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Desenvolvimento

Disquesia

Etimologia (origem da palavra): Do grego dys + chézein, defecar + ia. Dificuldade para defecar, para expelir os excrementos.

Existem “doenças” que não costumam apresentar alterações orgânicas. Entre elas, estão os chamados distúrbios funcionais do trato gastrointestinal, definidos como combinações variáveis de sintomas crônicos ou recorrentes do aparelho digestório, não explicados por anormalidades estruturais ou bioquímicas.

Na prática pediátrica, esses transtornos são frequentes. Em determinados casos é necessária a investigação clínica e laboratorial. Sendo a criança um ser em desenvolvimento, alguns distúrbios são próprios de determinada faixa etária.

Assim, a regurgitação, disquesia e diarreia funcional podem ocorrem nas crianças pequenas. Enquanto a retenção de fezes pela não aquisição da função motora normal (esfincteriana), nas maiores.

Por outro lado, a caracterização de certos distúrbios depende da maturidade cognitiva, ou seja, a criança deve ter idade adequada para reconhecer e expressar seus sintomas. Assim, a dispepsia funcional, a síndrome do intestino irritável e a dor abdominal funcional são definidas com critérios semelhantes aos dos adultos.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) acrescenta:

Meu filho só mama no peito e quando quer fazer cocô chora e faz muita força, mesmo com as fezes moles. Isso é normal?

Nos primeiros meses de vida, bebê que só mama no peito pode evacuar fezes amolecidas a cada mamada, como ficar até 7 dias sem evacuar. Tudo isso pode ser normal.

Ele pode também, quando sentir vontade de fazer cocô, fazer muita força, ficar vermelho, chorar, gemer, levar até 20 minutos para conseguir evacuar, mesmo com as fezes moles. Isso tem nome científico: DISQUESIA.

Não se considera doença

Pode acontecer em bebês que mamam só leite materno ou também nos que usam outro leite, e não é doença. O bebê não nasce pronto. Vai se desenvolvendo aos poucos, com o tempo.

O sistema digestivo também é assim: a criança precisa saber coordenar a vontade de evacuar com o relaxamento da musculatura pélvica e a abertura do esfíncter anal para conseguir eliminar as fezes. Com o tempo ela aprende a fazer isso.

O que fazer nestes casos?

Seu bebê vai crescer, se desenvolver, amadurecer e aprender. A disquesia costuma passar sozinha e ele vai fazer cocô normalmente, sem sofrimento. Nem para ele, nem para você.

A SBP apresenta 4 dicas que as famílias podem adotar nesses casos:

  1. Não se desespere, mesmo que pareça que o seu bebê esteja sofrendo muito. Com o seu instinto, tente consolá-lo com afagos e carinhos. Dobrar as pernas do bebê sobre a barriga dele pode ajudar.
  2. Isso não é prisão de ventre. Sendo assim, não medique com remédios laxantes.
  3. Antes dos 6 meses evite iniciar qualquer outro alimento por conta própria (sucos, frutas laxantes, chás e outros leites), principalmente se o bebê estiver em aleitamento materno exclusivo.
  4. Estimular o ânus (com supositório e outros agentes) pode “dar certo” num primeiro momento. Mas a criança pode se acostumar a evacuar somente se receber esses estímulos. E isso não é bom.

E lembre-se: em qualquer caso de dúvida, fale sempre com seu (sua) pediatra!

Fontes:

http://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/nutricao/disquesia/

COSTA, C.D. Distúrbios Funcionais do Trato Gastrointestinal. Disponível em: file:///C:/Users/fcrbr_000/Downloads/338-43145-1-PB.pdf Acesso em 09 mar. 2019

Hipotireoidismo

hipotireoidismo é uma disfunção na tireoide (glândula que regula importantes órgãos do organismo).

Caracteriza-se pela queda na produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina).

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É mais comum em mulheres, mas pode acometer qualquer pessoa, independente de gênero ou idade, até mesmo recém-nascidos – o chamado hipotireoidismo congênito.

A seguir 13 informações simples sobre o que é importante saber sobre hipotireoidismo:

1. Em recém-nascidos, o hipotireoidismo pode ser diagnosticado através da triagem neonatal, pelo “Teste do Pezinho”.

2. O Teste do Pezinho deve ser feito, preferencialmente, entre o terceiro e o sétimo dia de vida do bebê.

Em caso de resposta positiva ao hipotireoidismo congênito, o tratamento precisa ser iniciado imediatamente, sob rigoroso controle médico, para evitar suas consequências, entre elas o retardo mental. Assim, o bebê poderá ficar curado e ter uma vida normal.

3. Cerca de um a cada 4 mil recém-nascidos apresenta hipotireoidismo congênito.

4. Em adultos, na maioria das vezes, o hipotireoidismo é causado por uma inflamação denominada Tireoidite de Hashimoto.

5. O tratamento do hipotireoidismo é feito com o uso diário de levotiroxina, na quantidade prescrita pelo médico.

Os comprimidos são produzidos em microgramas, variando de 25 a 200 mcg, e não em miligramas (mg) como a maioria dos medicamentos. Por isso, a levotiroxina não deve ser manipulada, pois há maior risco de erro (dosagem, biodisponibilidade etc.).

6. Para reproduzir o funcionamento normal da tireoide, a levotiroxina deve ser tomada todos os dias, em jejum (no mínimo meia hora antes do café da manhã), para que a ingestão de alimentos não diminua a sua absorção pelo intestino.

Outros medicamentos devem ser ingeridos pelo menos uma hora após a levotiroxina, para não atrapalhar a absorção da mesma.

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7. Se estiver utilizando a medicação regularmente, e dessa forma mantendo os níveis de TSH dentro dos valores normais, quem tem hipotireoidismo pode levar uma vida saudável, feliz e completamente normal.

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8. Se o hipotireoidismo não for corretamente tratado, pode acarretar alterações das condições  físicas e mentais, além de elevar os níveis de colesterol, que aumentam os riscos de problemas cardiovasculares, entre outros.

9. Depressão, desaceleração dos batimentos cardíacos, intestino preso, menstruação irregular, falhas de memória, cansaço excessivo, dores musculares, pele seca, queda de cabelo, ganho de peso e aumento de colesterol no sangue estão entre os sintomas do hipotireoidismo.

10. Não se deve confundir hipotireoidismo com hipertireoidismo, pois as disfunções são praticamente opostas. Enquanto no “hipo” existe a diminuição da produção de hormônios, no “hiper“, há o aumento.

11. Existem casos de  hipotireoidismo subclínico, o que torna ainda mais importante a rotina de consultar seu médico assistente.

12. Saiba um pouco mais sobre o  hipotireoidismo.

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http://www.endocrino.org.br/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-hipotireoidismo/

13. Exames de imagem da tireoide podem ser carcinogênicos?

Orientações: Tireoide, Mamografia e Raio-x

Atualmente circula na internet um vídeo associando o aumento do câncer de tireoide em mulheres aos exames de mamografias e raios-x dentários, além de questionar a não utilização de protetores nesses casos.

Devido à repercussão do assunto, o Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) esclareceu a questão:

Não há comprovação científica que demonstre relação entre os dois exames e o crescimento do câncer de tireoide.

Os endocrinologistas afirmam que, embora alguns estudos tenham sugerido um risco maior de desenvolvimento de câncer de tireoide em pacientes submetidos a tomografias, a mamografias e até mesmo a RX dentários, ainda não existe comprovação de causa-efeito, ou seja, não se pode afirmar que a exposição à radiação ionizante foi a causa de câncer de tireoide em qualquer paciente que tenha sido submetido a tais procedimentos radiológicos.

No entanto,  precauções, incluindo o uso de protetores cervicais e a indicação médica e odontológica criteriosa, podem ser tomadas, especialmente em crianças, que são mais suscetíveis ao efeito da radiação ionizante.

A indicação do uso de protetores é de competência do médico radiologista.

A SBEM reitera a posição do Colégio Brasileiro de Radiologia, da Sociedade Brasileira de Mastologia e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia de “não recomendar o uso do protetor de tireoide em exames de mamografia”.

http://www.tireoide.org.br/orientacao-tireoide-mamografia-e-raio-x/

Translucência nucal


O exame verifica a quantidade de líquido acumulado na nuca do feto, essa medida indica se há possibilidade de algum problema ou não

Há alguns exames feitos por especialistas durante a gestação que podem dizer se está ou não tudo bem com o bebê em desenvolvimento. Um desses exames é a Translucência Nucal (TN).

A Translucência Nucal é medida durante a ultrassonografia realizada entre a 11a e 13a semana gestacional. A ultrassonografia geralmente é abdominal, mas se a medida não for possível, pode ser necessária a realização da ultrassonografia transvaginal.

Se houver um acúmulo excessivo de líquido na região da nuca do feto, aumenta o risco do bebê ter uma alteração cromossômica, malformações ou alguma síndrome genética.

Vale ressaltar que a TN não faz o diagnóstico, isto é, não oferece certeza absoluta, mas revela um risco grande daquele feto que está com acúmulo de líquido na região da nuca apresentar alguma alteração.

Fazer um diagnóstico de alguma alteração precoce é fundamental para a realização de um tratamento precoce.

Síndrome de Down

A mais conhecida das alterações cromossômicas é a Síndrome de Down. Além da TN, a idade materna e a história anterior na família de alteração cromossômica são importantes para calcular os riscos.

Para se ter certeza do diagnóstico de Síndrome de Down é preciso realizar outros exames como o estudo de cariótipo fetal (aminiocentese).

Dos fetos que apresentam a TN aumentada e o cariótipo normal, há riscos  de malformações do coração, síndromes genéticas ou mesmo o não desenvolvimento pleno do feto resultando em abortos espontâneos ou morte intrauterina.

Se a mãe tiver 25 anos, o risco inicial é de 1/430. Isto é, a cada 430 gestantes, 1 poderá ter um filho com anomalia cromossômica. Caso tenha 35 anos, o risco sobe para 1/125.

Mas esse número pode aumentar ou diminuir de acordo com os fatores já mencionados, entre os quais a idade da mulher e a história na família de alterações (risco ajustado ou individual).

Como é um exame simples e não invasivo, ou seja, não há risco para mamãe e nem para bebê, esse exame deve ser realizado rotineiramente no pré-natal.

A partir do cálculo desse risco deve-se então verificar a necessidade de se realizar exames mais invasivos para se ter a certeza do diagnóstico, possibilitando tratamento mais específico e o aconselhamento genético para o casal sobre as possíveis anomalias do seu bebê.

