Influenza em 2016: vacinas, creches e gestantes

Nenhum de nós está livre de adquirir as formas mais graves da gripe, especialmente a causada pelo vírus Influenza A (H1N1) que este ano chegou mais cedo.

  1. Quais vacinas existem contra a gripe 2016?

Há duas vacinas disponíveis: a trivalente e a tetravalente (ou quadrivalente). São os seguintes os vírus nelas contidos:

Trivalente: A (H1N1); A (H3N2); Influenza B (subtipo Brisbane)

Tetra ou Quadrivalente: A (H1N1); A (H3N2); 2 vírus Influenza B (subtipos Brisbane e Phuket)

Observe que o A (H1N1) está presente nas duas.

  1. Quem deve vacinar?

A vacina está indicada para todas as pessoas, exceto para bebês com menos de 6 meses de idade.

Mas atenção: dependendo do fabricante da vacina, um dos tipos da tetravalente só pode ser aplicado em crianças maiores de 3 anos de idade.

A trivalente pode ser dada para todos acima de 6 meses. Crianças de 6 meses a 1 ano tem que tomar duas doses com intervalo de 1 mês (entre elas).

  1. A vacina da rede pública é a mesma da rede particular?

Quem determina a composição necessária dos vírus contidos na vacina é a OMS (Organização Mundial da Saúde) que se baseia na maior circulação observada de vírus no Hemisfério Norte no ano anterior.

Em novembro de 2015, a Anvisa endossou a orientação da OMS e a vacina trivalente 2016, que contem os vírus determinados pela OMS, está sendo produzida pelo Instituto Butantan de São Paulo.

Importante: todas estas vacinas – da rede pública ou privada, trivalente ou tetravalente – devem proteger eficazmente contra os vírus da gripe de 2016.

  1. Quem tomou a trivalente pode tomar a tetravalente?

Pode, se quiser. Recebe proteção a mais contra um subtipo do vírus Influenza B. Mas deve guardar um intervalo de 1 mês entre as duas doses.

  1. Quem tomou a vacina em 2015 precisa tomar em 2016?

Sim, pois a vacina tem validade de 1 ano. Além disso, os vírus foram modificados de acordo com a sua maior incidência.

  1. E quem tomou a vacina de 2015 este ano, deve tomar também a de 2016?

As duas vacinas (2015 e 2016) conferem proteção contra os vírus A (H1N1) e A (H3N2). Para estes vírus as duas protegem. Porém, a diferença está no influenza B. Portanto, é aconselhável, SIM, tomar a vacina de 2016. Lembrando que deve haver um intervalo de 1 mês entre as duas aplicações.

7. Quem pode receber gratuitamente a vacina na rede pública?

Dia 04/04: começa a vacinação gratuita dos profissionais de saúde.

Dia 11/04: podem ser vacinadas as crianças de 6 meses a 5 anos de idade, idosos, gestantes e portadores de doenças crônicas.

Dia 30/04: além dos grupos anteriores, podem receber a vacina puérperas de até 45 dias, detentos, funcionários da rede prisional e indígenas.o-que-e-o-h1n1

8. Quanto tempo leva para a vacina fazer efeito?
Uma média de 2 a 3 semanas.

9.  Quem está com febre pode tomar a vacina? E quem está tomando antibiótico?

Recomenda-se que as pessoas com febre aguardem a resolução do processo para receber a vacina. Quem está tomando antibiótico deve conversar com seu médico e seguir as orientações específicas para cada um.gripe

10. Quais as contraindicações para a vacina?

As pessoas com alergia comprovada e importante ao ovo não devem receber a vacina. Quem está com imunodepressão, natural ou medicamentosa, deve receber orientações específicas do próprio médico.

11. Vacina da gripe causa gripe?
NÃO. A vacina é composta por fragmentos dos vírus ou por vírus mortos e por isso não dá gripe. Ocorre que como a vacina é aplicada numa época em que há muitos vírus circulando, as pessoas ficam mesmo mais gripadas. Mas certamente por outros vírus que não os contidos na vacina.

12.  Quais os principais efeitos colaterais da vacina?

Essa vacina em geral não dá sintomas de desconforto depois. As reações são bastante individuais. Algumas pessoas podem apresentar febre, mal estar e um pouco de dor no local da aplicação.

13. Quais são as contraindicações para a vacina?

De acordo com o Portal da Saúde, pessoas com alergia comprovada e importante ao ovo não devem receber a vacina. Quem está com imunodepressão, natural ou medicamentosa, deve receber orientações específicas do próprio médico.

14. Quais outros cuidados que podemos tomar para evitar a gripe?
Nunca é demais lembrar:0902

  1. Lave as mãos com frequência. Superfícies como maçanetas de porta, por exemplo, podem estar contaminadas e as mãos levam os vírus para as mucosas da boca ou dos olhos da pessoa susceptível. Gripe passa, sim, pelas mãos.
  2. Ventile os ambientes. Se estiver em transporte público, ônibus, trem ou metrô, abra as janelas. Vale mais sentir frio do que pegar gripe. Lave as mãos assim que chegar em casa.
  3.  Evite coçar os olhos ou colocar as mãos na boca. Lave as mãos com frequência.
  4. Quando tossir, tape a boca com o antebraço e não com as mãos. Lave as mãos com frequência.
  5. Tome mais água que o habitual, coma saudável, durma bem e pratique esportes! Mais importante: lave sempre as mãos!

http://g1.globo.com/bemestar/blog/doutora-ana-responde/post/vacina-da-gripe-2016-esclareca-suas-duvidas.html

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Saiba mais:

Influenza, comumente conhecida como gripe, é uma doença viral febril, aguda, geralmente benigna e autolimitada.

