A arte de contar histórias (ao alcance de todos)

Contar histórias é uma das formas de comunicação mais antigas que existem. Mas, apesar do avanço da tecnologia, continua sendo uma das formas mais eficientes de promover a aprendizagem, a reflexão, a descoberta e também um meio de conectar as pessoas.

Além de acalmar a gestante, o feto já é capaz de ouvir e perceber pela audição (que já está apta a partir do quinto mês de vida intrauterina) a entonação da mãe, a cadência das palavras e o ritmo que ela fala.

Através dos sons das palavras, circuitos neurais são construídos. Hoje, sabemos que a aprendizagem começa antes mesmo de nascermos.

Especialistas garantem que essa arte pode se iniciar durante a gestação.

Cada faixa etária necessita de estratégias para captar a atenção e motivar a criança em participar da história. Seguem algumas dicas:

  1. A história exige concentração, portanto procure um lugar acolhedor e silencioso para que a criança possa estar voltada ao que você for apresentar. Desligue o celular e dedique este tempo exclusivo para seu filho. Observe também os melhores horários para contar história para seu filho. Depois do jantar, no final da tarde, na hora de dormir. Teste e observe quais os momentos melhores para a contação de histórias.
  2. Com bebês até 8 meses, utilize livros resistentes, livros de banho. Procure criar um texto de acordo com as figuras que aparecem no livro. Ex: Olhe o gatinho. Ele está na caixa. Vamos fazer carinho no gatinho? O gatinho faz: MIAU. Cante canções dos personagens que aparecem também. Ex: “Borboletinha está na cozinha” (canção folclórica), quando aparecer uma borboleta.
  3. A partir dos 8 meses, a criança provavelmente já senta sem apoio, já está refinando sua coordenação e suas emoções também costuma estar mais evidentes. Livros com texturas são muito interessantes nesta idade, porém os textos devem ser bem curto, com objetos e fatos que pertençam ao cotidiano da criança.
  4. Animais estão entre os temas prediletos. Retrate o ambiente sonoro da cena. Você pode imitar os sons dos personagens, cantar uma música que represente a cena, representar cada personagem através de um instrumento musical, enfim, use sua criatividade! De forma gradual, através destas atividades, serão estabelecidas as conexões cerebrais que relacionam as palavras com o objeto, desenvolvendo a imaginação, memória, além de introduzi-lo no convívio social. A criança nessa fase, ainda não entende muito bem a estrutura de sequência. Procure dar ênfase na leitura das imagens, porém contando a história de forma sucinta com começo, meio e fim.
  5. A partir dos 2 anos, as histórias continuam curtas, porém podemos dar mais ênfase à sequência dos fatos. Pois nessa faixa etária, as crianças começam a demonstrar mais concentração. Utilize figuras grandes com textos pequenos e traga histórias que trabalhem situações que a criança possa estar vivenciando (o desfralde, por exemplo). Converse com ela durante a história e pergunte o que ela acha que vai acontecer. Faça algumas pausas. Capriche na expressão facial. Criança adora surpresa e suspense.
  6. A partir dos 3 anos e até um pouco antes disso, a criança já apresenta o interesse pelas brincadeiras de faz-de–conta e demonstra a capacidade de representar coisas ou situações não presentes. O pequeno naturalmente começa a imitar ações rotineiras, depois ações de pessoas próximas. E através dessas brincadeiras, expõem seus sentimentos, frustrações e vontades. É interessante notar como a evolução das histórias, da brincadeira e da linguagem caminham juntas. Uma auxilia no desenvolvimento da outra. As  famílias podem trazer bonecos, objetos, elementos diversos para dramatizar histórias como a “Linda Rosa Juvenil”, por exemplo. Depois, a criança pode dramatizar com os fantoches para os adultos.

Dramatizando, a criança se expressa com a linguagem verbal, gestual e facial, tornando a atividade mais complexa e desafiadora, além de iniciar a aprendizagem de normas sociais, pois é necessário esperar sua vez para interagir conforme a história vai acontecendo. Enfim, existem muitas possibilidades para estimular o desenvolvimento de seu filho de uma forma divertida. É necessário, porém, disposição, muita pesquisa, paciência e organização para o preparo das atividades.

A partir dessa fase, é importante também que o adulto compartilhe com a criança, fatos que vivenciou compartilhar experiências e deixar que a criança também conte suas próprias histórias.

Ouvir ativamente, respeitando o tempo do outro, cria laços afetivos profundos.images12Nossa história também é uma narrativa e é muito importante este dialogo entre pais e filhos. Relate suas experiências com o objetivo de estabelecer vínculos pessoais.

Conte-a com afeto e coloque seu coração nela. Conte uma história em vez de apenas descrever fatos. Dessa forma, você poderá transmitir seu ponto de vista de uma forma muito mais impactante para a criança.

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Conforme a criança for crescendo, procure incentivá-la a contar e ler histórias pra você e diversifique os temas dos livros, deixe que ela escolha também (de acordo com sua orientação) para que ela possa ampliar seu vocabulário e no futuro tenha maior compreensão para o entendimento nas diversas áreas de conhecimento.

Ensine-a também a cuidar do livro e tratá-lo com respeito.

Outros recursos importantes:

Quanto menor é a criança, mais importantes são os recursos visuais, sejam fantoches, dedoches, bichinhos de pelúcia etc. A criança bem pequena, ainda está construindo seu repertório de imagens. Por serem concretos, esses objetos promovem uma maior interação da criança com a história proposta.

Caixas surpresas com os objetos que aparecem na história são muito interessantes e criam momentos de suspense e mais emoção à história, contribuindo também para que a criança memorize a sequência dos fatos da narrativa.

Conte histórias que você goste que te faça se sentir confortável e entusiasmado. Escolha narrativas na qual você se identifique de alguma forma.

Não se esqueça da expressão gestual. Já dizia o famoso historiador e antropólogo Luis da Câmara Cascudo: “Com as mãos amarradas não há criatura vivente para contar uma história”.

Seja expressivo tanto nos gestos, quanto na sua expressão vocal ao contar histórias para as crianças. Tente imaginar a situação, como é a vida e o sentimento deste personagem e dramatize, para que a criança se envolva, possa entender e a narrativa faça ainda mais sentido.

Os benefícios para a criança que tem o privilégio de ter pais contadores de histórias são muitos.

Momentos de afetividade, desenvolvimento na inteligência emocional e cognitiva da criança, ampliação de vocabulário e imaginação, etc. Histórias ficam na memória e quando mexem com nossa emoção (seja positiva ou negativa), jamais são esquecidas.

Que tal transformar a partir de hoje o momento da história, em uma rotina na sua família?images10

Assim, seu filho associará o prazer da sua companhia ao prazer de ler e ouvir histórias e certamente aumentará seu interesse pelos livros e pela leitura também, o que é maravilhoso, pois quanto mais lemos, mais recebemos conhecimento.

Certamente, melhores laços familiares serão criados e fortalecidos em meio a um ambiente de afeto, deixando memórias positivas e preciosas entre vocês.

O universo é feito de histórias. Conte uma boa história!

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