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Comportamento

Dislexia: resumo

priscila psicologa DISLEXIA 2O que Albert Einstein, John Lennon, Leonardo da Vinci, Steven Spielberg, Graham Bell, George Washington, Henry Ford, John F. Kennedy, Thomas Edison, Tom Cruise, Agatha Christie, Walt Disney e Winston Churchill têm em comum?

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Entender como aprendemos e o porquê de muitas pessoas inteligentes experimentarem dificuldades paralelas em seu aprendizado é desafio que a Ciência vem desvendando em mais de 130 anos de pesquisas.

O apoio da ressonância magnética funcional e as conquistas dos últimos dez anos têm trazido respostas significativas.imagem.php_

A sua complexidade está diretamente vinculada ao entendimento do ser humano: de quem somos; do que é “memória e pensamento”, “pensamento e linguagem”; de como aprendemos e do porquê podemos encontrar facilidades (até) geniais, mescladas de dificuldades (até básicas) em nosso processo individual de aprendizado.

Um grande problema está no conceito arcaico de que: “quem é bom, é bom em tudo”. Isto é, a pessoa, porque inteligente, tem que saber tudo e ser habilidosa em tudo o que faz.

Posição equivocada que Howard Gardner aprofundou em seus estudos registrados, especialmente, em sua obra “Inteligências Múltiplas”, que ele transformou em pesquisa cientificamente comprovada e que o alçou à posição de um dos maiores educadores de todos os tempos.

Durante esse longo período de pesquisas que transcende gerações, o desencontro de opiniões sobre o que é dislexia redundou em mais de cem nomes para designar essas dificuldades específicas de aprendizado, e em cerca de 40 definições, sem que nenhuma delas tenha sido universalmente aceita.

Recentemente, porém, no entrelaçamento de descobertas realizadas por diferentes áreas relacionadas aos campos da Educação e da Saúde, foram surgindo respostas importantes e conclusivas, como:

  • dislexia tem base neurológica e que existe uma incidência expressiva de fator genético em suas causas, transmitido por um gene de uma pequena ramificação do cromossomo # 6 que, por ser dominante, torna-a hereditária, justificando que se repita nas mesmas famílias;
  • dislexia_redque o disléxico tem mais desenvolvida área específica de seu hemisfério cerebral lateral-direito do que leitores normais. Condição que, segundo estudiosos, justificaria seus “dons” como expressão significativa desse potencial, que está relacionado à sensibilidade, artes, atletismo, mecânica, visualização em 3 dimensões, criatividade na solução de problemas e habilidades intuitivas;imagem_dislexia_cruzeiro
  • que, embora existindo disléxicos ganhadores de medalha olímpica em esportes, a maioria deles apresenta imaturidade psicomotora ou conflito em sua dominância e colaboração hemisférica cerebral direita-esquerda. Uma de nossas mentes mais brilhantes e criativas declarou: “Não sei por que, mas quem me conhece sabe que não tenho domínio motor que me dê a capacidade de, por exemplo, apertar um simples parafuso”;

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  • que, com a conquista científica de uma avaliação mais clara da dinâmica de comando cerebral em dislexia, pesquisadores da equipe da Dra. Sally Shaywitz, da Yale University, anunciaram, recentemente, uma significativa descoberta neurofisiológica, que justifica ser a falta de consciência fonológica do disléxico, a determinante mais forte da probabilidade de sua falência no aprendizado da leitura;
  • que o Dr. Breitmeyer descobriu que há dois mecanismos inter-relacionados no ato de ler: o mecanismo de fixação visual e o mecanismo de transição ocular que, mais tarde, foram estudados pelo Dr. William Lovegrove e seus colaboradores, e demonstraram que crianças disléxicas e não-disléxicas não apresentaram diferença na fixação visual ao ler.
  • Mas que os disléxicos, porém, encontraram dificuldades significativas em seu mecanismo de transição no correr dos olhos, em seu ato de mudança de foco de uma sílaba à seguinte, fazendo com que a palavra passasse a ser percebida, visualmente, como se estivesse borrada, com traçado carregado e sobreposto. Sensação que dificultava a discriminação visual das letras que formavam a palavra escrita. Como bem figura uma educadora e especialista alemã, “… É como se as palavras dançassem e pulassem diante dos olhos do disléxico”.
  • dislexia

A dificuldade de conhecimento e de definição do que é dislexia faz com que se tenha criado um mundo tão diversificado de informações. A mídia, nas poucas vezes em que aborda esse problema, somente o faz de maneira parcial, quando não de forma inadequada e fora do contexto global das descobertas atuais da Ciência.

Dislexia é causa ainda ignorada de evasão escolar em nosso país, e uma das causas do chamado “analfabetismo funcional” que, por permanecer envolta no desconhecimento, na desinformação ou na informação imprecisa, não é considerada como desencadeante de insucessos no aprendizado.

