Amamentação e uso de medicamentos

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É muito frequente o uso de medicamentos e outras substâncias por mulheres que estão amamentando. A maioria é compatível com a amamentação; poucos são os fármacos formalmente contraindicados e alguns requerem cautela ao serem prescritos durante a amamentação, devido aos riscos de efeitos adversos nos lactentes e/ou na lactação.

No entanto, com frequência, profissionais de saúde recomendam a interrupção do aleitamento materno quando as mães são medicadas, muitas vezes porque desconhecem o grau de segurança do uso das diversas drogas (também referidas como medicamentos ou fármacos) durante o período de lactação.

Por isso, cabe ao profissional de saúde, antes de tomar qualquer decisão, buscar informações atualizadas para avaliar adequadamente os riscos e os benefícios do uso de uma determinada droga em uma mulher que está amamentando.

Visando auxiliar os profissionais de saúde nas suas avaliações quanto ao uso de drogas durante a amamentação, o Ministério da Saúde, em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), disponibiliza um Manual (veja abaixo) contendo informações básicas sobre o uso de drogas durante o período da lactação.

O aleitamento materno é uma prática de fundamental importância para a mãe, a criança e a sociedade em geral, que deve ser sempre incentivada e protegida, salvo em algumas situações excepcionais. Assim, não se justifica, na maioria das vezes, a interrupção da amamentação quando a nutriz necessitar algum tipo de tratamento farmacológico, impedindo desnecessariamente que mãe e criança usufruam dos benefícios do aleitamento materno.

A indicação criteriosa do tratamento materno e a seleção cuidadosa dos medicamentos geralmente permitem que a amamentação continue sem interrupção e com segurança.

GALACTAGOGOS

Galactagogas são substâncias que auxiliam o início e a manutenção da produção adequada de leite. Os fármacos galactagogos atuam como antagonista dopaminérgico, reduzindo a ação inibitória da dopamina sobre a secreção de prolactina.

O uso de galactagogos deve ser reservado para situações em que foram descartadas as causas tratáveis de hipogalactia (p.ex. hipotireoidismo materno ou uso de medicamentos) e, principalmente, após avaliação da técnica de amamentação e de medidas que sabidamente aumentam a produção de leite, tais como maior frequência das mamadas e esvaziamento adequado das mamas.

Cabe ressaltar que a estimulação mecânica da região aréolo-mamilar pela sucção do lactente e a ordenha do leite são os estímulos mais importantes para a manutenção da lactação. Tais estímulos promovem a secreção de prolactina pela hipófise anterior e de ocitocina pela hipófise posterior.

Dentre as substâncias que induzem, mantêm e aumentam a produção de leite, domperidona e metoclopramida são as mais indicadas. Não há evidências científicas de que alimentos ou plantas possuam propriedades galactagogas.

A segurança do uso dos antagonistas dopaminérgicos como galactogogos não foi adequadamente estudada, mas eles oferecem risco potencial para as mães e para os lactentes. Estes devem ser observados para efeitos adversos como sonolência, déficit de sucção, irritabilidade e desconforto abdominal. Há risco de depressão materna após uso prolongado de metoclopramida.

A domperidona apresenta menor lipossolubilidade e maior peso molecular que a metoclopramida, o que reduz sua penetração no sistema nervoso central e no compartimento lácteo.

Acredita-se que os galactagogos possam trazer algum benefício nas seguintes situações:

Indução da lactação em mulheres que não estavam grávidas como em mães adotivas ou que aguardam seus filhos nascerem de uma barriga de aluguel.

Relactação, que é o reestabelecimento da lactação após o desmame.

Aumento do suprimento insuficiente de leite decorrente de separação mãe-filho por doença materna ou do lactente, como em mães de recém-nascidos pré-termo em unidades de terapia intensiva neonatais.

Princípios básicos para a prescrição de galactagogos:

  • Antes de utilizar qualquer substância na tentativa de aumentar o suprimento de leite, avaliar com cuidado as técnicas de amamentação e o volume de leite materno.
  • Informar a nutriz sobre a eficácia, a segurança e o tempo de uso do galactagogo.
  • Avaliar as contraindicações do medicamento e informar à nutriz os possíveis efeitos adversos.
  • Observar o aumento ou não do volume de leite materno e o ganho ponderal do lactente.
  • Acompanhar a mãe e o lactente, observando a ocorrência de efeitos adversos.
  • A metoclopramida não deve ser utilizada por período maior que três semanas.
  1. INIBIDORES DA LACTAÇÃO

Algumas drogas são bem conhecidas por reduzirem a produção de leite. Como o crescimento do lactente está diretamente relacionado à síntese e ingestão do leite materno, o uso de qualquer uma dessas drogas pode representar risco de déficit ponderal, principalmente durante o período pós-parto imediato, época mais sensível para a supressão da lactação. Caso o uso de alguma dessas drogas seja inevitável, o profissional de saúde deve retardar ao máximo sua introdução (semanas ou meses) e prescrevê-la pelo menor tempo possível, além de monitorar o ganho ponderal do lactente.

As drogas com risco de redução da produção láctea são:

  • Álcool
  • Bromocriptina
  • Bupropiona
  • Cabergolina
  • Ergometrina
  • Ergotamina
  • Estrogênios, como o etinilestradiol
  • Levodopa
  • Lisurida
  • Modafinila
  • Nicotina
  • Pseudoefedrina
  • Testosterona

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Veja a íntegra do livro do Ministério da Saúde no endereço:

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/amamentacao_drogas.pdf

Avaliação neuromotora: cuidados

Avaliação Neuromotora

Alguns parâmetros motores são considerados essenciais para a triagem do desenvolvimento neuropsicomotor no primeiro ano de vida:

  • Atividade reflexa primitiva.
  • Flexão no período neonatal.
  • Reações de equilíbrio.
  • Reações de retificação.
  • Simetria corporal.
  • Transferência de peso corporal.

São eles pré-requisitos motores, que evoluem do início da vida ao longo do primeiro ano, para a aquisição gradativa de habilidades não somente motoras, mas também secundariamente de outras funções.

Reciprocamente, o desenvolvimento das demais funções (cognitiva, psicoafetiva, visual) influi também grandemente na evolução motora. Isso porque os movimentos intencionais dependem de planejamento prévio, executado com participação de várias estruturas cerebrais, dentre essas, a córtex pré-frontal e a área motora cingulada (com conexão com o sistema límbico), que conferem respectivamente os componentes cognitivo e psicoafetivo, que permeiam em geral os atos motores.

Esse fato explica porque uma deficiência intelectual e/ou um distúrbio psicoafetivo pode afetar o desenvolvimento motor, com consequente atraso no alcance dos marcos motores e/ou comprometimento da qualidade dos atos motores.

É fundamental no desenvolvimento que a avaliação seja feita de forma global, por meio do exame das funções: cognitiva, psicoafetiva, social (interação com pessoas), visual, auditiva, linguagem, além da motora, mesmo que haja evidência de distúrbio motor.

Vale enfatizar que um atraso e/ou um distúrbio motor em criança pode ser decorrente não somente de lesões neurais nas vias motoras, mas também por deficiência visual, cognitiva ou distúrbio psicoafetivo e vice-versa.

Resumidamente, um déficit motor, dependendo da intensidade, pode levar a uma deficiência cognitiva e/ou distúrbio psíquico secundário.

Pela observação dos comportamentos da criança, é possível a avaliação das funções citadas e não apenas da sua competência motora. Essa avaliação deve ser feita com a criança em várias posturas: supino, prono, decúbito lateral, de deitado puxado para sentar, sentado e de pé.

Nos primeiros meses, é muito útil o uso da postura, denominada supino a 45 graus, apoiando-se a criança com o dorso sobre os antebraços do examinador, em inclinação aproximada de 45 graus e a cabeça acomodada sobre as suas mãos em concha. Essa postura permite não somente avaliar se o lactente vê ou ouve, mas também o “diálogo” examinador-lactente, que fornece muitas informações sobre as outras funções cognitiva, psicoafetiva e de linguagem, além da motora, através de suas manifestações de atenção, interesse, contato visual, interação, sorriso e/ou emissão de sons, vocalizações.

