. Caso o uso de alguma dessas drogas seja inevitável, o profissional de saúde deve retardar ao máximo sua introdução (semanas ou meses) e prescrevê-la pelo menor tempo possível, além de monitorar o ganho ponderal do lactente.

As drogas com risco de redução da produção láctea são:

  • Álcool
  • Bromocriptina
  • Bupropiona
  • Cabergolina
  • Ergometrina
  • Ergotamina
  • Estrogênios, como o etinilestradiol
  • Levodopa
  • Lisurida
  • Modafinila
  • Nicotina
  • Pseudoefedrina
  • Testosterona

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Veja a íntegra do livro do Ministério da Saúde no endereço:

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/amamentacao_drogas.pdf

Avaliação neuromotora: cuidados

Avaliação Neuromotora

Alguns parâmetros motores são considerados essenciais para a triagem do desenvolvimento neuropsicomotor no primeiro ano de vida:

  • Atividade reflexa primitiva.
  • Flexão no período neonatal.
  • Reações de equilíbrio.
  • Reações de retificação.
  • Simetria corporal.
  • Transferência de peso corporal.

São eles pré-requisitos motores, que evoluem do início da vida ao longo do primeiro ano, para a aquisição gradativa de habilidades não somente motoras, mas também secundariamente de outras funções.

Reciprocamente, o desenvolvimento das demais funções (cognitiva, psicoafetiva, visual) influi também grandemente na evolução motora. Isso porque os movimentos intencionais dependem de planejamento prévio, executado com participação de várias estruturas cerebrais, dentre essas, a córtex pré-frontal e a área motora cingulada (com conexão com o sistema límbico), que conferem respectivamente os componentes cognitivo e psicoafetivo, que permeiam em geral os atos motores.

Esse fato explica porque uma deficiência intelectual e/ou um distúrbio psicoafetivo pode afetar o desenvolvimento motor, com consequente atraso no alcance dos marcos motores e/ou comprometimento da qualidade dos atos motores.

É fundamental no desenvolvimento que a avaliação seja feita de forma global, por meio do exame das funções: cognitiva, psicoafetiva, social (interação com pessoas), visual, auditiva, linguagem, além da motora, mesmo que haja evidência de distúrbio motor.

Vale enfatizar que um atraso e/ou um distúrbio motor em criança pode ser decorrente não somente de lesões neurais nas vias motoras, mas também por deficiência visual, cognitiva ou distúrbio psicoafetivo e vice-versa.

Resumidamente, um déficit motor, dependendo da intensidade, pode levar a uma deficiência cognitiva e/ou distúrbio psíquico secundário.

Pela observação dos comportamentos da criança, é possível a avaliação das funções citadas e não apenas da sua competência motora. Essa avaliação deve ser feita com a criança em várias posturas: supino, prono, decúbito lateral, de deitado puxado para sentar, sentado e de pé.

Nos primeiros meses, é muito útil o uso da postura, denominada supino a 45 graus, apoiando-se a criança com o dorso sobre os antebraços do examinador, em inclinação aproximada de 45 graus e a cabeça acomodada sobre as suas mãos em concha. Essa postura permite não somente avaliar se o lactente vê ou ouve, mas também o “diálogo” examinador-lactente, que fornece muitas informações sobre as outras funções cognitiva, psicoafetiva e de linguagem, além da motora, através de suas manifestações de atenção, interesse, contato visual, interação, sorriso e/ou emissão de sons, vocalizações.

O oferecimento de brinquedos, permitindo não somente verificar a preensão destes, mas também a análise da reação perante os brinquedos (atenção, interesse, alcançar e apanhar, levar à boca, exploração, etc.), facilita a observação das manifestações de todas as funções mencionadas.

Recomenda-se que a avaliação do desenvolvimento seja realizada no tatame e não sobre a mesa de exame. No tatame, sem risco de quedas, a criança se sentirá menos controlada e livre para realizar as trocas posturais e os deslocamentos espontaneamente.