Hoje, os mais abrangentes e sérios estudos a respeito desse assunto, registram 20% da população americana como disléxica, com a observação adicional: “existem muitos disléxicos não diagnosticados em nosso país”. Para sublinhar, de cada 10 alunos em sala de aula, 2 são disléxicos, com algum grau significativo de dificuldades. Graus leves, embora importantes, não costumam sequer ser considerados.lembretes_dislexia

Também para realçar a grande importância da posição do disléxico em sala de aula cabe, além de considerar o seríssimo problema da violência infanto-juvenil, citar o lamentável fenômeno do suicídio de crianças que, nos USA, traz o grave registro de que 40 (quarenta) crianças se suicidam todos os dias, naquele país. E que dificuldades na escola e decepção que eles não gostariam de dar a seus pais estão citadas entre as causas determinantes dessa tragédia.

Ainda é de extrema relevância considerar estudos americanos, que provam ser de 70% a 80% o número de jovens delinquentes nos USA, que apresentam algum tipo de dificuldade de aprendizado. Também é comum que crimes violentos sejam praticados por pessoas que têm dificuldades para ler. Quando, na prisão, eles aprendem a ler, seu nível de agressividade diminui consideravelmente.

O Dr. Norman Geschwind, M.D., professor de Neurologia da Harvard Medical School,  professor de Psicologia do MIT (Massachussets Institute of Tecnology), diretor da Unidade de Neurologia do Beth Israel Hospital, em Boston, MA, pesquisador perseverante que assumiu a direção da pesquisa neurológica em dislexia afirma que a falta de consenso no entendimento do que é dislexia, começou a partir da decodificação do termo criado para nomear essas específicas dificuldades de aprendizado; que foi elegido o significado latino dys, como dificuldade; e lexia, como palavra.

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Mas que é na decodificação do sentido da derivação grega de Dislexia que está a significação intrínseca do termo: dys, significando imperfeito como disfunção, isto é, uma função anormal ou prejudicada; e lexia que, do grego, dá significação mais ampla ao termo palavra, isto é, como Linguagem em seu sentido abrangente.

É preciso um olhar humano, lógico e lúcido para o entendimento maior do que é dislexia.

Dislexia é uma específica dificuldade de aprendizado da linguagem: em leitura, soletração, escrita, em linguagem expressiva ou receptiva, em razão e cálculos matemáticos, como na linguagem corporal e social. Não tem como causa falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade, como nada tem a ver com acuidade visual ou auditiva como causa primária. Dificuldades no aprendizado da leitura, em diferentes graus, é característica evidenciada em cerca de 80% dos disléxicos.

Outros casos conhecidos de dislexia:

Agatha Christie

Albert Einstein

Alexander Graham Bell

Alyssa Milano

Anderson Cooper

Anthony Hopkins

Billy Blanks

Bruce Jenner

Cher

Christopher Knight

Craig McCaw

Danny Glover

Dave Foley

David Koresh

Eddie Izzard

Erin Brockovich

George Burns

George H.W. Bush

George W. Bush

George Washington

Greg Louganis

Guy Ritchie

Harrison Ford

Harry Anderson

Henry Ford

Henry Winkler

James Van Der Beek

Jamie Oliver

Jay Leno

Jewel

John F. Kennedy

John Lennon

John T. Chambers

Keanu Reeves

Keira Knightley

Laura Flynn Boyle

Leonardo da Vinci

Liv Tyler

Magic Johnson

Muhammad Ali

Neil Bush

Noel Gallagher

Orlando Bloom

Ozzy Osbourne

Pablo Picasso

Patrick Dempsey

Richard Branson

Robbie Williams

Robin Williams

Salma Hayek

Scott Adams

Steven Spielberg

Suzanne Somers

Tawny Kitaen

Ted Turner

Thomas Edison

Thomas Jefferson

Tim Armstrong

Tom Cruise

Tommy Hilfiger

Tracey Gold

Vince McMahon

Vince Neil

Walt Disney

Whoopi Goldberg

William Hewlett

Winston Churchill

Woodrow Wilson

Woody Harrelson

Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes genial, mas que aprende de maneira diferente.

Outras “definições controversas”:

Disgrafia é uma inabilidade ou atraso no desenvolvimento da Linguagem Escrita, especialmente da escrita cursiva. Escrever com máquina datilográfica ou com o computador pode ser muito mais fácil para o disléxico. Na escrita manual, as letras podem ser mal grafadas, borradas ou incompletas, com tendência à escrita em letra de forma. Os erros ortográficos, inversões de letras, sílabas e números e a falta ou troca de letras e números ficam caracterizados com muita frequência.