O oferecimento de brinquedos, permitindo não somente verificar a preensão destes, mas também a análise da reação perante os brinquedos (atenção, interesse, alcançar e apanhar, levar à boca, exploração, etc.), facilita a observação das manifestações de todas as funções mencionadas.

Recomenda-se que a avaliação do desenvolvimento seja realizada no tatame e não sobre a mesa de exame. No tatame, sem risco de quedas, a criança se sentirá menos controlada e livre para realizar as trocas posturais e os deslocamentos espontaneamente.

Idades-chaves e aquisições relevantes em nascidos a termo

Período Neonatal

– Postura em flexão

– Em prono: eleva a cabeça momentaneamente

– Contato visual/fixação visual (de forma mais evidente no final do período)

– Reage a sons

 

3 meses

– Controle de cabeça (ausência aos 4 meses: sinal de alerta)

– Simetria corporal

– Transferência do peso corporal

– Junção das 2 mãos na linha média

– Sorriso social (início, em geral, com 2 meses)

– Vocalização e gritos

6 meses

– Permanece sentado, quando colocado (ausência aos 7 meses: sinal de alerta)

– Rola

– Alcança e segura objetos ora com uma mão, ora com a outra (uso sempre de uma única e

da mesma mão: sinal de alerta)

– Localiza sons dirigindo o olhar em direção à fonte sonora

– Balbucio

9 meses

– De sentado passa para a postura de pé

– Engatinha

– Permanece de pé, com apoio

– Duplicidade de sílabas no balbucio

12 meses

– Anda

– Primeiras palavras

A maior parte da avaliação do desenvolvimento se baseia mais em observações de comportamentos espontâneos da criança, do que em manuseios. Assim sendo, ela deve ser realizada em todos os momentos em que a própria criança oferece oportunidade para tal.

Por isso mesmo, a avaliação pode ser feita no decorrer da consulta, seja no início, durante a anamnese (colocando-se, por exemplo, um brinquedo sobre a mesa, ao alcance da criança se maior de 6 meses de idade), ou no momento do exame físico, ou até mesmo no final da consulta. Não há, assim, necessidade de haver sequência rígida, preestabelecida, para os vários itens do exame.

Recomendação

Vídeo:

  • Desenvolvimento Neuropsicomotor da Criança – Avaliação no Primeiro Ano de Vida, NUTES, UFRJ, 1996 Autoria de: Alice Y. S. Hassano; Marcia Bellotti de Oliveira; Livia R.L. Borgneth e Monika Mueller
    Duração: 32 minutos
    As cópias podem ser solicitadas ao Laboratório de Vídeo Educativo-NUTES/UFRJ através do fax (0xx21) 2270-5847 – tel.: (0xx21) 2562-6360ou pelo endereço eletronicovideonutesufrj@gmail.com

Para ler mais conteúdos como esse, acesse: www.nestlenutrition.com.br

Dra. Alice Y. S. Hassano

Referências bibliográficas

  1. BLY, L. Motor skills acquisition in the fi rst year. Tucson: Therapy Skill Builders; 1994.
  2.  BRAZELTON, T.B. As forças vitais do recém-nascido. In: Brazelton, T.B. desenvolvimento do apego. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas Sul Ltda; 1988. p. 110-37.
  3.  BOBATH, K. A neurophysiological basis for the treatment of cerebral palsy. London: Spastics International Medical Pub. William Heinemann Medical Books Ltd.; 1980.
  4.  HASSANO, A. Y. S. Quando suspeitar e como conduzir: desvios do desenvolvimento. In: Nestlé e Sociedade Brasileira de Pediatria. (Org.). Curso Nestlé de Atualização em Pediatria – Anais. Rio de Janeiro: Nestlé; 2002.
  5.  HASSANO, A. Y. S.; BORGNETH, L. R. L. Desvios do desenvolvimento. In: Azevedo, C.E.S. & Cruz, W.M.F. (Org.). Terapêutica em Pediatria. São Paulo: Ed. Atheneu, 2001. p. 29-33.
  6.  HASSANO, A. Y. S.; BORGNETH, L. R. L.; MUELLER, M. W. Considerações sobre o desenvolvimento normal no primeiro ano de vida. In: Lopes, S. & Lopes, J. M. (Org.). Follow-up do recém-nascido de alto risco. Rio de Janeiro: Medsi; 1999. p. 163-76.
  7. HASSANO, A. Y. S. Caso 20. In: Schettino, C. E.. (Org.). Diagnósticos em Pediatria – 100 casos clínicos comentados. São Paulo: Ed. Atheneu; 1997, v. 01. p. 242-243
  8. HASSANO, A. Y. S.; BELLOTTI, M. C. O.; BORGNETH, L. R. L. & MULLER, M. W. Desenvolvimento Neuropsicomotor da Criança – Avaliação no Primeiro Ano de Vida. Vídeo. Rio de Janeiro: NUTES, UFRJ; 1996.
  9. HASSANO, A. Y. S.; OLIVEIRA, M. B.; STEINBERG, V. Desenvolvimento motor nos dois primeiros anos de vida. In: Comitê de. (Org.). Novo Manual de “Follow-up” de Recém-nascidos de Alto Risco. Rio de Janeiro: Serviço de Informação Científica Nestlé; 1995, v. 01. p. 35-42.
  10. HASSANO, A. Y. S. ; BORGNETH, L. R. L. ; MUELLER, M. W. . Avaliação do Desenvolvimento Motor no Primeiro Ano de Vida. In: Aires, V.T. & Ramires, C.. (Org.). Rotinas de Pediatria. 2a. ed. Rio de Janeiro: Ed. Cultura Médica; 1995, v. 01. p. 13-18.
  11.  HASSANO, A. Y. S. DDST – Triagem de Desenvolvimento de Denver. Manual de “Follow-up” de Recém-nascidos de Alto Risco. Rio de Janeiro: Serviço de Informação Científica Nestlé; 1995. p. 58-60.
  12. HASSANO, A. Y. S.; SAYEG, D.C.; SANTOS, G.L.M.; PORTO, M. A. C. S. C. Avaliação do Desenvolvimento. In: AIRES, V. L. T.; RODRIGUES, C. R. M. (Org.). Rotinas de Pediatria. 1a. ed. Rio de Janeiro: Ed. Cultura Médica Ltda.; 1993, v. 1. p. 15-21.
  13. HASSANO, A. Y. S. Teste de triagem de desenvolvimento de Denver (DDST): Desempenho de lactentes normais na Cidade do Rio de Janeiro (dissertação). Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1990.
  14. JOHNSON, M. H. Functional brain development in humans. Neuroscience. 2: 475-82, 2001.
  15.  LENT, R. O alto comando motor. In: LENT, R. Cem bilhões de neurônios. Conceitos Fundamentais de Neurociência. 1a. ed. São Paulo: Ed. Atheneu; 2001, v. 1. p. 375-418.

A arte de contar histórias (ao alcance de todos)

Contar histórias é uma das formas de comunicação mais antigas que existem. Mas, apesar do avanço da tecnologia, continua sendo uma das formas mais eficientes de promover a aprendizagem, a reflexão, a descoberta e também um meio de conectar as pessoas.

Além de acalmar a gestante, o feto já é capaz de ouvir e perceber pela audição (que já está apta a partir do quinto mês de vida intrauterina) a entonação da mãe, a cadência das palavras e o ritmo que ela fala.

Através dos sons das palavras, circuitos neurais são construídos. Hoje, sabemos que a aprendizagem começa antes mesmo de nascermos.

Especialistas garantem que essa arte pode se iniciar durante a gestação.

