Os pulmões possuem uma superfície que corresponde a cerca de 100m² no adulto. Ou seja, aproximadamente o tamanho de uma quadra de tênis.
Apesar de incômodo, a tosse é um importante aliado na proteção do organismo e um sinal de que algo não vai bem. No caso de um engasgo, por exemplo, ela é fundamental para “expelir o corpo estranho e evitar o sufocamento”.
A tosse também auxilia a detectar doenças que vão desde um resfriado, a problemas mais sérios como: gripe, pneumonia, asma, bronquite, tuberculose e câncer. Outra função é expelir a secreção respiratória (catarro), que pode conter micro-organismos (bactérias, vírus etc.).
Portanto, não se deve inibir a tosse, pois a secreção acumulada nas vias aéreas inferiores (pulmões) propicia a multiplicação de bactérias e aumenta os riscos de pneumonia.
Tosse com etiqueta
“Apesar de ser uma forma eficaz de eliminar secreções, a tosse também é um eficiente caminho de transmissão de doenças entre as pessoas”, avisa a Dra. Luci Corrêa, infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
A maioria das doenças respiratórias pode ser transmitida por meio dela: seja resfriado comum, gripe ou outras doenças como pneumonia, sarampo, varicela, rubéola e tuberculose.
Daí a importância de tomar alguns cuidados ao tossir, uma atitude chamada por muitos especialistas de “tossir com etiqueta”.
O termo pode parecer estranho, mas assim como há a maneira correta de se comportar à mesa, há também o jeito certo de tossir. Não se trata apenas de uma questão de educação: tossir com etiqueta pode prevenir a disseminação de vírus como os da gripe e até evitar uma epidemia.
A recomendação não é apenas de especialistas, mas do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), uma organização americana de controle e prevenção de doenças, que criou a campanha Cover your Cough (“cubra sua tosse”).
As recomendações abaixo fazem parte da campanha Cover Your Cough . São atitudes simples e fáceis de tomar no dia a dia que podem evitar a disseminação de vírus, bactérias e a ocorrência de epidemias. Vale seguir esses conselhos.
- Cubra a boca e o nariz com um lenço quando tossir ou espirrar.
- Tussa ou espirre no seu antebraço, não em suas mãos, que são importantes veículos de contaminação.
- Coloque o lenço usado no lixo.
- Limpe as mãos depois de tossir ou espirrar. Lave-as com água e sabão e seque-as com papel toalha.
O que fazer quando estiver…
Na rua
Cubra o nariz e a boca. Se não tiver lenço, procure um local para lavar as mãos. O ideal, nesse caso, é carregar o gel alcoólico na bolsa.
Na escola ou no trabalho
Em caso de doença febril com tosse, o melhor é evitar sair de casa, pois em escolas, creches ou no local de trabalho, o contato é bastante próximo. Mas se não for possível, respeite as regras de etiqueta da tosse.
À mesa
Quando a tosse aparecer, vire-se de lado, com a cabeça baixa e coloque o guardanapo à boca. Se a tosse continuar, levante-se e deixe a mesa. Procure beber água e espere a crise passar.
No cinema ou teatroProcure sentar nas poltronas laterais das fileiras. Quando tossir, abafe o som com um lenço ou saia da sala até que a crise passe.
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SUPERPULMÃO
O pulmão é a superfície do corpo que tem maior contato com o meio externo. Para o ar que respiramos entrar em contato com o sangue levando oxigênio e trazendo gás carbônico, o pulmão possui uma superfície que no adulto corresponde a mais ou menos 100m², ou seja, aproximadamente o tamanho de uma quadra de tênis.
No caminho de ida, o ar é aquecido, umidificado e sofre um turbilhonamento cuja finalidade é fazer grudar nas paredes por onde passa as partículas que estiverem flutuando.
POEIRA
É por isso, por exemplo, que eliminamos poeira se assoarmos o nariz depois de andar por uma estrada empoeirada. Esse é um mecanismo de defesa que ajuda na limpeza dessas estruturas. Mesmo assim resíduos podem alcançar os brônquios e ficarão retidos nas paredes de suas bifurcações.
Embora sejam revestidos por cílios que, num movimento contínuo, empurram o muco para fora com a sujeira que nele aderiu, parte dela pode alcançar a área terminal do pulmão e comprometer seu funcionamento adequado. Essas partículas precisam sair de alguma forma.