Dicas

  • A Translucência Nucal também proporciona verificar com mais precisão a idade gestacional da mulher, facilitando o acompanhamento do crescimento fetal.
  • Caso a TN estiver aumentada, não tenha medo e pergunte tudo o que lhe passar pela cabeça na consulta médica.
  • Quanto mais conhecer o seu bebê, melhor você vai poder cuidar da maior preciosidade que você carrega.

http://guiadobebe.uol.com.br/translucencia-nucal/

Saiba mais

Evolução perinatal e pediátrica de crianças com translucência nucal aumentada e cariótipo normal

Lívia Adriano VieiraI; Sônia Valadares Lemos SilvaII; Roberto Buenfil de FariaIII; Umberto Gazi LippiIII; Reginaldo Guedes Coelho LopesI

IServiço de Ginecologia e Obstetrícia, Hospital do Servidor Público Estadual “Francisco Morato de Oliveira” – HSPE-FMO – São Paulo (SP), Brasil
IISetor de Medicina Fetal do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Hospital do Servidor Público Estadual “Francisco Morato de Oliveira” – HSPE-FMO – São Paulo (SP), Brasil
IIISetor de Obstetrícia do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Hospital do Servidor Público Estadual “Francisco Morato de Oliveira” – HSPE-FMO – São Paulo (SP), Brasil.

Introdução 

A partir do início da década de 1990, vários trabalhos associaram a presença de uma quantidade anormal de fluido na região da nuca fetal, no primeiro trimestre da gestação [translucência nucal (TN) aumentada], com um aumento do risco de cromossomopatias1-8.

Diferentes mecanismos fisiopatológicos foram propostos para explicar uma TN aumentada no fim do primeiro trimestre da gestação, entre eles as disfunções cardíacas, as anormalidades na matriz extracelular, o desenvolvimento anormal do sistema linfático, as limitações dos movimentos fetais, a anemia fetal ou a hipoproteinemia e as infecções fetais5,9,10.

Posteriormente, a medida da TN no primeiro trimestre da gestação passou a ser utilizada como método de rastreamento para cromossomopatias, podendo identificar cerca de 80% dos fetos acometidos para um falso positivo de 5%6-8,11.

Quando utilizada juntamente com a idade materna e marcadores bioquímicos do primeiro trimestre, tem uma sensibilidade de 90%, passando a 95% quando acrescida da avaliação do osso próprio do nariz, para um falso positivo de 5%12-14.

A TN está aumentada em cerca de 4,5% dos fetos cromossomicamente normais15, os quais permanecem, porém, com risco elevado de defeitos estruturais, principalmente cardíacos, e resultados gestacionais adversos, como abortamento, óbito fetal ou neonatal, síndromes genéticas e atraso no desenvolvimento neurológico16-22.

Em um estudo com 179 fetos com o cariótipo normal e a TN acima do percentil 99, foram encontradas, entre os 162 nascidos vivos acompanhados até os 2 anos de idade, alterações em 11%, sendo metade com defeitos cardíacos23-25.

Outro estudo que analisou 451 fetos com o cariótipo normal e a TN acima do percentil 95 (P95) detectou 19% de resultados adversos18. Em 834 fetos com a TN >3,0 mm em parte deles e acima do P95 na parte restante, encontrou-se 11% de resultados adversos20.

Uma recente revisão sistemática observou que 44% dos fetos com cariótipo normal e defeitos cardíacos congênitos tinham a TN acima do percentil 95 e 20%, acima do percentil 9923. Em fetos euploides, quanto maior a TN, maior a probabilidade de resultados adversos perinatal, variando de 8% nos casos de TN no P95-3,4 mm a 80% nos casos de TN >6,5 mm18. O número de anormalidades relacionadas ao aumento da TN não é conhecido. Entretanto, grande parte dos fetos com TN aumentada se mostram neonatos saudáveis26. Portanto, TN aumentada não significa necessariamente anormalidade fetal e, sim, risco aumentado para tal.

Alguns autores têm relacionado casos de TN aumentada com déficit no desenvolvimento neurológico pós-natal16,27,28, mas em uma revisão recente, os autores concluíram que em fetos com TN aumentada, cariótipo normal e exame ecográfico morfológico normal, o risco de déficit no desenvolvimento neurológico pós-natal não é superior ao da população geral29.

O presente estudo tem como objetivo a avaliação pré e pós-natal dos casos com TN aumentada e cariótipo normal em um serviço terciário da região sudeste do Brasil, visando ao aconselhamento dos casais a respeito do resultado do exame.

Métodos

Foi realizado um estudo retrospectivo no setor de medicina fetal do serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital do Servidor Público Estadual “Francisco Morato de Oliveira” (HSPE-FMO) durante o período compreendido entre janeiro de 2005 e dezembro de 2011. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição.

Durante esse período, as gestantes da população geral foram submetidas à avaliação ultrassonográfica de rotina para o rastreamento de aneuploidias entre a 10ª e a 14ª semanas, e a TN foi medida seguindo as normas recomendadas pela Fetal Medicine Foundation (FMF), de Londres (www.fetalmedicine.com), quando o comprimento cabeça-nádega fetal (CCN) encontrava-se entre 45-84 mm.

A TN aumentada foi definida como uma medida acima do percentil 95 para o CCN, segundo a curva de Wright et al30. Após o cálculo do risco ajustado (idade materna, CCN e TN), quando ele se encontrava <1:100, foi oferecida a pesquisa citogenética à paciente. Esta foi realizada nos casos com consentimento pela biópsia de vilo corial (até a 14ª semana) ou amniocentese (após a 16ª semana).

Um exame ultrassonográfico foi realizado pela via transabdominal (transdutor multifrequencial de 3,0-6,0 Mhz, Toshiba Xario, Toshiba medical do Brasil), e por meio de um corte sagital do feto, foi medido o CCN e a espessura máxima da TN.

Nos casos com TN aumentada, as pacientes foram encaminhadas para a realização de ecocardiografia fetal, exame morfológico entre a 20ª e a 24ª semana, e nova avaliação morfológica no terceiro trimestre (entre a 28ª e a 34ª semana).

Os resultados pós-natal foram obtidos pela análise dos prontuários e/ou por contatos telefônicos. No nascimento, foram analisados a idade gestacional, o peso, o comprimento e o índice de Apgar no primeiro e quinto minutos.

O seguimento pós-natal de rotina foi realizado pelo pediatra e teve como objetivo avaliar o crescimento pós-natal, habilidades psicomotoras e da fala, bem como a interação com a criança. Características associadas a síndromes genéticas foram também investigadas. O acompanhamento variou de seis meses a sete anos, e os seus dados foram obtidos por meio da análise dos prontuários.

A avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor se deu por intermédio do AgesandStages Questionnaire (ASQ), que foi respondido pelas mães por contato telefônico. O ASQ foi desenvolvido em 1980 como uma ferramenta de triagem para ser respondida pelos pais com o objetivo de detecção precoce dos problemas de desenvolvimento infantil.

Ele consiste em uma série de 19 questionários que compreendem o período de desenvolvimento entre 4 meses e 5 anos de idade. Cada questionário contém um conjunto de 30 perguntas que representam 5 domínios: comunicação, atividades motoras grossas e finas, resolução de problemas e habilidades sociais31. Em 27 crianças (64%) foi realizada ecocardiografia pós-natal.

Para a comparação entre proporções, fez-se uso do teste χ2 ou teste exato de Fisher, e, para a comparação entre as médias, foi utilizado o teste t de Student ou o teste não-paramétrico de Mann-Whitney. O nível de significância utilizado para os testes foi de 5%.

Resultados

Das 3.014 pacientes que foram submetidas à avaliação ultrassonográfica de rotina para o rastreamento de aneuploidias entre a 10ª e a 14ª semanas, a idade materna variou de 14 a 47 anos, com média de 32 anos, e o CCN variou de 45 a 84 mm, com média de 64 mm, correspondendo a 12 semanas e 5 dias de gestação (variação de 10 a 14 semanas). Dessa amostra, 116 pacientes apresentavam a TN acima do P95 (3,8%). Em 79 delas, o cariótipo era conhecido. Destas, 43 (54,4%) apresentavam cariótipo normal e 36 (45,6%) alterado.

Entre os cariótipos alterados, observaram-se 14 casos de trissomia do cromossomo 21, 9 de trissomia do 18; 3 de trissomia do 13; 2 casos de monossomia X; 2 casos de 47XXX e um caso de cada das seguintes: 1 de mosaico do 18, 69XXX, 45XY,der(13;14)(q10;q10), 1 caso de 46XY,13 ps+pstk+, 46XY,del(6)(q25) e 46XY,9ph[14]. Destes, 89% apresentavam a TN >3 mm (Tabela 1).

A média de idade das pacientes com TN aumentada foi de 33 anos (variação de 18 a 45 anos e desvio padrão (DP) =7 anos), sendo 32 anos no grupo com cariótipo normal (variação de 19 a 43 anos, DP=6 anos) e 35 anos no grupo com cariótipo alterado (variação de 17 a 46 anos, DP=8 anos). Pelo teste t de Student, observou-se que os grupos não diferem em relação à idade (p=0,14).

A média das medidas das 116 TN aumentadas foi de 3,8 mm (variação de 2,2 a 17,1 e DP=2,0), sendo 5,5 mm (variação de 2,0 a 16,0 mm e DP=3,7) no grupo com cariótipo alterado e 3,5 mm (variação de 2,3 a 8,1 mm e DP=1,4) no grupo com cariótipo normal. Pelo teste não-paramétrico de Mann-Whitney, observou-se que os grupos diferem em relação ao valor da TN (p<0,05). O grupo com cariótipo alterado apresenta maior valor de TN do que o grupo com cariótipo normal.

Dos casos com cariótipo normal, 97,7% (42/43) foram submetidos à ultrassonografia de segundo trimestre, e somente um caso não participou devido a abortamento espontâneo na 15ª semana de gravidez. Dos 42 casos restantes, em 73,8% (31/42) foram registrados achados normais e em 26,2% (11/42) foram achados ultrassonográficos anormais (Tabela 2). Entre os 11 casos com alteração morfológica, 45,4% deles (5/11) foram malformações maiores detectadas no período pré ou pós-natal, dos quais 80% (4/5) cardíacas.