Frequentemente é caracterizada por início abrupto dos sintomas, que são predominantemente sistêmicos, incluindo febre, calafrios, tremores, dor de cabeça, mialgia e anorexia, assim como sintomas respiratórios com tosse seca, dor de garganta e coriza.

A infecção geralmente dura 1 (uma) semana e com os sintomas sistêmicos persistindo por alguns dias, sendo a febre o mais importante.

Os vírus influenza são transmitidos facilmente por aerossóis produzidos por pessoas infectadas ao tossir ou espirrar.

Existem 3 tipos de vírus influenza: A, B e C. O vírus influenza C causa apenas infecções respiratórias brandas, não possui impacto na saúde pública e não está relacionado com epidemias.

O vírus influenza A e B são responsáveis por epidemias sazonais, sendo o vírus influenza A responsável pelas grandes pandemias.

Os vírus influenza A são ainda classificados em subtipos de acordo com as proteínas de superfície, hemaglutinina (HA ou H) e neuraminidase (NA ou N). Dentre os subtipos de vírus influenza A, os subtipos A(H1N1) e A(H3N2) circulam atualmente em humanos. Alguns vírus influenza A de origem aviária também podem infectar humanos causando doença grave, como no caso do A (H7N9).

Algumas pessoas, como idosos, crianças novas, gestantes e pessoas com alguma comorbidade possuem um risco maior de desenvolver complicações devido à influenza.

A vacinação é a intervenção mais importante na redução do impacto da influenza.

Indivíduos que apresentem sintomas de gripe devem:

– Evitar sair de casa em período de transmissão da doença (até 7 dias após o início dos sintomas);

– Restringir ambiente de trabalho para evitar disseminação;

– Evitar aglomerações e ambientes fechados, procurando manter os ambientes ventilados;

– Adotar hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão de líquidos;GRIPE-A-PANFLETO-OFICIAL-1

* O serviço de saúde deve ser procurado imediatamente caso apresente algum desses sintomas: dificuldade para respirar, lábios com coloração azulada ou roxeada, dor ou pressão abdominal ou no peito, tontura ou vertigem, vomito persistente, convulsão.

Cuidados em Creches:

– A aglomeração de crianças em creches facilita a transmissão de influenza entre crianças susceptíveis. A melhor maneira de proteger as crianças contra influenza sazonal e potenciais complicações graves é a vacinação anual contra influenza. A vacinação contra influenza é recomendado a partir de 6 meses até 5 anos.

– Além da adoção das medidas gerais de prevenção e etiqueta respiratória, os cuidadores e crianças lotadas em creches, devem realizar a higienização dos brinquedos com água e sabão quando estiverem sujos. Deve-se utilizar lenço descartável para limpeza das secreções nasais e orais das crianças. No caso de utilização de lenço ou fralda de pano, estes devem ser trocados diariamente. Deve-se lavar as mãos após contato com secreções nasais e orais das crianças, principalmente, quando a criança estiver com suspeita de síndrome gripal.

– Cuidadores devem observar se há crianças com tosse, febre e dor de garganta, Os cuidadores devem informar aos pais quando a criança apresentar os sintomas de síndrome gripal e notificar a secretaria municipal de saúde, caso observem um aumento do número de crianças doentes com síndrome gripal ou com absenteísmo pela mesma causa na creche;

– O contato da criança doente com as outras deve ser evitado. Recomenda-se que a criança doente fique em casa, a fim de evitar transmissão da doença.

– Recomenda-se que a criança doente permaneça em casa por pelo menos 24 horas após o desaparecimento, sem utilização de medicamento, da febre.

Cuidados com gestantes; puérperas e recém-nascidos

Influenza causa mais doença grave em gestantes que em mulheres não grávidas. Mudanças no sistema imunológico, circulatório e pulmonar durante a gravidez faz com que as gestantes sejam mais propensas a complicações graves por influenza, assim como hospitalização, e óbito.

As gestantes com influenza também tem maiores riscos de complicações da gravidez, incluindo parto prematuro.

A vacinação contra influenza durante a gravidez protege a gestante, o feto e até o bebê recém-nascido até os 6 meses.

As gestantes devem buscar o serviço de saúde, caso apresente sintomas de Síndrome Gripal;

– Durante internação e trabalho de parto, se a mulher estiver com diagnóstico de Influenza, deve-se priorizar o isolamento;

– Se a mãe estiver doente, deve realizar medidas preventivas e de etiqueta respiratória, como a constante lavagem das mãos, principalmente para evitar transmissão para o recém-nascido;

– A parturiente deve evitar tossir ou espirrar próximo ao bebê. O bebê pode ficar em isolamento com a mãe (evitando-se berçários).

Aspectos clínicosflu-respiratory

Influenza sazonal

Clinicamente, a doença inicia-se com a instalação abrupta de febre alta, em geral acima de 38°C, seguida de mialgia, dor de garganta, prostração, cefaleia e tosse seca. A febre é, sem dúvida, o sintoma mais importante e perdura em torno de 3 dias. Os sintomas sistêmicos são muito intensos nos primeiros dias da doença.

Com a sua progressão, os sintomas respiratórios tornam-se mais evidentes e mantêm-se em geral por 3 a 4 dias, após o desaparecimento da febre.images

É comum a queixa de garganta seca, rouquidão, tosse seca e queimação retroesternal ao tossir, bem como pele quente e úmida, olhos hiperemiados e lacrimejantes. Há hiperemia das mucosas, com aumento de secreção nasal hialina.

