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Grupos sanguíneos: informações para os pais.

Alguns pais referem dúvidas sobre a possibilidade de seu filho apresentar grupo sanguíneo diferente do seu.

A ignorância tende a agravar a situação e muitas vezes cabe ao pediatra esclarecer, por exemplo, que um homem A+ e uma mulher B+ podem gerar uma criança O- (negativo).

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Introdução

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O Sistema ABO foi o primeiro sistema de grupos sanguíneos. Em 1900, Landsteiner descreveu os antígenos A, B e C (depois renomeado como O).

Ao observar muitos acidentes em transfusões,  provou que a espécie humana possui grupos sanguíneos diferentes.

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Notou-se em testes que as hemácias do doador, em alguns casos, aglutinavam em contato com plasma do sangue do paciente.

A partir disso, foi possível relacionar o fenômeno das reações entre anticorpos e antígenos.

ABO

Antígenos x anticorpos

Antígenos são todas as substâncias que nosso organismo entende serem “invasoras”, podendo ser uma proteína, um polissacarídeo etc.

A anticorpos são proteínas encontradas no plasma sanguíneo e têm a função de neutralizar ou destruir a substância invasora. Isso só é possível, pois o anticorpo tem uma forma complementar à do antígeno, sendo a reação antígeno-anticorpo específica.

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Genética e hematologia

O genes ABO se localizam no braço longo do cromossoma 9 (posição 9q34.1‑q34.2). Foram definidos quatro genes: A1 , A2 , B, O.

Esses genes codificam a produção de duas enzimas glicosiltransferases A e B.

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A transferase A α (1,3 N acetilgalactosaminil transferase), que adiciona o açúcar N acetil galactosamina e produz o antígeno A; e a transferase B (α1,3 galactosil transferase), que adiciona a galactose e produz o antígeno B num substrato precursor na membrana da hemácia, o antígeno H. O gene O não produz transferase ativa.

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A sequência de DNA do gene O é idêntica ao do gene A, exceto pela deleção (G‑261) na região N‑terminal, o que codifica uma proteína truncada.

O gene alelo A2 difere de A1 pela simples deleção de uma base na região C‑terminal, na posição 467, sendo o nucleotídeo T em A2 e C em A1 ; o gene A2 produz uma transferase A2 que tem uma atividade reduzida, quando comparada com a transferase A1.

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A diferença entre genes A e B são sete nucleotídeos no DNA, que resultam em quatro aminoácidos diferentes nas transferases A e B.

Sistema ABO

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É o mais importante e mais conhecido sistema de grupos sanguíneos. Em decorrência da presença de antígenos ABO na maioria dos tecidos do organismo, trata-se mais de um sistema de histocompatibilidade, do que simplesmente de um sistema de grupos sanguíneos.

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A atividade das glicosiltransferases dos antígenos A e B varia em diversos subgrupos do sistema ABO.

Sistema Rh

O sistema Rh é o mais complexo sistema de grupos sanguíneos. Depois do sistema ABO, é o de maior importância clínica.

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Descoberto em 1939, tornou-se o sistema de grupo sanguíneo com mais alto polimorfismo entre os marcadores conhecidos da membrana eritrocitária.

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Até o presente momento, 49 antígenos foram identificados no sistema Rh, e os estudos genéticos e bioquímicos têm sido caracterizados pelas controvérsias. O período de descoberta dos primeiros antígenos do sistema Rh (D, C, E, c, e)

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30 sistemas

As técnicas de hemaglutinação direta ou indireta permitiram o conhecimento dos grupos sanguíneos, sendo hoje relatados mais de 280 antígenos agrupados em 30 sistemas – notadamente o ABO, o Rh e o MNS, além de outros mais complexos.

Imuno-hematologia eritrocitária

A imuno-hematologia eritrocitária é uma ciência que estuda os grupos sanguíneos mediante a análise dos mais diversos antígenos eritrocitários e de seus correspondentes anticorpos séricos, estando diretamente relacionada a três disciplinas:

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• Imunologia: que identifica os antígenos eritrocitários e os distribui em sistemas, e que estuda, também, as imunizações provocadas por esses antígenos e os problemas imunológicos resultantes das reações antígeno–anticorpo;

• Genética: que estuda a transmissão hereditária dos grupos sanguíneos de acordo com as leis de Mendel;

• Bioquímica: que estuda os antígenos inseridos na membrana eritrocitária como estruturas reativas (lipídeos, proteínas, glicídios). As bases científicas da transfusão de sangue foram adquiridas somente no início do século XX.

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GRUPOS SANGUÍNEOS

Os seres humanos apresentam quatro grupos sanguíneos:

Grupo A: Possui um antígeno chamado aglutinogênio A;
Grupo B: Possui antígeno chamado aglutinogênio B;
Grupo AB: Possui os dois antígenos, aglutinogênio A e B;
Grupo O: Não possui nenhum dos dois antígenos.