Discalculia – as dificuldades com a Linguagem Matemática são muito variadas em seus diferentes níveis e complexas em sua origem. Podem evidenciar-se já no aprendizado aritmético básico como, mais tarde, na elaboração do pensamento matemático mais avançado. Embora essas dificuldades possam manifestar-se sem nenhuma inabilidade em leitura, há outras que são decorrentes do processamento lógico-matemático da linguagem lida ou ouvida. Também existem dificuldades advindas da imprecisa percepção de tempo e espaço, como na apreensão e no processamento de fatos matemáticos, em sua devida ordem.

Deficiência de atenção – é a dificuldade de concentrar e de manter concentrada a atenção em objetivo central, para discriminar, compreender e assimilar o foco central de um estímulo. Esse estado de concentração é fundamental para que, através do discernimento e da elaboração do ensino, possa completar-se a fixação do aprendizado. A Deficiência de Atenção pode manifestar-se isoladamente ou associada a uma Linguagem Corporal que caracteriza a Hiperatividade ou, opostamente, a Hipoatividade.

Hiperatividade – refere-se à atividade psicomotora excessiva, com padrões diferenciais de sintomas: o jovem ou a criança hiperativa com comportamento impulsivo é aquela que fala sem parar e nunca espera por nada; não consegue esperar por sua vez, interrompendo e atropelando tudo e todos. Porque age sem pensar e sem medir consequências, está sempre envolvida em pequenos acidentes, com escoriações, hematomas, cortes. Um segundo tipo de hiperatividade tem como características mais pronunciadas sintomas de dificuldades de foco de atenção. É uma superestimulação nervosa que leva a pessoa a passar de um estímulo a outro, não conseguindo focar a atenção em um único tópico. Assim, dá a falsa impressão de que é desligada. Mas, ao contrário, é por estar ligada em tudo, ao mesmo tempo, que não consegue concentrar-se em um único estímulo, ignorando outros.

Hipoatividade – caracteriza-se por um nível baixo de atividade psicomotora, com reação lenta a qualquer estímulo. Trata-se daquela criança chamada “boazinha”, que parece estar sempre no “mundo da lua”, “sonhando acordada”. Comumente, o hipoativo tem memória pobre e comportamento vago, pouca interação social e quase não se envolve com seus colegas.

https://youtu.be/XLgYAHHkPFs

Referências

http://www.dislexia.com.br/

http://www.portaleducacao.com.br/Artigo/Imprimir/26858

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Prisão de ventre na infância: 7 dicas de tratamento (para casos mais simples)

ORIENTAÇÕES DIETÉTICAS PARA O TRATAMENTO DA CONSTIPAÇÃO INTESTINAL EM PEDIATRIA

O objetivo do tratamento dietético é modificar a consistência do bolo fecal e estimular o peristaltismo intestinal.

Cerca de 95% das constipações em pediatria são funcionais (relacionadas aos erros alimentares, medo etc.)

Se for de causa orgânica e/ou emocional, a nutrição adequada será um recurso terapêutico importante. O tratamento é longo e podem haver ”recaídas”.

Por sua capacidade de reter água, cada grama de fibra ingerida aumenta 15 gramas o “bolo fecal”. Algumas medidas são sugeridas no tratamento da constipação:

  1.  Hidratação: o aumento da ingestão de água é uma medida útil no manejo da “prisão de ventre”. Ingerir bastante líquido (água, sucos naturais etc.).Meu-Dia-D-Mãe-Constipação-2
  1.  Horário: o reflexo gastrocólico ocorre em média de 15 minutos a uma hora após a alimentação e é exacerbado por alimentos (quentes ou frios) de fácil esvaziamento gástrico. Neste intervalo, após as refeições principais (café da manhã, almoço e jantar), pode-se tentar a evacuação. Se possível, levar à criança ao banheiro no mesmo horário. Ela não precisa evacuar naquele momento. Entretanto, essa atitude estimula a criança a estar no ambiente.
  1.  Postura: quando colocada em vaso sanitário comum, a criança pode sentir medo, além de manter os pés suspensos no ar. Devemos usar um redutor de vaso e permitir que ela fique em posição confortável. Deixá-la com os pés firmemente apoiados no chão ou em uma banqueta, facilitando assim a utilização da prensa abdominal (musculatura).
  1.  Ginástica: a prática de exercícios para fortalecer a musculatura da parece abdominal é uma medida que pode facilitar o ato da evacuação.
  1.  Apoio emocional: sempre necessário. Mesmo quando não é primariamente causada por distúrbio emocional, a constipação intestinal pode levar a mudanças comportamentais no paciente, com ansiedade que pode atingir seus familiares.
  1.  Atendimento ao reflexo retal: atender ao reflexo que precede a evacuação (ex. após as principais refeições). A família deve comunicar inclusive aos professores para que seja permitido à criança ir ao banheiro quando solicitar. Explicar que o quadro não é voluntário, principalmente nos casos de incontinência fecal.
  1.  Mudança de hábitos: quando possível, as frutas devem ser consumidas com casca e bagaço; o farelo e os cereais integrais podem ser utilizados no preparo de massas, tortas, pães, bolos e farofas (na proporção de 30%), legumes coloridos, diariamente, preferindo os que se comem com casca e semente. Verduras diariamente. Não fazer restrições alimentares. A dieta da criança deve ser liberada, apenas deve-se ter equilíbrio.

