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Relactação

Amamentar estreita o vínculo entre mãe e filho, protege o bebê contra infecções, diarreia e efeitos da poluição, reduz o risco de obesidade e  ajuda a desenvolver o sistema nervoso da criança.

Apesar de todos esses benefícios, não é tão fácil quanto parece fazer com que o pequeno mame no peito. Por diversas razões, muitas mulheres passam por dificuldades no processo do aleitamento materno.

Foi o que aconteceu com a cantora Sandy. Ela revelou como foi trabalhoso dar de mamar para o filho, Théo, que completou dois anos de idade no dia 24 de junho: “No começo eu tinha muito pouco leite, meu leite demorou muito pra descer”.
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Sandy declarou, ainda, que foi graças a um DVD que recebeu da esposa de Serginho Groisman, Fernanda, que ela soube do método de relactação para estimular a produção de leite. “Você coloca uma sondinha onde o bebê mama o seu peito e o complemento através da sondinha ao mesmo tempo”, explicou.

O uso da técnica foi essencial para que ela conseguisse prolongar a amamentação: “Depois que eu parei com a relactação, continuei dando o peito e depois mamadeira porque ele já não tinha mais paciência, pois quando o bebê vai crescendo ele vai mamando mais. Mas eu consegui amamentar por sete meses dessa maneira. Me sinto vitoriosa!”, comemorou.

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Como funciona a técnica e em quais casos é indicada

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Tanto para complementar a amamentação do bebê quanto para estimular a produção de leite, a relactação não tem contraindicações. Veja como ela é feita:

1.  O que é relactação?

É uma técnica utilizada na amamentação para estimular a produção de leite ou complementar a alimentação do bebê, quando, por algum motivo, a mãe não pode ou não consegue amamentar naturalmente.

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O mecanismo é simples: uma sonda é acoplada a um recipiente que contenha leite – de preferência o materno, único alimento que deve ser oferecido às crianças até que completem 6 meses, de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

No entanto, nos casos em que não é possível fazer a extração, dá para usar uma fórmula adequada. A ponta da sonda é fixada ao seio materno, junto ao bico, como um canudinho, para que o bebê sugue os dois ao mesmo tempo.

Geralmente, o recipiente com o leite, que pode ser uma espécie de bolsa como essas utilizadas para o soro nos hospitais, fica no alto, quase sempre apoiado sobre o ombro da mãe para ajudar o líquido a descer com mais facilidade. Assim, enquanto o bebê suga seio da mãe, também recebe o leite que sai pela cânula. Essa sucção estimula a produção do leite materno.

2. Em que casos a relactação é indicada?

A técnica é recomendada em diversas situações. Desde quando a amamentação precisa ser complementada, como aconteceu com Sandy, por recomendação médica, até quando o bebê ainda não aprendeu a mamar direito ou apresenta alguma condição que o impeça de sugar todo o leite de que precisa.

Também pode ser indicada quando o bebê apresenta baixo peso ou rejeitou uma mama ou as duas. Nos casos em que a mãe apresenta baixa produção de leite ou quer retomar a amamentação, depois de ter feito uma cirurgia ou tomado algum tipo de medicamento, por exemplo, a técnica também pode ajudar.

Além disso, algumas mães de crianças adotadas que desejam amamentar também podem utilizar a relactação para estimular a produção de leite.

3. Por quanto tempo a relactação pode ser feita?Não há um período pré-determinado, nem mínimo, nem máximo. É importante apenas ressaltar que, apesar de não ter contraindicações, é necessário contar com o acompanhamento de um profissional que entenda desse processo e que possa orientar a mãe sobre a forma correta de fazê-lo.

4. Quais são as chances de a mulher voltar ou começar a produzir leite?

Se o procedimento for feito da forma correta, as chances são bem altas. Ainda assim, vale lembrar que a técnica, sozinha, não garante o sucesso.

Há outros fatores que devem ser aplicados junto com a relactação e que são imprescindíveis para que a mulher produza leite; entre eles, manter uma dieta balanceada, beber muito líquido e estar bem descansada.

5. Que outros benefícios a relactação  pode proporcionar?

O mais importante é lembrar que a amamentação não se limita apenas ao ato de alimentar. É um momento de proximidade, de carinho, de formação de vínculo entre mãe e filho.

Só de estar aninhado junto ao peito da mãe, escutando as batidas do coração dela, o bebê já se sente acolhido e conectado.

A relactação é importante justamente porque deixa mais tranquilas as mães que têm algum problema com a produção de leite, dando a certeza de que o bebê está bem alimentado.

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E quanto mais serena a mulher estiver, maiores serão as chances de aumentar ou iniciar a produção de leite. Mas o maior ganho ainda é a proximidade entre a mãe e bebê nesse momento tão especial.

1º) Adquirir a sonda:

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Compre “sondas nasogástricas” número 4, 5 ou 6. Algumas vezes só encontradas em lojas ou farmácias que vendem material hospitalar.