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O gene A (ou IA) determina a formação do aglutinogênio A, o gene B (ou IB) determina a formação do aglutinogênio B, o gene O (ou i) não forma nenhum aglutinogênio e os genes A e B determinam a formação dos aglutinogênios A e B.

O plasma também possui anticorpos chamadas aglutininas são estas que causam os acidentes em transfusões, pois indivíduos do grupo A possuem aglutininas Anti-B, do grupo B possuem aglutininas Anti-A e os do grupo O possuem as duas aglutininas e os indivíduos AB não possuem nenhuma dessas substâncias (TABELA 1).

GENÓTIPOS GRUPO  AGLUTINOGÊNIO (nas hemácias)  AGLUTININA (no plasma) 
IA IA – IA i A  Aglutinogênio A Anti-B
IB IB – IB i B  Aglutinogênio B Anti-A
IA IB AB  Aglutinogênios AB Nenhuma
ii O  Sem aglutinogênio  Anti-a e anti-b

Testes

Para verificar a presença do grupo sanguíneo de um indivíduo, são feitos  testes, colocando uma gota de sangue do indivíduo a ser verificado nas extremidades de cada lâmina e adicionando soro contendo aglutinina Anti-A em uma das extremidades e o soro com aglutinina Anti-B no outro.

Assim, pode ser observada a  aglutinação de alguns grupos na presença do soro anti-A e/ou anti-B.

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30 sistemas de grupos sanguíneos

Os sistemas de grupos sanguíneos são caracterizados por antígenos na membrana eritrocitária, com características funcionais e polimórficas definidas.

Atualmente, já foram descritos 30 sistemas de grupos sanguíneos, de acordo com a ISBT (International Society for Blood Transfusion).

Medicina transfusional

Na medicina transfusional, a compatibilidade para o sistema ABO e para o antígeno D do sistema Rh é fundamental na prevenção de reações hemolíticas, embora seja desejável que outros antígenos sejam compatibilizados, especialmente C, c, E, e do sistema Rh, assim como os principais antígenos dos sistemas Kell, Kidd, Duffy e MNS.

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Rh e seus alelos

O fator Rh depende de um antígeno nas hemácias, édiferente dos aglutinogênios. O Rh+ é responsável pela presença de antígenos, e possui o alelo dominante D (ou Rd) e o Rh é responsável pela ausência do antígeno e possui alelo d (ou rh).

Quando em um casal, um indivíduo possui Rh– (negativo) possuindo alelo dd e o outro Rh+ (positivo)Dd há duas possibilidades, sendo 50% Dd (Rh+) e 50% dd (Rh).

Em casos em que a mãe possua Rh e o filho Rh+, as hemácias do filho passam para a circulação da mãe, durante a gravidez e, principalmente, durante o parto.

Doença hemolítica do recém-nascido (DHRN)

O organismo da mãe, então,  estimula a produção do anticorpo anti-Rh.  Por não ter uma produção rápida, o primeiro filho nascerá sem problemas, mas, em uma próxima gestação, os anticorpos concentrados no sangue da mãe, atravessam a placenta resultando na aglutinação das hemácias do feto.

A criança pode desenvolver uma doença chamada eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido (DHRN).

Essa doença nos casos mais graves pode levar à morte. Pode ser necessário submeter a criança à troca gradativa de seu sangue por sangue Rh.

Imunoglobulina anti-Rh

Outra forma de prevenção é a mãe Rh-,  logo após o parto, receber uma aplicação de imunoglobulina anti-Rh.

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Dessa forma, os anticorpos destroem as hemácias positivas deixadas pelo feto e a mãe que continuará sendo Rh– poderá novamente engravidar sem correr risco para o feto, mesmo ele sendo Rh+,pois será como se fosse a primeira gravidez.

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http://educacao.globo.com/biologia/assunto/hereditariedade/grupos-sanguineos.html

Anticorpos

Os anticorpos do Sistema ABO estão ausentes no nascimento e são detectáveis após os quatro meses de idade.

Uma das teorias propostas para seu aparecimento consiste na heteroimunização (flora bacteriana intestinal, anatoxinas diftéricas ou tetânicas, soroterapia antitetânica, medicamentos de origem animal, vacina antigripal, infecção por Toxocara canis etc.).

A gravidez ABO incompatível, assim como a transfusão incompatível, pode determinar a aloimunização eritrocitária e o aparecimento das imunoglobulinas da classe IgG.

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Os anticorpos ABO são potentes IgM ou IgG e determinam forte aglutinação direta com hemácias A ou B. São capazes ainda de ativar a cascata de complemento até C9, portanto, levando a hemólise aguda intravascular.

