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Dislexia: resumo

priscila psicologa DISLEXIA 2O que Albert Einstein, John Lennon, Leonardo da Vinci, Steven Spielberg, Graham Bell, George Washington, Henry Ford, John F. Kennedy, Thomas Edison, Tom Cruise, Agatha Christie, Walt Disney e Winston Churchill têm em comum?

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Entender como aprendemos e o porquê de muitas pessoas inteligentes experimentarem dificuldades paralelas em seu aprendizado é desafio que a Ciência vem desvendando em mais de 130 anos de pesquisas.

O apoio da ressonância magnética funcional e as conquistas dos últimos dez anos têm trazido respostas significativas.imagem.php_

A sua complexidade está diretamente vinculada ao entendimento do ser humano: de quem somos; do que é “memória e pensamento”, “pensamento e linguagem”; de como aprendemos e do porquê podemos encontrar facilidades (até) geniais, mescladas de dificuldades (até básicas) em nosso processo individual de aprendizado.

Um grande problema está no conceito arcaico de que: “quem é bom, é bom em tudo”. Isto é, a pessoa, porque inteligente, tem que saber tudo e ser habilidosa em tudo o que faz.

Posição equivocada que Howard Gardner aprofundou em seus estudos registrados, especialmente, em sua obra “Inteligências Múltiplas”, que ele transformou em pesquisa cientificamente comprovada e que o alçou à posição de um dos maiores educadores de todos os tempos.

Durante esse longo período de pesquisas que transcende gerações, o desencontro de opiniões sobre o que é dislexia redundou em mais de cem nomes para designar essas dificuldades específicas de aprendizado, e em cerca de 40 definições, sem que nenhuma delas tenha sido universalmente aceita.

Recentemente, porém, no entrelaçamento de descobertas realizadas por diferentes áreas relacionadas aos campos da Educação e da Saúde, foram surgindo respostas importantes e conclusivas, como:

  • dislexia tem base neurológica e que existe uma incidência expressiva de fator genético em suas causas, transmitido por um gene de uma pequena ramificação do cromossomo # 6 que, por ser dominante, torna-a hereditária, justificando que se repita nas mesmas famílias;
  • dislexia_redque o disléxico tem mais desenvolvida área específica de seu hemisfério cerebral lateral-direito do que leitores normais. Condição que, segundo estudiosos, justificaria seus “dons” como expressão significativa desse potencial, que está relacionado à sensibilidade, artes, atletismo, mecânica, visualização em 3 dimensões, criatividade na solução de problemas e habilidades intuitivas;imagem_dislexia_cruzeiro
  • que, embora existindo disléxicos ganhadores de medalha olímpica em esportes, a maioria deles apresenta imaturidade psicomotora ou conflito em sua dominância e colaboração hemisférica cerebral direita-esquerda. Uma de nossas mentes mais brilhantes e criativas declarou: “Não sei por que, mas quem me conhece sabe que não tenho domínio motor que me dê a capacidade de, por exemplo, apertar um simples parafuso”;

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  • que, com a conquista científica de uma avaliação mais clara da dinâmica de comando cerebral em dislexia, pesquisadores da equipe da Dra. Sally Shaywitz, da Yale University, anunciaram, recentemente, uma significativa descoberta neurofisiológica, que justifica ser a falta de consciência fonológica do disléxico, a determinante mais forte da probabilidade de sua falência no aprendizado da leitura;
  • que o Dr. Breitmeyer descobriu que há dois mecanismos inter-relacionados no ato de ler: o mecanismo de fixação visual e o mecanismo de transição ocular que, mais tarde, foram estudados pelo Dr. William Lovegrove e seus colaboradores, e demonstraram que crianças disléxicas e não-disléxicas não apresentaram diferença na fixação visual ao ler.
  • Mas que os disléxicos, porém, encontraram dificuldades significativas em seu mecanismo de transição no correr dos olhos, em seu ato de mudança de foco de uma sílaba à seguinte, fazendo com que a palavra passasse a ser percebida, visualmente, como se estivesse borrada, com traçado carregado e sobreposto. Sensação que dificultava a discriminação visual das letras que formavam a palavra escrita. Como bem figura uma educadora e especialista alemã, “… É como se as palavras dançassem e pulassem diante dos olhos do disléxico”.
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A dificuldade de conhecimento e de definição do que é dislexia faz com que se tenha criado um mundo tão diversificado de informações. A mídia, nas poucas vezes em que aborda esse problema, somente o faz de maneira parcial, quando não de forma inadequada e fora do contexto global das descobertas atuais da Ciência.