Cada faixa etária necessita de estratégias para captar a atenção e motivar a criança em participar da história. Seguem algumas dicas:

  1. A história exige concentração, portanto procure um lugar acolhedor e silencioso para que a criança possa estar voltada ao que você for apresentar. Desligue o celular e dedique este tempo exclusivo para seu filho. Observe também os melhores horários para contar história para seu filho. Depois do jantar, no final da tarde, na hora de dormir. Teste e observe quais os momentos melhores para a contação de histórias.
  2. Com bebês até 8 meses, utilize livros resistentes, livros de banho. Procure criar um texto de acordo com as figuras que aparecem no livro. Ex: Olhe o gatinho. Ele está na caixa. Vamos fazer carinho no gatinho? O gatinho faz: MIAU. Cante canções dos personagens que aparecem também. Ex: “Borboletinha está na cozinha” (canção folclórica), quando aparecer uma borboleta.
  3. A partir dos 8 meses, a criança provavelmente já senta sem apoio, já está refinando sua coordenação e suas emoções também costuma estar mais evidentes. Livros com texturas são muito interessantes nesta idade, porém os textos devem ser bem curto, com objetos e fatos que pertençam ao cotidiano da criança.
  4. Animais estão entre os temas prediletos. Retrate o ambiente sonoro da cena. Você pode imitar os sons dos personagens, cantar uma música que represente a cena, representar cada personagem através de um instrumento musical, enfim, use sua criatividade! De forma gradual, através destas atividades, serão estabelecidas as conexões cerebrais que relacionam as palavras com o objeto, desenvolvendo a imaginação, memória, além de introduzi-lo no convívio social. A criança nessa fase, ainda não entende muito bem a estrutura de sequência. Procure dar ênfase na leitura das imagens, porém contando a história de forma sucinta com começo, meio e fim.
  5. A partir dos 2 anos, as histórias continuam curtas, porém podemos dar mais ênfase à sequência dos fatos. Pois nessa faixa etária, as crianças começam a demonstrar mais concentração. Utilize figuras grandes com textos pequenos e traga histórias que trabalhem situações que a criança possa estar vivenciando (o desfralde, por exemplo). Converse com ela durante a história e pergunte o que ela acha que vai acontecer. Faça algumas pausas. Capriche na expressão facial. Criança adora surpresa e suspense.
  6. A partir dos 3 anos e até um pouco antes disso, a criança já apresenta o interesse pelas brincadeiras de faz-de–conta e demonstra a capacidade de representar coisas ou situações não presentes. O pequeno naturalmente começa a imitar ações rotineiras, depois ações de pessoas próximas. E através dessas brincadeiras, expõem seus sentimentos, frustrações e vontades. É interessante notar como a evolução das histórias, da brincadeira e da linguagem caminham juntas. Uma auxilia no desenvolvimento da outra. As  famílias podem trazer bonecos, objetos, elementos diversos para dramatizar histórias como a “Linda Rosa Juvenil”, por exemplo. Depois, a criança pode dramatizar com os fantoches para os adultos.

Dramatizando, a criança se expressa com a linguagem verbal, gestual e facial, tornando a atividade mais complexa e desafiadora, além de iniciar a aprendizagem de normas sociais, pois é necessário esperar sua vez para interagir conforme a história vai acontecendo. Enfim, existem muitas possibilidades para estimular o desenvolvimento de seu filho de uma forma divertida. É necessário, porém, disposição, muita pesquisa, paciência e organização para o preparo das atividades.

A partir dessa fase, é importante também que o adulto compartilhe com a criança, fatos que vivenciou compartilhar experiências e deixar que a criança também conte suas próprias histórias.

Ouvir ativamente, respeitando o tempo do outro, cria laços afetivos profundos.images12Nossa história também é uma narrativa e é muito importante este dialogo entre pais e filhos. Relate suas experiências com o objetivo de estabelecer vínculos pessoais.

Conte-a com afeto e coloque seu coração nela. Conte uma história em vez de apenas descrever fatos. Dessa forma, você poderá transmitir seu ponto de vista de uma forma muito mais impactante para a criança.

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Conforme a criança for crescendo, procure incentivá-la a contar e ler histórias pra você e diversifique os temas dos livros, deixe que ela escolha também (de acordo com sua orientação) para que ela possa ampliar seu vocabulário e no futuro tenha maior compreensão para o entendimento nas diversas áreas de conhecimento.

Ensine-a também a cuidar do livro e tratá-lo com respeito.

Outros recursos importantes:

Quanto menor é a criança, mais importantes são os recursos visuais, sejam fantoches, dedoches, bichinhos de pelúcia etc. A criança bem pequena, ainda está construindo seu repertório de imagens. Por serem concretos, esses objetos promovem uma maior interação da criança com a história proposta.

Caixas surpresas com os objetos que aparecem na história são muito interessantes e criam momentos de suspense e mais emoção à história, contribuindo também para que a criança memorize a sequência dos fatos da narrativa.

Conte histórias que você goste que te faça se sentir confortável e entusiasmado. Escolha narrativas na qual você se identifique de alguma forma.

Não se esqueça da expressão gestual. Já dizia o famoso historiador e antropólogo Luis da Câmara Cascudo: “Com as mãos amarradas não há criatura vivente para contar uma história”.

Seja expressivo tanto nos gestos, quanto na sua expressão vocal ao contar histórias para as crianças. Tente imaginar a situação, como é a vida e o sentimento deste personagem e dramatize, para que a criança se envolva, possa entender e a narrativa faça ainda mais sentido.

Os benefícios para a criança que tem o privilégio de ter pais contadores de histórias são muitos.

Momentos de afetividade, desenvolvimento na inteligência emocional e cognitiva da criança, ampliação de vocabulário e imaginação, etc. Histórias ficam na memória e quando mexem com nossa emoção (seja positiva ou negativa), jamais são esquecidas.

Que tal transformar a partir de hoje o momento da história, em uma rotina na sua família?images10

Assim, seu filho associará o prazer da sua companhia ao prazer de ler e ouvir histórias e certamente aumentará seu interesse pelos livros e pela leitura também, o que é maravilhoso, pois quanto mais lemos, mais recebemos conhecimento.

Certamente, melhores laços familiares serão criados e fortalecidos em meio a um ambiente de afeto, deixando memórias positivas e preciosas entre vocês.

O universo é feito de histórias. Conte uma boa história!

Vacinas: não se deve dar paracetamol para prevenir reações

Resposta imune a vacinas pode ser reduzida pela administração profilática de paracetamol, segundo artigo publicado no The Lancet

Embora o uso de paracetamol reduza significativamente as reações febris após vacinação, a administração profilática de antitérmicos não deve ser rotineiramente recomendada, pois a resposta de formação de anticorpos a vários antígenos vacinais é reduzida com o uso de antitérmicos profiláticos.

Dois estudos consecutivos, randomizados e controlados (com a primeira dose da vacina e após a dose de reforço), nos quais participaram 459 crianças saudáveis, foram realizados para estudar o efeito profilático do paracetamol para evitar reações febris em crianças vacinadas e verificar a formação de anticorpos frente a diferentes antígenos vacinais.

Neles, 226 crianças receberam 3 doses profiláticas de paracetamol nas primeiras 24 horas após a vacinação e 233 não receberam paracetamol. As vacinas testadas foram vacina hexavalente acelular contra pólio, difteria, tétano, coqueluche (pertussis), hepatite B e haemophilus, vacina contra pneumococo e vacina oral contra rotavírus.

Febre acima de 39,5°C foi rara em ambos os grupos. A porcentagem de crianças com temperatura igual ou superior a 38°C foi significativamente menor no grupo que recebeu paracetamol profilático do que no grupo que não recebeu o antitérmico. A concentração média de anticorpos foi significativamente mais baixa no grupo que recebeu paracetamol.

Depois da dose de reforço, a concentração média de anticorpos persistiu mais baixa no grupo que recebeu o paracetamol.