Idades-chaves e aquisições relevantes em nascidos a termo

Período Neonatal

– Postura em flexão

– Em prono: eleva a cabeça momentaneamente

– Contato visual/fixação visual (de forma mais evidente no final do período)

– Reage a sons

 

3 meses

– Controle de cabeça (ausência aos 4 meses: sinal de alerta)

– Simetria corporal

– Transferência do peso corporal

– Junção das 2 mãos na linha média

– Sorriso social (início, em geral, com 2 meses)

– Vocalização e gritos

6 meses

– Permanece sentado, quando colocado (ausência aos 7 meses: sinal de alerta)

– Rola

– Alcança e segura objetos ora com uma mão, ora com a outra (uso sempre de uma única e

da mesma mão: sinal de alerta)

– Localiza sons dirigindo o olhar em direção à fonte sonora

– Balbucio

9 meses

– De sentado passa para a postura de pé

– Engatinha

– Permanece de pé, com apoio

– Duplicidade de sílabas no balbucio

12 meses

– Anda

– Primeiras palavras

A maior parte da avaliação do desenvolvimento se baseia mais em observações de comportamentos espontâneos da criança, do que em manuseios. Assim sendo, ela deve ser realizada em todos os momentos em que a própria criança oferece oportunidade para tal.

Por isso mesmo, a avaliação pode ser feita no decorrer da consulta, seja no início, durante a anamnese (colocando-se, por exemplo, um brinquedo sobre a mesa, ao alcance da criança se maior de 6 meses de idade), ou no momento do exame físico, ou até mesmo no final da consulta. Não há, assim, necessidade de haver sequência rígida, preestabelecida, para os vários itens do exame.

Recomendação

Vídeo:

  • Desenvolvimento Neuropsicomotor da Criança – Avaliação no Primeiro Ano de Vida, NUTES, UFRJ, 1996 Autoria de: Alice Y. S. Hassano; Marcia Bellotti de Oliveira; Livia R.L. Borgneth e Monika Mueller
    Duração: 32 minutos
    As cópias podem ser solicitadas ao Laboratório de Vídeo Educativo-NUTES/UFRJ através do fax (0xx21) 2270-5847 – tel.: (0xx21) 2562-6360ou pelo endereço eletronicovideonutesufrj@gmail.com

Para ler mais conteúdos como esse, acesse: www.nestlenutrition.com.br

Dra. Alice Y. S. Hassano

Referências bibliográficas

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  11.  HASSANO, A. Y. S. DDST – Triagem de Desenvolvimento de Denver. Manual de “Follow-up” de Recém-nascidos de Alto Risco. Rio de Janeiro: Serviço de Informação Científica Nestlé; 1995. p. 58-60.
  12. HASSANO, A. Y. S.; SAYEG, D.C.; SANTOS, G.L.M.; PORTO, M. A. C. S. C. Avaliação do Desenvolvimento. In: AIRES, V. L. T.; RODRIGUES, C. R. M. (Org.). Rotinas de Pediatria. 1a. ed. Rio de Janeiro: Ed. Cultura Médica Ltda.; 1993, v. 1. p. 15-21.
  13. HASSANO, A. Y. S. Teste de triagem de desenvolvimento de Denver (DDST): Desempenho de lactentes normais na Cidade do Rio de Janeiro (dissertação). Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1990.
  14. JOHNSON, M. H. Functional brain development in humans. Neuroscience. 2: 475-82, 2001.
  15.  LENT, R. O alto comando motor. In: LENT, R. Cem bilhões de neurônios. Conceitos Fundamentais de Neurociência. 1a. ed. São Paulo: Ed. Atheneu; 2001, v. 1. p. 375-418.

A arte de contar histórias (ao alcance de todos)

Contar histórias é uma das formas de comunicação mais antigas que existem. Mas, apesar do avanço da tecnologia, continua sendo uma das formas mais eficientes de promover a aprendizagem, a reflexão, a descoberta e também um meio de conectar as pessoas.

Além de acalmar a gestante, o feto já é capaz de ouvir e perceber pela audição (que já está apta a partir do quinto mês de vida intrauterina) a entonação da mãe, a cadência das palavras e o ritmo que ela fala.

Através dos sons das palavras, circuitos neurais são construídos. Hoje, sabemos que a aprendizagem começa antes mesmo de nascermos.

Especialistas garantem que essa arte pode se iniciar durante a gestação.

