Desafios da amamentação

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade do bebê e de forma complementar até 2 anos ou mais.

As vantagens da amamentação vão muito além da nutrição e da saúde física do bebê. Amamentar ajuda na criação do vínculo mãe-filho e colabora na recuperação pós-parto, entre outras vantagens.

No entanto, amamentar nem sempre é uma tarefa simples. Muitas mulheres sofrem com problemas como mamilos doloridos, seios rachados e leite empedrado.

Risco: desmame precoce

Quando não são identificados logo e tratados desde o início, podem resultar na interrupção da amamentação.

Apesar das recomendações e medidas adotadas, o desmame precoce ainda é uma realidade frequente, independentemente do motivo.

É fundamental consultar seu (sua) ginecologista para aprender a prevenir e, quando necessário, tratar.

Importância da técnica

Acredita-se que uma má técnica de amamentação dificulta a sucção e o esvaziamento da mama, podendo afetar a dinâmica da produção do leite.

Como consequência, a mãe tende a oferecer precocemente alimentação complementar (fórmula infantil ou outros alimentos).

Fatores de risco

Alguns quadros observados durante a amamentação ainda na maternidade são considerados fatores de risco para o desmame.

Presença de dor mamilar, ingurgitamento mamário, lesão mamilar, fadiga e sensação de cansaço são exemplos de condições indicativas de dificuldades com a técnica da amamentação, comumente citadas nas primeiras 24 horas pós-parto.

Outras circunstâncias também interferem negativamente na duração do aleitamento materno, como dificuldades na pega e na sucção, a agitação do bebê e a percepção de oferta insuficiente de leite pela mãe.

Principais desafios da amamentação

Mamilos doloridos ou rachados

Mamilos doloridos são mais comuns entre o terceiro e o sétimo dia após o início da amamentação.

Geralmente, isso acontece porque o bebê não está bem posicionado no peito (veja a imagem).

Mas há outros motivos, como disfunções orais na criança, uso impróprio de bombas de extração de leite e a interrupção inadequada da sucção do bebê ao tirá-lo do peito.

Alguns autores descrevem que a dor (tolerável) pode ser considerada normal e não deve persistir além da primeira semana pós-parto. No entanto, ter os mamilos mais doloridos e machucados do que o usual requer intervenção.

Caso o desconforto não diminua ou se acentue, é preciso consultar um especialista para identificar a causa.

Em alguns casos, o trauma mamilar pode causar fissuras, hematomas, marcas e até bolhas.

Veja medidas para ajudar na prevenção:

Amamentação com técnica adequada (posicionamento e pega). Como saber se a pega está correta? Dicas: os lábios do bebê devem estar virados para fora, boca bem aberta, queixo tocando o peito materno, aréola mais visível na parte superior do que na inferior, bochecha redonda (“cheia”), barriguinha voltada para você e encostando no seu corpo.

  • Cuidar para que os mamilos se mantenham secos, expondo-os ao ar livre ou à luz solar.
  • Sempre que houver vazamento de leite, trocar o sutiã.
  • Não usar produtos que retirem a proteção natural do mamilo, como sabonetes com perfume ou álcool.
  • Colocar o bebê no peito assim que der os primeiros sinais de que quer mamar. Isso evita que inicie a mamada com muita fome e sugue com força excessiva.
  • Nas mamadas, a bebê deve esvaziar completamente uma mama antes de ser oferecida a outra. Caso ele não esvazie toda a mama, ofereça o mesmo seio na próxima mamada.
  • Comece por aquele que o neném sugou por último. Lembre-se de que o melhor intervalo entre as mamadas é aquele estabelecido pelo próprio recém-nascido.
  • “Estalos e outros sons” durante a mamada podem ser sinais de que o bebê está ingerindo ar e aumentando os riscos de flatulência (excesso de gases abdominais).
  • Evitar o ingurgitamento mamário (mamas muito cheias de leite, que pode empedrar).
  • Fazer a retirada manual do leite antes da mamada se a mama estiver muito cheia. Isso aumenta sua flexibilidade e permite a pega adequada.
  • Procure orientação profissional no caso de alterações nas mamas: vermelhidão, endurecimento, dor, calor, fissura, sangramento etc.

Falta de leite?