Os resultados mostram que embora o uso de paracetamol reduza as reações febris, a administração profilática (preventiva) de antitérmicos não deve ser rotineiramente recomendada, pois a resposta de formação de anticorpos a vários antígenos vacinais é reduzida com o uso de antitérmicos profiláticos.

NEWS.MED.BR, 2009. Resposta imune a vacinas pode ser reduzida pela administração profilática de paracetamol, segundo artigo publicado no The Lancet. Disponível em: <http://www.news.med.br/p/pharma-news/51918/resposta-imune-a-vacinas-pode-ser-reduzida-pela-administracao-profilatica-de-paracetamol-segundo-artigo-publicado-no-the-lancet.htm>. Acesso em: 17 mar. 2016.

Transtornos alimentares (anorexia e bulimia)

De uma forma geral, consideramos os transtornos alimentares como um conjunto de síndromes cuja característica central é a relação anormal do sujeito com sua alimentação. Dentre eles, a anorexia nervosa se caracteriza pela recusa à alimentação associada a uma alteração na percepção subjetiva da forma e do peso corporais, levando a uma preocupação absolutamente descabida com a possibilidade de ganho ponderal.

“Anorexia”, que remete a ausência de orexis, apetite, descreve, na clínica, um comportamento em que uma exagerada restrição alimentar é adotada no sentido de atingir-se um peso e uma forma corporal suficientemente magra segundo padrões que discordam do senso comum e das variáveis propostas pela medicina.

A anorexia e a bulimia são distúrbios alimentares dos quais o número de casos vem aumentando especialmente em adolescentes do sexo feminino e com boa condição socioeconômica e cultural.

Anorexia: é uma doença em que a menina se considera muito acima do peso e a sua ingestão alimentar reduz drasticamente.

A recusa é voluntária. Na fase inicial da doença não ocorre uma perda real do apetite. Mais tarde, o organismo pode acostumar-se com a pouca alimentação (risco).

O anoréxico pode morrer em estado de desnutrição. Desidratados, os pacientes sofrem perda de eletrólitos, principalmente potássio, fundamental para o funcionamento muscular e cardíaco.

Bulimia: é quando existe uma compulsão alimentar em que se come acima do que deveria e, em seguida, uma forma forçada de eliminar o que foi consumido através do vômito, laxantes, diuréticos e outros medicamentos.

Geralmente, a pessoa bulímica come sozinha e escondida, não se importando com o sabor da comida ou sua combinação. Após o episódio compulsivo, sente-se culpada e com certo mal estar físico em razão da quantidade excessiva de alimentos ingeridos, ocorrendo-lhe a ideia de induzir o vômito para não engordar. Este comportamento lhe traz satisfação e alívio momentâneos e assim ela pensa em ter descoberto a forma ideal de manter o peso sem restringir os alimentos que considera proibidos.

O bulímico pode evoluir para o óbito devido a métodos purgativos. Há pacientes que chegam a vomitar 15 ou 20 vezes por dia. Em consequência, pode ter desidratação e perda de eletrólitos.

Quais são os sintomas?

– Baixo peso

– Interrupção da menstruação

– IMC abaixo de 15 em crianças e adolescentes

– abuso de prática de exercícios físicos

– prisão de ventre e depressão.

Quais são as causas que motivam a anorexia e a bulimia?

Genética: se a mãe já passou por algum transtorno alimentar, é comum que a filha possa ter.

Cultural: influência do ideal de beleza de modelos magras que é divulgado pela mídia.

Hormonal: é comum que na adolescência que as garotas não se aceitem como são. Então, para ser bem aceita na escola, entre amigos e o namorado, acaba “aderindo” ao transtorno, na tentativa de emagrecer.

Elementos psicológicos: pode acontecer quando a menina/jovem passa por problemas pessoais, como separação dos pais, bullying e abuso sexual.

Como interferir?

O tratamento deve contar com uma equipe multiprofissional com intervenções medicamentosas, psicológicas e nutricionais. Alguns casos exigem hospitalização.

Ambas são doenças crônicas de difícil controle. É necessário o acompanhamento a longo prazo, e as recaídas são frequentes.

O diagnóstico e o tratamento precoce podem fazer toda a diferença entre o fracasso e o sucesso terapêutico.

ANOREXIA: DEFINIÇÃO, FREQÜÊNCIA, MORTALIDADE E A RESTAURAÇÃO DO PESO

Os critérios diagnósticos para a anorexia nervosa (AN) são: a manutenção do peso corporal abaixo de 85% do esperado para a altura e a idade, grande medo de engordar (ainda que o indivíduo esteja com baixo peso), alteração da imagem corporal e amenorréia em, no mínimo, três ciclos consecutivos.

Entre os transtornos alimentares (TA), representa o menos comum, porém o mais grave. Nos pacientes com a doença, as principais causas de morte são o suicídio e os efeitos diretos do jejum.

É uma patologia com relativa baixa prevalência (1% em alguns estudos nos Estados Unidos), incidindo, mais comumente, em mulheres com idades entre 15 a 29 anos; no entanto, sua mortalidade é alta.

Sullivan, em uma metanálise englobando 42 estudos sobre mortalidade na AN estimou que a mortalidade fosse de 5,6% por década desde o início da doença.

Cerca de 20% dos afetados apresentarão doença crônica com grave comprometimento na qualidade de vida e cerca de 30% a 40% terão recuperação completa com o tratamento. Em geral, os adolescentes, quanto mais precocemente forem tratados, melhor será a evolução.

Referência: MOREIRA, Luiza Amélia Cabus; OLIVEIRA, Irismar Reis de. Algumas questões éticas no tratamento da anorexia nervosa. J. bras. psiquiatr.,  Rio de Janeiro ,  v. 57, n. 3,   2008 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852008000300001&lng=en&nrm=iso>. access on  08  Mar.  2015.  http://dx.doi.org/10.1590/S0047-20852008000300001.

Insatisfação com a imagem corporal

Animais domésticos: cuidados especiais e riscos

Durante a evolução alguns predadores e presas na cadeia alimentar transformaram-se em “utilitários” e, ao serem domesticados, estabeleceu-se um vínculo de afeto, tornando-se animais de estimação.

Além da questão do companheirismo, atualmente estes animais têm sido auxiliares em processos terapêuticos em hospitais e instituições afins. Sabe-se que a posse responsável de um animal de estimação, desde que em harmonia e consenso familiar, pode ser positiva para a criança no plano afetivo.

Entre outros fatores, ajuda a desenvolver hábitos de responsabilidade para com o outro, pode tornar-se um facilitador para informações sobre sexo; ajuda a entender a normalidade das necessidades fisiológicas (urinar e defecar) e acaba sendo um assunto em comum para conversas de pais e filhos, além de preparar a criança a lidar com a morte.

Embora existam várias razões que justifiquem a aquisição de um animal de estimação, não se deve esquecer de que se trata de um animal irracional domesticado, podendo levar a riscos de mordedura, doenças, lesões e (em alguns casos raros) à morte. Além da lesão própria da mordedura ou arranhadura há o risco de infecções graves, pois a boca do animal é altamente contaminada, assim como doenças transmissíveis por mamíferos como a hidrofobia (raiva).

Cães e gatos, animais mais populares, são também os principais agressores. Porém, a maioria dos animais domésticos pode apresentar riscos de mordedura. Alguns animais surgem “na moda”, como: iguanas, cobras, macacos e outros nomeados como “exóticos”, cujo comportamento ainda não é de todo conhecido.

Como toda lesão não intencional, a mordedura é passível de prevenção. Crianças gostam de brincadeiras com cães, que são considerados companheiros e amigos, mas, nessa convivência, é preciso conhecer as regras de segurança.

O que todos devemos saber:

Animais apresentam atitudes agressivas por medo ou defesa (território, dono, cria, alimento), portanto estas situações devem ser respeitadas.

Atitudes como não se aproximar de animais desconhecidos, não desafiar ou agredir os animais auxiliam na prevenção de lesões.