O quadro clínico em adultos sadios pode variar de intensidade. Nas crianças, a temperatura pode atingir níveis mais altos, sendo comum o achado de aumento dos linfonodos cervicais. Quadros de bronquite ou bronquiolite, além de sintomas gastrointestinais, também podem fazer parte da apresentação clínica em crianças.PMC2811908_cc8183-1

Os idosos quase sempre se apresentam febris, às vezes sem outros sintomas, mas em geral a temperatura não atinge níveis tão altos. As situações reconhecidamente de risco incluem doença pulmonar crônica (asma e doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC), cardiopatias (insuficiência cardíaca crônica), doença metabólica crônica (diabetes, por exemplo), imunodeficiência ou imunodepressão, gravidez, doença crônica renal e hemoglobinopatias.As complicações são mais comuns em idosos e indivíduos vulneráveis. As mais frequentes são as pneumonias bacterianas secundárias, sendo geralmente provocadas pelos seguintes agentes: Streptococcus pneumoniae,Staphylococcus ssp. E Haemophillus influenzae.

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Uma complicação incomum, e muito grave, é a pneumonia viral primária pelo vírus da influenza. Nos imunocomprometidos, o quadro clínico é geralmente mais arrastado e, muitas vezes, mais grave. Gestantes com quadro de influenza no segundo ou terceiro trimestre da gravidez estão mais propensas à internação hospitalar.

REYE EM CRIANÇAS

Dentre as complicações não pulmonares em crianças, destaca-se a síndrome de Reye, que também está associada aos quadros de varicela (catapora). Esta síndrome caracteriza-se por encefalopatia e degeneração gordurosa do fígado, após o uso do ácido acetil salicílico, na vigência de um desses quadros virais. Recomenda-se, portanto, que não sejam utilizados medicamentos do tipo ácido acetil salicílico, em crianças com síndrome gripal ou varicela.

Outras complicações incluem miosite, miocardite, pericardite, síndrome do choque tóxico, síndrome de Guillain-Barré e, mais raramente, encefalite e mielite transversa.

 Aspectos laboratoriais

No Brasil, a rede de laboratórios de referência para vírus respiratórios é composta de três (03) laboratórios credenciados junto à OMS como centros de referência para influenza (NIC – Nacional Influenza Center), os quais fazem parte da rede global de vigilância da influenza. Entre estes laboratórios há um laboratório de referência nacional, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e dois laboratórios de referência regional: o Instituto Adolfo Lutz (IAL), em São Paulo, e o Instituto Evandro Chagas (IEC), em Belém.

MAIORES REFERÊNCIAS NO BRASIL

Os Laboratórios de Referência para vírus respiratórios são responsáveis por realizar a identificação dos tipos e subtipos de vírus influenza e outros vírus respiratórios em circulação nos diversos estados e estabelecer a sua relação com os padrões regionais e mundiais.

Também são responsabilidades dos laboratórios de referência, descrever as características antigênicas e genéticas dos vírus influenza circulantes, monitorar a resistência aos antivirais dos vírus circulantes na comunidade e em meio hospitalar, identificar precocemente novos tipos, subtipos, variantes ou recombinantes de vírus influenza, identificar outros vírus respiratórios associados aos casos analisados no contexto da vigilância da Síndrome Gripal (SG) ou de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), gerar informações epidemiológicas e filogenéticas das amostras virais circulantes no Brasil e prover isolados virais sazonais representativos para envio ao Centro Colaborador da OMS das Américas para analises genéticas e antigênicas avançadas, com o intuito de fornecer dados que irão subsidiar a recomendação anual da OMS para composição das vacinas contra influenza.

As informações sobre Diagnóstico Laboratorial estão disponíveis no Guia de Vigilância Epidemiológica da SVS/MS.

Tratamento

O Protocolo de Tratamento para Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) do Ministério da Saúde- MS, atualizado em 2013 junto com as sociedades médicas, indica, além do tratamento sintomático e hidratação, o uso do antiviral a todos os casos de SRAG e SG que tenham fator de risco para complicações, independentemente da situação vacinal.

Tal indicação fundamenta-se no benefício que a terapêutica precoce proporciona na redução da duração dos sintomas e, principalmente, na redução da ocorrência de complicações da infecção por este vírus.

SUSCEPTIBILIDADE

Testes laboratoriais indicam que a maioria dos vírus influenza sazonal é susceptível aos inibidores de neuraminidase (fosfato de oseltamivir ou zanamivir), mas resistente a antivirais da família das adamantanas. Assim, amantadina e rimantadina não são recomendadas para o tratamento de infecções por influenza sazonal.

O tratamento com antiviral inibidor de neuraminidase é recomendado o mais precocemente possível para casos prováveis ou confirmados de influenza sazonal com SRAG e SG que tenham fator de risco para complicações, independentemente da situação vacinal, mesmo que transcorrido 48 horas do surgimento dos sintomas.