De acordo com a sua ação estimuladora sobre o peristaltismo intestinal, os alimentos podem ser assim classificados:

INTENSA (LAXANTES) – abóbora (moranga), acelga, aipo, alcachofra (folha), almeirão, alface, aipo, agrião, alcaparra, aspargo (inteiro), caruru, chicória, cebola, couve, erva-doce, espinafre, ervilha, feijões, jiló, lentilha, pimentão, pepino, quiabo, rúcula, repolho, rabanete, salsinha, tomate, vagem; abacaxi, ameixa, abacate, azeitona, coco, cidra, figo, jaca, jabuticaba, laranja, mamão, melancia, melão, manga, romã, sapoti, tâmara, uva; aveia, centeio, cevada, farelo de aveia, germe de trigo, linhaça (sementes), milho (espiga, farelo, grão), pães e biscoitos integrais; creme de leite, iogurte, leite, manteiga; carnes vermelhas; chocolate (puro ou adicionado em alimentos), condimentos, doces concentrados e sorvetes.Captura-de-ecrã-2015-10-24-às-16.24.02

MODERADA – alcachofra (polpa), alho, beterraba, berinjela, brócolis, cenoura crua, couve-flor, grão-de-bico (sem casca), nabo, tomate (sem pele e semente), verduras de folha (caldo: alto teor de sais); amora, abio, abricó, caqui, cereja, carambola, damasco, fruta-de-conde, framboesa, frutas em geral (suco coado), goiaba, graviola, jabuticaba (sem casca, sem semente), maracujá (polpa), lima, morango, tangerina, uva (polpa); açúcar, café, mel, milho (fubá); queijo branco, margarina, requeijão, ricota; carnes brancas, ovo, vísceras.

QUASE NULA – aspargo (ponta), abóbora (peneirada), abobrinha (sem casca), batata, cará, cenoura cozida, chuchu, inhame, mandioquinha; banana, caju, goiaba (sem semente e sem casca), limão (suco diluído), maçã (sem casca), pera (sem casca), maracujá (suco); arroz, baunilha, canela, chá, fécula de batata, fermento em pó, gelatina natural, milho (maisena) e tapioca.

OBS.: Se possível, comer alimentos de cada grupo, diariamente:

Grupos              Alimentos ricos em fibras
I Abacaxi, ameixa madura, ameixa preta, caqui, figo, kiwi, laranja (“bagaço”/gomos, suco sem coar), mamão, manga, pera (com casca), melancia, melão, nêspera, pêssego, tangerina, uva (com casca), uva passa.
II Abóbora madura, abobrinha verde (com casca), berinjela, cenoura, chuchu, palmito, quiabo, vagem.
III Acelga, agrião, alface, bertalha, brócolis, couve, couve-flor, ervilha em grão, ervilha verde, espinafre, repolho.
IV Aveia (em flocos ou farinha), arroz integral, farelo de trigo, feijão (com casca), gergelim, germe de trigo, grão de bico, lentilha, milho (cozido, ralado, pipoca), trigo (para quibe).

CONSTIPAÇÃO CRÔNICA EM PEDIATRIA: EXAMES SÃO NECESSÁRIOS?

Dra. Soraia Tahan (Gastroenterologia)

A constipação é uma queixa pediátrica frequente, sendo responsável por 3% das consultas pediátricas e 25% das consultas com pediatra gastroenterologista.

A constipação crônica na infância pode decorrer de várias causas (etiologias), sendo de origem funcional na grande maioria dos pacientes.

A história clínica e o exame físico completo são suficientes para o diagnóstico de constipação funcional na maior parte dos casos.

Existem definições para o diagnóstico de constipação crônica funcional na infância, sendo que os critérios de Roma III são atualmente mundialmente utilizados.

Os critérios de Roma III que definem constipação funcional dividiram o grupo pediátrico em 2 grupos: menores de 4 anos e maiores de 4 anos.

Os critérios considerados são:

  1. duas ou menos evacuações por semana;
  2. pelo menos 1 episódio de incontinência fecal (escape fecal) por semana (após aquisição do controle esfincteriano para menores de 4 anos);
  3. comportamento de retenção;
  4. evacuações com dor ou dificuldade;
  5. presença de grande quantidade de fezes no reto;
  6. eliminação de fezes de grande diâmetro que podem entupir o vaso.

Para preencher o diagnóstico de constipação funcional, os menores de 4 anos devem ter, no mínimo, 2 dos critérios acima descritos no último mês e os maiores de 4 anos devem ter, no mínimo, 2 desses critérios nos últimos 2 meses e não podem preencher o diagnóstico de síndrome do intestino irritável.