Outras medidas são importantes, como não tocar em animais sem a permissão do proprietário, além de respeitar e conhecer a natureza.
A mídia tem mostrado com frequência casos muito graves, inclusive fatais, de ataque por cães da raça Pitbull, mas não se deve desconhecer o risco de agressão por outras raças.

A grande maioria de mordidas em crianças é causada por animais da própria família ou de vizinhos, e as crianças são agredidas mais frequentemente do que os adultos.

Os ataques mais graves geralmente acontecem com crianças pequenas e, nessa situação, é grande o risco de mordida na cabeça, na face e no pescoço. Em crianças maiores, as lesões ocorrem habitualmente nos braços e nas pernas.

Principais medidas de segurança:

  • Se houver criança pequena em casa, os pais devem analisar bem antes de adquirir um cão, porque criança pequena nunca pode ficar sozinha perto de cão: é muito perigoso.
  • Observar o momento oportuno e seguro para adquirir um cão.
  • Antes de adquirir um cão, informar-se com um veterinário sobre as raças mais adequadas e mais mansas. Cães de raças reconhecidamente agressivas (Pitbull, Rottweiler, Pastor alemão, Doberman, etc.) não são recomendados.
  • Deve-se ter atenção aos cruzamentos porque podem gerar animais perigosos. Para crianças maiores, recomenda-se cão de raça dócil.
  • Observar bem o comportamento do cão antes de levá-lo para casa.
  • Cão de comportamento agressivo, independentemente da raça, não deve ficar em casa que tenha criança.
  • Cães castrados geralmente são menos agressivos.
  • O cão necessita de treinamento, socialização e educação, orientados por pessoa habilitada.
  • Nunca se deve estimular a agressividade do cão e, sim, comportamento submisso.
  • As brincadeiras entre crianças e cães devem ser supervisionadas por adultos.
  • Não se deve importunar o cão, principalmente durante a alimentação, o sono, se tiver filhote novo ou se estiver com aparência de doente.
  • Não se deve puxar as orelhas, as patas e o rabo; nunca colocar o dedo nos olhos do animal; não tomar brinquedo que esteja com o cão.
  • Não é recomendado beijar ou ficar com o rosto perto do animal.
  • Não tentar separar briga de cães; manter-se distante dos agressivos.
  • Manter as vacinas em dia, cuidar da higiene e da saúde do cão.
  • Orientar as crianças para não se aproximar ou brincar com animal estranho.
  • Deve-se combinar antecipadamente com as crianças que o cão não poderá dormir com elas nem fazer as refeições com a família.
  • Cão pequeno e de raça mansa não são garantia de que não morderá alguém.
  • As crianças precisam receber orientações sobre as maneiras adequadas para lidar com o animal, como não provocar ou machucar o cão. Se houver provocação ou agressão, mesmo o cão de raça dócil poderá morder.

Responsabilidades do proprietário: 

Ter controle sobre o animal e adestrá-lo corretamente.

Não estimular comportamento agressivo (principalmente se for cão).

Em caso de animal feroz providenciar placas de alerta com ilustração (nem todos são alfabetizados).

Conduzir o animal em locais públicos sempre com guia.

Oferecer assistência veterinária periódica.

Antes de adquirir um animal consultar veterinários, criadores e proprietários sobre as características e adaptação a rotina familiar.

Se o animal apresentar comportamento indesejado consultar um veterinário, nunca abandoná-lo em locais públicos.

São sinais sugestivos de ataque iminente por alguns mamíferos: pelo eriçado, dentes à mostra e rosnado, orelhas eretas e para frente, cauda elevada e reta e contato visual prolongado.

Ricardo Jukemura
Vera Lucia Venancio Gaspar

http://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/animais-domesticos/

http://www.rbmv.com.br/

Andador infantil: por que não?

Por que não usar andador infantil?

Autoras: Alice Hassano, Lívia Borgneth e Inês Seppi

andador

Antes de andar a criança precisa aprender a rolar, sentar, engatinhar para depois conseguir ficar de pé com apoio e, ai sim, começar a andar inicialmente com apoio para depois ser de forma livre.

Essas conquistas gradativas são importantes para o desenvolvimento e indispensáveis como etapas básicas para o alcance do andar.

Se interferirmos nessas etapas colocando o bebê no andador, estaremos atrasando o início da marcha da criança, isto é, o momento em que ela começa a andar sozinha.

Mesmo tendo adquirido a capacidade de ficar de pé, é preciso que o bebê vivencie o desequilíbrio para que aprenda a ter equilíbrio no andar, o que é dificultado com o uso do andador. Este, portanto, atrasa o desenvolvimento motor da criança, ao contrário do que algumas pessoas possam imaginar.

O andador não prejudica só o progresso físico do bebê, prejudica também o mental.

O bebê precisa conhecer o mundo começando pelas coisas e objetos que estão mais próximos dele – os deslocamentos, facilitados pelo andador antes do tempo, “desviam” a sua atenção constantemente fazendo com que não haja tempo suficiente para a aproximação necessária para poder tocá-los e manipulá-los e essa exploração é essencial para o bebê sentir a forma, o tamanho, textura, cor, peso e temperatura. Enquanto manuseia objetos e brinquedos, o bebê está desenvolvendo seu cérebro.

Outro grande problema do uso do andador é que há riscos de acidentes e traumatismos inclusive cranianos, segundo estatísticas de Serviços de Emergência Pediátrica.

http://www.soperj.org.br/download/curso_atencao_integral_2009.pdf

Alimentos contaminados: risco de morte

Comida que mata
Organização lança, na próxima semana, campanha para melhorar a segurança da cadeia produtiva

Estima-se que mais de 2 milhões de pessoas, a maioria crianças, morram anualmente em decorrência dessas enfermidades, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Doenças provocadas por alimentos e água contaminados têm consequências devastadoras para a saúde e a economia de um país, independentemente do grau de desenvolvimento da nação.

A OMS alerta sobre a necessidade de promover ações internacionais que englobem toda cadeia de abastecimento de comida.

Embora as doenças de origem alimentar recebam pouca atenção, são um grave problema de saúde pública. Em conjunto, somam pelo menos 200 problemas, desencadeados por bactérias, parasitas, vírus e substâncias químicas.

No melhor dos casos, o paciente sofre apenas com náuseas e diarreia leve. Porém, podem surgir quadros mais graves, como insuficiência renal e hepática, distúrbios neurais, artrite reativa, câncer e até levar à morte.

A campanha da OMS chama-se “Do campo ao prato, torne os alimentos seguros”. Desde 2010, foram registrados pelo menos 582 milhões casos de 22 doenças entéricas transmitidas por produtos alimentícios — pouco mais de 40% eram crianças com menos de 5 anos.

No total, foram 351 mil mortes, a maior parte causada por Salmonella typhi (52 mil óbitos), Coli enteropatogênica (37 mil) e Norovírus (35 mil). E esses números ainda podem subir quando a análise for concluída — os resultados finais devem sair em outubro.

Sem fronteiras

Historicamente, doenças ligadas à alimentação são mais comuns no interior, onde a comida, por exemplo a carne, é produzida e consumida em casa.

Como nem sempre os animais são criados em condições ideais, acabam portando e transmitindo toxinas e vermes, sendo a Taenia solium, causadora da enfermidade conhecida como “solitária”, um deles. Porém, segundo a OMS, essa não é mais a regra.

Nas últimas décadas, os sistemas de produção e transporte de alimentos foram adaptados para funcionar em uma rede global. O lado ruim do processo é que os agentes causadores de doenças podem entrar na cadeia de abastecimento. Para a entidade de saúde, a globalização da distribuição aumenta a probabilidade de as doenças atravessarem fronteiras nacionais.

Um exemplo disso ocorreu em São Paulo, em 2005, quando o município registrou um surto de difilobotríase, enfermidade transmitida por um parasita de peixes. Os casos foram registrados em 20 pessoas que comeram sushi e sashimi em restaurantes da cidade.