Cada faixa etária necessita de estratégias para captar a atenção e motivar a criança em participar da história. Seguem algumas dicas:

  1. A história exige concentração, portanto procure um lugar acolhedor e silencioso para que a criança possa estar voltada ao que você for apresentar. Desligue o celular e dedique este tempo exclusivo para seu filho. Observe também os melhores horários para contar história para seu filho. Depois do jantar, no final da tarde, na hora de dormir. Teste e observe quais os momentos melhores para a contação de histórias.
  2. Com bebês até 8 meses, utilize livros resistentes, livros de banho. Procure criar um texto de acordo com as figuras que aparecem no livro. Ex: Olhe o gatinho. Ele está na caixa. Vamos fazer carinho no gatinho? O gatinho faz: MIAU. Cante canções dos personagens que aparecem também. Ex: “Borboletinha está na cozinha” (canção folclórica), quando aparecer uma borboleta.
  3. A partir dos 8 meses, a criança provavelmente já senta sem apoio, já está refinando sua coordenação e suas emoções também costuma estar mais evidentes. Livros com texturas são muito interessantes nesta idade, porém os textos devem ser bem curto, com objetos e fatos que pertençam ao cotidiano da criança.
  4. Animais estão entre os temas prediletos. Retrate o ambiente sonoro da cena. Você pode imitar os sons dos personagens, cantar uma música que represente a cena, representar cada personagem através de um instrumento musical, enfim, use sua criatividade! De forma gradual, através destas atividades, serão estabelecidas as conexões cerebrais que relacionam as palavras com o objeto, desenvolvendo a imaginação, memória, além de introduzi-lo no convívio social. A criança nessa fase, ainda não entende muito bem a estrutura de sequência. Procure dar ênfase na leitura das imagens, porém contando a história de forma sucinta com começo, meio e fim.
  5. A partir dos 2 anos, as histórias continuam curtas, porém podemos dar mais ênfase à sequência dos fatos. Pois nessa faixa etária, as crianças começam a demonstrar mais concentração. Utilize figuras grandes com textos pequenos e traga histórias que trabalhem situações que a criança possa estar vivenciando (o desfralde, por exemplo). Converse com ela durante a história e pergunte o que ela acha que vai acontecer. Faça algumas pausas. Capriche na expressão facial. Criança adora surpresa e suspense.
  6. A partir dos 3 anos e até um pouco antes disso, a criança já apresenta o interesse pelas brincadeiras de faz-de–conta e demonstra a capacidade de representar coisas ou situações não presentes. O pequeno naturalmente começa a imitar ações rotineiras, depois ações de pessoas próximas. E através dessas brincadeiras, expõem seus sentimentos, frustrações e vontades. É interessante notar como a evolução das histórias, da brincadeira e da linguagem caminham juntas. Uma auxilia no desenvolvimento da outra. As  famílias podem trazer bonecos, objetos, elementos diversos para dramatizar histórias como a “Linda Rosa Juvenil”, por exemplo. Depois, a criança pode dramatizar com os fantoches para os adultos.

Dramatizando, a criança se expressa com a linguagem verbal, gestual e facial, tornando a atividade mais complexa e desafiadora, além de iniciar a aprendizagem de normas sociais, pois é necessário esperar sua vez para interagir conforme a história vai acontecendo. Enfim, existem muitas possibilidades para estimular o desenvolvimento de seu filho de uma forma divertida. É necessário, porém, disposição, muita pesquisa, paciência e organização para o preparo das atividades.

A partir dessa fase, é importante também que o adulto compartilhe com a criança, fatos que vivenciou compartilhar experiências e deixar que a criança também conte suas próprias histórias.

Ouvir ativamente, respeitando o tempo do outro, cria laços afetivos profundos.images12Nossa história também é uma narrativa e é muito importante este dialogo entre pais e filhos. Relate suas experiências com o objetivo de estabelecer vínculos pessoais.

Conte-a com afeto e coloque seu coração nela. Conte uma história em vez de apenas descrever fatos. Dessa forma, você poderá transmitir seu ponto de vista de uma forma muito mais impactante para a criança.

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Conforme a criança for crescendo, procure incentivá-la a contar e ler histórias pra você e diversifique os temas dos livros, deixe que ela escolha também (de acordo com sua orientação) para que ela possa ampliar seu vocabulário e no futuro tenha maior compreensão para o entendimento nas diversas áreas de conhecimento.

Ensine-a também a cuidar do livro e tratá-lo com respeito.