Nos casos que preenchem critérios clínicos de diagnóstico de constipação funcional, a realização de exames subsidiários não é necessária.

A realização de exames para investigação de constipação crônica fica reservada a casos que apresentam sinais de alarme que sugerem origem orgânica, especialmente na doença de Hirschsprung, principal diagnóstico diferencial: constipação com início antes de 1 mês de vida, eliminação de mecônio por mais de 48 horas, história familiar de doença de Hirschsprung, fezes em fita, déficit de crescimento, distensão abdominal importante, canal anal hipertônico com ampola retal vazia ao toque, em vigência de massa abdominal palpável, ou fezes explosivas após o toque retal.

Além da doença de Hirschsprung, malformações anorretais e medulares, hipotireoidismo, doença celíaca e alergia à proteína do leite de vaca podem cursar com constipação.

Recentemente, a Sociedade Norte-Americana de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição (NASPGHAN), juntamente com a Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição (ESPGHAN), desenvolveu um documento que dispõe sobre recomendações baseadas em evidências científicas para o diagnóstico e o tratamento da constipação crônica funcional em lactentes e crianças. As recomendações são:

  • A radiografia simples de abdome não é útil para o diagnóstico de constipação funcional, exceto nas crianças com suspeita de impactação fecal e cujo exame físico não fornece essa informação ou não pode ser realizado.
  • Testes laboratoriais para hipotireoidismo, doença celíaca e hipercalcemia não são recomendados na ausência de sinais de alarme.
  • O enema baritado não é recomendado como exame inicial para avaliação de crianças com constipação, pois não representa uma alternativa válida à biópsia retal ou à manometria anorretal para excluir doença de Hirschsprung, porém pode ser usado para avaliar a extensão do segmento agangliônico antes da cirurgia.
  • A manometria anorretal não é recomendada como única ferramenta diagnóstica de doença de Hirschsprung em neonatos e lactentes, sendo útil em crianças mais velhas com sintomas que sugerem essa doença, inclusive a ausência de resposta clínica à terapia padrão.
  • A biópsia retal é o padrão-ouro de diagnóstico de doença de Hirschsprung.
  • A ultrassonografia retal não é recomendada para o diagnóstico de constipação funcional.
  • Estudos de trânsito colônico não são recomendados para o diagnóstico de constipação funcional, porém, com base na opinião de especialistas, podem ser úteis para discriminar de constipação funcional com incontinência fecal não retentiva quando o diagnóstico não é claro.

Testes alérgicos não são recomendados para o diagnóstico de alergia ao leite de vaca em crianças com constipação funcional. Porém, com base na opinião de especialistas, a retirada da proteína do leite de vaca pode ser indicada em crianças com constipação intratável. A constipação intratável é definida como a constipação que não responde ao tratamento convencional adequado por, no mínimo, 3 meses.

Para os casos de constipação “intratável”, a manometria anorretal é útil para pesquisar a presença do reflexo inibitório retoanal (RIRA), que quando presente exclui a doença de Hirschsprung.

A manometria colônica é somente indicada para pacientes com constipação refratária antes da intervenção cirúrgica (por exemplo: enemas anterógrados).

A cintilografia colônica e as biópsias colônicas profundas (para diagnóstico de doenças neuromusculares colônicas) não são recomendadas. Só se recomenda a ressonância magnética de coluna se houver evidência de outras anormalidades neurológicas.

Leia mais: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24345831

Comentários pessoais da especialista

As recomendações baseadas em evidências científicas da NASPGHAN e da ESPGHAN para o diagnóstico e o tratamento da constipação crônica em lactentes e crianças visam a auxiliar os profissionais médicos no manejo clínico eficiente de crianças com constipação crônica.

Entretanto, concordo com a menção dos autores no texto de que a diretriz não deve ser considerada como um substituto do julgamento clínico ou como protocolo aplicável a todos os pacientes.

Ressalto ainda que a experiência que temos no Serviço de Manometria Anorretal da UNIFESP difere de uma das recomendações da diretriz. Temos utilizado a manometria anorretal em lactentes como única ferramenta diagnóstica para excluir a doença de Hirschsprung nos pacientes que apresentam reflexo inibitório retoanal no exame.

Referência

Tabbers MM, Di Lorenzo C, Berger MY, Faure C, Langendam MW, Nurko S, Staiano A, Vandenplas Y, Benninga MA. Evaluation and treatment of functional constipation in infants and children: evidence-based recommendations from ESPGHAN and NASPGHAN. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2014;58:258-274.

http://www.nestlenutrition.com.br/comentarios-dos-especialistas/detalhe/dra-soraia-tahan/2014/08/15/constipacao-cronica-em-pediatria-exames-sao-necessarios?utm_source=restrospectiva2014&utm_medium=Pediatras&utm_content=gastro&utm_campaign=Email_Mkt&

Brinquedos podem causar doenças?