São extremamente importantes do ponto de vista transfusional, estando relacionados à reação transfusional grave.

Estão também envolvidos em casos de Doença Hemolítica Perinatal, porém, em geral, de forma clínica moderada, levando a icterícia leve. Anti‑A: ocorre naturalmente no soro de todos os indivíduos do Grupo B. Anti‑B: ocorre naturalmente no soro de todos os indivíduos do Grupo A. Anti‑AB: ocorre naturalmente no soro de todos os indivíduos do Grupo O. Anti‑A1: pode ocorrer naturalmente nos indivíduos A2 , quase sempre é uma aglutinina fria, tipo IgM, encontrada em cerca de 1% a 4% dos indivíduos A2 e em 25% dos indivíduos A2 B.

Geralmente não está associada a reação hemolítica transfusional ou doença hemolítica perinatal. Na presença de anti‑A1 , só é necessário selecionar hemácias A2 para transfusão se o anticorpo reagir a 37 o C.

Estudo derruba teoria da dieta do tipo sanguíneo

Ficou provado que a maneira de um indivíduo reagir a qualquer uma das dietas não tem qualquer relação com o seu tipo de sangue.

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, com 1.455 pessoas, mostra que a teoria da conhecida dieta do tipo sanguíneo – que afirma que necessidades nutricionais de um indivíduo variam de acordo com tipo de sangue – não é válida.

Segundo o coordenador do estudo, Ahmed El-Sohemy, professor associado e diretor de pesquisa em nutrigenômica da Universidade de Toronto, “não foi encontrada nenhuma evidência que apoie a teoria da dieta do tipo sanguíneo”.

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O estudo concluiu que a maneira de um indivíduo reagir a qualquer uma das dietas não tem qualquer relação com o seu tipo de sangue, mas sim com a sua capacidade de manter uma alimentação sensivelmente vegetariana ou pobre em carboidratos.

A dieta do tipo sanguíneo se tornou popular com o livro “Eat Right for Your Type”, de Peter D’Adamo.

A teoria por trás da dieta é que há alimentos que estimulam a perda de peso dependendo do tipo de sangue da pessoa. E prometia uma perda de até 6kg em um mês. Segundo a dieta, pessoas do grupo sanguíneo O, por exemplo, tinham dificuldade em digerir lactose do leite e seus derivados.

Os do grupo A deveriam evitar carne vermelha. Para o tipo sanguíneo B, o vilão era o frango e para o AB poucos tipos de carnes eram tolerados.

O livro se tornou um best-seller pelo New York Times, foi traduzido para 52 idiomas e vendeu mais de 7 milhões de cópias.

“- Tem gente que busca o milagre do emagrecimento. E os argumentos dessas dietas famosas, como a do tipo sanguíneo, Beverly Hills, são inteligentes e conquistam essas pessoas. Mas sabemos que o que funciona mesmo é uma dieta em que se coma menos calorias do que se gasta. Este estudo é interessante porque prova que esta dieta do tipo sanguíneo é uma bobagem, sem fundamento – afirma o endocrinologista Alfredo Halpern, professor de Endocrinologia da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo o coordenador, cada participante teve a sua dieta habitual avaliada usando um questionário de frequência alimentar. As dietas foram calculadas e pontuadas para determinar a aderência em relação a cada uma das dietas do tipo sanguíneo recomendadas, utilizando uma lista de alimentos para consumir ou evitar, de acordo com cada tipo sanguíneo.

Os efeitos à saúde foram avaliados pelos fatores de risco cardiometabólico (pressão arterial, insulina, colesterol e triglicérides). Os pacientes, que não eram obesos nem estavam em sobrepeso, foram avaliados durante um mês.

De acordo com o pesquisador, seria esperada a perda de peso naqueles que seguissem as dietas do tipo A ou AB.

“- No entanto, pessoas com sangue tipo O tiveram o mesmo benefício. Os resultados mostram claramente que algumas das dietas do tipo sanguíneo podem ser boas para uma pessoa, mas não tem nada a ver com o seu tipo de sangue. Não é uma novidade que essas dietas sejam benéficas, já que geralmente são dietas saudáveis, por exemplo, dietas vegetarianas ou pobres em alimentos processados. A teoria de que as pessoas com diferentes tipos de sangue devem comer diferentes alimentos agora foi provada ser falsa” – disse ao GLOBO o pesquisador.

“- O estudo desmistifica a tal dieta do grupo sanguíneo e mostra mais uma vez que hábitos saudáveis estão associados com menor risco cardiovascular. Faltou apenas mostrar resultados na perda de peso – avalia o endocrinologista Marcos Tambascia, chefe do serviço de Endocrinologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).”

http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/estudo-derruba-teoria-da-dieta-do-tipo-sanguineo-11369195