Outros recursos importantes:

Quanto menor é a criança, mais importantes são os recursos visuais, sejam fantoches, dedoches, bichinhos de pelúcia etc. A criança bem pequena, ainda está construindo seu repertório de imagens. Por serem concretos, esses objetos promovem uma maior interação da criança com a história proposta.

Caixas surpresas com os objetos que aparecem na história são muito interessantes e criam momentos de suspense e mais emoção à história, contribuindo também para que a criança memorize a sequência dos fatos da narrativa.

Conte histórias que você goste que te faça se sentir confortável e entusiasmado. Escolha narrativas na qual você se identifique de alguma forma.

Não se esqueça da expressão gestual. Já dizia o famoso historiador e antropólogo Luis da Câmara Cascudo: “Com as mãos amarradas não há criatura vivente para contar uma história”.

Seja expressivo tanto nos gestos, quanto na sua expressão vocal ao contar histórias para as crianças. Tente imaginar a situação, como é a vida e o sentimento deste personagem e dramatize, para que a criança se envolva, possa entender e a narrativa faça ainda mais sentido.

Os benefícios para a criança que tem o privilégio de ter pais contadores de histórias são muitos.

Momentos de afetividade, desenvolvimento na inteligência emocional e cognitiva da criança, ampliação de vocabulário e imaginação, etc. Histórias ficam na memória e quando mexem com nossa emoção (seja positiva ou negativa), jamais são esquecidas.

Que tal transformar a partir de hoje o momento da história, em uma rotina na sua família?images10

Assim, seu filho associará o prazer da sua companhia ao prazer de ler e ouvir histórias e certamente aumentará seu interesse pelos livros e pela leitura também, o que é maravilhoso, pois quanto mais lemos, mais recebemos conhecimento.

Certamente, melhores laços familiares serão criados e fortalecidos em meio a um ambiente de afeto, deixando memórias positivas e preciosas entre vocês.

O universo é feito de histórias. Conte uma boa história!

Vacinas: não se deve dar paracetamol para prevenir reações

Resposta imune a vacinas pode ser reduzida pela administração profilática de paracetamol, segundo artigo publicado no The Lancet

Embora o uso de paracetamol reduza significativamente as reações febris após vacinação, a administração profilática de antitérmicos não deve ser rotineiramente recomendada, pois a resposta de formação de anticorpos a vários antígenos vacinais é reduzida com o uso de antitérmicos profiláticos.

Dois estudos consecutivos, randomizados e controlados (com a primeira dose da vacina e após a dose de reforço), nos quais participaram 459 crianças saudáveis, foram realizados para estudar o efeito profilático do paracetamol para evitar reações febris em crianças vacinadas e verificar a formação de anticorpos frente a diferentes antígenos vacinais.

Neles, 226 crianças receberam 3 doses profiláticas de paracetamol nas primeiras 24 horas após a vacinação e 233 não receberam paracetamol. As vacinas testadas foram vacina hexavalente acelular contra pólio, difteria, tétano, coqueluche (pertussis), hepatite B e haemophilus, vacina contra pneumococo e vacina oral contra rotavírus.

Febre acima de 39,5°C foi rara em ambos os grupos. A porcentagem de crianças com temperatura igual ou superior a 38°C foi significativamente menor no grupo que recebeu paracetamol profilático do que no grupo que não recebeu o antitérmico. A concentração média de anticorpos foi significativamente mais baixa no grupo que recebeu paracetamol.

Depois da dose de reforço, a concentração média de anticorpos persistiu mais baixa no grupo que recebeu o paracetamol.

Os resultados mostram que embora o uso de paracetamol reduza as reações febris, a administração profilática (preventiva) de antitérmicos não deve ser rotineiramente recomendada, pois a resposta de formação de anticorpos a vários antígenos vacinais é reduzida com o uso de antitérmicos profiláticos.

NEWS.MED.BR, 2009. Resposta imune a vacinas pode ser reduzida pela administração profilática de paracetamol, segundo artigo publicado no The Lancet. Disponível em: <http://www.news.med.br/p/pharma-news/51918/resposta-imune-a-vacinas-pode-ser-reduzida-pela-administracao-profilatica-de-paracetamol-segundo-artigo-publicado-no-the-lancet.htm>. Acesso em: 17 mar. 2016.