A grande maioria das mulheres tem condições de produzir leite suficiente.

A secreção de leite aumenta de menos de 100 ml/dia no início para aproximadamente 600 ml no quarto dia.

O volume de leite produzido na lactação já estabelecida varia de acordo com a demanda da criança. Em média, é de 800 ml por dia na amamentação exclusiva.

A síntese de leite após cada mamada varia, sendo maior quando a mama é esvaziada com frequência. Em geral, a capacidade de produção de leite da mãe é maior que o apetite de seu filho.

A capacidade de armazenamento da mama varia entre as mulheres e pode variar entre as mamas de uma mesma mulher.

Ela tende a aumentar com o tamanho da mama, mas não tem relação com a produção de leite. No entanto, pode ser importante na determinação na frequência das mamadas.

Assim, crianças de mães com menor capacidade de armazenamento satisfazem a sua demanda mamando com mais frequência.

Muitas vezes, a percepção de que há pouco leite é reflexo da insegurança materna. Essa insegurança (que pode ser reforçada por pessoas próximas) faz com que o choro do bebê e as mamadas frequentes sejam interpretadas como sinais de fome, ainda que isso faça parte do comportamento do recém-nascido.

A ansiedade que essa situação gera na mãe e na família pode ser transmitida à criança, que responde com mais choro.

Produção do leite materno

A “descida do leite” costuma ocorrer entre o terceiro e quinto dia após o parto. A produção se dá pela ação de hormônios e ocorre mesmo que a criança não esteja sugando.

A produção de leite materno aumenta consideravelmente com o consequente aumento do volume e tensão das mamas, podendo causar algum desconforto e dor.

O colostro torna-se mais rico em proteínas, lactose e gorduras que saciam as necessidades crescentes do recém-nascido.

A partir de então, a produção depende apenas do esvaziamento da mama, ou seja, depende do número de vezes que a criança mama durante o dia e sua capacidade de esvaziamento mamário.

Oferecer ao bebê ambos os seios (a cada amamentação) estimula o suprimento de leite.

Quando há insuficiência de leite o bebê dá sinais. Não fica saciado após as primeiras mamadas, chora muito, quer mamar com frequência e ficar muito tempo no peito durante as mamadas.

Observar as funções de eliminação

O número de vezes que a criança urina ao dia (menos de seis) e poucas evacuações, com fezes em pequena quantidade, secas e duras, também são considerados indicativos de que a criança pode não estar recebendo o volume adequado.

No entanto, a melhor forma de constatar é acompanhar seu crescimento e ganho de peso nas visitas ao pediatra.

Excesso de leite

Ocasionalmente, mulheres produzem muito leite e isso pode provocar problemas como leite empedrado.

Quando houver excesso de leite, o médico deve ser consultado para entender por que isso está acontecendo. O especialista pode indicar posições adequadas para ajudar a criança a lidar com grandes quantidades durante a mamada e indicar a retirada de parte do leite com bombinhas.

Ingurgitamento mamário (“leite empedrado”)

O ingurgitamento mamário acontece quando as mamas estão muito cheias de leite.

A mãe pode senti-las rígidas, duras e doloridas. Isso pode ocorrer nos primeiros dias, quando o bebê ainda está se acostumando a mamar. Também pode ocorrer quando o bebê está maior e já não mama com tanta frequência. Por exemplo, quando está comendo outros alimentos.

Pode haver o aumento da vascularização da mama, a retenção do leite nos alvéolos e edema.

Os ductos de leite ficam comprimidos, o que dificulta ou impede a saída. A produção pode ser interrompida e o leite represado pode ser reabsorvido. O líquido acumulado na mama torna-se mais viscoso, o que dá origem ao termo “leite empedrado”.

Quando a situação é mais grave, a mãe pode sentir febre e mal-estar.

Há algumas medidas preventivas:

  • Se a mama estiver tensa antes da amamentação, pode-se retirar um pouco do leite manualmente.
  • Permitir mamadas frequentes, sem horários pré-estabelecidos.
  • Massagens delicadas nas mamas com movimentos circulares, particularmente nas regiões mais afetadas. Elas ajudam o leite acumulado a fluir melhor.
  • Usar sutiãs com alças largas e firmes para dar suporte às mamas e aliviar a dor.
  • Fazer compressas (frias ou com água na temperatura ambiente) em intervalos regulares, após as mamadas. Quando necessário, o intervalo pode ser de duas horas.