Em todos os 42 casos, realizou-se ecocardiografia fetal pré ou pós-natal. Destes, 90,4% foram normais (38/42) e 9,5% (4/42) apresentaram alterações: 2 casos de comunicação interventricular (CIV), 1 ventrículo único e 1 de associação de persistência do canal atrial (PCA) com comunicação interatrial (CIA).

A evolução completa da gestação foi conhecida em todos os casos com cariótipo normal. Dos 72% dos casos (31/43) com exame morfológico-ecocardiográfico normal, 93,5% (29/31) resultaram em nascidos vivos e bem.

Os outros 6,5% (2/31) tiveram desfechos desfavoráveis, dos quais 2 casos apresentavam associação entre alteração no neurodesenvolvimento e defeitos estruturais. Já nos 28% dos casos com exame morfológico-ecocardiográfico alterado (12/43), 66,7% (8/12) resultaram em nascidos vivos e bem e 33,3% (4/12) em desfechos desfavoráveis, sendo 1 caso de abortamento com 15 semanas de gestação (pentalogia de Cantrel), 1 óbito intrauterino com 24 semanas gestacionais (múltiplas malformações na ultrassonografia de primeiro trimestre), 1 óbito neonatal com 27 dias de vida (sem causa conhecida) e 1 caso de CIV.

Todos os 40 sobreviventes tiveram seguimento pós-natal. O tempo médio de acompanhamento foi de 39,7 meses (variação de 6 a 70 meses e DP=18,8). A média da idade gestacional no nascimento foi 38,5 semanas (variação de 33 a 42 semanas e DP=2,0). A média dos valores de Apgar no 1º e 5º minutos foram, respectivamente, 8 (variação de 2 a 9 min e DP=1,4) e 9 (variação de 7 a 10 min e DP=0,8). A média dos pesos ao nascer foi de 3.166 gramas (variação de 1.810 a 4.290 g e DP=509,5), e a média das estaturas ao nascer foi de 47 cm (variação de 41 a 53 cm e DP=3,1).

Alterações do neurodesenvolvimento foram notadas em 5% dos casos (2/40). Uma criança apresentou atraso no desenvolvimento da fala (que normalizou aos três anos de idade), e uma teve quadro de autismo, ambos diagnosticados aos dois anos de idade. Os demais casos resultaram em desenvolvimento neurológico normal.

A probabilidade de uma gestação com TN aumentada resultar em cariótipo normal é de 68,8% quando o valor da TN está entre o P95 e 2,9 mm; de 66,6% quando está entre 3,0 e 3,9 mm; de 37,5% quando está entre 4,0 e 4,9 mm e de 28,5% se o valor for >5,0 mm. No grupo com cariótipo normal, a probabilidade do exame morfológico-ecocardiográfico ser normal varia de 83,3% quando a TN está entre 3,0 e 3,9 mm a 50% quando a TN está >5,0 mm. Já nos casos nos quais tanto o -cariótipo quanto o exame morfológico-ecocardiográfico são normais, a probabilidade dessa gestação resultar em um recém-nascido vivo e bem chega próximo a 100% (Tabela 3).

Observou-se que quanto maior a TN, maior a razão de probabilidade estimada de cariótipo alterado, sendo 1,1 (p=0,880) no intervalo de TN de 3,0 a 3,9 mm; 3,7 (p=0,115) no intervalo de 4,0 a 4,9 mm e 5,5 (p=0,006) quando a TN é > 5,0 mm, sendo significante nesse caso.

Discussão

O presente estudo reforça a forte associação existente entre TN aumentada entre 10 a 14 semanas e cromossomopatias. Cerca de 45% dos casos estudados apresentaram anormalidades cromossômicas, o que está de acordo com Senat et al.32, embora haja divergência na literatura6,17-20,33.

Essa diferença pode ser explicada pelos diferentes pontos de corte utilizados na classificação de TN aumentada e no fato de que neste estudo as pacientes que optaram pela pesquisa do cariótipo fetal apresentavam a TN em um valor mais elevado (média 5,5).

Aproximadamente 4% das pacientes rastreadas para aneuploidias no primeiro trimestre apresentaram TN acima do P95, o que foi concordante com outros estudos17,33, porém discordante de Bilardo et al.29, que encontraram 8,6% de TN acima desse percentil. Essa diferença poderia ser explicada pela média de idade mais elevada das pacientes nesse grupo.

Nos casos com cariótipo normal, este estudo confirma a relação entre TN aumentada e anomalias estruturais, principalmente cardíacas e resultados adversos, como abortamento, perda fetal e neonatal.

As anomalias estruturais foram detectadas em 9,5% dos fetos, estando de acordo com outros estudos18-20,33, sendo que 80% delas eram cardíacas. A literatura mostra a predominância de alterações cardíacas entre as anomalias estruturais6,17-20,24,25,34.

Um importante estudo de revisão mostra que a prevalência de anormalidades fetais maiores na população com TN normal é de 1,6%, havendo uma elevação exponencial com o aumento da TN, sendo 1,5 vezes maior em casos de TN entre os percentis 95 e 99 (2,5%) e quase 30 vezes maior em TN >6,5 mm (46,2%)16.

Em relação às perdas fetais, o presente estudo apresentou 4,6%, taxa bem superior à encontrada na população com cariótipo e TN normal (1,3%)16.

Uma revisão recente mostra aumento da taxa de perda fetal e redução da sobrevida com o aumento do valor da TN. Quando a TN encontra-se no intervalo de P95 a 99, a taxa de perda fetal é de 1,3% e a de RN sem alterações é de 97%. Contudo, quando a TN encontra-se >6,5 mm, a taxa de perda fetal é elevada a 19% e a de RN sem alterações, a 15%16.

Apesar de haver um aumento na taxa de resultados adversos nos casos com TN aumentada e cariótipo normal, este estudo demonstrou que a avaliação pós-natal do neurodesenvolvimento, com segmento médio de 3,3 anos, mostrou alguma normalidade em 5% dos casos, o que não é superior a da população geral. Outros estudos confirmam achado16,18,24,25,29.

Quanto à avaliação pós-natal, ela foi normal (nascidos vivos e bem) em 92,5%. Quanto aos resultados adversos, tanto de ordem morfológica quanto funcional, estes ocorreram em 13,9%, comparado com 11% no estudo de Ayras et al.20, 19% no de Bilardo et al.18, 23% no de Souka et al.16, e 24% no de Tahmasebpour et al.19 

No grupo com exame ultrassonográfico pré-natal normal e eventos adversos (6,5%), houve 2 casos com alteração no desenvolvimento e defeitos estruturais cardíacos, sendo um caso de autismo e CIV leve diagnosticada em ecocardiografia pós-natal e um caso de atraso na fala e CIA e PCA também diagnosticada no exame pós-natal. Já no grupo com exame ultrassonográfico pré-natal alterado, mas nascidos vivos e bem (66,7%), o principal achado foi o espessamento da prega nucal, no segundo trimestre da gestação, sem demais alterações. Uma única criança apresentou rim multicístico unilateral e no pós-natal apresentava vida normal, com o funcionamento adequado do rim contralateral.

Simplificando, este estudo mostrou que um a cada seis fetos vivos, com TN aumentada e cariótipo normal, apresenta algum resultado adverso. Entretanto, quando o seguimento morfológico-ecocardiográfico do segundo trimestre se mostra normal, resultados favoráveis ocorrem em 93,5% dos casos.

Os dados deste estudo possibilitaram um melhor aconselhamento aos pais de fetos com TN aumentada e cariótipo normal. Diante deles, pode-se concluir, para a população estudada, que nos casos em que não há alterações adicionais ao acompanhamento ultrassonográfico morfológico-ecocardiográfico, os pais podem ser tranquilizados quanto à alta probabilidade da criança nascer viva e bem (93,5%) e à probabilidade de anomalias estruturais residuais e alterações no neurodesenvolvimento não ser maior que na população geral.

Referências

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Piaget e o desenvolvimento humano

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Psicólogo e filósofo suíço, Piaget foi um importante teórico do processo do conhecimento humano (epistemologia).

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Para Piaget, o conhecimento construído pelo homem é resultado do seu esforço de compreender e dar significado ao mundo.

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Nessa tentativa de interação e compreensão do meio, o homem desenvolve equipamentos neurológicos herdados que facilitam o funcionamento intelectual.

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O organismo do homem é essencialmente seletivo por organizar os alimentos que lhe podem ser úteis. Esses alimentos vão sendo adaptados, de acordo com as necessidades biológicas.

Necessidades

À medida que o homem seleciona os alimentos e inicia a adaptação destes ao organismo, acontece à assimilação, ou seja, a estrutura biológica acomoda os alimentos para satisfazer as necessidades do corpo.

Por inúmeros biógrafos, fica-se conhecendo a longa vida que viveu, imerso em estudos, que renderam avanços na neurologia, psicologia e pedagogia.

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Resumo da biografia

Jean William Fritz Piaget nasceu em 9 de agosto de 1896, na cidade suíça de Neuchâtel, no Cantão francês, e faleceu em Genebra, em 16/9/1980.

Aos 10 anos, João (Piaget) escreveu um artigo sobre um pardal inteiramente branco (albino), para impressionar a bibliotecária da universidade, que não levava a sério sua capacidade de entender os livros que buscava. Sua estratégia deu certo.

Moluscos, fósseis e petróleo

Ainda adolescente, tornou-se internacionalmente conhecido através da publicação de vários artigos sobre espécies de moluscos, cuja evolução, indicada pelos fósseis, era a chave e único indicador para a datação das camadas de rochas em sua época.

Seus estudos eram objeto de grande interesse para a pesquisa petrolífera que se intensificava no início do século. Essa inclinação pelo enfoque evolutivo, ele depois aplicaria na preparação dos testes de inteligência infantil a que mais tarde se dedicou.

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Biologia e Psicologia

Bacharel em Biologia pela Universidade de Neuchâtel (1915), doutorou-se em Ciências Naturais na mesma universidade em 1918. Foi a Zurique estudar Psicologia.

A oportunidade de trabalhar no laboratório de testes de Alfred Binet, em 1919, em Paris, foi decisiva para sua orientação científica. Foi tentando aperfeiçoar testes de QI que Piaget ingressou em suas pesquisas sobre as fases do amadurecimento da inteligência na criança.

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Em 1921, Eduardo Claparéde, psicólogo da educação e diretor do Instituto Jean-Jacques Rousseau de Genebra destinado à formação de professores, ofereceu-lhe um lugar de pesquisador. Aquele diretor estava impressionado com um artigo recebido de Piaget sobre a inteligência infantil.

