Disquesia

Etimologia (origem da palavra): Do grego dys + chézein, defecar + ia. Dificuldade para defecar, para expelir os excrementos.

Existem “doenças” que não costumam apresentar alterações orgânicas. Entre elas, estão os chamados distúrbios funcionais do trato gastrointestinal, definidos como combinações variáveis de sintomas crônicos ou recorrentes do aparelho digestório, não explicados por anormalidades estruturais ou bioquímicas.

Na prática pediátrica, esses transtornos são frequentes. Em determinados casos é necessária a investigação clínica e laboratorial. Sendo a criança um ser em desenvolvimento, alguns distúrbios são próprios de determinada faixa etária.

Assim, a regurgitação, disquesia e diarreia funcional podem ocorrem nas crianças pequenas. Enquanto a retenção de fezes pela não aquisição da função motora normal (esfincteriana), nas maiores.

Por outro lado, a caracterização de certos distúrbios depende da maturidade cognitiva, ou seja, a criança deve ter idade adequada para reconhecer e expressar seus sintomas. Assim, a dispepsia funcional, a síndrome do intestino irritável e a dor abdominal funcional são definidas com critérios semelhantes aos dos adultos.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) acrescenta:

Meu filho só mama no peito e quando quer fazer cocô chora e faz muita força, mesmo com as fezes moles. Isso é normal?

Nos primeiros meses de vida, bebê que só mama no peito pode evacuar fezes amolecidas a cada mamada, como ficar até 7 dias sem evacuar. Tudo isso pode ser normal.

Ele pode também, quando sentir vontade de fazer cocô, fazer muita força, ficar vermelho, chorar, gemer, levar até 20 minutos para conseguir evacuar, mesmo com as fezes moles. Isso tem nome científico: DISQUESIA.

Não se considera doença

Pode acontecer em bebês que mamam só leite materno ou também nos que usam outro leite, e não é doença. O bebê não nasce pronto. Vai se desenvolvendo aos poucos, com o tempo.

O sistema digestivo também é assim: a criança precisa saber coordenar a vontade de evacuar com o relaxamento da musculatura pélvica e a abertura do esfíncter anal para conseguir eliminar as fezes. Com o tempo ela aprende a fazer isso.

O que fazer nestes casos?

Seu bebê vai crescer, se desenvolver, amadurecer e aprender. A disquesia costuma passar sozinha e ele vai fazer cocô normalmente, sem sofrimento. Nem para ele, nem para você.

A SBP apresenta 4 dicas que as famílias podem adotar nesses casos:

  1. Não se desespere, mesmo que pareça que o seu bebê esteja sofrendo muito. Com o seu instinto, tente consolá-lo com afagos e carinhos. Dobrar as pernas do bebê sobre a barriga dele pode ajudar.
  2. Isso não é prisão de ventre. Sendo assim, não medique com remédios laxantes.
  3. Antes dos 6 meses evite iniciar qualquer outro alimento por conta própria (sucos, frutas laxantes, chás e outros leites), principalmente se o bebê estiver em aleitamento materno exclusivo.
  4. Estimular o ânus (com supositório e outros agentes) pode “dar certo” num primeiro momento. Mas a criança pode se acostumar a evacuar somente se receber esses estímulos. E isso não é bom.

E lembre-se: em qualquer caso de dúvida, fale sempre com seu (sua) pediatra!

Fontes:

http://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/nutricao/disquesia/

COSTA, C.D. Distúrbios Funcionais do Trato Gastrointestinal. Disponível em: file:///C:/Users/fcrbr_000/Downloads/338-43145-1-PB.pdf Acesso em 09 mar. 2019