Gestantes possuem um alto risco de desenvolver complicações por infeção com o vírus influenza. Para gestantes com suspeita ou confirmação de infecção por influenza sazonal é recomendado o tratamento antiviral. A gravidez não deve ser considerada contraindicação para o uso de oseltamivir ou zanamivir.ABAAABqL0AF-1

A duração do tratamento com os antivirais é de 5 dias, podendo este ser estendido no caso de pacientes hospitalizados em estado grave ou imunossuprimidos. A dosagem de antiviral é baseada na faixa etária:

Tratamento – Posologia e Administração

ANTIVIRAL FAIXA ETÁRIA POSOLOGIA
Fosfato de Oseltamivir

(Tamiflu®)

Adulto 75 mg, VO, 12/12h, 5 dias
Criança maior de 1 ano

de idade

< 15 kg 30 mg, VO, 12/12h, 5 dias
> 15 kg a 23 kg 45 mg, VO, 12/12h, 5 dias
> 23 kg a 40 kg 60 mg, VO, 12/12h, 5 dias
> 40 kg 75 mg, VO, 12/12h, 5 dias
Criança maior de 1 ano

de idade

< 3 meses 12 mg, VO, 12/12h, 5 dias
3 a 5 meses 20 mg, VO, 12/12h, 5 dias
6 a 11 meses 25 mg, VO, 12/12h, 5 dias
Zanamivir

(Relenza®)

Adulto 10 mg: duas inalações de 5 mg, 12/12h, 5 dias
Criança > 7 anos 10 mg: duas inalações de 5 mg, 12/12h, 5 dias

Fonte: GSK/Roche e CDC

OBS: A indicação de Zanamivir somente está autorizada em casos de impossibilidade Clínica da manutenção do uso do fosfato de oseltamivir (Tamiflu®).

O Zanamivir é contraindicado em menores de cinco anos para tratamento ou para quimioprofilaxia e para todo paciente com doenças básicas das vias respiratórias (ex.: asma ou doenças pulmonares obstrutivas crônicas) pelo risco de broncoespasmo grave.

O Zanamivir não pode ser administrado em paciente em ventilação mecânica porque esta medicação pode obstruir os circuitos do ventilador.Gripe-H1N11

O Ministério da Saúde considera fatores de risco para complicação, com indicação de tratamento:

  • Grávidas em qualquer idade gestacional;
  • Puérperas até duas semanas após o parto (incluindo as que tiveram aborto ou perda fetal);
  • Adultos ≥ 60 anos;
  • Crianças < 2 anos;
  • População indígena;
  • Pneumopatias (incluindo asma); Cardiovasculopatias (excluindo hipertensão arterial sistêmica); Nefropatias; Hepatopatias;
  • Doenças hematológicas (incluindo anemia falciforme);
  • Distúrbios metabólicos (incluindo diabetes mellitus descompensado);
  • Transtornos neurológicos que podem comprometer a função respiratória ou aumentar o risco de aspiração (disfunção cognitiva, lesões medulares, epilepsia, paralisia cerebral, Síndrome de Down, atraso de desenvolvimento, AVC ou doenças neuromusculares);
  • Imunossupressão (incluindo medicamentosa ou pelo vírus da imunodeficiência humana);
  • Obesidade (Índice de Massa Corporal – IMC ≥ 40 em adultos);
  • Indivíduos menores de 19 anos de idade em uso prolongado com ácido acetilsalicílico (risco de Síndrome de Reye).assinatura_email
    O que é Influenza Sazonal?

A Influenza, também conhecida como Gripe, é uma infecção do sistema respiratório cuja principal complicação é as pneumonias, que são responsáveis por um grande número de internações hospitalares no país.


Qual o microrganismo envolvido?

  • É o vírus Influenza. Existem 3 tipos de vírus influenza: A, B e C. O vírus influenza C causa apenas infecções respiratórias brandas, não possui impacto na saúde pública e não está relacionado com epidemias. O vírus influenza A e B são responsáveis por epidemias sazonais, sendo o vírus influenza A responsável pelas grandes pandemias.
  • Os vírus influenza A são ainda classificados em subtipos de acordo com as proteínas de superfície, hemaglutinina (HA ou H) e neuraminidase (NA ou N). Dentre os subtipos de vírus influenza A, os subtipos A(H1N1) e A(H3N2) circulam atualmente em humanos. Alguns vírus influenza A de origem aviária também podem infectar humanos causando doença grave, como no caso do A (H7N9).0912861

Quais os sintomas?

A Gripe, ou Influenza sazonal, inicia-se em geral com febre alta, seguida de dor muscular, dor de garganta, dor de cabeça, coriza e tosse seca.

A febre é o sintoma mais importante e dura em torno de três dias. Os sintomas respiratórios como a tosse e outros, tornam-se mais evidentes com a progressão da doença e mantêm-se em geral de três a cinco dias após o desaparecimento da febre. Alguns casos apresentam complicações graves, como pneumonia, necessitando de internação hospitalar. Devido aos sintomas em comum, pode ser confundida com outras viroses respiratórias causadoras de resfriado.g_cdgraficogripe-a

Como se transmite?

A Influenza pode ser transmitida de forma direta por meio das secreções das vias respiratórias de uma pessoa contaminada ao espirrar, ao tossir ou ao falar, ou por meio indireto pelas mãos, que após contato com superfícies recentemente contaminadas por secreções respiratórias de um indivíduo infectado, podem carrear o vírus diretamente para a boca, nariz e olhos. A transmissão direta do vírus influenza de aves e suínos para o homem, pode ocorrer.

Como tratar?

O tratamento dos sintomas da influenza sem complicações deve ser realizado com, medicação sintomática, hidratação, antitérmico, alimentação leve e repouso. Nos casos com complicações graves, são necessárias medidas de suporte intensivo.

Atualmente, existem medicamentos antivirais (fosfato de oseltamivir e zanamivir) para o tratamento que devem ser prescritos pelos profissionais médicos a todos os pacientes que apresentem condições e fatores de risco para complicações por influenza (gripe) e aos casos em que a doença já se agravou (mais detalhes no Protocolo de Tratamento da Influenza ). Uma das principais complicações da influenza são as infecções bacterianas secundárias, principalmente as pneumonias. Em caso de complicações, o tratamento será específico. É fundamental procurar atendimento nas unidades de saúde, para que haja identificação precoce de risco para agravamento da doença.