Brinquedos em brinquedotecas como uma fonte de microrganismos patogênicos para as infecções hospitalares

Sonia Regina Testa da Silva Ramos*

Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil

Revista Paulista de Pediatria

“… a brincadeira que é universal e que é própria da saúde: o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde…” (Winnicott)

As brincadeiras fazem parte da vida da criança, e é por meio delas que, muitas vezes, a criança expressa os sentimentos de forma não verbal. Essa forma de expressão é de muita importância quando submetida a agravos, como a internação hospitalar. Privar a criança de sua linguagem é piorar ainda mais a agressão.

Assim, um espaço adequado para que as brincadeiras aconteçam dentro do ambiente hospitalar é altamente recomendado. No Brasil, desde 2005, os hospitais que prestam atendimento pediátrico estão obrigados por lei a contar com brinquedotecas.1

Se, por um lado, a brinquedoteca proporciona um local para a criança manifestar seus sentimentos durante a internação e minimizar o sofrimento, sendo um dos locais do hospital lembrados com alegria, por outro, o convívio próximo e o contato com brinquedos manipulados por outras crianças podem facilitar a aquisição de infecções. Infelizmente, pode ocorrer a contaminação dos brinquedos, e surtos de infecções hospitalares já foram atribuídos a eles.24

As crianças apresentam algumas peculiaridades que as predispõem aos processos infecciosos, como a imaturidade imunológica, a falta de contato anterior com patógenos, a falta de controle esfincteriano nas crianças de baixa idade e a fase oral do desenvolvimento. Soma-se a isso a interação muito próxima com os membros da equipe de saúde e familiares e, portanto, maior contato com mãos e utensílios potencialmente contaminados. Também as causas infecciosas grande parte das vezes predominam nas internações pediátricas.5

Embora a maior vulnerabilidade da criança e a exposição a patógenos sejam bem conhecidas, o papel das superfícies e, particularmente, dos brinquedos tem tido pouca atenção por parte das equipes de controle de infecção hospitalar e de pesquisa, e é tida como prioritária.6,7

Boretti et al,8, em artigo publicado nesta edição da revista, mostram que microrganismos do gênero Staphylococcus, tanto coagulase negativos como positivos, com resistência elevada aos antimicrobianos habitualmente utilizados no tratamento de pacientes internados, estavam presentes em 87% dos brinquedos que analisaram logo após a manipulação pela criança. Tem o mérito de mostrar que a contaminação é elevada por microrganismos resistentes e que em alguns materiais, como plásticos e borracha, a contaminação é mais intensa.

Algumas limitações podem ser apontadas e podem servir para a continuação dessa linha de pesquisa. O desenho do estudo não permite saber quando ocorreu a contaminação, se os brinquedos já estavam contaminados antes da manipulação pela criança. Sabe-se que os estafilococos permanecem muitos dias viáveis em fomites e superfícies.9,10

A origem dos microrganismos também não pode ser analisada, e um fato curioso é o encontro de estafilococos coagulase positivos, como o S. Intermedius, o S. schleiferi e o S. hyicus.5,11 Essas espécies habitualmente são encontradas em animais domésticos, como cães e gatos;5,11 será que a procedência nos brinquedos foi das crianças expostas a animais antes da internação? Ou nesse hospital ocorre a visita terapêutica de animais? A presença dos microrganismos não prova que eles podem infectar os pacientes, mas estudos utilizando tecnologia de biologia molecular poderiam atestar a origem das cepas que infectam os pacientes.5

De qualquer forma, medidas preventivas para evitar a disseminação dos microrganismos devem ser tomadas.

Além das medidas clássicas de limpeza e desinfecção dos brinquedos e, portanto, a escolha de brinquedos laváveis e da higiene das mãos, não se deve esquecer da higiene das mãos das crianças12 e da limpeza e desinfecção dos mobiliários e das superfícies do ambiente.10

Tecnologias inovadoras, como superfícies autodesinfetantes, métodos de cuidados com pouca manipulação, desenho das áreas destinadas à recreação, devem ser pesquisadas em hospitais pediátricos.6,7,10