Dislexia é causa ainda ignorada de evasão escolar em nosso país, e uma das causas do chamado “analfabetismo funcional” que, por permanecer envolta no desconhecimento, na desinformação ou na informação imprecisa, não é considerada como desencadeante de insucessos no aprendizado.

Hoje, os mais abrangentes e sérios estudos a respeito desse assunto, registram 20% da população americana como disléxica, com a observação adicional: “existem muitos disléxicos não diagnosticados em nosso país”. Para sublinhar, de cada 10 alunos em sala de aula, 2 são disléxicos, com algum grau significativo de dificuldades. Graus leves, embora importantes, não costumam sequer ser considerados.lembretes_dislexia

Também para realçar a grande importância da posição do disléxico em sala de aula cabe, além de considerar o seríssimo problema da violência infanto-juvenil, citar o lamentável fenômeno do suicídio de crianças que, nos USA, traz o grave registro de que 40 (quarenta) crianças se suicidam todos os dias, naquele país. E que dificuldades na escola e decepção que eles não gostariam de dar a seus pais estão citadas entre as causas determinantes dessa tragédia.

Ainda é de extrema relevância considerar estudos americanos, que provam ser de 70% a 80% o número de jovens delinquentes nos USA, que apresentam algum tipo de dificuldade de aprendizado. Também é comum que crimes violentos sejam praticados por pessoas que têm dificuldades para ler. Quando, na prisão, eles aprendem a ler, seu nível de agressividade diminui consideravelmente.

O Dr. Norman Geschwind, M.D., professor de Neurologia da Harvard Medical School,  professor de Psicologia do MIT (Massachussets Institute of Tecnology), diretor da Unidade de Neurologia do Beth Israel Hospital, em Boston, MA, pesquisador perseverante que assumiu a direção da pesquisa neurológica em dislexia afirma que a falta de consenso no entendimento do que é dislexia, começou a partir da decodificação do termo criado para nomear essas específicas dificuldades de aprendizado; que foi elegido o significado latino dys, como dificuldade; e lexia, como palavra.

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Mas que é na decodificação do sentido da derivação grega de Dislexia que está a significação intrínseca do termo: dys, significando imperfeito como disfunção, isto é, uma função anormal ou prejudicada; e lexia que, do grego, dá significação mais ampla ao termo palavra, isto é, como Linguagem em seu sentido abrangente.

É preciso um olhar humano, lógico e lúcido para o entendimento maior do que é dislexia.

Dislexia é uma específica dificuldade de aprendizado da linguagem: em leitura, soletração, escrita, em linguagem expressiva ou receptiva, em razão e cálculos matemáticos, como na linguagem corporal e social. Não tem como causa falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade, como nada tem a ver com acuidade visual ou auditiva como causa primária. Dificuldades no aprendizado da leitura, em diferentes graus, é característica evidenciada em cerca de 80% dos disléxicos.

Outros casos conhecidos de dislexia:

Agatha Christie

Albert Einstein

Alexander Graham Bell

Alyssa Milano

Anderson Cooper

Anthony Hopkins

Billy Blanks

Bruce Jenner

Cher

Christopher Knight

Craig McCaw

Danny Glover

Dave Foley

David Koresh

Eddie Izzard

Erin Brockovich

George Burns

George H.W. Bush

George W. Bush

George Washington

Greg Louganis

Guy Ritchie

Harrison Ford

Harry Anderson

Henry Ford

Henry Winkler

James Van Der Beek

Jamie Oliver

Jay Leno

Jewel

John F. Kennedy

John Lennon

John T. Chambers

Keanu Reeves

Keira Knightley

Laura Flynn Boyle

Leonardo da Vinci

Liv Tyler

Magic Johnson

Muhammad Ali

Neil Bush

Noel Gallagher

Orlando Bloom

Ozzy Osbourne

Pablo Picasso

Patrick Dempsey

Richard Branson

Robbie Williams

Robin Williams

Salma Hayek

Scott Adams

Steven Spielberg

Suzanne Somers

Tawny Kitaen

Ted Turner

Thomas Edison

Thomas Jefferson

Tim Armstrong

Tom Cruise

Tommy Hilfiger

Tracey Gold

Vince McMahon

Vince Neil

Walt Disney

Whoopi Goldberg

William Hewlett

Winston Churchill

Woodrow Wilson

Woody Harrelson

Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes genial, mas que aprende de maneira diferente.

Outras “definições controversas”:

Disgrafia é uma inabilidade ou atraso no desenvolvimento da Linguagem Escrita, especialmente da escrita cursiva. Escrever com máquina datilográfica ou com o computador pode ser muito mais fácil para o disléxico. Na escrita manual, as letras podem ser mal grafadas, borradas ou incompletas, com tendência à escrita em letra de forma. Os erros ortográficos, inversões de letras, sílabas e números e a falta ou troca de letras e números ficam caracterizados com muita frequência.

Discalculia – as dificuldades com a Linguagem Matemática são muito variadas em seus diferentes níveis e complexas em sua origem. Podem evidenciar-se já no aprendizado aritmético básico como, mais tarde, na elaboração do pensamento matemático mais avançado. Embora essas dificuldades possam manifestar-se sem nenhuma inabilidade em leitura, há outras que são decorrentes do processamento lógico-matemático da linguagem lida ou ouvida. Também existem dificuldades advindas da imprecisa percepção de tempo e espaço, como na apreensão e no processamento de fatos matemáticos, em sua devida ordem.

Deficiência de atenção – é a dificuldade de concentrar e de manter concentrada a atenção em objetivo central, para discriminar, compreender e assimilar o foco central de um estímulo. Esse estado de concentração é fundamental para que, através do discernimento e da elaboração do ensino, possa completar-se a fixação do aprendizado. A Deficiência de Atenção pode manifestar-se isoladamente ou associada a uma Linguagem Corporal que caracteriza a Hiperatividade ou, opostamente, a Hipoatividade.

Hiperatividade – refere-se à atividade psicomotora excessiva, com padrões diferenciais de sintomas: o jovem ou a criança hiperativa com comportamento impulsivo é aquela que fala sem parar e nunca espera por nada; não consegue esperar por sua vez, interrompendo e atropelando tudo e todos. Porque age sem pensar e sem medir consequências, está sempre envolvida em pequenos acidentes, com escoriações, hematomas, cortes. Um segundo tipo de hiperatividade tem como características mais pronunciadas sintomas de dificuldades de foco de atenção. É uma superestimulação nervosa que leva a pessoa a passar de um estímulo a outro, não conseguindo focar a atenção em um único tópico. Assim, dá a falsa impressão de que é desligada. Mas, ao contrário, é por estar ligada em tudo, ao mesmo tempo, que não consegue concentrar-se em um único estímulo, ignorando outros.

Hipoatividade – caracteriza-se por um nível baixo de atividade psicomotora, com reação lenta a qualquer estímulo. Trata-se daquela criança chamada “boazinha”, que parece estar sempre no “mundo da lua”, “sonhando acordada”. Comumente, o hipoativo tem memória pobre e comportamento vago, pouca interação social e quase não se envolve com seus colegas.

https://youtu.be/XLgYAHHkPFs

Referências

http://www.dislexia.com.br/

http://www.portaleducacao.com.br/Artigo/Imprimir/26858

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Avaliação neuromotora: cuidados

Avaliação Neuromotora

Alguns parâmetros motores são considerados essenciais para a triagem do desenvolvimento neuropsicomotor no primeiro ano de vida:

  • Atividade reflexa primitiva.
  • Flexão no período neonatal.
  • Reações de equilíbrio.
  • Reações de retificação.
  • Simetria corporal.
  • Transferência de peso corporal.