  • O que é resfriado?Gripe1O resfriado também é uma doença respiratória frequentemente confundida com a gripe, mas é causado por vírus diferentes. Os vírus mais comuns associados ao resfriado são os rinovírus, os vírus parainfluenza e o vírus sincicial respiratório (RSV), que geralmente acometem mais crianças.
  • Os sintomas do resfriado, apesar de parecidos com da gripe, são mais brandos e duram menos tempo, entre dois e quatro dias. Os sintomas incluem tosse, congestão nasal, coriza, dor no corpo e dor de garganta leve. A ocorrência de febre é menos comum e, quando presente, é em temperaturas baixas.gripe e resfriado
  • As medidas preventivas utilizadas para evitar a gripe, como a etiqueta respiratória, também devem ser adotadas para prevenir os resfriados.
  • Outra doença que também tem sintomas parecidos e que pode ser confundida com a gripe é a rinite alérgica. Os principais sintomas são espirros, coriza, congestão nasal e irritação na garganta.
  • A rinite alérgica não é uma doença transmissível e sim crônica, provocada pelo contato com agentes alergênicos (substâncias que causam alergia), como poeira, pelos de animais, poluição, mofo e alguns alimentos.


Como se prevenir?

Para redução do risco de adquirir ou transmitir doenças respiratórias, especialmente às de grande infectividade, como vírus Influenza, orienta-se que sejam adotadas medidas gerais de prevenção, tais como:

  • Frequente lavagem e higienização das mãos, principalmente antes de consumir algum alimento;
  • Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
  • Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
  • Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
  • Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;00061388
  • Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou
    garrafas;
  • Manter os ambientes bem ventilados;
  • Evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe.

Boletim epidemiológico do Ministério da Saúde:

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Infecções de repetição na criança e os 10 sinais de alerta para imunodeficiência primária

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No sentido de chamar a atenção para as condições clínicas que merecem investigação, a “Jeffrey Modell Foundation” e a Cruz Vermelha Norte-Americana lançaram os “Dez sinais de alerta para Imunodeficiência Primária”, que indicam a investigação para imunodeficiência primária:

  1. Oito ou mais novas otites no período de um ano;
  2. Abscessos cutâneos recorrentes profundos ou em órgãos;
  3. Duas ou mais sinusites no período de um ano;
  4. Monilíase oral persistente ou cutânea em maiores de um ano de idade;saia_da_bolha
  5. Antibioticoterapia por dois ou mais meses com pouca eficácia;
  6. Necessidade de antibiótico endovenoso para eliminar infecções;
  7. Duas ou mais pneumonias no período de um ano;
  8. Duas ou mais infecções invasivas (sepse, meningite, osteomielite, celulite);
  9. Insuficiência de crescimento pôndero-estatural normal com alimentação adequada para idade;
  10. História familiar de imunodeficiência.

INFECÇÕES DE REPETIÇÃO NA CRIANÇA

Dra. Beatriz Tavares Costa Carvalho

Ao nascimento, o sistema imunológico encontra-se imaturo e o recém-nascido apresenta suscetibilidade aumentada para contrair infecções.

Com o amadurecimento do sistema imunológico o numero de infecções vai reduzindo, de forma que a partir dos 4 anos de idade o uso de antibióticos é bem mais restrito.

Entretanto, o pediatra deve estar sempre atento para aquelas crianças que estão sempre doentes necessitando uso frequente de antibióticos ou que contraiam infecção grave.

Alguns aspectos são importantes para o pediatra:

  1. Identificar se a criança apresenta alguma doença de base que justifique o quadro infeccioso, crescimento inadequado e história familiar com morte precoce na família e/ou consanguinidade.Cópia de imuno
  1. Dar atenção aos fatores de risco que contribuem para causar infecções respiratórias em crianças como frequentar creche e ter exposição à fumaça de cigarro e tentar removê-los.logo
  1. Identificar atopia. Os sintomas de rinite alérgica se confundem com viroses de repetição e crises de asma são muitas vezes equivocadamente diagnosticadas como broncopneumonias de repetição levando ao uso exagerado de antibióticos.cartaz01web

As Imunodeficiências Primárias (IDP) representam um grupo de cerca de 200 doenças em que o sistema imunológico tem algum comprometimento e por isso acarreta uma maior susceptibilidade a infecções e doenças autoimunes.

As manifestações clínicas mais frequentemente observadas nas IDP são infecções de repetição e/ou graves, às vezes causadas por micro-organismos oportunistas. Pacientes com IDP podem apresentar, também, reações adversas após administração de vacinas de microrganismos vivos, como a BCG.

Na dependência do setor do sistema imunológico acometido, haverá maior predisposição a infecções por determinados microrganismos.10-sinais-da-Imunodeficiencia-primaria

Infecções por bactérias extracelulares sugere deficiência do sistema humoral, de fagócitos e do sistema complemento.

Exames laboratoriais recomendados: hemograma, imunoglobulinas séricas e CH50. Avaliar também resposta a antígenos vacinais.

Infecções por oportunistas: pensar em defeitos da imunidade celular e solicitar a dosagem dos linfócitos T (CD3, CD4 e CD8), B (CD19) e células NK.SAUDE 1

Todos os valores dos exames devem ser comparados a padrões de normalidade por faixa etária. De forma que número de linfócitos em sangue periférico < 3.000/mm3 nos primeiros meses de vida é fortemente sugestivo de IDP enquanto que uma IgA não detectável é normal nessa idade.