REFERÊNCIAS

  1. Brasil – Presidência da República. Lei nº 11.104, de 21 de março de 2005. Dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação. Brasília: Casa Civil; 2005. Available from: HYPERLINK “http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11104.htm”www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11104.htmwww.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11104.htm [ Links ]
  2. Avila-Aguero ML, German G, Paris MM, Herrera JF; Safe Toys Study Group. Toys in a pediatric hospital: are they a bacterial source? Am J Infect Control 2004;32:287-90. [ Links]
  3. Freitas AP, Silva MC, Carvalho TC, Pedigone MA, Martins CH. Brinquedos em uma brinquedoteca: um perigo real? Rev Bras Anal Clin 2007;39:291-4. [ Links]
  4. Merriman E, Corwin P, Ikram R. Toys are a potential source of cross-infection in general practitioners’ waiting rooms. Br J Gen Pract 2002;52:138-40. [ Links]
  5. Safdar N, Anderson DJ, Braun BI, Carling P, Cohen S, Donskey C et al. The evolving landscape of healthcare-associated infections: recent advances in prevention and a road map for research 2014;35:480-93. [ Links]
  6. Cardoso MF. Humanização. In: Ramalho MO, Costa SF, editor. Como instruir um programa de controle de infecção hospitalar. São Paulo: APECIH; 2007. p. 193-206. [ Links]
  7. Boretti VS, Corrêa RN, Santos SS, Leão MV, Silva CR. Sensitivity profile of Staphylococcus spp. and Streptococcus spp. Isolated from toys used in a teaching hospital playroom. Rev Paul Pediatr 2014;32:151-6. [ Links]
  8. Desai R, Pannaraj PS, Agopian J, Sugar CA, Liu GY, Miller LG. Survival and transmission of community-associated methicillinresistant Staphylococcus aureus from fomites. Am J Infect Control 2011;39:219-25. [ Links]
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  11. Loeffler A, Lloyd DH. Companion animals: a reservoir for methicillin-resistant Staphylococcus aureus in the community? Epidemiol Infect 2010;138:595-605. [ Links]
  12. Randle J, Metcalfe J, Webb H, Luckett JC, Nerlich B, Vaughan N et al. Impact of an educational intervention upon the hand hygiene compliance of children. J Hosp Infect 2013;85:220-5. [ Links]

*Autor para correspondência. E-mailsonia.ramos@hc.fm.usp.br (S.R.T.S. Ramos).

Revista Paulista de Pediatria

versão impressa ISSN 0103-0582

Rev. paul. pediatr. vol.32 no.3 São Paulo set. 2014

http://dx.doi.org/10.1590/0103-0582201432321

BORETTI, Vanessa Stolf et al. Perfil de sensibilidade de Staphylococcus spp. e Streptococcus spp. isolados de brinquedos de brinquedoteca de um hospital de ensino. Rev. paul. pediatr. [online]. 2014, vol.32, n.3, pp. 151-156. ISSN 0103-0582.

Melhores atividades físicas na infância

  1. Qual a idade mínima para a prática de exercícios? Quais as atividades físicas mais indicadas na infância? Como elas devem ser feitas?A atividade física é desejável para o ser humano em todas as idades. Portanto, deve ser estimulada. O lactente deve ter liberdade para se mover de acordo com o seu nível de desenvolvimento.25--2--PiramideAtividadeFisicaA partir dos 6 meses já existem exercícios que estimulam o desenvolvimento; um cercado permite à criança observar o ambiente, brincar e se apoiar para ficar de pé.

A partir dos 10 meses a criança deve ter espaço para engatinhar e depois começar a andar com apoio; na criança de 1-3 anos, a atividade física deve ser estimulada.

No pré-escolar de 4 a 7 anos são atividades indicadas: andar, correr, pular, subir, nadar. Isso pode ser feito através de jogos que visam aperfeiçoar a coordenação motora.06_ginastica_kids_estudio_1286207116

Direcionar já para um esporte pode privar o desenvolvimento de certos grupos musculares. A atividade física desenvolve a força muscular, flexibilidade e resistência, aperfeiçoa a coordenação motora, estimula o metabolismo ósseo, aumenta a capacidade respiratória e cardíaca, melhora o humor e o apetite, mas previne a obesidade e, a longo prazo, diminui os riscos de hipertensão, diabetes e cardiopatias isquêmicas.

2. Em quais casos a atividade física não é recomendada para crianças? Existe contraindicação?

A princípio, não há contraindicação para a atividade física. É importante adaptar à etapa do desenvolvimento e às condições de cada criança, evitando os exercícios de força e aqueles que levam à hipertrofia da massa muscular, pois os músculos enrijecidos “opõem-se ao crescimento ósseo”.

A natação (excelente atividade física) pode não ser indicada, temporariamente, para crianças com rinite-sinusite crônica, por exemplo.images9

3. Qual é a diferença entre atividade física e esporte? 

Entende-se por esporte a atividade física que está associada à competição e visa resultados.

O esporte é importante na formação do caráter porque desenvolve a sociabilidade (função do conjunto), respeito às regras (limites), empenho (essencial para o sucesso) e o modo de lidar com a vitória e a derrota.

Por outro lado, acarreta riscos de lesões físicas (luxação, fratura, rompimento de ligamentos, entorses), desidratação (pelo calor) e sobrecarga psicológica (conflito emocional).