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Adquira várias sondas. Pode ser melhor descartá-las após o uso, já que é difícil lavá-las bem (mas é possível esterilizar em água fervente cada vez que for usada). Essas sondas nada mais são do que tubos fininhos.

2º) Preparações:

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Colocar o leite materno ou artificial no recipiente escolhido (seringa, copo ou mamadeira).

Colocar uma ponta da sonda no recipiente e a outra deve ser presa ao seio, com sua extremidade perto do mamilo (pode usar esparadrapo, micropore).

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A ponta que fica no peito tem que ficar bem na aréola.

Tentar colocar o recipiente com o leite num local próximo e acima do nível do peito, para que a ação da gravidade facilite o fluxo do leite, e de preferência numa superfície firme para evitar que caia no chão.

Nas primeiras tentativas vale a pena pedir ajuda de outra pessoa que segure o recipiente com o leite.

É possível cortar a sonda em pedaços menores (10 cm) quando já estiver habituada, deixando o recipiente mais próximo do peito.

3º) Iniciando: 

Coloque o bebê no seio para mamar. A criança sugará o peito e a sonda ao mesmo tempo e, à medida em que se alimenta, também estimula a produção do leite materno.

A altura em que é colocado o leite e a força de sucção da criança determinam a velocidade de ingestão.

O fluxo é controlado ao se dobrar um pouco a sonda. Desse modo o bebê começa a associar o peito com alimento e é estimulado a sugar o peito

Se o bebê estiver recusando o seio, pingue leite sobre o seio para que ele queira sugar.

4º) Quanto tempo preciso usar esse sistema?

O tempo para que a produção de leite seja estabelecida é de no mínimo uma semana, requer paciência e persistência para se obter sucesso.

O leite ministrado pela sonda é o que a criança estava usando e, na medida do aumento de produção pela mãe, este é restringido progressivamente.

A relactação deve ter um começo e um fim, desde o primeiro dia que se começa deve se ter claro que não é para sempre, que num certo dia ela vai terminar.

O recomendado geralmente é não estender a relactação por mais do que 6 semanas.

5º) Que mais posso fazer para aumentar minha produção de leite?

  • A sucção do bebê é a mais poderosa que existe, então amamente em livre demanda, mesmo sem a sonda, sempre que puder.
  • Utilize uma bomba elétrica de boa qualidade e tente ordenhar seu leite também sempre que possível – isso ajuda a estimular a produção, mesmo se ainda não estiver saindo leite. A ordenha manual bem feita é igualmente eficiente.
  • Descarte o uso de qualquer bico artificial: mamadeiras, chupetas, bicos de silicone.
  • Carregue seu bebê num sling, sempre que possível. Sentir o cheiro da mamãe acalma o bebê e o incentiva a sugar.
  • Descanse quando puder, tire sonecas quando o bebê também o fizer. Durma perto de seu bebê (tomando precauções para prática da cama compartilhada): pesquisas mostram que cama familiar pode ajudar no estabelecimento da amamentação.

Vídeo explicativo: http://www.youtube.com/watch?v=p9-Y4A8lLNU

ATENÇÃO: A técnica de relactação é justamente para RE-lactar, usada quando a mãe deixou por qualquer motivo de oferecer seu peito ou em casos de mães adotivas que desejam amamentar.

RELACTAÇÃO NÃO É UM MÉTODO DE COMPLEMENTAÇÃO PARA SUBSTITUIR A MAMADEIRA.

É importante que desde o começo o fluxo da sonda seja regulado, para que o bebê se acostume com o fluxo de LM (leite materno) do peito – nem toda sucção deve levar leite.

A relactação sozinha não faz milagres, deve ser associada à livre demanda e auto-confiança.

SE A MÃE PRODUZ QUALQUER QUANTIDADE DE LM A RELACTAÇÃO TEVE SUCESSO E NÃO É MAIS NECESSÁRIA: pode começar a diminuir o LA (leite artificial) usando copinho.

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Uma vez se consegue LM em volume aceitável o ideal é passar oferecer o complemento num copinho e deixar de usar a sonda.

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Lembre que existe sucção não alimentar, na sonda fica difícil saber até onde o bebê continua com fome e até onde está sugando por conforto.

Toda mamada deve começar e terminar pelo peito sozinho. Se o bebê adormece no peito, que seja no peito sem sonda.

Fontes:

  1. http://revistacrescer.globo.com/Bebes/Amamentacao/noticia/2016/07/relactacao-entenda-como-funciona-tecnica-e-em-quais-casos-e-indicada.html – Alberto d’Auria, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP) e Patricia Scalon, consultora e enfermeira da equipe do Grupo de Apoio de Aleitamento Materno da Maternidade São Luiz (SP).
  2. http://mdemulher.abril.com.br/famosos-e-tv/bebe/no-altas-horas-sandy-conta-que-recorreu-a-tecnica-de-relactacao-para-amamentar-theo
  3. 10528-42549-1-pb relactacao