Um diagnóstico precoce com tratamento adequado podem controlar as infecções ou mesmo levar a cura do paciente que poderá ter uma vida normal e produtiva.

IMPORTANTE:

O sistema imunológico normal possui duas ações de trabalho para manter a função normal do hospedeiro: a resposta imunológica inespecífica e a específica.

Qualquer desequilíbrio em alguma parte da resposta imunológica pode resultar em uma inabilidade de controlar a infecção com doença subjacente.GRÁFICO_MÃOS

As imunodeficiências incluem uma variedade de doenças que deixam os pacientes mais susceptíveis a infecções e são classificadas em primárias e secundárias. Imunodeficiência primária deve ser suspeitada em todo o paciente com infecções recorrentes inexplicadas, infecções oportunistas, infecções que não respondem à terapia e que apresentam déficit ponderoestatural.ivas

As imunodeficiências primárias incluem as doenças da imunidade humoral, os defeitos da célula T, os defeitos combinados da célula B e T, as doenças dos fagócitos e as deficiências do complemento.

ARTIGOS CIENTÍFICOS NA ÍNTEGRA:

v27n4a13Texto-Qd_Pensar-em-IDP-PortalSBP-Persio2014INFECÇÃO RESPIRATÓRIA_DE_REPETIÇÃO_COMO_ABORDARcriterios_infeccao_trato_respiratorio

Sites de referência: www.imunopediatria.org.br; www.info4pi.org; www.esid.org

Fonte: http://www.nestlenutrition.com.br/comentarios-dos-especialistas/detalhe/dra-beatriz-tavares-costa-carvalho/2015/04/23/infeccao-de-repeticao-na-crianca?utm_source=News_57&utm_medium=Pediatras&utm_content=Comentarios_do_Especialista&utm_campaign=Email_Mkt&__akacao=2369756&__akcnt=a0def971&__akvkey=893c&renewlogin

AUTISMO: dia mundial, sinais dos 2 aos 24 meses e vídeo interessante

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Apple divulga vídeo emocionante no Dia Mundial da Conscientização do Autismo

Criado em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Mundial de Conscientização do Autismo é comemorado no dia 2 de Abril.

autismoNeste ano, a Apple resolveu aproveitar a data para publicar em seu canal dois vídeos que mostram como a tecnologia pode transformar a vida de pessoas com necessidades especiais. Para abordar o tema, a empresa escolheu Dillan Barmache como personagem central.

Dillan é um jovem autista não verbal de 16 anos, mas sua história pode ser contada por meio de suas próprias palavras graças ao auxílio de um iPad e um aplicativo de comunicação alternativa aumentada (CAA). O adolescente usa o tablet para se comunicar há cerca de três anos, e o produto já se tornou parte integrante da sua rotina. O iPad permite que Dillan converse com seus pais, amigos, família e professores. “Ouvir a voz de Dillan é incrível”, diz a mãe do jovem. “Ele é perspicaz, inteligente e criativo”.

MUITO INTERESSANTE

Nos vídeos divulgados pela Apple podemos ver como Dillan usa o gadget em sua casa, na escola e em vários contextos sociais para expressar seus pensamentos. A ação é muito interessante, uma vez que nos faz lembrar como é importante garantir que todos sejam ouvidos, independente de suas limitações.

Matéria completa:

http://canaltech.com.br/noticia/apple/apple-divulga-video-emocionante-no-dia-mundial-da-conscientizacao-do-autismo-61293/

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Autismo: os sinais dos 2 aos 24 meses que os pais precisam observar

A americana Temple Grandin, atualmente com 67 anos, é professora de ciências animais da Universidade do Estado do Colorado, nos Estados Unidos, e autora de vários livros sobre autismo.

O indiano Tito Mukhopadhyay, hoje com 26 anos, é autor de três livros de poesia, um deles escrito quando ele ainda era criança. Temple e Tito são dois ótimos retratos do que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA), distúrbio do neurodesenvolvimento que compromete a capacidade de a pessoa se relacionar com o mundo que a cerca.Infantil

Temple é uma autista altamente funcional, de uma inteligência bem acima da média, e nunca teve grandes dificuldades de se expressar. Os sintomas de Tito, por outro lado, são muito mais graves. Ele praticamente não fala, chegou a ser chamado de “retardado” e precisa de cuidados permanentes. Eles são totalmente diferentes. Assim é o TEA. Não há duas pessoas com o transtorno que sejam iguais.

DENOMINADOR COMUM

Os TEAs caracterizam-se por uma constelação de sintomas, mas há um denominador comum a eles: a dificuldade de interação social e de comunicação e a presença de comportamentos repetitivos e a necessidade de manter uma rotina.ciclo6_zpsda53416c

Desde as primeiras semanas de vida, os bebês, instintivamente, procuram por quem fala com eles e dão enorme atenção aos olhos da mãe e do pai.

INTERAÇÃO

Afinal, é por meio dessa interação social básica e primitiva que eles vão estabelecer laços com quem vai cuidar deles e garantir a sua sobrevivência. Crianças com autismo não conseguem se sociabilizar e, sem essa capacidade, acabam se isolando para viver não mais em um mundo em que as pessoas dão a tônica, mas em um mundo em que as coisas, os objetos, são os protagonistas.autismo (4)

“O TEA afeta o que chamamos de cérebro social, ou seja, por alguma razão as estruturas cerebrais envolvidas no processamento das informações relacionadas à comunicação e à interação social não funcionam bem”, explica Helena Brentani, professora-assistente do Departamento de Psiquiatria da USP. Ou seja, a criança tem dificuldade de compreender o mundo tal como ele é, pois este é dominado, justamente, pelas relações entre pessoas.