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Primeiro livro

Piaget publicou, em 1923, o seu primeiro livro, “A linguagem e o pensamento da criança”.

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No ano seguinte, casou-se com sua assistente Valentine Châtenay. Tiveram três filhos: Jacqueline (1925), Lucienne (1927) e Laureni (1931), crianças cujo desenvolvimento mental Piaget acompanhou e descreveu detalhadamente.

Os resultados obtidos da observação da conduta de seus próprios filhos, que abarcaram o período desde o nascimento até aproximadamente 2 anos (período que Piaget designou “sensorio-motor”).

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Foram publicados em 2 volumes: O Naissance de l’ intelligence chez l’ enfant (“O nascimento da inteligência da criança”), de 1936, e La construction du réel de l’enfant (“A construção de o real na criança”), de 1936.

Mais tarde Piaget sucedeu Claparede como diretor e como professor na universidade de Genebra onde lecionou História do Pensamento Científico, Psicologia e Sociologia.

UNESCO

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Após a Guerra, em 1946, Piaget participou da criação da UNESCO, órgão das Nações unidas para a Educação, Ciência e Cultura, colaborando na elaboração de seu regimento e tornando-se membro do seu conselho executivo.

Em 1950, publicou a primeira síntese de sua teoria do conhecimento: “Introdução à Epistemologia Genética”. Nomeado em 1952, foi professor na Sorbone até 1963.

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Em 1956 Piaget criou, na Faculdade de Ciências de Genebra, o Centro Internacional de Epistemologia Genética, onde passou a investigar sistematicamente, com o apoio de uma grande equipe, o desenvolvimento do pensamento da criança nos modos de pensar moral, abstrato, lógico e concreto.

É de 1967 sua principal obra: “Biologia e conhecimento”.

Teoria

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Os testes aplicados por Piaget a crianças desde tenra idade, – a principal atividade no Centro Internacional por ele criado em Genebra – provaram que as aptidões para o raciocínio evoluem segundo estágios sucessivos ao longo do desenvolvimento físico da criança.

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Então, se tais aptidões acompanhavam o desenvolvimento orgânico do indivíduo, elas tinham raízes em estruturas também orgânicas ou genéticas.

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Em seu entender, isto contrariava a fórmula comportamentalista S-R, que expressa o estímulo e a resposta sem a representação do que existe na mente que identifica o estímulo e permite a resposta.

Estágios de desenvolvimento do raciocínio

Piaget determinou quatro estágios no desenvolvimento da capacidade de raciocínio do indivíduo, que se sucedem até o início da adolescência e corresponderiam a sucessivas fases de seu crescimento físico.

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Essa descoberta tornou-se bastante conhecida.

Primeiro estágio

Ao primeiro estágio chamou sensório-motor. Ele corresponde aos dois primeiros anos da vida e caracteriza-se por uma forma de inteligência empírica, exploratória, não verbal.

A criança aprende pela experiência, examinando e experimentando com os objetos ao seu alcance, somando conhecimentos.

Segundo estágio

No segundo estágio, que ele chamou pré-operacional, e que vai dos dois anos aos sete anos, os objetos da percepção ganham a representação por palavras, as quais o indivíduo, ainda criança, maneja experimentalmente em sua mente assim como havia previamente experimentado com objetos concretos.

Terceiro estágio

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No terceiro estágio, dos sete aos doze anos, as primeiras operações lógicas ocorrem e o indivíduo é capaz de classificar objetos conforme suas semelhanças ou diferenças.

Quarto estágio

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No quarto estágio, dos doze anos até a idade adulta, o indivíduo realiza normalmente as operações lógicas próprias do raciocínio.

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Os estágios têm caráter integrativo. As estruturas construídas são integradas nas estruturas do nível seguinte.

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Por exemplo, um “esquema de reunião” para condutas, como a de um bebê que empilha toquinhos, permanece na criança mais velha que ajunta objetos procurando classificá-los e mesmo em operações lógicas tais como a reunião de duas classes (os pais mais as mães = todos os pais etc.).

Patamar de equlíbrio

Assim, o desenvolvimento por estágios sucessivos realiza em cada estágio um patamar de equilíbrio. Desde que o equilíbrio seja atingido num ponto, a estrutura é integrada em um novo equilíbrio em formação, sempre mais estável e de campo sempre mais extenso.

A ordem de sucessão das aquisições é constante, no sentido de que uma característica não aparecerá antes de outra num conjunto de indivíduos, e depois em sequência diferente, em outro conjunto.

Produção científica

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Piaget escreveu mais de cinquenta livros e centenas de artigos científicos.

A partir da trilogia: (1) o nascimento da inteligência na criança; (2) a construção do real na criança e (3) a formação do símbolo na criança, Piaget relata seus estudos sobre o desenvolvimento cognitivo para demonstrar que “a capacidade cognitiva humana nasce e se desenvolve, não vem pronta”.

Homenagens internacionais (resumo)

Piaget mantém seus compromissos internacionais junto ao Gabinete Internacional de Educação.

Em 1952, é convidado para ensinar na Sorbonne – ocasião em que trata, entre outros temas, das relações entre inteligência e afetividade.

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Dois anos depois, assume a presidência da União Internacional de Psicologia Científica (1954-1957).

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Em 1936, recebe o primeiro título de “doutor honoris causa” pela Universidade de Harvard. A Sorbonne e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1946 e 1949, respectivamente, conferem-lhe o mesmo título – homenagem que se repete por mais de trinta universidades em todo o mundo.

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  • http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/32647/as-contribuicoes-teoricas-de-jean-piaget-para-a-aprendizagem
  • https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Piaget

Apraxia de fala na infância

O desenvolvimento da fala da criança ocorre de forma gradual, respeitando as etapas de maturação e por isso ocupando grande parte da infância.

Sabe-se que as crianças não nascem com os movimentos de fala já desenvolvidos e, portanto, não apresentam a praxia desenvolvida.

Desenvolvimento e transformações

Os movimentos de lábios, língua e mandíbula sofrem modificações, e os movimentos indiferenciados no início da infância passam a ser refinados e diferenciados conforme o desenvolvimento.

Essas transformações também são fundamentais para alcançar níveis mais elevados de precisão e coordenação articulatória, importantes para a efetividade da comunicação oral.Lobos-cerebrais

Os gestos articulatórios de lábios superior, inferior e mandíbula apresentam mudanças significativas durante os primeiros anos de vida e continuam o seu refinamento até depois dos seis anos.

Controle motor

O desenvolvimento do controle motor desses articuladores segue um curso não uniforme, com mandíbula precedendo o lábio. Este processo de desenvolvimento e refinamento do controle motor oral influencia significativamente na aquisição de sons da fala.

Comprometimento da fala

Quando este refinamento não ocorre, a produção da fala torna-se comprometida, podendo surgir a suspeita de uma desordem práxica na infância.

Essa desordem na infância é definida como uma suposta categoria diagnóstica atribuída às crianças, cujos erros de fala diferem dos erros de crianças com atraso no desenvolvimento de fala e se assemelham aos erros de adultos com apraxia adquirida.

Quadro

Os pacientes com apraxia da fala adquirida demonstram, geralmente, comprometimento primariamente na articulação, com alterações na sequência dos movimentos musculares para a produção voluntária dos fonemas e, secundariamente, por alterações prosódicas, caracterizadas por uma fala mais lenta que o normal e com escassez de padrões de entonação, ritmo e melodia.

As anormalidades prosódicas (*) são usualmente percebidas como sendo secundárias às dificuldades articulatórias.

A falta da fluência na fala é causada por pausas e hesitações que ocorrem na tentativa de produzir corretamente as palavras, surgindo como uma forma de compensação da contínua dificuldade na articulação.banner2-695x700

No levantamento feito pela American Speech and Hearing Association (ASHA), em um grupo de mil crianças na faixa de 1 a 5 anos de idade, 10 delas apresentaram algum distúrbio de comunicação. De 3 a 5% foram diagnosticadas com apraxia.

O que é?

A apraxia (ou “dispraxia”) é um distúrbio de origem neurológica que consiste no envio incorreto de informações para o cérebro planejar e executar determinados movimentos.

Classificação

Ela pode ser classificada como global (quando acontece em várias partes do corpo), oral (envolvendo a boca e seus movimentos) e/ou verbal (ou da fala, na qual a dificuldade é específica para a produção dos sons de fala).

Causas

Os fatores que causam a apraxia não são totalmente conhecidos e esse distúrbio pode acontecer em paralelo com outros – por exemplo, “transtorno sensorial” ou “do espectro autista.

Como acontece

A modelagem de cada som é dada por diferenças milimétricas e dos movimentos de língua, lábios, céu da boca e dentes. Por isso, qualquer falha nas etapas de processamento, planejamento e execução pode causar alguma alteração.

Por isso, muitas vezes a criança fala uma coisa querendo dizer outra. Exemplo: em vez de “casa”, ela diz “caca”. Essa é uma fala bem aquém do esperado, mas é notório perceber que ela sabe o que queria dizer.

Segundo a ASHA, o diagnóstico diferencial de apraxia só deve ser conclusivo aos 3 anos de idade. Entretanto, se houver uma desconfiança antes dessa época, o paciente deve ser acompanhado.

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Os principais sinais de apraxia de fala na infância (AFI) são:

Até os 12 meses:

Os bebês são muitos calados e/ou têm um repertório limitado de balbucios, apesar de interagirem bem com os adultos;

Entre 12 e 18 meses:

Quando se espera que as crianças aumentem o vocabulário, as crianças com AFI podem ter perda de palavras já faladas anteriormente;

Por volta dos 2 anos de idade:

É diagnosticado um atraso no desenvolvimento de linguagem oral;

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Aos 3 anos:

Nessa fase, as crianças já são bem compreendidas, apesar de um erro ou outro de pronúncia, mas as que têm Apraxia de Fala podem ainda nem estar falando ou podem ter a fala bastante ininteligível, com erros de pronúncia que mudam muito e que são incomuns (por ex: trocas de vogais), dificuldade de falar as palavras com mais sílabas, omissão da primeira sílaba.

Desde a primeira infância:

Dificuldade de imitação (ex: mostrar a língua, fazer careta, se houver Apraxia Oral associada à AFI), alterações de produção e articulação dos sons da fala e na melodia (prosódia) da fala e acentuação das sílabas.