REFLEXO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Para tanto, o pulmão se enche de ar. Um reflexo do sistema nervoso central fecha a epiglote e a musculatura toda se contrai para libertar o ar aprisionado. Isso gera uma pressão tão grande que, aberto o sistema, ele sai como um tiro e expulsa o que estiver lá dentro. Em termos gerais, é assim que funciona o mecanismo da tosse.
TOSSE PODE SER SINUSITE OU RGE
Normalmente, as pessoas associam a tosse ao pulmão, mas as duas causas mais frequentes desses episódios são o refluxo gastroesofágico (RGE) e a sinusite que nada têm a ver com o pulmão.
Muitos pacientes procuram os consultórios de pneumologia desanimados, porque já tiraram radiografias, tomaram xaropes e antibióticos e não melhoraram da tosse. Nesses casos, a causa do problema pode não estar no aparelho respiratório e, sim, no aparelho digestivo.
O refluxo gastroesofágico é provocado por dois fatores: o aumento da produção de ácido pelo estômago e pela incapacidade do cárdia (ou junção gastroesofágica) de fechar direito permitindo a volta do conteúdo do estômago para o esôfago.
O estômago é revestido de tal forma que resiste à presença dessa acidez, mas no esôfago ela provoca uma reação inflamatória que por si só é capaz de ativar o reflexo da tosse. Agora, se esse ácido subir até as vias aéreas superiores, for aspirado e cair no pulmão, mesmo que esteja livre de bactérias, causa uma pneumonia extremamente grave, a pneumonia aspirativa, que também ativa o reflexo de tosse.
Para entender como é possível o ácido estomacal alcançar os pulmões, basta lembrar que todo sistema respiratório está submetido a uma pressão negativa e será aspirado tudo que vier de fora. Como muitas vezes o conteúdo do estômago sobe até a boca, é aspirado também.
MICROASPIRAÇÕES
Não precisa haver grande quantidade. Microaspirações são suficientes para desencadear a doença e o reflexo de tosse. O refluxo gastroesofágico é responsável por mais ou menos um terço dos casos de tosse crônica, principalmente da tosse seca.
TRATAMENTO DA TOSSE
Drauzio – Vamos falar um pouco do tratamento da tosse. Você disse que dispomos de medicamentos para inibir a tosse, os xaropes. Você prescreve xaropes?
Daniel Deheinzelin – Muito pouco. O xarope tem muito poucas indicações. O mecanismo fundamental para tratamento da tosse é a hidratação do muco. Quanto mais fácil for eliminá-lo, mais depressa a tosse vai desaparecer.
Drauzio – Quer dizer que água é o melhor remédio para a tosse?Daniel Deheinzelin – Água é sempre o melhor remédio. Na verdade, existem diferentes tipos de xarope. Os mucolíticos, que tornam o muco mais fluido, têm eficiência muito pequena. Os broncodilatadores são mais eficientes para alguns casos de tosse, pois ajudam a abrir os brônquios para eliminar o muco acumulado. O terceiro tipo contém drogas que agem no sistema nervoso central e inibem o reflexo da tosse. São xaropes com base de codeína, normalmente derivados de morfina. Esses de fato funcionam, mas tratam da consequência e não da causa da tosse. Por isso, indico pouco o uso de xaropes.
Drauzio – E os tratamentos alternativos funcionam? Muita gente usa própolis, por exemplo, para diminuir as crises.
Daniel Deheinzelin – Não conheço estudos que demonstrem com solidez que esses medicamentos funcionem, mas há pacientes que dizem melhorar quando fazem uso deles.
Drauzio – Algumas pessoas esfregam pomadas no peito quando estão com tosse. O calor local é anti-inflamatório?
Daniel Deheinzelin – Em geral, o que costuma acontecer é mais ou menos o seguinte: a pessoa pega uma tosse seca e passa uma pomada no peito. Esses produtos são extremamente irritantes, aumentam a produção de muco e a tosse que era seca vira produtiva. Daí, a pessoa acha que o fato de estar eliminando muco é sinal de melhora, o que é um engano. Ela só irritou mais as vias aéreas e mudou a característica da tosse.
ORIENTAÇÕES PRÁTICAS
Drauzio – Além do tratamento especifico para a tosse, que medidas práticas você sugere aos pacientes?
Daniel Deheinzelin – Primeiro, é importante beber muita água. Segundo, observar se existe algum ambiente da casa onde a tosse fica mais intensa, porque existem processos alérgicos, principalmente a asma, que são desencadeados por fungos, mofo ou poeira, por exemplo. Notar se isso acontece ajuda não só no resultado do tratamento como a descobrir a causa do problema. Essas são orientações básicas para o paciente. Quanto ao médico, ele deve levantar a história o mais completa possível do paciente e procurar a causa para o aparecimento da tosse.