Para Jair Mari, coordenador do programa de pós-graduação do Departamento de Psiquiatria da Unifesp e diretor da ONG Autismo e Realidade, essa falta de atenção aos estímulos sociais pode explicar alguns dos comportamentos que ocorrem nos TEAs, como o interesse centrado em um determinado objeto ou tema.

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Esse talvez seja um dos grandes “nós” quando se fala do distúrbio. Como o diagnóstico é feito com base em uma lista de sintomas e sinais e no quanto eles comprometem a vida do portador (leia quadro “Atenção a Esses Sinais”), e sendo eles muitas vezes sutis, um grande número de crianças passa a vida lutando com as dificuldades que apresentam e nunca se descobrirão portadoras do transtorno.

20150831-ANDESFUSC-AUTISMO-DANI-POSTFUNDAMENTAIS AO DIAGNÓSTICO: PAIS E FAMILIARES

Por ser totalmente baseado na observação e no relato dos pais, o diagnóstico nem sempre é acertado na primeira tentativa, pois bater o martelo com base apenas na análise clínica exige profissionais especializados e bem treinados, algo em falta no Brasil.

Com isso, muitos pais são obrigados a fazer um périplo até chegar ao veredito. “A Nina nunca se desenvolveu como as outras crianças.

autismoazulDesde muito pequenininha ela não olhava no olho, não atendia pelo nome, não seguia movimentos, até que um dia fui chamada na escola com a notícia de que ela não fazia nenhuma atividade.

Eu não fazia ideia do que era autismo. Fui a diferentes médicos, de quem ouvi até que ela precisaria operar o cérebro. Foram dois meses de peregrinação até chegar ao diagnóstico”, conta Andrea Ribeiro, mãe de Nina, 6 anos.Transtorno do Espectro Autista TEA

INTERVENÇÃO PRECOCE: MAIS MENINOS DO QUE MENINAS

Embora muito se tenha avançado, as causas do TEA ainda são um grande mistério para a medicina. Não se sabe, por exemplo, porque o autismo é de três a quatro vezes mais frequente em meninos do que em meninas e porque uma em cada 88 crianças, aproximadamente, vai desenvolver a condição.

O que se sabe é que o autismo é um transtorno complexo – alguns portadores também têm epilepsia, outros, QI alto, enquanto outros tantos podem apresentar QI baixo -, com diferentes genes envolvidos em cada caso.AutismoHISTÓRIA FAMILIAR

“Até recentemente, imaginava-se que fatores genéticos seriam responsáveis por 90% das causas da doença. Estudos recentes mostraram que eles só conseguem explicar 50% da probabilidade de uma criança desenvolver o transtorno. De qualquer forma, o histórico familiar é muito importante”, diz Guilherme Polanczyk, professor de psiquiatria da infância e adolescência da USP.Info-autismo-03

Quer dizer, gêmeos idênticos possuem maiores possibilidades de desenvolver o distúrbio, enquanto o risco de pais cujo filho tem TEA terem outra criança com o mesmo problema são dez vezes maiores que de pais sem filhos com TEA.autismo-2

OUTROS FATORES

Fatores ambientais também cumprem o seu papel. “É provável que mais de um fator esteja envolvido no aumento do risco para o TEA, entre eles, baixo peso ao nascer, prematuridade e idade avançada do pai – por mutações que podem ocorrer nos espermatozóides”, explica o doutor Jair Mari.Espectro do Autismo

A boa notícia é que diversos estudos atestaram que, quanto mais cedo for feito o diagnóstico e mais precocemente o tratamento começar, maior chance a criança tem de conseguir se comunicar e se relacionar com o mundo que a cerca. “Existe o que se chama janela de oportunidade para a intervenção, um momento em que agir aumenta grandemente as chances de sucesso, devido ao próprio estágio do desenvolvimento do cérebro”, afirma a professora Helena.OLYMPUS DIGITAL CAMERA

ATENÇÃO E DIAGNÓSTICO PRECOCE

Segundo Jair Mari, o objetivo dos estudos atuais é tentar avaliar, o mais cedo possível, quanto essas crianças se distanciam do desenvolvimento normal, para mapear como isso vai afetar sua adaptação social e, assim, buscar maneiras de reconstruí-las. Um dos modos mais promissores para o diagnóstico já nos primeiros meses de vida é um aparelho chamado eye-tracking.

“Como crianças com TEA não conseguem manter o contato visual, o eye-tracking, que rastreia o movimento dos olhos quando ela, por exemplo, vê um desenho ou um filme, poderá ser, no futuro, uma poderosa ferramenta para o diagnóstico precoce”, declara o professor Guilherme Polanczyk.autismo (3)

A MUDANÇA COMEÇA EM CASA

Atualmente, há quatro ou cinco tipos de intervenção que vêm mostrando bons resultados. “São modelos cujas evidências ajudam a dar suporte, entre eles a análise comportamental aplicada (ABA, da sigla em inglês), os modelos desenvolvimentistas, a intervenção híbrida, que mescla características dos dois primeiros e o TEACCH, aplicado pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos”, conta Fred Wolkmar, do Centro de Estudos da Criança da Universidade Yale e editor-chefe do Journal of Autism and Developmental Disorders.Autismo_2abril1

A forma de tratamento mais usada no Brasil é a ABA. “A ideia por trás da ABA é transformar comportamentos que no autista são estereotipados em comportamentos que sejam funcionais, quer dizer, que permitam à criança ‘funcionar’ no mundo que a cerca”, explica Antonio Celso Goyos, do Laboratório de Aprendizagem Humana Multimídia Interativa e Ensino Informatizado (LAHMIEI), do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos. De acordo com Goyos, é essencial que a criança faça, durante dois a três anos pós-diagnóstico, de 30 a 40 horas semanais para que os resultados sejam evidentes.