Transtornos alimentares (anorexia e bulimia)

De uma forma geral, consideramos os transtornos alimentares como um conjunto de síndromes cuja característica central é a relação anormal do sujeito com sua alimentação. Dentre eles, a anorexia nervosa se caracteriza pela recusa à alimentação associada a uma alteração na percepção subjetiva da forma e do peso corporais, levando a uma preocupação absolutamente descabida com a possibilidade de ganho ponderal.

“Anorexia”, que remete a ausência de orexis, apetite, descreve, na clínica, um comportamento em que uma exagerada restrição alimentar é adotada no sentido de atingir-se um peso e uma forma corporal suficientemente magra segundo padrões que discordam do senso comum e das variáveis propostas pela medicina.

A anorexia e a bulimia são distúrbios alimentares dos quais o número de casos vem aumentando especialmente em adolescentes do sexo feminino e com boa condição socioeconômica e cultural.

Anorexia: é uma doença em que a menina se considera muito acima do peso e a sua ingestão alimentar reduz drasticamente.

A recusa é voluntária. Na fase inicial da doença não ocorre uma perda real do apetite. Mais tarde, o organismo pode acostumar-se com a pouca alimentação (risco).

O anoréxico pode morrer em estado de desnutrição. Desidratados, os pacientes sofrem perda de eletrólitos, principalmente potássio, fundamental para o funcionamento muscular e cardíaco.

Bulimia: é quando existe uma compulsão alimentar em que se come acima do que deveria e, em seguida, uma forma forçada de eliminar o que foi consumido através do vômito, laxantes, diuréticos e outros medicamentos.

Geralmente, a pessoa bulímica come sozinha e escondida, não se importando com o sabor da comida ou sua combinação. Após o episódio compulsivo, sente-se culpada e com certo mal estar físico em razão da quantidade excessiva de alimentos ingeridos, ocorrendo-lhe a ideia de induzir o vômito para não engordar. Este comportamento lhe traz satisfação e alívio momentâneos e assim ela pensa em ter descoberto a forma ideal de manter o peso sem restringir os alimentos que considera proibidos.

O bulímico pode evoluir para o óbito devido a métodos purgativos. Há pacientes que chegam a vomitar 15 ou 20 vezes por dia. Em consequência, pode ter desidratação e perda de eletrólitos.

Quais são os sintomas?

– Baixo peso

– Interrupção da menstruação

– IMC abaixo de 15 em crianças e adolescentes

– abuso de prática de exercícios físicos

– prisão de ventre e depressão.

Quais são as causas que motivam a anorexia e a bulimia?

Genética: se a mãe já passou por algum transtorno alimentar, é comum que a filha possa ter.

Cultural: influência do ideal de beleza de modelos magras que é divulgado pela mídia.

Hormonal: é comum que na adolescência que as garotas não se aceitem como são. Então, para ser bem aceita na escola, entre amigos e o namorado, acaba “aderindo” ao transtorno, na tentativa de emagrecer.

Elementos psicológicos: pode acontecer quando a menina/jovem passa por problemas pessoais, como separação dos pais, bullying e abuso sexual.

Como interferir?

O tratamento deve contar com uma equipe multiprofissional com intervenções medicamentosas, psicológicas e nutricionais. Alguns casos exigem hospitalização.

Ambas são doenças crônicas de difícil controle. É necessário o acompanhamento a longo prazo, e as recaídas são frequentes.

O diagnóstico e o tratamento precoce podem fazer toda a diferença entre o fracasso e o sucesso terapêutico.

ANOREXIA: DEFINIÇÃO, FREQÜÊNCIA, MORTALIDADE E A RESTAURAÇÃO DO PESO

Os critérios diagnósticos para a anorexia nervosa (AN) são: a manutenção do peso corporal abaixo de 85% do esperado para a altura e a idade, grande medo de engordar (ainda que o indivíduo esteja com baixo peso), alteração da imagem corporal e amenorréia em, no mínimo, três ciclos consecutivos.

Entre os transtornos alimentares (TA), representa o menos comum, porém o mais grave. Nos pacientes com a doença, as principais causas de morte são o suicídio e os efeitos diretos do jejum.

É uma patologia com relativa baixa prevalência (1% em alguns estudos nos Estados Unidos), incidindo, mais comumente, em mulheres com idades entre 15 a 29 anos; no entanto, sua mortalidade é alta.

