Fimose (grego φῑμός, “mordaça”) é uma condição em que, no pênis humano, o prepúcio não pode ser completamente retraído para expor totalmente a glande.
A dificuldade em expor a glande ocorre quando o prepúcio possui um anel muito estreito, ou seja, a abertura do prepúcio é muito pequena para que se possa expor a glande. O problema pode ser de origem congênita ou adquirida.
O que é fimose?
É quando se torna difícil ou impossível exibir a glande (cabeça) do pênis, devido a uma alteração na camada de pele que a cobre (chamada de prepúcio). É justamente esta camada de pele que provoca um estreitamento da passagem da glande, caraterizando a fimose.
É normal o bebê do sexo masculino nascer com uma camada de pele grudada à glande, pois ela serve de proteção natural. É a chamada fimose fisiológica, que acomete aproximadamente 90% dos meninos recém-nascidos, regredindo após um período de tempo.
A intervenção cirúrgica deve ocorrer após os cinco ou sete anos de idade, em média caso o tratamento com pomada não tenha o resultado esperado.
Associações muito comuns com a fimose são as assaduras. Elas acarretam em cicatrizes que, por sua vez, encolhem a pele, tornando a abertura do prepúcio mais estreita. Nessa situação, como em todos os momentos de dúvida, procure um pediatra para indicar a melhor opção de tratamento.
O que se observa em um paciente com fimose?
Na presença de fimose, podemos observar uma secreção esbranquiçada, chamada de esmegma, que possui mau cheiro e é formada por bactérias e fungos.
O quadro pode causar dificuldades para urinar, infecções e inflamações no pênis (as balano-postites), infecções urinárias e parafimose, que é quando o prepúcio não retorna a sua posição normal, causando inchaço e dor.
O que fazer?
Se o descolamento do prepúcio não acontecer de forma natural e se confirmar a fimose, o pediatra poderá recomendar cirurgia ou, antes disso, o uso diário de pomadas que pode ser utilizada, em média, a partir dos 12 meses de idade.
Postectomia
Chamada de circuncisão ou postectomia, a cirurgia para retirada do excesso de pele, dura em média uma hora e o paciente é hospitalizado em sistema de day clinic, ou seja, recebe alta no mesmo dia de sua internação, salvo raríssimas exceções.
Porém, apesar de rápida, pode ocorrer sangramento, dor e inchaço. Ela é recomendada para ser realizada antes da adolescência devido às ereções que ocorrem com frequência nesta fase, deixando a recuperação mais dolorosa. Em crianças e adolescentes a anestesia é geral e a recuperação total da cirurgia ocorre, em média, em até uma semana. O retorno às aulas de Educação Física, futebol e lutas é que deve ser postergado, a fim de evitar lesões no local operado.
Precauções
Massagens e outros movimentos podem ocasionar lesões e outros problemas. Não realize procedimentos sem a orientação de um médico.
Assaduras ou dermatites de fraldas
As chamadas “dermatites de fraldas” são outro problema que pode causar assaduras e, com isso, um possível encolhimento da pele, dificultando a exposição da glande. As dermatites são irritações, alergias, provocadas pelo contato de fezes e urina com a pele.
Para preveni-las, basta não deixar o bebê com a fralda por muito tempo, trocando-a com frequência além de, após a higienização, passar pomadas que protegem a pele sensível da criança.
Ao menor sinal de inflamação ou infecção na cabeça do pênis, procure um médico.
Higiene
É necessário realizar uma limpeza repleta de atenção e cuidados, com água e sabonete neutro, para manter o pênis livre de infecções.
Como o excesso de pele atrapalha a higiene local, ele se torna mal cheiroso e propício ao surgimento de bactérias.
Em bebês, é fundamental que os pais realizem essa limpeza, sem efetuar massagens não recomendadas pelo médico.
Tratamento
Os tratamentos podem ser o uso de pomada ou circuncisão, que é a intervenção cirúrgica. O médico pode recomendar o uso de uma pomada para reverter o problema como primeira opção de tratamento e somente ele poderá indicar qual tratamento é adequado, após avaliar o caso.
Riscos
A fimose é associada às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Além disso, é considerada um fator de risco para o surgimento do câncer de pênis, principalmente por causa da falta de higiene dificultada pelo acúmulo de pele e pela presença de secreção, o esmegma.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2009 surgiram 4637 novos casos de tumor peniano, sendo a maioria na Região Norte e Nordeste. A falta de higiene é um dos principais fatores para que isso ocorra.
Fimose e sua relação com a infecção urinária
O excesso de pele que caracteriza a fimose, por dificultar uma higiene mais completa do pênis, acaba aumentando a probabilidade de se desenvolver uma infecção. E a urinária é uma delas.
A infecção urinária é causada por germes que penetram pela uretra (que é o canal que conduz a urina do pênis até a bexiga – no caso dos meninos) e chegam até a bexiga. Há ainda o risco desta infecção se deslocar para os rins, causando uma infecção ainda mais severa.
Entre as crianças, a infecção urinária é a segunda mais comum, principalmente entre os bebês- por causa do uso de fraldas. Por isso, não é demais repetir: realizar a troca das fraldas é uma forma de prevenir a contaminação por germes e bactérias presentes nas fezes e na urina.
Sintomas
Se a urina apresentar cor escura e cheiro forte, o jovem tiver febre (embora algumas vezes isso não ocorra) e sentir dor ou ardência ao urinar, além de incômodo na região da bexiga – como se quisesse esvaziá-la mesmo após já ter feito isso-, procure um médico imediatamente.