A suspeita incidiu sobre o salmão, que, com o robalo, é o principal hospedeiro do verme causador da doença, o Diphyllobothrium spp. Hoje, assim como há 10 anos, praticamente todo salmão consumido no Brasil é importado do Chile. Outro caso foi um surto de febre aftosa na Inglaterra que chegou à França e, depois, se espalhou pela Europa em 2000.

“Um problema de segurança alimentar local pode rapidamente se tornar uma emergência internacional”, diz Margaret Chan, diretora-geral da OMS, acrescentando que a investigação de surtos de doenças transmitidas por alimentos é muito mais complicada quando um pacote de comida contém ingredientes de vários países. “Muitas vezes, é preciso uma crise para que a consciência coletiva seja agitada, e uma medida séria seja tomada”, completa Kazuaki Miyagishima, diretor do Departamento de Segurança dos Alimentos e Zoonoses da OMS.

Salmonela

Embora os alimentos industrializados sejam submetidos a criteriosos processos de fabricação, eles continuam suscetíveis à contaminação, especialmente por bactérias. A salmonela é uma das mais recorrentes. Em 2013, nos Estados Unidos, cerca de 250 pessoas de 18 estados adoeceram após consumirem frango infestado pelo micro-organismo. O mesmo ocorreu na Holanda, no ano anterior, com 950 doentes e três mortos. No Brasil, 18% dos casos de doenças provocados por comidas registrados entre 2000 e 2014 foram devidos à salmonela.
Henrique Marconi Sampaio Pinhati, infectologista da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, explica que essa bactéria está presente em produtos mal processados, especialmente o ovo. “O caipira pode vir sujo com as fezes da galinha, por isso é importante limpá-lo antes de colocar na geladeira. A bactéria também pode vir dentro do próprio ovo, que deve passar por uma boa cocção (cozimento) antes de ser consumido”, explica Pinhati, também presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, regional do Distrito Federal.

Ele explica que, além das bactérias, há o perigo imposto pelos vírus. Os norovírus são mais comuns entre adultos, causando febre alta durante dois ou três dias. “A grande questão é que o médico confunde isso com infecção bacteriana. É a tal virose com que as crianças sofrem tanto”, diz, notando que, entre os pequenos, o adenovírus é o grande causador das doenças de diagnóstico confuso.

Prejuízos

 Os alimentos não seguros também representam grandes riscos econômicos. Em 2011, um surto de E. coli na Alemanha causou perdas de US$ 1,3 bilhão para os agricultores e indústrias e exigiu mais US$ 236 milhões para ajuda humanitária, pagos por 22 países da União Europeia.

Na campanha que está lançando, a OMS ressalta que situações de emergência como essa podem ser evitadas com o desenvolvimento de sistemas que auxiliem os governos a arquitetarem ações públicas para conter as contaminações químicas ou microbiológicas.

A organização também ressalta que o consumidor, parte final da cadeia de abastecimento, desempenha um papel importante na promoção da segurança alimentar, adotando hábitos higiênicos, especialmente na hora de cozinhar certos alimentos, como carnes.

http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2015/04/07/noticia_saudeplena,152858/alimentos-contaminados-ja-mataram-351-mil-pessoas-nesta-decada-aponta.shtml

Manter a limpeza

Lavar bem as mãos antes de cozinhar é essencial. Além disso, para garantir a limpeza dos vegetais, como verduras, frutas e legumes, é preciso lavá-los para retirar as sujeiras e deixá-los de molho por 30 minutos em uma solução com hipoclorito de sódio.

“Muita gente acha que o vinagre faz a desinfecção e isso é um erro. O vinagre só ajuda as partículas maiores a sedimentarem na água, mas não mata os micro-organismos mais nocivos à saúde”, diz Nídia Pucci, nutricionista do Hospital 9 de Julho.

Não misturar alimentos crus e cozidos

Carnes cruas ou vegetais crus ainda não lavados não devem ser misturados com alimentos cozidos, prontos para consumo. De acordo com Nídia, todo alimento tem bactérias, mas enquanto os cozidos têm uma quantidade de bactérias não patogênicas, os crus podem ter bactérias que provocam doenças.

A nutricionista explica que recorrer aos mesmos utensílios para preparar carnes cruas e outros alimentos pode gerar uma contaminação cruzada. “As bactérias que são do frango cru, por exemplo, podem passar para uma verdura. Por isso deve-se preparar um de cada vez e lavar a tábua e a faca antes de preparar o próximo alimento.”

Outra dica é evitar a tábua de madeira, já que ela torna mais difícil a limpeza e eliminação de possíveis bactérias. A tábua de acrílico é uma opção mais segura.

Cozinhar bem para matar micro-organismos

O cozimento em temperaturas acima de 100ºC é capaz de matar bactérias patogênicas. Para evitar contaminações, o ideal é evitar o consumo de carnes cruas ou mal passadas ou ovos com gema mole. Nídia lembra que a recomendação vale especialmente para gestantes e idosos, mais vulneráveis a esse tipo de infecção.

De acordo com a OMS, os microorganismos presentes em comidas que mais provocaram mortes em 2010 foram as bactérias Salmonella typhi, que levou a 52 mil mortes e a E. coli, responsável por 37 mil mortes, além do norovírus, causador de 35 mil mortes.

Manter temperaturas seguras

Para prevenir o crescimento de micro-organismos, é importante observar a temperatura de armazenamento dos alimentos. O ideal é mantê-los em uma temperatura menor do que 5ºC ou maior do que 60ºC. A nutricionista observa que é importante ficar atento à regulação da geladeira em casa: no verão, ela deve ser ajustada para trabalhar com uma potência maior.

Usar água e alimentos crus seguros

Na hora de comprar os produtos, é preciso ter cuidados especiais, segundo Nídia. No caso de carnes, frios e laticínios, o consumidor deve observar a temperatura da geladeira do mercado. No caso de alimentos congelados, a presença de pedras de gelo soltas dentro da embalagem pode indicar que o alimento descongelou e voltou a ser congelado, o que não é seguro.

“Carnes com coloração marrom ou acinzentada e frios com coloração esbranquiçada podem indicar que, mesmo estando dentro de prazo de validade, o resfriamento pode não ter sido adequado”, diz a especialista.

http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/04/comida-contaminada-levou-351-mil-mortes-em-2010-diz-relatorio-da-oms.html

15 alimentos que as crianças não devem consumir

Risco de engasgo, ausência de valor nutricional e até incompatibilidade com vacinas são alguns motivos para os pais ficarem de olho no que os filhos estão comendo.

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A introdução de alimentos diferentes do leite materno na dieta do bebê, após os seis meses de idade. Por motivos que vão do risco de engasgo à incompatibilidade com vacinas, alguns produtos são verdadeiros vilões dos cardápios das crianças.

Ao identificá-los, é preciso manter os filhos afastados deles. “Sempre explicamos para os pais que tais alimentos devem ser evitados, e não proibidos, porque a proibição aumenta a vontade do consumo”, aconselha Virgínia Weffort, presidente do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Mesmo no caso dos liberados, como carnes brancas (aves em geral e peixes sem espinha), há que se tomar cuidado no preparo.

“Alimentos mal cozidos podem causar intoxicação alimentar. Tenha a certeza de que a parte interna das carnes esteja bem cozida antes de servi-las às crianças”, alerta Elisa Maria de Aquino Lacerda, professora adjunta de nutrição materno-infantil do Instituto de Nutrição Josué de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Além disso, estimular o hábito de comer bem e de se manter afastado daquilo que é pouco relevante para a saúde é um legado que os pequenos carregarão por toda a vida, como afirma Isa Maria de Gouvêia Jorge, nutricionista da Divisão de Creches da Coordenadoria de Assistência Social da Universidade de São Paulo: “Os alimentos que a criança come até os quatro anos são determinantes para seu padrão alimentar adulto.”