Elas podem falar um determinado som (por ex: “p”) em algumas palavras (por ex: “pá”, “papai”) e omissão deste mesmo som na repetição de outras palavras mais difíceis  (“pedido”, “parque”, “capa”) ou em momentos de fala espontânea.

Sinais variáveis

Vale ressaltar que, como em qualquer distúrbio, os sinais da Apraxia de Fala podem variar em menor ou maior grau e em presença/ausência, o que torna o diagnóstico bem complexo.

Quando buscar o tratamento fonoaudiológico.

O que os pais, familiares, educadores e profissionais de saúde precisam observar antes de encaminhar a um fonoaudiólogo:

•  Se a ausência ou alteração da fala não é justificada por alterações na estrutura muscular da região da boca, auditivos ou psicossociais.
•  Se o ambiente é rico em estimulação, os pais ficam horas brincando com ela, está bem adaptada à escola, e a inteligência está preservada e mesmo assim há algumas falhas. Se a criança não está acompanhando as etapas do desenvolvimento de linguagem.  Nem sempre é “normal demorar para falar”.
•  Se a criança está em um longo processo terapêutico fonoaudiológico (há mais de um ano), mas não há avanços visíveis no quadro apresentado pela criança.

As pesquisas no Brasil nesta área ainda estão caminhando, bem como a formação de profissionais especializados. Por isso, nem sempre é possível fazer um diagnóstico rápido e eficaz.

Então, a sugestão é: lute por uma intervenção adequada e precoce que vise o treinamento intensivo de fonoterapia.

http://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Lilian-Kuhn/noticia/2016/05/apraxia-da-fala-na-infancia-afi-o-que-e-isso.html

  • Souza, Thaís Nobre Uchôa, Payão, Miscow da Cruz, & Costa, Ranilde Cristiane Cavalcante. (2009). Apraxia da fala na infância em foco: perspectivas teóricas e tendências atuais. Pró-Fono Revista de Atualização Científica21(1), 75-80.https://dx.doi.org/10.1590/S0104-56872009000100013

(*)  Prosódia (do grego προσῳδία, transl. prosodía, composto de προσ, pros-, “verso”, e ᾠδή, odé, “canto”) é a parte da linguística que estuda a entonação, o ritmo, o acento (intensidade, altura, duração) da linguagem falada e demais atributos correlatos na fala.

Desenvolvimento infantil: compreender é fundamental

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Entendendo o desenvolvimento da criança

Autora: Rosa Resegue
Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo, membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Introdução: Compreender a importância do desenvolvimento da criança nos nossos dias significa explorar o próprio papel que a criança assume na nossa sociedade. 

1. O que é desenvolvimento? 

O desenvolvimento pode ser definido como o processo de construção da identidade humana.

Essa definição leva-nos a concluir que o desenvolvimento inicia-se no momento da concepção e não se detém até a morte do indivíduo. 

2. Nas publicações sobre o assunto, é comum encontrarmos termos como “desenvolvimento afetivo”, “desenvolvimento motor”, “desenvolvimento de linguagem”. Por que essas subdivisões? 

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Para que os fenômenos fossem melhor conhecidos foram subdivididos e cada especialidade encarregou-se de entender as partes do dado fenômeno nos mínimos detalhes.

Se por um lado, esse processo foi bom, pois permitiu um enorme avanço nos conhecimentos, por outro, acarretou o fracionamento da pessoa que deixou de ser vista como um ser integral, para ser conhecido por seus setores, órgãos e, muitas vezes, por suas doenças. 

3. O que significam essas subdivisões? 

O desenvolvimento é comumente subdividido em vários setores ou domínios, como: 

• Desenvolvimento motor  

Ø motor grosso – define as atividades dos grandes músculos do corpo e relaciona-se com as funções de sustentação da cabeça, sentar, andar, correr. experiencias

Ø motor fino – define as atividades relacionadas aos movimentos de preensão e relaciona-se com as etapas do movimento de pinça. A aquisição da pinça foi um grande marco para nossa espécie, pois foi a partir dela que o ser humano começou a utilizar ferramentas como a caneta, pincel e outros tipos de ferramentas.

• Desenvolvimento da linguagem; Desenvol. da linguagem

• Desenvolvimento cognitivo – relaciona-se às funções ditas mentais superiores como a memória, associação, raciocínio dedutivo, capacidade de planejamento e simbolização, dentre outras. 

• Desenvolvimento da subjetividade; 

• Desenvolvimento social: 

• Desenvolvimento perceptivo. 


4. Existe alguma dessas funções que é mais importante do que a outra? 

Embora cada uma delas siga uma certa seqüência na construção de habilidades específicas, essas funções são completamente interdependentes.

No entanto, na nossa opinião, o grande eixo integrador de todas elas está no desenvolvimento da subjetividade. Através da construção da subjetividade, o desenvolvimento particulariza-se, torna-se único e irreproduzível. 

5. Como ocorre o processo de desenvolvimento? 

Esta é uma questão que sempre foi motivo de muita discussão. Duas questões quanto desse processo é biológico ou cultural? O que pode ser considerado universal em todas as crianças e o que pode ser considerado fruto do modo como as pessoas vivem? 

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6. Como explicar, então? 

Na atualidade, essa dualidade entre o biológico e o cultural tende a ser superada. O ser humano é um ser da cultura, um ser social e, portanto, seu processo de desenvolvimento está fortemente atrelado ao seu momento histórico e ao modo como as pessoas responsáveis pelo seu cuidado vivem e relacionam-se entre si.

Assim, a nossa espécie daria os limites das nossas possibilidades: não temos asas, enxergamos até uma determinada distância, ouvimos em determinadas frequências, mas é através da relação com o outro que nos transformamos em seres da cultura, assimilamos os conhecimentos do nosso tempo, tornamo-nos parte de uma determinada comunidade.

O processo biológico-maturacional predomina apenas nos primeiros anos de vida, mas mesmo nessa fase, esse processo só ocorrerá se houver uma relação significativa com outras pessoas. 

7. E onde entra a importância da mãe e das outras pessoas da família? 

Desde o momento da concepção a criança já ocupa um lugar no imaginário de sua família: é o mais velho, terá o nome do pai, será a minha princesa, enfim toda uma infinidade de possibilidades.

Para que ocorra o acontecer humano é necessário que a criança seja recebida e reconhecida por um outro. Desse modo, ela vai construindo a sua identidade através daquilo que percebe refletido nas pessoas que a rodeiam, particularmente daquelas responsáveis pelo seu cuidado. 

8. Quais são as experiências que o recém-nascido traz de sua vida intra-útero? 

Ao contrário do que se pensava antes, o recém-nascido já nasce com experiência de sua vida intra-útero.

A audição acontece a partir do quinto mês de gestação, sendo o feto capaz de escutar os ruídos provenientes do funcionamento do organismo materno, e pode se acalmar ao ouvir a reprodução ritmada dos batimentos cardíacos após o nascimento.

Fases de desenvolvimento do bebeA audição dos sons externos chega de forma muito atenuada, havendo maior nitidez para os sons graves.

O paladar encontra-se também desenvolvido, parecendo haver uma preferência para o gosto doce. O feto consegue perceber o contato através da parede abdominal, principalmente a partir do sétimo mês de vida intrauterina. 

9. Quais são as competências do recém-nascido? 

Sabe-se que o bebê tem percepções visuais desde o nascimento com uma nítida preferência pelo rosto humano. Durante o primeiro mês, a melhor distância dos alvos visuais é de 20 a 30 centímetros, exatamente a distância entre o rosto da criança e o da mãe na amamentação. 

Desde as primeiras horas de vida o recém-nascido é capaz de voltar os olhos na direção de um som com preferência pela voz humana, principalmente a da mãe. 

Recém- nascidos que nunca foram alimentados reagem diferentemente aos 4 sabores básicos, existindo uma preferência inicial por soluções doces. 

Bebês de uma semana conseguem perceber diferenças entre cheiros complexos, podendo distinguir o odor materno de outros cheiros. 

10. Muitas vezes as mães relatam que suas crianças apresentam comportamentos diferentes desde o nascimento. Esse comentário procede? 

Na verdade existem diferenças nítidas no comportamento dos bebês desde o nascimento. Recém-nascidos, diferentemente dos adultos, não possuem uma alternância nítida entre o sono e a vigília, oscilando entre diferentes estados que se sucedem rapidamente.

Entre esses, existe um estado mais propício para a interação caracterizado por um olhar vivo com a criança calma e ativa.

Ao nascimento, durante a primeira hora seguinte ao parto, o bebê mantém-se nesse estado. Nas 48 horas seguintes haverá um predomínio dos estados de sonolência, como se o recém-nascido estivesse se recuperando.

Posteriormente, haverá um aumento progressivo dos períodos de vigília. No entanto, existem diferenças marcantes entre os bebês.

Alguns mantêm-se muito pouco no estado de atenção passando muito rapidamente da sonolência para o choro excessivo, outros permanecem muito mais tempo atentos, permitindo uma interação tranquila com seus pais.desenvolvimento-infantil

Esses estados influenciam e são influenciados pelos cuidados recebidos, mas podem também, como decorrentes do temperamento da criança. 

Além disso, os bebês também variam muito, em relação ao seu grau de irritabilidade, atividade motora, preferência por outras relações sociais ou pela solidão.

No entanto características não são definitivas, é através de interação e das experiências vividas, o temperamento será modificado, neutralizado ou fortalecido durante o desenvolvimento da criança, num processo de interação entre biológico e cultural. 

11. Meu filho de cinco meses leva à boca tudo que consegue agarrar. Isso ocorre porque estão nascendo os dentinhos? 

Embora os dentes possam realmente estar nascendo nessa idade, o fato de a criança colocar as coisas na boca, geralmente não tem relação com esse processo. Trata-se muito mais de uma tentativa de pesquisar as características do objeto apreendido. É como se ela usasse a boca para perceber melhor esses objetos. 

12. Minha filha de sete meses estranha as pessoas que não são do seu convívio. Meus parentes dizem que ela está muito mimada. Como proceder? 

O estranhamento é uma reação normal das crianças nessa idade e pode manifestar-se através de uma grande gama de reações, que vão desde o simples abaixar dos olhos até o choro diante de pessoas não familiares à criança.

O estranhamento, desde que não seja tão acentuado a ponto de desestruturar a criança, é uma reação saudável, que indica que sua mãe e as outras pessoas de seu convívio tornaram-se objetos definitivos de seu amor. 

13. Minha pediatra disse-me que as crianças andam por volta de um ano de idade. Minha filha de 10 meses já está andando, posso deixar? 