Sullivan, em uma metanálise englobando 42 estudos sobre mortalidade na AN estimou que a mortalidade fosse de 5,6% por década desde o início da doença.

Cerca de 20% dos afetados apresentarão doença crônica com grave comprometimento na qualidade de vida e cerca de 30% a 40% terão recuperação completa com o tratamento. Em geral, os adolescentes, quanto mais precocemente forem tratados, melhor será a evolução.

Referência: MOREIRA, Luiza Amélia Cabus; OLIVEIRA, Irismar Reis de. Algumas questões éticas no tratamento da anorexia nervosa. J. bras. psiquiatr.,  Rio de Janeiro ,  v. 57, n. 3,   2008 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852008000300001&lng=en&nrm=iso>. access on  08  Mar.  2015.  http://dx.doi.org/10.1590/S0047-20852008000300001.

Insatisfação com a imagem corporal

Animais domésticos: cuidados especiais e riscos

Durante a evolução alguns predadores e presas na cadeia alimentar transformaram-se em “utilitários” e, ao serem domesticados, estabeleceu-se um vínculo de afeto, tornando-se animais de estimação.

Além da questão do companheirismo, atualmente estes animais têm sido auxiliares em processos terapêuticos em hospitais e instituições afins. Sabe-se que a posse responsável de um animal de estimação, desde que em harmonia e consenso familiar, pode ser positiva para a criança no plano afetivo.

Entre outros fatores, ajuda a desenvolver hábitos de responsabilidade para com o outro, pode tornar-se um facilitador para informações sobre sexo; ajuda a entender a normalidade das necessidades fisiológicas (urinar e defecar) e acaba sendo um assunto em comum para conversas de pais e filhos, além de preparar a criança a lidar com a morte.

Embora existam várias razões que justifiquem a aquisição de um animal de estimação, não se deve esquecer de que se trata de um animal irracional domesticado, podendo levar a riscos de mordedura, doenças, lesões e (em alguns casos raros) à morte. Além da lesão própria da mordedura ou arranhadura há o risco de infecções graves, pois a boca do animal é altamente contaminada, assim como doenças transmissíveis por mamíferos como a hidrofobia (raiva).

Cães e gatos, animais mais populares, são também os principais agressores. Porém, a maioria dos animais domésticos pode apresentar riscos de mordedura. Alguns animais surgem “na moda”, como: iguanas, cobras, macacos e outros nomeados como “exóticos”, cujo comportamento ainda não é de todo conhecido.

Como toda lesão não intencional, a mordedura é passível de prevenção. Crianças gostam de brincadeiras com cães, que são considerados companheiros e amigos, mas, nessa convivência, é preciso conhecer as regras de segurança.

O que todos devemos saber:

Animais apresentam atitudes agressivas por medo ou defesa (território, dono, cria, alimento), portanto estas situações devem ser respeitadas.

Atitudes como não se aproximar de animais desconhecidos, não desafiar ou agredir os animais auxiliam na prevenção de lesões.

Outras medidas são importantes, como não tocar em animais sem a permissão do proprietário, além de respeitar e conhecer a natureza.
A mídia tem mostrado com frequência casos muito graves, inclusive fatais, de ataque por cães da raça Pitbull, mas não se deve desconhecer o risco de agressão por outras raças.

A grande maioria de mordidas em crianças é causada por animais da própria família ou de vizinhos, e as crianças são agredidas mais frequentemente do que os adultos.

Os ataques mais graves geralmente acontecem com crianças pequenas e, nessa situação, é grande o risco de mordida na cabeça, na face e no pescoço. Em crianças maiores, as lesões ocorrem habitualmente nos braços e nas pernas.