Dicas para prevenir infecções urinárias
Além de beber muito líquido, faz-se necessário ter a higiene da área genital sempre em dia.
Após o ato sexual, urine e limpe bem o pênis com água e sabão neutro.
Importante usar roupa íntima limpa, trocando-a diariamente.
É importante tratar a infecção urinária logo que seus sintomas aparecem, pois ela pode levar ao desenvolvimento de hipertensão arterial crônica – a famosa pressão alta – e insuficiência renal, que é a incapacidade dos rins de filtrar o sangue.
Balanopostite
O que é balanopostite?
Balanopostite é uma infecção bacteriana ou fúngica num paciente em geral com fimose acentuada. Nos casos mais graves o prepúcio fica avermelhado, quente e mesmo com secreção purulento amarelada. Os meninos sentem muita dor para urinar e acabam promovendo uma retenção urinária voluntária, ou seja, prendem a micção para não sentir dor. Muitas vezes é necessário o uso de pomadas e antibióticos, além de cuidados locais.
O que é balanite xerótica obliterante?
Trata-se de doença da camada mais profunda da pele prepucial, conhecida como derme, que se apresenta com edema, espessamento e com infiltração de linfócitos. O prepúcio distal forma uma área cicatricial esbranquiçada e é vista mais em crianças na puberdade, excepcionalmente antes dos 5 anos de idade. O tratamento é sempre cirúrgico.
O que é parafimose?
A parafimose é uma situação clínica decorrente de uma fimose parcial, na qual a extremidade do prepúcio forma um anel endurecido e pouco elástico, mas o suficiente para a sua retração e exposição da glande. No entanto, a pele apresenta dificuldade de retornar à sua condição original, ficando quase como uma “gravata apertada” circularmente no corpo do pênis. A conseqüência deste fato é que o crescente inchaço da glande piora o aperto do anel de prepúcio agravando a dor do paciente. Muitos casos se resolvem então apenas com cirurgia de emergência.
http://fimose.com.br/
Mais alguns comentários da urologia pediátrica, disponíveis em: http://www.uroped.com.br/tiraduv/fimose.htm
A – Por que algumas crianças com fimose necessitam
de tratamento cirúrgico?
- Permitir a higiene adequada do pênis.
- Permitir no futuro um relacionamento sexual satisfatório.
- Evitar ou corrigir a PARAFIMOSE (quando o orifício de abertura do prepúcio, por ser muito estreito, fica preso logo abaixo da glande, com dor, inchaço imediato e dificuldade de urinar.
- Diminuir o risco de balanopostites (infeções do prepúcio e glande), infeções urinárias, doenças venéreas e do câncer no pênis.
- Diminuir o risco de câncer de colo de útero na sua futura esposa.
Observações:
- A fimose não impede, nem prejudica o crescimento do pênis, portanto a cirurgia (postectomia) não vai ajudar o crescimento do mesmo.
- Estima-se que cerca de 20% dos meninos não circuncidados podem ter indicações cirúrgicas.
B. Então não se devem fazer “exercícios ou massagens”
para ajudar a “abrir” o anel da pele (prepúcio)?
Não, pois podem ocorrer microtraumatismos com dor, inflamação local e até sangramentos, e a cicatrização pode levar a um estreitamento da abertura no prepúcio.
Os exercícios ao causarem dor e desconforto também criam na criança o medo de que alguém mexa nos seus genitais.
Esse medo interfere na higiene peniana, e ao não se realizar uma boa higiene podem ocorrer as postites (inflamações ou infeções do prepúcio), que são outra causa da fimose. Esse medo também dificulta a aceitação da cirurgia, dos cuidados pós-operatórios, e interfere na aceitação da sua sexualidade.
C – Qual a idade ideal para cirurgia da fimose?
Nos casos não complicados aguarda-se até ao redor dos 7 – 10 anos de idade, por 3 motivos entre outros:
- Nesse período pode ocorrer o descolamento normal do prepúcio, a cura, não necessitando mais da cirurgia.
- Até os 5 – 6 anos o menino realiza sua identificação sexual, chamada Fase Fálica, já entende a necessidade da cirurgia e não corre o risco de achar que foi cortado um pedaço do seu pênis (Síndrome da Castração)
- Antes da adolescência, quando as ereções mais frequentes tornam o pós-operatório mais doloroso e aumentam o risco das complicações.
D – A anestesia não pode ser local?
Na infância e mesmo na adolescência, prefere-se a anestesia geral, geralmente precedido pelo uso de um sedativo e de um analgésico, pois:
|
E – Como os pais podem preparar seu filho para a cirurgia ?
Em primeiro lugar os pais devem receber do cirurgião pediátrico orientações que lhes permitam conhecer como será realizada a cirurgia, para que eles se sintam seguros e possam transmitir esta segurança para seu filho.
Além disso, é importante não esconder do paciente o que será realizado, mas sem entrar em detalhes que ele não possa compreender e que possam assustá-lo. Ex.: a palavra “cortar”.
Demonstrar amor, segurança, e levá-lo, se possível, a conhecer o local onde será realizada a cirurgia também auxilia no preparo pré-operatório.
Olá, gostei bastante do texto, muito informativo e interessante. Parabéns, Dr. Fernando! Gostaria de deixar uma leitura complementar sobre os melhores medicamentos para fimose, caso tenha interesse em saber um pouco mais: https://www.drentrega.com.br/bem-estar/dores-e-sintomas/os-melhores-remedios-para-fimose