Não há problema nenhum no fato da criança andar, sentar ou falar mais cedo. Por outro lado, não há, também, nenhuma correlação desses fatos com um maior grau de inteligência ou capacidade motora dessas crianças na vida adulta. Por outro lado, algumas crianças andam só após os 13 meses. 

14. A madrinha de meu filho deu-lhe um andador. Devo usa-lo? 

Não. Deve-se dar as oportunidades para que a criança experimente o mundo que a rodeia de forma segura. O andador é uma fonte constante de acidentes e, muitas vezes, o seu uso deixa as crianças inseguras ao tentarem ficar na posição ereta ou andarem sem o mesmo. O único andador que poderia ser utilizado seria aquele que as crianças empurram.Infantil2

15. Os brinquedos educativos são realmente melhores para as crianças? 

Para a criança, todo brinquedo é educativo. De uma forma geral, quanto mais inacabado é um brinquedo maiores possibilidades ele traz e, portanto, é mais atrativo para as crianças, que geralmente adoram os cacarecos deixados pela nossa cultura.

É como se elas reinventassem os objetos. Para a criança, brincar é tão importante quanto andar ou respirar. É brincando que a criança experimenta, modifica, simboliza e compreende o mundo que a rodeia. 

No entanto, as mudanças no modo de vida das pessoas fizeram com que, muitas vezes o brinquedo esteja sendo oferecido como substituto da presença do adulto ou simplesmente em resposta ao apelo consumista dos nossos dias. Nas classes sociais mais favorecidas, em muitas situações, as crianças logo cedo transformam-se em pequenos executivos com uma agenda lotada em que não há tempo para brincadeiras. Por outro lado, as crianças, por medo da violência, estão cada vez mais trancafiadas em casa tendo acesso ao mundo apenas pela televisão. Tanto numa como noutra situação, não está sendo permitido à criança experimentar a diversidade, não há tempo para que viva o seu tempo de criança. 

16. Meu filho não tem limites. Qual é a melhor maneira de discipliná-lo? 
Essa pergunta é cada vez mais freqüente para todos os profissionais que atuam com crianças. É como se as famílias atônitas com as mudanças da organização da sociedade não se sentissem mais capazes de impor autoridade aos seus filhos. O papel que esses profissionais devem assumir é o de devolver àqueles que cuidam da criança sua capacidade de encontrar o melhor caminho dentro das possibilidades de suas vidas. 

Excetuando-se o fato de não se permitir o uso da violência contra a criança, não existe uma maneira melhor ou ideal de discipliná-las.

Cada família encontrará essa resposta dentro dos seus princípios, costumes, do seu modo de vida.

Isso não quer dizer, entretanto, que não se deva colocar limites que são fundamentais para que ela crie uma imagem coerente de seu mundo e consiga viver de forma harmônica numa sociedade em que, mais cedo ou mais tarde, esses limites lhe serão impostos. 

17. Como fazer para estimular melhor as crianças? 

A estimulação tem aparecido como grande preocupação nos últimos anos, em parte em decorrência dos inúmeros conhecimentos sobre a plasticidade cerebral, conceito que define que durante toda a vida do indivíduo, mas principalmente nos primeiros anos, a função é capaz de retroagir sobre a anatomia. Parte dessa resposta está nas palavras do poeta Drummond: 

“Como fazer feliz meu filho? 
Não há receitas para tal. 
Todo o saber, todo o meu brilho
De vaidoso intelectual… 

Eis que acode meu coração
E oferece, como uma flor, 
A doçura desta lição
Dar a meu filho o meu amor.” 

Além das palavras do poeta, as crianças do nosso tempo precisam ter o direito de ir e vir, o direito a conviver com a diversidade, enfim o direito às mesmas oportunidades.

AUTISMO: dia mundial, sinais dos 2 aos 24 meses e vídeo interessante

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Apple divulga vídeo emocionante no Dia Mundial da Conscientização do Autismo

Criado em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Mundial de Conscientização do Autismo é comemorado no dia 2 de Abril.

autismoNeste ano, a Apple resolveu aproveitar a data para publicar em seu canal dois vídeos que mostram como a tecnologia pode transformar a vida de pessoas com necessidades especiais. Para abordar o tema, a empresa escolheu Dillan Barmache como personagem central.

Dillan é um jovem autista não verbal de 16 anos, mas sua história pode ser contada por meio de suas próprias palavras graças ao auxílio de um iPad e um aplicativo de comunicação alternativa aumentada (CAA). O adolescente usa o tablet para se comunicar há cerca de três anos, e o produto já se tornou parte integrante da sua rotina. O iPad permite que Dillan converse com seus pais, amigos, família e professores. “Ouvir a voz de Dillan é incrível”, diz a mãe do jovem. “Ele é perspicaz, inteligente e criativo”.

MUITO INTERESSANTE

Nos vídeos divulgados pela Apple podemos ver como Dillan usa o gadget em sua casa, na escola e em vários contextos sociais para expressar seus pensamentos. A ação é muito interessante, uma vez que nos faz lembrar como é importante garantir que todos sejam ouvidos, independente de suas limitações.

Matéria completa:

http://canaltech.com.br/noticia/apple/apple-divulga-video-emocionante-no-dia-mundial-da-conscientizacao-do-autismo-61293/

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Autismo: os sinais dos 2 aos 24 meses que os pais precisam observar

A americana Temple Grandin, atualmente com 67 anos, é professora de ciências animais da Universidade do Estado do Colorado, nos Estados Unidos, e autora de vários livros sobre autismo.

O indiano Tito Mukhopadhyay, hoje com 26 anos, é autor de três livros de poesia, um deles escrito quando ele ainda era criança. Temple e Tito são dois ótimos retratos do que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA), distúrbio do neurodesenvolvimento que compromete a capacidade de a pessoa se relacionar com o mundo que a cerca.Infantil

Temple é uma autista altamente funcional, de uma inteligência bem acima da média, e nunca teve grandes dificuldades de se expressar. Os sintomas de Tito, por outro lado, são muito mais graves. Ele praticamente não fala, chegou a ser chamado de “retardado” e precisa de cuidados permanentes. Eles são totalmente diferentes. Assim é o TEA. Não há duas pessoas com o transtorno que sejam iguais.

DENOMINADOR COMUM

Os TEAs caracterizam-se por uma constelação de sintomas, mas há um denominador comum a eles: a dificuldade de interação social e de comunicação e a presença de comportamentos repetitivos e a necessidade de manter uma rotina.ciclo6_zpsda53416c

Desde as primeiras semanas de vida, os bebês, instintivamente, procuram por quem fala com eles e dão enorme atenção aos olhos da mãe e do pai.

INTERAÇÃO

Afinal, é por meio dessa interação social básica e primitiva que eles vão estabelecer laços com quem vai cuidar deles e garantir a sua sobrevivência. Crianças com autismo não conseguem se sociabilizar e, sem essa capacidade, acabam se isolando para viver não mais em um mundo em que as pessoas dão a tônica, mas em um mundo em que as coisas, os objetos, são os protagonistas.autismo (4)

“O TEA afeta o que chamamos de cérebro social, ou seja, por alguma razão as estruturas cerebrais envolvidas no processamento das informações relacionadas à comunicação e à interação social não funcionam bem”, explica Helena Brentani, professora-assistente do Departamento de Psiquiatria da USP. Ou seja, a criança tem dificuldade de compreender o mundo tal como ele é, pois este é dominado, justamente, pelas relações entre pessoas.

Para Jair Mari, coordenador do programa de pós-graduação do Departamento de Psiquiatria da Unifesp e diretor da ONG Autismo e Realidade, essa falta de atenção aos estímulos sociais pode explicar alguns dos comportamentos que ocorrem nos TEAs, como o interesse centrado em um determinado objeto ou tema.

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Esse talvez seja um dos grandes “nós” quando se fala do distúrbio. Como o diagnóstico é feito com base em uma lista de sintomas e sinais e no quanto eles comprometem a vida do portador (leia quadro “Atenção a Esses Sinais”), e sendo eles muitas vezes sutis, um grande número de crianças passa a vida lutando com as dificuldades que apresentam e nunca se descobrirão portadoras do transtorno.

20150831-ANDESFUSC-AUTISMO-DANI-POSTFUNDAMENTAIS AO DIAGNÓSTICO: PAIS E FAMILIARES

Por ser totalmente baseado na observação e no relato dos pais, o diagnóstico nem sempre é acertado na primeira tentativa, pois bater o martelo com base apenas na análise clínica exige profissionais especializados e bem treinados, algo em falta no Brasil.

Com isso, muitos pais são obrigados a fazer um périplo até chegar ao veredito. “A Nina nunca se desenvolveu como as outras crianças.

autismoazulDesde muito pequenininha ela não olhava no olho, não atendia pelo nome, não seguia movimentos, até que um dia fui chamada na escola com a notícia de que ela não fazia nenhuma atividade.

Eu não fazia ideia do que era autismo. Fui a diferentes médicos, de quem ouvi até que ela precisaria operar o cérebro. Foram dois meses de peregrinação até chegar ao diagnóstico”, conta Andrea Ribeiro, mãe de Nina, 6 anos.Transtorno do Espectro Autista TEA

INTERVENÇÃO PRECOCE: MAIS MENINOS DO QUE MENINAS

Embora muito se tenha avançado, as causas do TEA ainda são um grande mistério para a medicina. Não se sabe, por exemplo, porque o autismo é de três a quatro vezes mais frequente em meninos do que em meninas e porque uma em cada 88 crianças, aproximadamente, vai desenvolver a condição.