Principais medidas de segurança:

  • Se houver criança pequena em casa, os pais devem analisar bem antes de adquirir um cão, porque criança pequena nunca pode ficar sozinha perto de cão: é muito perigoso.
  • Observar o momento oportuno e seguro para adquirir um cão.
  • Antes de adquirir um cão, informar-se com um veterinário sobre as raças mais adequadas e mais mansas. Cães de raças reconhecidamente agressivas (Pitbull, Rottweiler, Pastor alemão, Doberman, etc.) não são recomendados.
  • Deve-se ter atenção aos cruzamentos porque podem gerar animais perigosos. Para crianças maiores, recomenda-se cão de raça dócil.
  • Observar bem o comportamento do cão antes de levá-lo para casa.
  • Cão de comportamento agressivo, independentemente da raça, não deve ficar em casa que tenha criança.
  • Cães castrados geralmente são menos agressivos.
  • O cão necessita de treinamento, socialização e educação, orientados por pessoa habilitada.
  • Nunca se deve estimular a agressividade do cão e, sim, comportamento submisso.
  • As brincadeiras entre crianças e cães devem ser supervisionadas por adultos.
  • Não se deve importunar o cão, principalmente durante a alimentação, o sono, se tiver filhote novo ou se estiver com aparência de doente.
  • Não se deve puxar as orelhas, as patas e o rabo; nunca colocar o dedo nos olhos do animal; não tomar brinquedo que esteja com o cão.
  • Não é recomendado beijar ou ficar com o rosto perto do animal.
  • Não tentar separar briga de cães; manter-se distante dos agressivos.
  • Manter as vacinas em dia, cuidar da higiene e da saúde do cão.
  • Orientar as crianças para não se aproximar ou brincar com animal estranho.
  • Deve-se combinar antecipadamente com as crianças que o cão não poderá dormir com elas nem fazer as refeições com a família.
  • Cão pequeno e de raça mansa não são garantia de que não morderá alguém.
  • As crianças precisam receber orientações sobre as maneiras adequadas para lidar com o animal, como não provocar ou machucar o cão. Se houver provocação ou agressão, mesmo o cão de raça dócil poderá morder.

Responsabilidades do proprietário: 

Ter controle sobre o animal e adestrá-lo corretamente.

Não estimular comportamento agressivo (principalmente se for cão).

Em caso de animal feroz providenciar placas de alerta com ilustração (nem todos são alfabetizados).

Conduzir o animal em locais públicos sempre com guia.

Oferecer assistência veterinária periódica.

Antes de adquirir um animal consultar veterinários, criadores e proprietários sobre as características e adaptação a rotina familiar.

Se o animal apresentar comportamento indesejado consultar um veterinário, nunca abandoná-lo em locais públicos.

São sinais sugestivos de ataque iminente por alguns mamíferos: pelo eriçado, dentes à mostra e rosnado, orelhas eretas e para frente, cauda elevada e reta e contato visual prolongado.

Ricardo Jukemura
Vera Lucia Venancio Gaspar

http://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/animais-domesticos/

http://www.rbmv.com.br/

Andador infantil: por que não?

Por que não usar andador infantil?

Autoras: Alice Hassano, Lívia Borgneth e Inês Seppi

andador

Antes de andar a criança precisa aprender a rolar, sentar, engatinhar para depois conseguir ficar de pé com apoio e, ai sim, começar a andar inicialmente com apoio para depois ser de forma livre.

Essas conquistas gradativas são importantes para o desenvolvimento e indispensáveis como etapas básicas para o alcance do andar.

Se interferirmos nessas etapas colocando o bebê no andador, estaremos atrasando o início da marcha da criança, isto é, o momento em que ela começa a andar sozinha.

Mesmo tendo adquirido a capacidade de ficar de pé, é preciso que o bebê vivencie o desequilíbrio para que aprenda a ter equilíbrio no andar, o que é dificultado com o uso do andador. Este, portanto, atrasa o desenvolvimento motor da criança, ao contrário do que algumas pessoas possam imaginar.

O andador não prejudica só o progresso físico do bebê, prejudica também o mental.

O bebê precisa conhecer o mundo começando pelas coisas e objetos que estão mais próximos dele – os deslocamentos, facilitados pelo andador antes do tempo, “desviam” a sua atenção constantemente fazendo com que não haja tempo suficiente para a aproximação necessária para poder tocá-los e manipulá-los e essa exploração é essencial para o bebê sentir a forma, o tamanho, textura, cor, peso e temperatura. Enquanto manuseia objetos e brinquedos, o bebê está desenvolvendo seu cérebro.

Outro grande problema do uso do andador é que há riscos de acidentes e traumatismos inclusive cranianos, segundo estatísticas de Serviços de Emergência Pediátrica.

http://www.soperj.org.br/download/curso_atencao_integral_2009.pdf