Drauzio – Você manda tomar chá quente?
Daniel Deheinzelin – Só se a pessoa notar que alivia. Não é obrigatório. O importante é beber água.
Drauzio – Fazer inalação ajuda a melhorar a tosse?
Daniel Deheinzelin – A inalação representa outra forma de fazer chegar líquido aos pulmões. Ela melhora a tosse, porque umidifica o muco e facilita sua eliminação. Feita com um broncodilatador, ajuda a abrir os brônquios. No entanto, pode-se dizer que o resultado de fazer inalação com água fervendo ou beber muita água é mais ou menos o mesmo.
Drauzio – Tomar banho bem quente e aspirar o vapor d’água têm resultado semelhante?
Daniel Deheinzelin – O resultado será o mesmo da inalação se a pessoa aspirar bem o vapor durante o banho. Isso faz chegar líquido dentro das vias aéreas, o que ajuda a soltar o muco.
Drauzio – Como mensagem final, poderíamos dizer que quem tem tosse deve hidratar-se bastante?
Daniel Deheinzelin – Essa é a primeira mensagem. A outra é que fundamental identificar a causa de qualquer tosse que dure mais de 10 ou 15 dias. Em geral, as pessoas acham que estão tossindo por causa de resfriado ou gripe. Nem sempre isso está certo. Tosse por tempo prolongado exige atendimento médico para diagnóstico. Terceira e última mensagem: mais da metade dos casos de tosse acontecem fora do pulmão e são provocados pelo refluxo gastroesofágico ou por sinusite, entre outras causas. Esses fatores desencadeantes não podem ser desprezados nem esquecidos no diagnóstico e para o tratamento.
Finalmente, o Ministério da Saúde explica:
O que é resfriado?
O resfriado também é uma doença respiratória frequentemente confundida com a gripe, mas é causado por vírus diferentes. Os vírus mais comuns associados ao resfriado são os rinovírus, os vírus parainfluenza e o vírus sincicial respiratório (RSV), que geralmente acometem mais crianças.
Os sintomas do resfriado, apesar de parecidos com da gripe, são mais brandos e duram menos tempo, entre dois e quatro dias. Os sintomas incluem tosse, congestão nasal, coriza, dor no corpo e dor de garganta leve. A ocorrência de febre é menos comum e, quando presente, é em temperaturas baixas.
As medidas preventivas utilizadas para evitar a gripe, como a etiqueta respiratória, também devem ser adotadas para prevenir os resfriados.
Outra doença que também tem sintomas parecidos e que pode ser confundida com a gripe é a rinite alérgica. Os principais sintomas são espirros, coriza, congestão nasal e irritação na garganta. A rinite alérgica não é uma doença transmissível e sim crônica, provocada pelo contato com agentes alergênicos (substâncias que causam alergia), como poeira, pelos de animais, poluição, mofo e alguns alimentos.
Como se prevenir?
Para redução do risco de adquirir ou transmitir doenças respiratórias, especialmente às de grande infectividade, como vírus Influenza, orienta-se que sejam adotadas medidas gerais de prevenção, tais como:
- – Frequente lavagem e higienização das mãos, principalmente antes de consumir algum alimento;
- – Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
- – Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
- – Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
- – Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
- – Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
- – Manter os ambientes bem ventilados;
- – Evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe.
FROM CDC, U.S.A.:
Stop the spread of germs that can make you and others sick!
Influenza (flu) and other serious respiratory illnesses like respiratory syncytial virus (RSV), whooping cough, and severe acute respiratory syndrome (SARS) are spread by cough, sneezing, or unclean hands.
To help stop the spread of germs,
- Cover your mouth and nose with a tissue when you cough or sneeze.
- Put your used tissue in the waste basket.
- If you don’t have a tissue, cough or sneeze into your upper sleeve or elbow, not your hands.
- You may be asked to put on a facemask to protect others.
- Wash your hands often with soap and warm water for 20 seconds.
- If soap and water are not available, use an alcohol-based hand rub.
Referências:
http://drauziovarella.com.br/saude_suplementar/entrevistas-videos-saude_suplementar/tosse-2/
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/perguntas-e-respostas-influenza
http://www.cdc.gov/flu/protect/covercough.htm
http://www.einstein.br/einstein-saude/proteja-se/Paginas/tossir-com-etiqueta-faz-bem-a-saude.aspx