São eles pré-requisitos motores, que evoluem do início da vida ao longo do primeiro ano, para a aquisição gradativa de habilidades não somente motoras, mas também secundariamente de outras funções.

Reciprocamente, o desenvolvimento das demais funções (cognitiva, psicoafetiva, visual) influi também grandemente na evolução motora. Isso porque os movimentos intencionais dependem de planejamento prévio, executado com participação de várias estruturas cerebrais, dentre essas, a córtex pré-frontal e a área motora cingulada (com conexão com o sistema límbico), que conferem respectivamente os componentes cognitivo e psicoafetivo, que permeiam em geral os atos motores.

Esse fato explica porque uma deficiência intelectual e/ou um distúrbio psicoafetivo pode afetar o desenvolvimento motor, com consequente atraso no alcance dos marcos motores e/ou comprometimento da qualidade dos atos motores.

É fundamental no desenvolvimento que a avaliação seja feita de forma global, por meio do exame das funções: cognitiva, psicoafetiva, social (interação com pessoas), visual, auditiva, linguagem, além da motora, mesmo que haja evidência de distúrbio motor.

Vale enfatizar que um atraso e/ou um distúrbio motor em criança pode ser decorrente não somente de lesões neurais nas vias motoras, mas também por deficiência visual, cognitiva ou distúrbio psicoafetivo e vice-versa.

Resumidamente, um déficit motor, dependendo da intensidade, pode levar a uma deficiência cognitiva e/ou distúrbio psíquico secundário.

Pela observação dos comportamentos da criança, é possível a avaliação das funções citadas e não apenas da sua competência motora. Essa avaliação deve ser feita com a criança em várias posturas: supino, prono, decúbito lateral, de deitado puxado para sentar, sentado e de pé.

Nos primeiros meses, é muito útil o uso da postura, denominada supino a 45 graus, apoiando-se a criança com o dorso sobre os antebraços do examinador, em inclinação aproximada de 45 graus e a cabeça acomodada sobre as suas mãos em concha. Essa postura permite não somente avaliar se o lactente vê ou ouve, mas também o “diálogo” examinador-lactente, que fornece muitas informações sobre as outras funções cognitiva, psicoafetiva e de linguagem, além da motora, através de suas manifestações de atenção, interesse, contato visual, interação, sorriso e/ou emissão de sons, vocalizações.

O oferecimento de brinquedos, permitindo não somente verificar a preensão destes, mas também a análise da reação perante os brinquedos (atenção, interesse, alcançar e apanhar, levar à boca, exploração, etc.), facilita a observação das manifestações de todas as funções mencionadas.

Recomenda-se que a avaliação do desenvolvimento seja realizada no tatame e não sobre a mesa de exame. No tatame, sem risco de quedas, a criança se sentirá menos controlada e livre para realizar as trocas posturais e os deslocamentos espontaneamente.

Idades-chaves e aquisições relevantes em nascidos a termo

Período Neonatal

– Postura em flexão

– Em prono: eleva a cabeça momentaneamente

– Contato visual/fixação visual (de forma mais evidente no final do período)

– Reage a sons

 

3 meses

– Controle de cabeça (ausência aos 4 meses: sinal de alerta)

– Simetria corporal

– Transferência do peso corporal

– Junção das 2 mãos na linha média

– Sorriso social (início, em geral, com 2 meses)

– Vocalização e gritos

6 meses

– Permanece sentado, quando colocado (ausência aos 7 meses: sinal de alerta)

– Rola

– Alcança e segura objetos ora com uma mão, ora com a outra (uso sempre de uma única e

da mesma mão: sinal de alerta)

– Localiza sons dirigindo o olhar em direção à fonte sonora

– Balbucio

9 meses

– De sentado passa para a postura de pé

– Engatinha

– Permanece de pé, com apoio

– Duplicidade de sílabas no balbucio

12 meses

– Anda

– Primeiras palavras

A maior parte da avaliação do desenvolvimento se baseia mais em observações de comportamentos espontâneos da criança, do que em manuseios. Assim sendo, ela deve ser realizada em todos os momentos em que a própria criança oferece oportunidade para tal.