Bloqueio de ductos lactíferos

O bloqueio acontece quando o leite produzido em uma determinada área da mama não é drenado adequadamente.

Isso acontece com frequência quando a mama não está sendo esvaziada pelo bebê por algum motivo. Mas também pode ocorrer por outros motivos, como sutiã muito apertado ou uso de cremes no mamilo, obstruindo os poros de saída do leite.

A mulher com bloqueio dos ductos lactíferos pode apresentar “nódulos” localizados, sensíveis e dolorosos, além de vermelhidão e calor na área. Essa condição não costuma causar febre ou sintomas mais graves. Mas podem aparecer pontos brancos na ponta do mamilo, o que causa muita dor durante as mamadas.

Para prevenir essa condição, deve-se evitar o uso de cremes e sutiãs apertados e permitir que o bebê mame com frequência. Caso não esteja mamando suficiente, deve-se consultar o médico.

Outras dicas

  • A amamentação deve prosseguir mesmo que doa. Dê de mamar o maior número de vezes que conseguir e evite longos intervalos entre as mamadas.
  • Esvaziar as mamas costuma amenizar os sintomas.
  • Se conseguir, inicie a mamada com o peito afetado. Com isso o bebê suga com mais força e há maior chance de o ducto desentupir.
  • Experimente diferentes posições para amamentar com o objetivo de encontrar uma posição que leve a um melhor encaixe da boca do bebê.
  • O analgésico recomendado pelo seu pode ajudar a aliviar a dor. Mas é preciso verificar com o médico o que você pode tomar.
  • Usar uma bombinha para ordenhar depois de cada mamada auxilia na retirada total do leite.
  • Compressas geralmente frias nos seios e uma massagem delicada (antes e depois de amamentar) aliviam a dor. Se tiver dificuldade de fazer a massagem sozinha, peça ajuda: da mãe, de seu parceiro, da enfermeira. Não hesite em pedir auxílio.
  • Bancos de leite públicos oferecem atendimento gratuito e orientação à amamentação. Descubra qual é o banco de leite público mais próximo de você.

Fonte: https://brasil.babycenter.com/a1600039/ductos-lact%C3%ADferos-entupidos#ixzz5SdbbmjB9

Outros aspectos importantes

Determinação, paciência, persistência, desejo de amamentar e principalmente apoio permitem que qualquer mulher possa ter o privilégio deste contato, desta relação com seu filho, até mesmo as mães adotivas.

Ainda bem que durante a gestação, você não “exercitou” os mamilos, porque esses exercícios, além de não adiantarem muito a protrusão dos bicos, pelo fator hormonal, poderiam causar contrações uterinas. O momento de fazer os bicos ficarem um pouco maiores para a amamentação, é exatamente antes das mamadas; de que forma?

Algumas ideias:

  • utilizar um sutiã “velhinho”, onde você possa fazer furos bem no local dos bicos;
  • antes das mamadas, rodar suavemente os bicos para a esquerda/direita (como se eles fossem botão de rádio);
  • usar seringa de injeção ou bomba tira leite antes das mamadas (para ajudar os bicos a ficarem protraídos) se usar a seringa ,corte o local da agulha , retire o êmbolo e coloque-o no local cortado, aí é só puxar levemente para fazer com que o bico fique mais eriçado.

Essas ideias ajudam o bico a ficar mais “eriçado”, facilitando a pega do bebê ao peito. Vale lembrar que, quando o bebê suga o peito o bico se estica até quase a “campainha” do bebê e lá ele é massageado contra o céu da boca, para que o leite saia.

Observe a pega do bebê no peito, pois a maioria das fissuras surge porque o bebê está pegando o peito de forma errada. Então, observe se seu filho está abocanhando uma boa parte da aréola, queixo coladinho no peito, boquinha bem aberta, barriga do bebê de frente para o seu corpo.

Leite materno: cicatrizante

Para cicatrizar as fissuras, você tem um poderoso cicatrizante que é o leite materno – após as mamadas, espalhe por toda a aréola e bicos, deixe secar e de preferência deixe-os arejados (pois umidade das pomadas, aréola umedecida e fechada, dificultam a cicatrização), banhos de sol também ajudam bastante! E o que previne mesmo, é a pega correta do bebê no peito!