O que se sabe é que o autismo é um transtorno complexo – alguns portadores também têm epilepsia, outros, QI alto, enquanto outros tantos podem apresentar QI baixo -, com diferentes genes envolvidos em cada caso.AutismoHISTÓRIA FAMILIAR

“Até recentemente, imaginava-se que fatores genéticos seriam responsáveis por 90% das causas da doença. Estudos recentes mostraram que eles só conseguem explicar 50% da probabilidade de uma criança desenvolver o transtorno. De qualquer forma, o histórico familiar é muito importante”, diz Guilherme Polanczyk, professor de psiquiatria da infância e adolescência da USP.Info-autismo-03

Quer dizer, gêmeos idênticos possuem maiores possibilidades de desenvolver o distúrbio, enquanto o risco de pais cujo filho tem TEA terem outra criança com o mesmo problema são dez vezes maiores que de pais sem filhos com TEA.autismo-2

OUTROS FATORES

Fatores ambientais também cumprem o seu papel. “É provável que mais de um fator esteja envolvido no aumento do risco para o TEA, entre eles, baixo peso ao nascer, prematuridade e idade avançada do pai – por mutações que podem ocorrer nos espermatozóides”, explica o doutor Jair Mari.Espectro do Autismo

A boa notícia é que diversos estudos atestaram que, quanto mais cedo for feito o diagnóstico e mais precocemente o tratamento começar, maior chance a criança tem de conseguir se comunicar e se relacionar com o mundo que a cerca. “Existe o que se chama janela de oportunidade para a intervenção, um momento em que agir aumenta grandemente as chances de sucesso, devido ao próprio estágio do desenvolvimento do cérebro”, afirma a professora Helena.OLYMPUS DIGITAL CAMERA

ATENÇÃO E DIAGNÓSTICO PRECOCE

Segundo Jair Mari, o objetivo dos estudos atuais é tentar avaliar, o mais cedo possível, quanto essas crianças se distanciam do desenvolvimento normal, para mapear como isso vai afetar sua adaptação social e, assim, buscar maneiras de reconstruí-las. Um dos modos mais promissores para o diagnóstico já nos primeiros meses de vida é um aparelho chamado eye-tracking.

“Como crianças com TEA não conseguem manter o contato visual, o eye-tracking, que rastreia o movimento dos olhos quando ela, por exemplo, vê um desenho ou um filme, poderá ser, no futuro, uma poderosa ferramenta para o diagnóstico precoce”, declara o professor Guilherme Polanczyk.autismo (3)

A MUDANÇA COMEÇA EM CASA

Atualmente, há quatro ou cinco tipos de intervenção que vêm mostrando bons resultados. “São modelos cujas evidências ajudam a dar suporte, entre eles a análise comportamental aplicada (ABA, da sigla em inglês), os modelos desenvolvimentistas, a intervenção híbrida, que mescla características dos dois primeiros e o TEACCH, aplicado pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos”, conta Fred Wolkmar, do Centro de Estudos da Criança da Universidade Yale e editor-chefe do Journal of Autism and Developmental Disorders.Autismo_2abril1

A forma de tratamento mais usada no Brasil é a ABA. “A ideia por trás da ABA é transformar comportamentos que no autista são estereotipados em comportamentos que sejam funcionais, quer dizer, que permitam à criança ‘funcionar’ no mundo que a cerca”, explica Antonio Celso Goyos, do Laboratório de Aprendizagem Humana Multimídia Interativa e Ensino Informatizado (LAHMIEI), do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos. De acordo com Goyos, é essencial que a criança faça, durante dois a três anos pós-diagnóstico, de 30 a 40 horas semanais para que os resultados sejam evidentes.

BARREIRAS DOS ADULTOSautismo-06

Trazer a criança a um mundo baseado na linguagem verbal e nas relações sociais não é tarefa fácil e depende, e muito, dos pais. “Muitas vezes são os próprios adultos que, por medo, colocam barreiras ao desenvolvimento da criança”, analisa a pedagoga Andréia de Fátima Silva, colaboradora do Programa de Transtornos do Espectro Autista do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (PROTEA).

Assim, parte do tratamento começa em casa. Com a devida orientação e treinamento, os pais podem (e devem) trabalhar para estabelecer uma correspondência com a criança, ainda que ela não esteja interagindo com eles plenamente.

DESENVOLVER TALENTOSmusica

O fato de uma criança ser portadora de TEA não significa, necessariamente, que ela não possa desenvolver talentos. “Não dá para saber como será o futuro dos nossos filhos. Todos nós temos fortalezas e fraquezas.

A criança com TEA só precisa trabalhar mais as suas fraquezas”, declara Helena Brentani. Como disse uma vez Temple Gradin, portadores de TEA têm uma perspectiva diferente do mundo. Pensam e encaram o mundo diferente, enfim. Mas o mundo precisa de todos os tipos de mente.

DESAFIO: INCLUSÃO NA ESCOLAcoral

A inclusão de uma criança autista na rede de ensino regular é fundamental para que ela desenvolva as suas capacidades e habilidades criativas e está na lei – mas a integração delas na escola ainda não é uma realidade.

Aos poucos, porém, esse cenário vem mudando. “O nosso grande desafio é fazer com que a escola se transforme em um espaço em que as diferenças sejam respeitadas. E isso se aplica a crianças com qualquer condição ou doença”, declara Andréia Silva.

FALTA CONHECIMENTO E SABEDORIA130402_autismo

Segundo a pedagoga, embora as escolas ainda sejam resistentes, os educadores hoje estão bem mais instrumentalizados para lidar com a questão. “O problema, mais do que qualquer coisa, é a falta de conhecimento sobre o assunto.

Um exemplo é achar que o cuidador de uma criança com TEA – muitas delas só conseguem frequentar a escola acompanhadas deles – é alguém que vai atrapalhar a aula, quando ele pode ser um facilitador de seu aprendizado.” Andrea Ribeiro, mãe de Nina, 6 anos, conta que sempre teve uma participação ativa na escola e que isso foi determinante para que professores, pais e alunos aceitassem a filha e suas limitações.sinais-autismo“Foi um aprendizado para mim e para a escola, que nunca havia recebido nenhuma criança autista antes. Tive de começar do zero. Como a Nina frequentava essa escola desde muito pequena, as outras crianças sempre foram muito solícitas, pois a conheciam desde pequenininha.

Aos poucos, nas reuniões de pais, fui ganhando o apoio de outros pais, que foram percebendo que a acompanhante da Nina não era um elemento perturbador da dinâmica da classe.

Minha filha hoje consegue acompanhar os coleguinhas até nas viagens – claro, é feita toda uma preparação para que ela não estranhe algo que não seja parte da rotina dela”, relata. De acordo com a pedagoga, há um movimento crescente entre os especialistas em TEA para gerar conhecimento nas escolas e capacitar os educadores a trabalhar com crianças com o distúrbio. “O que a gente deseja é que a escola, assim como a sociedade, tenha um olhar mais justo para as diferenças.”

ATENÇÃO AOS SINAISautismo (1)

Geralmente, uma criança com TEA recebe o diagnóstico quando tem entre 3 e 5 anos, período em que o comprometimento social acaba ficando mais evidente. Mas os pais podem ficar atentos a alguns sinais muito antes disso.

“Tudo indica que as anormalidades começam entre 6 e 12 meses. No início da vida das crianças com TEA, a interação social pode não estar totalmente reduzida, mas começa a cair após os 6 meses”, afirma o doutor Jair.

Se, por acaso, você observar um ou mais sinais, procure um psiquiatra ou um especialista em desenvolvimento infantil. Atenção para não entrar em pânico se constatar que seu filho apresenta alguma dessas manifestações, pois outros distúrbios do desenvolvimento e linguagem também compartilham alguns desses sintomas. A melhor orientação é, percebido um ou mais sinais, levar o seu filho a um especialista.

Entre 2 e 3 meses: não faz contato com os olhos.

6 meses: não sorri.

Cerca de 8 meses: não acompanha você com o olhar quando se afasta dele.

Cerca de 9 meses: não balbucia palavras. Não estende os braços quando a mãe entra no quarto.

Cerca de 1 ano: não procura por você quando o chama pelo nome, nem dá “tchauzinho”.

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Cerca de 1 ano e meio: ainda não pronunciou nenhuma palavra inteligível.

Cerca de 2 anos: ainda não elaborou nenhuma frase com começo meio e fim.

http://autismoerealidade.org/noticias/autismo-os-sinais-dos-2-aos-24-meses-que-os-pais-precisam-observar/

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Em anexo, a dissertação de Mestrado da Professora Dra. Adriana Rocha Brito, neuropediatra, uma das maiores autoridades em autismo, apresentada à Faculdade de Medicina da UFF.

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1 ano de brincadeiras

A criança inicia o desenvolvimento do seu psiquismo já na fase intrauterina, sendo capaz de sentir o que a mãe sente e continuar incorporando o clima afetivo do ambiente após o nascimento.

Portanto, um ambiente calmo tranquilo e seguro fará com que o bebê seja mais feliz.

A estimulação precoce é o conjunto de atividades que é aplicada de forma sistemática e sequencialmente desde o nascimento. Seu objetivo é desenvolver o cognitivo, físico e emocional do bebê, buscando evitar (na medida do possível) estados indesejados no seu desenvolvimento.

É necessário reconhecer e incentivar o potencial de cada criança e os desafios presentes e adequadas à idade para que as atividades reforcem a sua autoestima e a sua aprendizagem.

A estimulação precoce ajuda a melhorar o desenvolvimento motor, desenvolvimento cognitivo e emocional do bebê, mas também deve respeitar o desenvolvimento individual e a vontade de ser tratado. As atividades devem ser concebidas para fortalecer o vínculo emocional através de massagens e estímulos sensoriais, respeitando o desenvolvimento natural da criança e do instinto dos pais.

Mais tarde, devido ao início das atividades motoras, de concentração e de linguagem, mas também cuidando da iniciativa, independência e autoestima da criança durante todo o processo de aprendizagem.

Acariciar e conversar com o bebê na barriga, cantar para ele e “encher a casa de boa música” são estímulos muito importantes para a formação da criança.

Aos três meses de idade costumam aparecer a sua capacidade de brincar, entre outras condutas inteligentes do bebê. Seu primeiro brinquedo são as suas próprias mãozinhas. O bebê olha para as suas mãos, coloca-as na boca, descobre os dedinhos e fixa o seu olhar neles, observando os seus movimentos. Esse é o jogo mais remoto da criança.

Em seguida, ela consegue produzir alguns sons, o que lhe traz imenso prazer e alegria. Aparece também o que também chamamos de as primeiras tentativas do jogo de esconder – quando ela tenta cobrir o rostinho.

Entre os três e os oito meses, a criança desenvolve brincadeiras com o seu próprio corpo: vira-se, rola (atenção aos riscos de queda), mantém a cabeça em pé, estende a mão para pegar um objeto. Senta-se.

As pernas e os pés passam as fazer parte dos seus jogos corporais.

Nessa fase, os brinquedos prediletos são todos aqueles que estimulam os sentidos da criança: objetos coloridos, com textura e formas diferentes, móbiles, chocalhos, brinquedos flexíveis, coisas que se encaixam. Os chocalhos são importantes. A criança pode explorar seu barulho de todas as maneiras e tentar reproduzir os sons que ela escuta no ambiente.