As três especialistas apontam os principais alimentos a serem evitados, o motivo da restrição e a partir de que idade a criança pode começar a consumi-los. Confira:

Amendoim, castanhas, nozes e demais oleaginosas

Podem conter o fungo aflatoxina, que causa danos ao fígado. Além disso, há o risco de causar engasgos e sufocamento, devido ao tamanho e ao formato. Não deixe a criança comer até os quatro anos de idade.

Azeitonas com caroço

Podem causar engasgos e sufocamento. Evite até os quatro anos de idade.

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Balas

Não têm valor nutricional e, em muitos casos, são açúcar puro, podendo causar obesidade e cáries dentárias. Também podem causar engasgos sérios e sufocamentos. O consumo deve ser evitado até os dois anos. Depois disso, permitir o acesso com moderação.

Biscoitos com recheio

Ricas em gorduras, açúcares e sódio, não têm quantidade relevante de vitaminas e minerais.

Bolos prontos com recheio ou cobertura

Ricos em gorduras trans e/ou saturadas e em açúcares, não acrescentam na nutrição infantil. Evite que a criança coma até completar um ano.

Clara do ovo

Pode desenvolver alergia e merece cuidados quanto à vacinação, já que muitas vacinas têm em sua composição a clara do ovo (sob o nome de “albumina”).

Frutos do mar

Até o primeiro ano, podem causar reações cutâneas semelhantes a alergias nas crianças. Evite, portanto, nos 12 primeiros meses de vida de seu filho.

Macarrão instantâneo

Com excesso de sódio em sua composição, pode produzir alterações no metabolismo infantil. Os pais devem evitar servi-lo para as crianças durante o primeiro ano.

Maionese

Na maioria dos casos, é uma fonte de gordura exclusivamente, sem valor nutricional nenhum. Deve ser evitada até o segundo ano de vida da criança, com consumo moderado depois disso.

Mel

Pode estar contaminado com esporos da bactéria Clostridium botulinum, que produz uma toxina causadora do botulismo (doença que causa paralisia no tronco, braços, pernas e sistema respiratório). O organismo humano só desenvolve uma barreira contra ela na flora intestinal depois que a criança completa um ano de idade. Logo, não dê mel para seu filho até o primeiro aniversário.

Peixes com espinhas

Por mais cuidado que os pais tenham ao tirar as espinhas antes de colocar o peixe no prato da criança, alguma parte pode sobrar e levar ao engasgo e até ao sufocamento infantil. Não deve estar no cardápio até os quatro anos.

Pipoca

Pode causar engasgos sérios. Os pequenos não devem comer pipoca até os quatro anos.

Refrigerantes

Além de não terem valor nutricional nenhum, trazem sódio, gorduras e açúcares em excesso na sua composição. Podem causar obesidade e cáries dentárias. Evite até a criança completar dois anos. Depois disso, permita o consumo com moderação.

Salgadinhos industrializados

O excesso de sódio na composição pode levar a alterações no metabolismo infantil. Também têm mais gorduras do que o recomendado para a dieta das crianças. Dependendo do formato, podem fazer a criança engasgar. Evite até os dois anos.

Salsicha

Além de ser um embutido e ter conservantes demais, o que não é saudável para o organismo sensível das crianças, é uma grande causadora de engasgos e sufocamento, seja servida inteira ou em rodelas. Evite até os quatro anos de idade.

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Raquel Paulino

http://delas.ig.com.br/filhos/2013-04-04/alimentos-que-as-criancas-nao-devem-consumir.html

Alergia alimentar

Alergia Alimentar
Abordagem prática
Wellington G. Borges e Departamento de Alergia e Imunologia
Sociedade Brasileira de Pediatria

Conceito
Alergia alimentar é uma entidade clínica resultante de reações imunológicas após a ingestão de proteínas alimentares, em indivíduos previamente sensibilizados. Ocorre em cerca de 8% das crianças1.

Causas
Os alimentos mais freqüentemente envolvidos são o leite de vaca, ovo, trigo e soja, sendo responsáveis por cerca de 90% dos casos2.

A maioria das reações ocorre devido à sensibilização a apenas um ou dois alimentos. Pacientes portadores de alergia a três ou mais alimentos diferentes são menos frequentes2.

A lactose, por ser um carboidrato, não provoca alergia e sim intolerância, por deficiência da enzima de –lactase.

O número de aditivos alimentares (incluídos os corantes) implicados em reações alérgicas é muito pequeno3.

Manifestações Clínicas
Baseando-se na classificação de Gell & Coombs, há três tipos de manifestações1:
1. Mediadas por IgE ou imediatas, que ocorrem dentro de minutos até 2 horas após a ingestão do alimento. As manifestações incluem urticária e angioedema, hipersensibilidade gastrointestinal imediata, síndrome oral alérgica e anafilaxia. São as formas mais comuns de alergia alimentar1.
2. Não-mediadas por IgE ou tardias, que surgem horas após ingerir o alimento. As manifestações são doença celíaca, enteropatia induzida por proteína, dermatite herpetiforme e síndrome de Heiner.
3. Mistas, cujas manifestações são dermatite atópica, esofagite eosinofílica, gastrite e enterocolite eosinofílicas e asma.

Descrição das manifestações clínicas

As manifestações cutâneas e gastrointestinais são as mais frequentes4.

Urticária é caracterizada por eritema, pápulas e prurido cutâneos. O angioedema é o mesmo fenômeno da urticária, porém acometendo a derme, levando ao edema de pálpebras, lábios, língua, bolsa escrotal e de mãos e pés. A dermatite atópica é a manifestação alérgica mais pruriginosa, podendo levar a escoriações e assumindo uma distribuição característica em flexuras, nos pacientes maiores.

A síndrome oral alérgica é de início rápido, com prurido e desconforto nos lábios, língua e orofaringe, podendo haver sensação de aperto na garganta e angioedema.

Alguns pacientes apresentam vômitos de início súbito, bem como diarreia e dor abdominal.

A alergia alimentar é responsável por 50% dos casos de anafilaxia, com hipotensão arterial, arritmia cardíaca e comprometimento respiratório. Anafilaxia associada ao exercício ocorre com a realização de exercício físico 2 a 4 horas após a ingestão do alimento causal. Durante o repouso, o mesmo alimento não causa sintoma algum5.
Asma é rara como manifestação isolada de alergia alimentar. Geralmente, acompanha sintomas cutâneos e gastrointestinais4.
Vários estudos já foram publicados tentando associar otite média recorrente ou sintomas nasais crônicos com a sensibilidade a alimentos. Entretanto, ainda não dispomos de trabalhos de qualidade que deem sustentação para esta associação.2

A cólica afeta 40% dos lactentes, mas apenas 5% podem ter sua etiologia determinada. O papel do alimento como causador de cólicas é controverso. O tratamento de lactentes com cólica, utilizando fórmulas hipoalergênicas, apresentou resultados pobres6.

A enteropatia induzida pelo leite de vaca apresenta-se com vômitos, diarreia, malabsorção e redução do ganho ponderoestatural. A perda de proteínas pode ser evidenciada pela excreção fecal aumentada de alfa 1 anti-tripsina.

A proctocolite alérgica apresenta-se com diarreia leve e sangramento retal, porém com preservação do estado geral. Afeta lactentes exclusivamente com leite materno ou em uso de fórmulas lácteas e pode surgir nos primeiros dias de vida.
Há controvérsias quanto ao papel da alergia alimentar na constipação intestinal.

Diagnóstico

HISTÓRIA CLÍNICA

A história clínica tem baixo poder de resolução diagnóstica. Deve-se questionar:

a. Qual alimento é suspeito de provocar a reação;
b. O intervalo entre a ingestão do alimento e o surgimento dos sintomas;
c. Quais foram os sintomas;
d. Se os sintomas ocorrem sempre que o alimento é ingerido;
e. Se há melhora ou desaparecimento dos sintomas após a suspensão do alimento suspeito;
f. Se há re-surgimento dos sintomas após a re-introdução (acidental ou provocada) do alimento suspeito.