BARREIRAS DOS ADULTOSautismo-06

Trazer a criança a um mundo baseado na linguagem verbal e nas relações sociais não é tarefa fácil e depende, e muito, dos pais. “Muitas vezes são os próprios adultos que, por medo, colocam barreiras ao desenvolvimento da criança”, analisa a pedagoga Andréia de Fátima Silva, colaboradora do Programa de Transtornos do Espectro Autista do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (PROTEA).

Assim, parte do tratamento começa em casa. Com a devida orientação e treinamento, os pais podem (e devem) trabalhar para estabelecer uma correspondência com a criança, ainda que ela não esteja interagindo com eles plenamente.

DESENVOLVER TALENTOSmusica

O fato de uma criança ser portadora de TEA não significa, necessariamente, que ela não possa desenvolver talentos. “Não dá para saber como será o futuro dos nossos filhos. Todos nós temos fortalezas e fraquezas.

A criança com TEA só precisa trabalhar mais as suas fraquezas”, declara Helena Brentani. Como disse uma vez Temple Gradin, portadores de TEA têm uma perspectiva diferente do mundo. Pensam e encaram o mundo diferente, enfim. Mas o mundo precisa de todos os tipos de mente.

DESAFIO: INCLUSÃO NA ESCOLAcoral

A inclusão de uma criança autista na rede de ensino regular é fundamental para que ela desenvolva as suas capacidades e habilidades criativas e está na lei – mas a integração delas na escola ainda não é uma realidade.

Aos poucos, porém, esse cenário vem mudando. “O nosso grande desafio é fazer com que a escola se transforme em um espaço em que as diferenças sejam respeitadas. E isso se aplica a crianças com qualquer condição ou doença”, declara Andréia Silva.

FALTA CONHECIMENTO E SABEDORIA130402_autismo

Segundo a pedagoga, embora as escolas ainda sejam resistentes, os educadores hoje estão bem mais instrumentalizados para lidar com a questão. “O problema, mais do que qualquer coisa, é a falta de conhecimento sobre o assunto.

Um exemplo é achar que o cuidador de uma criança com TEA – muitas delas só conseguem frequentar a escola acompanhadas deles – é alguém que vai atrapalhar a aula, quando ele pode ser um facilitador de seu aprendizado.” Andrea Ribeiro, mãe de Nina, 6 anos, conta que sempre teve uma participação ativa na escola e que isso foi determinante para que professores, pais e alunos aceitassem a filha e suas limitações.sinais-autismo“Foi um aprendizado para mim e para a escola, que nunca havia recebido nenhuma criança autista antes. Tive de começar do zero. Como a Nina frequentava essa escola desde muito pequena, as outras crianças sempre foram muito solícitas, pois a conheciam desde pequenininha.

Aos poucos, nas reuniões de pais, fui ganhando o apoio de outros pais, que foram percebendo que a acompanhante da Nina não era um elemento perturbador da dinâmica da classe.

Minha filha hoje consegue acompanhar os coleguinhas até nas viagens – claro, é feita toda uma preparação para que ela não estranhe algo que não seja parte da rotina dela”, relata. De acordo com a pedagoga, há um movimento crescente entre os especialistas em TEA para gerar conhecimento nas escolas e capacitar os educadores a trabalhar com crianças com o distúrbio. “O que a gente deseja é que a escola, assim como a sociedade, tenha um olhar mais justo para as diferenças.”

ATENÇÃO AOS SINAISautismo (1)

Geralmente, uma criança com TEA recebe o diagnóstico quando tem entre 3 e 5 anos, período em que o comprometimento social acaba ficando mais evidente. Mas os pais podem ficar atentos a alguns sinais muito antes disso.

“Tudo indica que as anormalidades começam entre 6 e 12 meses. No início da vida das crianças com TEA, a interação social pode não estar totalmente reduzida, mas começa a cair após os 6 meses”, afirma o doutor Jair.

Se, por acaso, você observar um ou mais sinais, procure um psiquiatra ou um especialista em desenvolvimento infantil. Atenção para não entrar em pânico se constatar que seu filho apresenta alguma dessas manifestações, pois outros distúrbios do desenvolvimento e linguagem também compartilham alguns desses sintomas. A melhor orientação é, percebido um ou mais sinais, levar o seu filho a um especialista.

Entre 2 e 3 meses: não faz contato com os olhos.

6 meses: não sorri.

Cerca de 8 meses: não acompanha você com o olhar quando se afasta dele.

Cerca de 9 meses: não balbucia palavras. Não estende os braços quando a mãe entra no quarto.

Cerca de 1 ano: não procura por você quando o chama pelo nome, nem dá “tchauzinho”.

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Cerca de 1 ano e meio: ainda não pronunciou nenhuma palavra inteligível.

Cerca de 2 anos: ainda não elaborou nenhuma frase com começo meio e fim.

http://autismoerealidade.org/noticias/autismo-os-sinais-dos-2-aos-24-meses-que-os-pais-precisam-observar/

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Em anexo, a dissertação de Mestrado da Professora Dra. Adriana Rocha Brito, neuropediatra, uma das maiores autoridades em autismo, apresentada à Faculdade de Medicina da UFF.

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