Por isso mesmo, a avaliação pode ser feita no decorrer da consulta, seja no início, durante a anamnese (colocando-se, por exemplo, um brinquedo sobre a mesa, ao alcance da criança se maior de 6 meses de idade), ou no momento do exame físico, ou até mesmo no final da consulta. Não há, assim, necessidade de haver sequência rígida, preestabelecida, para os vários itens do exame.

Recomendação

Vídeo:

  • Desenvolvimento Neuropsicomotor da Criança – Avaliação no Primeiro Ano de Vida, NUTES, UFRJ, 1996 Autoria de: Alice Y. S. Hassano; Marcia Bellotti de Oliveira; Livia R.L. Borgneth e Monika Mueller
    Duração: 32 minutos
    As cópias podem ser solicitadas ao Laboratório de Vídeo Educativo-NUTES/UFRJ através do fax (0xx21) 2270-5847 – tel.: (0xx21) 2562-6360ou pelo endereço eletronicovideonutesufrj@gmail.com

Para ler mais conteúdos como esse, acesse: www.nestlenutrition.com.br

Dra. Alice Y. S. Hassano

Referências bibliográficas

  1. BLY, L. Motor skills acquisition in the fi rst year. Tucson: Therapy Skill Builders; 1994.
  2.  BRAZELTON, T.B. As forças vitais do recém-nascido. In: Brazelton, T.B. desenvolvimento do apego. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas Sul Ltda; 1988. p. 110-37.
  3.  BOBATH, K. A neurophysiological basis for the treatment of cerebral palsy. London: Spastics International Medical Pub. William Heinemann Medical Books Ltd.; 1980.
  4.  HASSANO, A. Y. S. Quando suspeitar e como conduzir: desvios do desenvolvimento. In: Nestlé e Sociedade Brasileira de Pediatria. (Org.). Curso Nestlé de Atualização em Pediatria – Anais. Rio de Janeiro: Nestlé; 2002.
  5.  HASSANO, A. Y. S.; BORGNETH, L. R. L. Desvios do desenvolvimento. In: Azevedo, C.E.S. & Cruz, W.M.F. (Org.). Terapêutica em Pediatria. São Paulo: Ed. Atheneu, 2001. p. 29-33.
  6.  HASSANO, A. Y. S.; BORGNETH, L. R. L.; MUELLER, M. W. Considerações sobre o desenvolvimento normal no primeiro ano de vida. In: Lopes, S. & Lopes, J. M. (Org.). Follow-up do recém-nascido de alto risco. Rio de Janeiro: Medsi; 1999. p. 163-76.
  7. HASSANO, A. Y. S. Caso 20. In: Schettino, C. E.. (Org.). Diagnósticos em Pediatria – 100 casos clínicos comentados. São Paulo: Ed. Atheneu; 1997, v. 01. p. 242-243
  8. HASSANO, A. Y. S.; BELLOTTI, M. C. O.; BORGNETH, L. R. L. & MULLER, M. W. Desenvolvimento Neuropsicomotor da Criança – Avaliação no Primeiro Ano de Vida. Vídeo. Rio de Janeiro: NUTES, UFRJ; 1996.
  9. HASSANO, A. Y. S.; OLIVEIRA, M. B.; STEINBERG, V. Desenvolvimento motor nos dois primeiros anos de vida. In: Comitê de. (Org.). Novo Manual de “Follow-up” de Recém-nascidos de Alto Risco. Rio de Janeiro: Serviço de Informação Científica Nestlé; 1995, v. 01. p. 35-42.
  10. HASSANO, A. Y. S. ; BORGNETH, L. R. L. ; MUELLER, M. W. . Avaliação do Desenvolvimento Motor no Primeiro Ano de Vida. In: Aires, V.T. & Ramires, C.. (Org.). Rotinas de Pediatria. 2a. ed. Rio de Janeiro: Ed. Cultura Médica; 1995, v. 01. p. 13-18.
  11.  HASSANO, A. Y. S. DDST – Triagem de Desenvolvimento de Denver. Manual de “Follow-up” de Recém-nascidos de Alto Risco. Rio de Janeiro: Serviço de Informação Científica Nestlé; 1995. p. 58-60.
  12. HASSANO, A. Y. S.; SAYEG, D.C.; SANTOS, G.L.M.; PORTO, M. A. C. S. C. Avaliação do Desenvolvimento. In: AIRES, V. L. T.; RODRIGUES, C. R. M. (Org.). Rotinas de Pediatria. 1a. ed. Rio de Janeiro: Ed. Cultura Médica Ltda.; 1993, v. 1. p. 15-21.
  13. HASSANO, A. Y. S. Teste de triagem de desenvolvimento de Denver (DDST): Desempenho de lactentes normais na Cidade do Rio de Janeiro (dissertação). Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1990.
  14. JOHNSON, M. H. Functional brain development in humans. Neuroscience. 2: 475-82, 2001.
  15.  LENT, R. O alto comando motor. In: LENT, R. Cem bilhões de neurônios. Conceitos Fundamentais de Neurociência. 1a. ed. São Paulo: Ed. Atheneu; 2001, v. 1. p. 375-418.