A descrição dos sintomas deve ser compatível com as manifestações de alergia alimentar, descritas anteriormente.
O exame físico é útil para caracterizar as manifestações tipicamente alérgicas.

TESTES CUTÂNEOS
Os testes cutâneos imediatos devem ser realizados por alergista. Isoladamente não confirmam o diagnóstico. Apenas detectam a presença de anticorpos IgE específicos para os alimentos testados, demonstrando sensibilização.
Devem ser testados apenas os alimentos suspeitos. Painéis de testes com inúmeros alimentos não devem ser realizados. A positividade do teste cutâneo pode persistir por muito tempo após o desaparecimento do quadro clínico.
Os testes cutâneos de contato com alimentos têm a finalidade de investigar as reações tardias, mediadas por células T. Serão necessários mais estudos controlados, utilizando esse método, para se estabelecer sua aplicabilidade7.

DOSAGEM DE IGE ESPECÍFICA
Os testes in vitro (Unicap®) servem para dosar a IgE específica para os alimentos suspeitos. Também não têm valor diagnóstico, apenas demonstram se o paciente tem IgE específica para determinado alimento.
Painéis de testes para inúmeros alimentos não devem ser realizados, pois pode haver resultados positivos que não se relacionam às manifestações clínicas.

DIETA DE EXCLUSÃO
Frente uma história e exame físico sugestivos de alergia alimentar, deve ser realizada dieta de exclusão do alimento suspeito. A dieta de exclusão deve ser realizada com número limitado de alimentos (1 a 3) e de acordo com a história clínica.
Após duas a seis semanas de exclusão, os sintomas devem desaparecer. Se os sintomas desaparecerem, um teste de provocação oral deve ser feito para se confirmar o diagnóstico.3

Atenção! Crianças não devem ser submetidas a dietas de exclusão prolongadas sem provocação oral que confirmem, definitivamente, que as manifestações clínicas foram provocadas pelo alimento excluído. Para crianças exclusivamente alimentadas com leite materno, deve-se suspeitar de sensibilização através do leite materno. Nestes casos a mãe deve submeter-se à dieta de exclusão do alimento suspeito.
TESTES DE PROVOCAÇÃO ORAL

Uma vez que os sintomas e sinais desaparecem após a exclusão do alimento suspeito, faz-se a provocação oral administrando o mesmo alimento ao paciente. O teste é considerado positivo se os sintomas ressurgem, tal como eram antes da eliminação do alimento da dieta.

Os testes de provocação oral são padrão-ouro para comprovação diagnóstica. Também são úteis para se constatar se o paciente já se tornou tolerante ao alimento. São contra-indicados quando há história recente de reação anafilática grave e devem ser realizados em ambiente hospitalar.

ENDOSCOPIA E BIÓPSIA

São úteis para avaliar pacientes com manifestações não mediadas por IgE.

Tratamento

A forma mais eficaz de tratamento de alergia alimentar é excluir totalmente da dieta do paciente o alimento identificado. Até o momento, não se aplicam vacinas orais para tratamento de alergia alimentar.
Fórmulas lácteas extensamente hidrolisadas devem substituir o leite de vaca. As fórmulas hipoalergênicas (HA) não são isentas de alérgenos, sendo passíveis de provocar reações em indivíduos sensibilizados.
Fórmulas de soja são freqüentemente utilizadas como substitutas de fórmulas do leite de vaca, porém não são adequadas para menores de seis meses de idade.

Noventa por cento dos pacientes alérgicos ao leite de vaca toleram muito bem a carne bovina.
A hipersensibilidade alimentar pode desaparecer com a idade, mesmo nos casos de reações graves1. Deve-se tentar re-introduzir o alimento a cada 6 a 12 meses de dieta de exclusão, para verificar se o paciente já desenvolveu tolerância.

Cuidado: Dietas de exclusão múltiplas e prolongadas podem acarretar problemas nutricionais sérios.

Crianças com histórico de anafilaxia devem ter epinefrina auto-injetável sempre à disposição.
Anti-histamínicos são úteis apenas para diminuir o prurido da urticária e dermatite atópica. Eles não são capazes de impedir uma reação a um alimento. O mesmo ocorre com os corticosteróides.
Ainda não dispomos de pesquisas avaliando o risco dos alimentos geneticamente modificados (transgênicos).

Prevenção

Dietas de exclusão alimentar durante a gestação não se mostraram eficientes na prevenção da doença alérgica do lactente de risco para atopia. Denomina-se lactente de risco aquele com parentes de primeiro grau atópicos (pais ou irmãos).
O aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses. Após este período, os alimentos apropriados para a faixa etária podem ser introduzidos, de maneira gradativa, como para qualquer outro lactente.
4
Quando encaminhar para o alergista
a. Quando houver falhas ao tratamento instituído.
b. Quando houver história de anafilaxia ou internação.
c. Quando houver necessidade de testes alérgicos, para esclarecimento diagnóstico e orientação.
d. Para realização dos testes de provocação oral.
Referências
1. Sampson HA. Update on food allergy. J Allergy Clin Immunol 2004;113:805-19.
2. Sampson HA, Scanlon SM. Natural history of food hypersensitivity in children with atopic dermatitis. J Pediatr. 1989 Jul;115(1):23-7.
3. Fuglsang G, Madsen C, Saval P, Osterballe O. Prevalence of intolerance to food additives among Danish school children. Pediatr Allergy Immunol. 1993 Aug;4(3):123-9.
4. Bock SA, Atkins FM. Patterns of food hypersensitivity during sixteen years of double-blind, placebo-controlled food challenges. J Pediatr 1990;117:561-7.
5. Castells MC, Horan RF, Sheffer AL. Exercise-induced Anaphylaxis. Curr Allergy Asthma Rep. 2003 Jan;3(1):15-21.
6. Castro-Rodríguez JA, Stern DA, Halonen M, Wright AL, Holberg CJ, Taussig LM, Martinez FD. Relation between infantile colic and asthma/atopy: a prospective study in an unselected population. Pediatrics. 2001 Oct;108(4):878-82.
7. Roehr CC, Reibel S, Ziegert M, Sommerfeld C, Wahn U, Niggemann B. Atopy patch tests, together with determination of specific IgE levels, reduce the need for oral food challenges in children with atopic dermatitis. J Allergy Clin Immunol. 2001 Mar;107(3):548-53.
Leitura recomendada
1. Burks W. Current understanding of food allergy. Ann NY Acad Sci 2002;964:1-12.
2. Heine RG, Elsayed S, Hosking CS, Hill DJ. Cow´s milk allergy in infancy. Curr Opin Allergy Clin Immunol 2002;2:217-25.
3. James JM. Food allergy and the respiratory tract. Curr Allergy Rep. 2001;1(1):54-60.
4. Sampson HA. Food allergy. Part 1: immunopathogenesis and clinical disorders. J Allergy Clin Immunol. 1999;103(5 Pt 1):717-28.
5. Sampson HA. Food allergy. Part 2: diagnosis and management. J Allergy Clin Immunol. 1999;103(6):981-9.
6. Sicherer SH, Sampson HA. Food allergy. J Allergy Clin Immunol. 2006 Feb;117(2 Suppl Mini-Primer):S470-5. Review.
7. Burns DAR e Borges WG. Reações Adversas a Alimentos e Aditivos Alimentares. In: Lopez FA e Campos Jr D. Tratado de Pediatria. 2ª Ed. Seção 10. Capítulo 9, pg 591-9. Barueri, SP: Manole, 2010.
1. Dieta de exclusão para eliminar os sintomas.
2. Reintroduzir o alimento para verificar se os sintomas são reproduzidos.
3. Se os sintomas re-aparecem, excluir o alimento por três meses.
4. Após este intervalo, re-administrar o alimento novamente, para verificar o re-surgimento dos sintomas.
5. Se os sintomas retornam, suspender o alimento da dieta e encaminhar o paciente para o alergista.