Para diminuir a dor das fissuras, mude as posições das mamadas (tente dar deitada de lado, com o bebê sentado numa das suas coxas, ou na posição invertida – que é o bebê debaixo do seu braço – meio viradinho de lado).

Evitar:

  • deixar o peito muito cheio (pois dificulta a pega dos bebês pequeninos) ;
  • usar chupetas, mamadeiras e até mesmo o protetor de silicone, pois influem negativamente no sucesso da amamentação, porque são fatores de confusão de bicos, além de não permitirem uma boa pega, fazendo com que o leite não seja retirado adequadamente;
  • mamadas prolongadas também devem ser evitadas, porque podem ser fator de manutenção da fissura.

Mesmo com o bico fissurado, se a pega estiver correta não haverá tanta dor durante a mamada. Tente oferecer um peito por mamada e de acordo com o desejo do seu bebê, porém, observe esse tempo de mamada (4 horas no peito é muito tempo!).

Se o seu bebê estiver bem posicionado, ele deverá conseguir mamar de forma eficaz e por menos tempo.

Visite o site http://www.amigasdopeito.org.br ou ligue 2285 7779.

5 atitudes para estimular a produção de leite materno
  1. Amamente

Não há nada melhor para manter a fabricação do leite materno ativa do que a própria sucção que o bebê faz enquanto amamenta. É esse movimento que garante a continuidade de todo o processo demonstrado passo a passo no infográfico acima. Mas é necessário ter alguns cuidados: além de evitar uma pega inadequada do bebê, é importante não deixar acumular leite nos seios. Isso pode causar problemas sérios, como a mastite (inflamação das mamas). A orientação é começar a amamentação com uma mama e, quando esvaziá-la, passar para a outra. A próxima mamada deve ser iniciada pelo seio que terminou a anterior.

  1. Relaxe

O nervosismo é um grande inimigo da amamentação, assim como o cansaço e a ansiedade. Por isso, procure descansar e se manter calma durante o período da lactação. O estresse atua nos hormônios que produzem o leite materno, podendo causar um desequilíbrio entre eles.

  1. Mantenha-se hidratada

A água é a principal matéria-prima para a produção do leite materno. “A recomendação é beber de 2 a 3 litros por dia”. Sucos de frutas naturais (e sem açúcar) também podem ajudar nesse processo. Só não abuse de líquidos cheios de cafeína, como refrigerantes, café, alguns chás e mate.

  1. Durma bem

Ter um sono adequado e de boa qualidade também é fundamental para garantir que o leite materno continue a ser produzido.

  1. Use roupas leves

Vestir blusas ou sutiãs muito apertados não é recomendado. A compressão muito grande das mamas pode fazer com que diminua a produção do leite. Por isso, dê preferência para roupas apropriadas, mais confortáveis e lingeries próprias para mulheres que estão amamentando.

Fontes:

http://www.danonebaby.com.br/nutricao/problemas-da-amamentacao/

https://amigasdopeito.wordpress.com/tag/peitos-doloridos-ou-machucados/

BARBOSA, Gessandro Elpídio Fernandes et al. DIFICULDADES INICIAIS COM A TÉCNICA DA AMAMENTAÇÃO E FATORES ASSOCIADOS A PROBLEMAS COM A MAMA EM PUÉRPERAS. Rev. paul. pediatr. [online]. 2017, vol.35, n.3 [cited 2018-09-29], pp.265-272. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-05822017000300265&lng=en&nrm=iso>.  Epub July 13, 2017. ISSN 0103-0582. http://dx.doi.org/10.1590/1984-0462/;2017;35;3;00004.

GIUGLIANI, Elsa R. J..Problemas comuns na lactação e seu manejo. J. Pediatr. (Rio J.)[online]. 2004, vol.80, n.5, suppl. [cited 2018-09-29], pp.s147-s154. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572004000700006&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0021-7557. http://dx.doi.org/10.1590/S0021-75572004000700006.

https://revistacrescer.globo.com/Por-Uma-Infancia-Mais-Saudavel/noticia/2015/04/tudo-sobre-producao-do-leite-materno.html

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e-produzido-o-leite-materno/