A arte de contar histórias (ao alcance de todos)

Contar histórias é uma das formas de comunicação mais antigas que existem. Mas, apesar do avanço da tecnologia, continua sendo uma das formas mais eficientes de promover a aprendizagem, a reflexão, a descoberta e também um meio de conectar as pessoas.

Além de acalmar a gestante, o feto já é capaz de ouvir e perceber pela audição (que já está apta a partir do quinto mês de vida intrauterina) a entonação da mãe, a cadência das palavras e o ritmo que ela fala.

Através dos sons das palavras, circuitos neurais são construídos. Hoje, sabemos que a aprendizagem começa antes mesmo de nascermos.

Especialistas garantem que essa arte pode se iniciar durante a gestação.

Cada faixa etária necessita de estratégias para captar a atenção e motivar a criança em participar da história. Seguem algumas dicas:

  1. A história exige concentração, portanto procure um lugar acolhedor e silencioso para que a criança possa estar voltada ao que você for apresentar. Desligue o celular e dedique este tempo exclusivo para seu filho. Observe também os melhores horários para contar história para seu filho. Depois do jantar, no final da tarde, na hora de dormir. Teste e observe quais os momentos melhores para a contação de histórias.
  2. Com bebês até 8 meses, utilize livros resistentes, livros de banho. Procure criar um texto de acordo com as figuras que aparecem no livro. Ex: Olhe o gatinho. Ele está na caixa. Vamos fazer carinho no gatinho? O gatinho faz: MIAU. Cante canções dos personagens que aparecem também. Ex: “Borboletinha está na cozinha” (canção folclórica), quando aparecer uma borboleta.
  3. A partir dos 8 meses, a criança provavelmente já senta sem apoio, já está refinando sua coordenação e suas emoções também costuma estar mais evidentes. Livros com texturas são muito interessantes nesta idade, porém os textos devem ser bem curto, com objetos e fatos que pertençam ao cotidiano da criança.
  4. Animais estão entre os temas prediletos. Retrate o ambiente sonoro da cena. Você pode imitar os sons dos personagens, cantar uma música que represente a cena, representar cada personagem através de um instrumento musical, enfim, use sua criatividade! De forma gradual, através destas atividades, serão estabelecidas as conexões cerebrais que relacionam as palavras com o objeto, desenvolvendo a imaginação, memória, além de introduzi-lo no convívio social. A criança nessa fase, ainda não entende muito bem a estrutura de sequência. Procure dar ênfase na leitura das imagens, porém contando a história de forma sucinta com começo, meio e fim.
  5. A partir dos 2 anos, as histórias continuam curtas, porém podemos dar mais ênfase à sequência dos fatos. Pois nessa faixa etária, as crianças começam a demonstrar mais concentração. Utilize figuras grandes com textos pequenos e traga histórias que trabalhem situações que a criança possa estar vivenciando (o desfralde, por exemplo). Converse com ela durante a história e pergunte o que ela acha que vai acontecer. Faça algumas pausas. Capriche na expressão facial. Criança adora surpresa e suspense.
  6. A partir dos 3 anos e até um pouco antes disso, a criança já apresenta o interesse pelas brincadeiras de faz-de–conta e demonstra a capacidade de representar coisas ou situações não presentes. O pequeno naturalmente começa a imitar ações rotineiras, depois ações de pessoas próximas. E através dessas brincadeiras, expõem seus sentimentos, frustrações e vontades. É interessante notar como a evolução das histórias, da brincadeira e da linguagem caminham juntas. Uma auxilia no desenvolvimento da outra. As  famílias podem trazer bonecos, objetos, elementos diversos para dramatizar histórias como a “Linda Rosa Juvenil”, por exemplo. Depois, a criança pode dramatizar com os fantoches para os adultos.