CINCO MESES

Aos cinco meses de idade, a criança já aprendeu a brincar de esconde-esconde com um paninho e essa brincadeira é interessante, pois fará com que a criança perceba que a mãe some quando ela cobre o rosto e volta a aparecer quando ela o descobre. Sabe por que essa brincadeira é importante? Porque ajuda a criança a se separar da mãe.

Como assim?

Com oito meses, aparece a primeira angústia da criança: a angústia da separação. Ela chora quando está diante de estranhos e teme que a mãe desapareça. Brincando de esconde-esconde, ela aprende que a mãe some diante dos seus olhos, mas que volta. Assim, ela se acalma.

Por volta dos nove meses, ela já começa a brincar de teimar diante do “NÃO”. Olha para a mamãe e ri quando vai mexer em algo que sabe que a mamãe não gosta.

Com dez meses ela brinca com os seus genitais. Atenção com as tomadas e objetos potencialmente perigosos.

Até um ano, os melhores brinquedos são aqueles que estimulam os cinco sentidos: tato, paladar, olfato, visão e audição.

Os brinquedos que auxiliam do domínio dos movimentos também são ótimos: tambores, maracas, chocalhos, colheres, panelas com tampas, bichinhos de borracha e de pelúcia, móbiles, músicas, objetos sonoros e flexíveis, caixas, cubos de encaixe, bolas etc.

0 a 3 meses:

  • Agitar o chocalho movendo de lado a lado;
  • Jogue com seu bebê em seu colo saltando com ele;
  • Recostado em almofadas, coloque os brinquedos adequados para a sua idade e deixe-o se divertir.

4-8 meses:

  • Execute demonstrações de mãos, tocando e acariciando seus dedos.
  • Exercícios de incorporações: Deitado de costas, segure os seus pés com uma mão e com a outra agarre as mãos e comece a levantar.
  • Elevar o seu bebê segurando no espaço que fica entre as axilas e na cintura, para trabalhar os músculos do pescoço e lombares. Tentar manter a postura horizontal ajudará a se preparar para o momento de engatinhar.

9 -12 meses:

  • Ajude-o a dar passos para frente.
  • Estimule jogando. Você pode ajudar com música ao dar os passos.
  • É necessário exercitar as mãos. Dê seus objetos para estimular toque.

http://www.saudedicas.com.br/dicas/exercicios-de-estimulacao-infantil-2610791

Desfraldar

Já é o momento? Como fazer? Pinico ou adaptador de vaso sanitário?

Essas e outras perguntas surgem na cabeça das mamães. Mas, é possível passar por esse momento com tranquilidade e segurança.

Retirar a fralda da criança é um processo que exige muita paciência dos pais.  Alguns pequenos levam poucas semanas, outros, demoram meses para conseguir. Muitos pais nem imaginam que o simples uso do vaso sanitário pode ser um avanço significativo para a criança.

Um dos primeiros sinais de que seu filho está crescendo e criando autonomia é a “hora de largar a fralda”. Trata-se de um marco em seu desenvolvimento.

Algumas das principais perguntas que surgem nessa fase:

1 –  Quando devemos começar?

A partir dos 18 meses, a criança começa a ter o controle sobre o sistema de músculos chamado “esfíncter” que fará o controle sobre as eliminações fisiológicas (xixi e cocô). Esse é o momento de começar a pensar no desfralde. Geralmente, o desfralde acontece entre os 18 e 24 meses segundo o desenvolvimento neuropsicomotor de cada criança.

2 –  Meu bebê está preparado?

Você vai perceber que a criança está preparada quando ela mostrar alguns sinais, como gesticular ou falar que está incomodada com alguma coisa e às vezes até falar que fez xixi ou cocô. Mostrar interesse ou curiosidade quando os pais estiverem no banheiro também pode significar certo preparo. Além disso, acordar frequentemente com a fralda seca é considerado outro sinal de que ela está se desenvolvendo bem.

fralda 43 –  Como fazer de maneira correta?

É muito importante respeitar o tempo da criança e ter paciência. Se possível desfraldar a criança sem interrupções, respeitando a sua evolução. Tirar a fralda durante o dia só em casa, mas quando for passear colocar a fralda novamente pode confundir a criança e demorar mais que o esperado.

Uma boa dica é anotar os horários em que a criança faz xixi e cocô para levá-la ao banheiro um pouco antes. Iniciar o desfralde durante o verão pode ser melhor. Se acontecer um “escape”, no calor as calças molhadas tornam-se menos incômodas. Em geral, recomenda-se retirar primeiro as fraldas durante o dia, para depois, por volta dos 3 anos, dar início ao processo do desfralde noturno.

4 –  Como agir quando a criança “faz nas calças”?

Não fique nervosa, nem dê bronca! A criança ainda está aprendendo e escapar de vez em quando pode acontecer. Nesse momento chame a criança em particular e peça que ela ajude a limpar a calcinha ou a cueca jogando o cocô na privada. Se for xixi, peça que ela tire a calcinha e lave ou se seque com papel higiênico. Aos poucos, o número de vezes de escape tende a diminuir até chegar ao resultado esperado.

5 –  A escola pode ajudar no processo do desfralde?

Geralmente, há muita exigência por parte dos pais em casa, o que acaba não acontecendo na escola. A escola pode ser um aliado da família e pode ajudar bastante no processo de desfralde. Lá muitas crianças estão passando pela mesma fase. Ir ao banheiro torna-se mais divertido e é visto com mais naturalidade, longe da ansiedade da mãe.

6 –  Como detectar se a criança tem algum problema no controle do xixi e cocô?

Quando a criança já estiver com 3 ou 4 anos, desenvolvendo-se bem em diversas outras áreas, adquirindo habilidades, mas ainda não controla seus esfíncteres nem responde aos estímulos do processo de desfralde é importante procurar ajuda médica. Alguns problemas podem começar devido à ansiedade dos próprios pais. Perguntas como “Vamos fazer cocô?”, “Você quer fazer cocô?”, “Acho que a gente tem que ir fazer cocô” em excesso podem acabar despertando na criança algum tipo de ansiedade, angústia ou bloqueio.

Falar mal do “mau cheiro” das fezes da criança mesmo que ironicamente pode levar aos mesmos resultados. As crianças ainda não entendem essas “brincadeiras”. Com base nisso, ela pode querer fazer cocô escondido, na fralda e fica segurando até não aguentar mais, o que pode ressecar as fezes e causar a constipação, entre outros problemas.

Finalmente, é sempre bom lembrar que também no processo do desfralde cada criança reage de um jeito, cada um tem seu tempo e a ansiedade por parte dos pais pode atrapalhar nessa fase.


Como tornar o desfralde um sucesso?

A primeira coisa é não pular etapas. É preciso saber se a criança está pronta e não fazer o desfralde só porque os amiguinhos dela já o fizeram.

6 atitudes que indicam se a criança está preparada para o desfralde: Infográfico-desfraldamento-1-755x1024

1. Conta que fez ou que está com vontade de fazer xixi ou cocô;
2. Tem equilíbrio para caminhar;
3. Sobe e desce escadas alternando os pés;
4. Na hora de trocar a fralda, você nota que ela está cada dia mais sequinha;
5. Mostra desejo de usar o vaso sanitário;
6. Incomoda-se com a fralda cheia.

2 anos: príncipes ou tiranos?

Aos dois anos, a criança já anda e fala muita coisa, o que facilita o desprendimento da mãe e também a sua relação com o pai e os outros. Surge o “terrible two”.

Até os cinco anos, a maioria das crianças pensa que é o centro do universo e que as pessoas existem para satisfazer os seus desejos.frase-as-criancas-tem-de-ter-muita-paciencia-com-os-adultos-antoine-de-saint-exupery-153312

Tudo é dela. Torna-se “egocêntrica”. Não gosta de dividir brinquedos e se opõe às ordens e limites.

Gosta de esparramar os brinquedos, construir e destruir coisas, explorar todo o ambiente e como os adultos precisam de rótulos, a criança passa a ser chamada de teimosa, egoísta, birrenta e hiperativa.

A criatura também gosta de se exibir diante dos outros, mexer com terra, água, fazer sujeira.

Explorando, sujando, teimando e mexendo em tudo, ela desenvolve a psicomotricidade, a inteligência e a capacidade cognitiva.

Seus impulsos motores estão muito desenvolvidos. Corre em todas as direções, deixando os outros exaustos.

Sobe em tudo, liga e desliga tudo o que estiver ao seu alcance, rasga revistas e assim fortalece o seu tônus muscular.

Na relação com as outras crianças, empurra-as e trata-as como objetos manipuláveis, sendo incapaz de compartilhar os brinquedos e as brincadeiras. Podem estar juntas, mas cada uma brinca separadamente.

Ainda nessa fase, acontece um fenômeno muito importante. É quando a criança se liga a um brinquedinho, paninho qualquer e dele não se desgruda nunca.

Trata-se do objeto transicional, que a tranquiliza por “representar a mãe ou o seio materno” (sic). Ele não deve ser retirado da criança, pois isso poderia atrapalhar a sua relevante função, acarretando possíveis danos psíquicos.

Essa criança não entende o significado moral da palavra NÃO. Colocá-la de castigo, para PENSAR sobre o que fez pode não resolver nessa idade. Isso costuma mostrar à criança que PENSAR é castigo.

Nessa fase, desenvolve medos inexplicáveis e, por vezes, comportamentos estranhos. Ela acha que os objetos têm vida própria e algumas vezes os teme.

A sua necessidade e autonomia e de conhecer o mundo é interminável, sendo importante que a deixemos explorar o ambiente (basta tirar o que for de valor ou perigoso do seu alcance). A aprendizagem se dá pelo toque e pela experiência.PACIENCIA-708x350

Aliás, toda a aprendizagem não se transmite pelo processo “eu falo e você escuta “. Trata-se de um processo ativo e construtivo.

Pense bem antes de dar limites para essa criança. Como ela não entende o NÃO e como se acha a dona do mundo, vai insistir naquilo que você a proíbe.

A melhor maneira de dar limites nessa fase, é mudando o foco da atenção da criança. Não adianta dizer:

– Desça daí, AGORAAAA!!!!

Ela vai teimar, então é melhor você se levantar, tirá-la de onde está e chamar a atenção dela para algo interessante.

“Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não se há de afastar”  (Provérbios 22,6)Paciência-sempre

Tenha paciência, muita paciência e sabedoria, sempre!