Dramatizando, a criança se expressa com a linguagem verbal, gestual e facial, tornando a atividade mais complexa e desafiadora, além de iniciar a aprendizagem de normas sociais, pois é necessário esperar sua vez para interagir conforme a história vai acontecendo. Enfim, existem muitas possibilidades para estimular o desenvolvimento de seu filho de uma forma divertida. É necessário, porém, disposição, muita pesquisa, paciência e organização para o preparo das atividades.

A partir dessa fase, é importante também que o adulto compartilhe com a criança, fatos que vivenciou compartilhar experiências e deixar que a criança também conte suas próprias histórias.

Ouvir ativamente, respeitando o tempo do outro, cria laços afetivos profundos.images12Nossa história também é uma narrativa e é muito importante este dialogo entre pais e filhos. Relate suas experiências com o objetivo de estabelecer vínculos pessoais.

Conte-a com afeto e coloque seu coração nela. Conte uma história em vez de apenas descrever fatos. Dessa forma, você poderá transmitir seu ponto de vista de uma forma muito mais impactante para a criança.

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Conforme a criança for crescendo, procure incentivá-la a contar e ler histórias pra você e diversifique os temas dos livros, deixe que ela escolha também (de acordo com sua orientação) para que ela possa ampliar seu vocabulário e no futuro tenha maior compreensão para o entendimento nas diversas áreas de conhecimento.

Ensine-a também a cuidar do livro e tratá-lo com respeito.

Outros recursos importantes:

Quanto menor é a criança, mais importantes são os recursos visuais, sejam fantoches, dedoches, bichinhos de pelúcia etc. A criança bem pequena, ainda está construindo seu repertório de imagens. Por serem concretos, esses objetos promovem uma maior interação da criança com a história proposta.

Caixas surpresas com os objetos que aparecem na história são muito interessantes e criam momentos de suspense e mais emoção à história, contribuindo também para que a criança memorize a sequência dos fatos da narrativa.

Conte histórias que você goste que te faça se sentir confortável e entusiasmado. Escolha narrativas na qual você se identifique de alguma forma.

Não se esqueça da expressão gestual. Já dizia o famoso historiador e antropólogo Luis da Câmara Cascudo: “Com as mãos amarradas não há criatura vivente para contar uma história”.

Seja expressivo tanto nos gestos, quanto na sua expressão vocal ao contar histórias para as crianças. Tente imaginar a situação, como é a vida e o sentimento deste personagem e dramatize, para que a criança se envolva, possa entender e a narrativa faça ainda mais sentido.

Os benefícios para a criança que tem o privilégio de ter pais contadores de histórias são muitos.

Momentos de afetividade, desenvolvimento na inteligência emocional e cognitiva da criança, ampliação de vocabulário e imaginação, etc. Histórias ficam na memória e quando mexem com nossa emoção (seja positiva ou negativa), jamais são esquecidas.

Que tal transformar a partir de hoje o momento da história, em uma rotina na sua família?images10

Assim, seu filho associará o prazer da sua companhia ao prazer de ler e ouvir histórias e certamente aumentará seu interesse pelos livros e pela leitura também, o que é maravilhoso, pois quanto mais lemos, mais recebemos conhecimento.

Certamente, melhores laços familiares serão criados e fortalecidos em meio a um ambiente de afeto, deixando memórias positivas e preciosas entre vocês.

O universo é feito de histórias. Conte uma boa história!