Entre 8 e 11 anos já se pode indicar um esporte favorito sem dar ênfase no aspecto competitivo. Trata-se de uma associação de ginástica e jogos.

A partir dos 12 anos já se pode iniciar treinamento visando resultados.

É importante respeitar a maturidade biológica da criança e evitar sobrecarga nos exercícios. Cumpre advertir que nesta faixa etária existem grandes diferenças de maturação entre crianças da mesma idade. Por isso é preciso identificar o ritmo de crescimento e de maturidade pubertária não levando em conta apenas a idade cronológica (a idade óssea pode ser um dado de orientação).

4. Qual deve ser a participação dos pais em relação à prática da atividade física? 

Cabe aos pais estimular essa prática. Estimular não significa fazer cobranças excessivas as quais podem associar a ideia de derrota com fracasso, provocar aversão ao esporte quando adulto e até causar transtornos de caráter.

5. Quais os cuidados que os profissionais devem ter nas aulas?

Se aos pais cabe encorajar e estimular, ao técnico e professor cabe controlar a intensidade do treinamento levando em conta a idade adequada (individualizar e não se basear apenas na idade cronológica), o sexo, introdução gradativa, aumento gradual sem forçar, acompanhar o desenvolvimento, evitar cobrança excessiva de resultados.

A criança deve ter o direito de não ser um campeão.

Atividade física programada deve ser idealmente realizada 5 vezes por semana, no mínimo 3 dias. Cerca de 150 minutos por semana, com orientação profissional.

Em alguns adolescentes maiores, a musculação poderia ser iniciada desde que com cargas baixas com muitas repetições para um bom condicionamento.

Cabe aos técnicos estimular uma alimentação adequada (orientada pelo médico) e advertir que os suplementos alimentares hoje tão em voga não tem eficácia comprovada e que os anabolizantes são prejudiciais à saúde.

O treinador deve aproveitar sua respeitada posição para doutrinar as crianças contra o fumo, bebida e drogas.

6. Qual é objetivo final da atividade física/esporte na criança?

O esporte pode e deve ser um aliado da saúde da criança.

Para isso é necessário que pais e técnicos se conscientizem que a criança não é um adulto em miniatura e que a meta é a manutenção da atividade física para toda a vida e não um “transitório pequeno grande atleta”.

O incentivo dos pais é imprescindível, o que não é absolutamente sinônimo de cobranças irrealistas. Pais, treinador e médico devem formar uma equipe para atingir o objetivo final: atitude correta em relação à atividade física para toda a vida no contexto de uma vida saudável.

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Idade Esporte na Criança X Idade
1-2-3 anos A atividade física deve ser iniciada o quanto antes
4-5-6-7 anos Correr, pular, gritar, andar, subir, cair são algumas das atividades indicadas Direcionar para um esporte pode privar o desenvolvimento de certos grupos musculares
8-9-10-11 anos Indicar um esporte favorito
Evitar competições para impedir o “conflito emocional”
12-13-14 anos Início de treinamento visando resultados
Respeitar a maturidade biológica da criança e evitar sobrecarga nos exercícios

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Mickey Exercícios: Episodio 1

Segurança em casa: dicas de especialistas para evitar os acidentes domésticos mais comuns

Princípios gerais para todos os ambientes:

  • Proteger janelas com grade de proteção.
  • Trocar urgentemente vidros quebrados ou rachados.
  • Cuidado com piso molhado, escorregadio, quebrados ou soltos.
  • Tapetes antiderrapantes ou fixados no chão, sem bordas reviradas.
  • As tomadas elétricas devem ter proteção.
  • Não pode haver fios elétricos com revestimento descascado ou rachado.
  • Os fios dos aparelhos eletroeletrônicos devem possuir dimensões apenas suficientes para alcançar as tomadas e ser de difícil acesso.
  • Nunca ligar dois ou mais aparelhos numa mesma tomada.
  • Os acessos à escada e à cozinha devem, preferencialmente, ser protegidos com portões.
  • A chave elétrica geral deve estar em local de difícil acesso, mas deve ser facilmente manejada.
  • Os sacos plásticos não podem ser acessíveis às crianças.
  • Nunca manter móvel (mesa, cadeira, sofá, banco) embaixo da janela.
  • Todos os produtos tóxicos (medicamentos, produtos de limpeza, tintas, detergentes) devem ser guardados nos recipientes originais, em armários trancados.
  • Evitar objetos com partes pequenas (menores de 2 cm de diâmetro), brinquedos, balões, sacos plásticos, que podem constituir risco de sufocação.
  • Se possível, não manter armas de fogo em casa. Caso seja extremamente necessário, guardar em local de difícil acesso e trancado a chave.
  • Prepare-se para agir rapidamente e saber o que fazer em caso de acidente.
  • Caso seja possível, ter um extintor de incêndio sempre pronto para uso e em local acessível.
  • Aconselha-se que as escadas possuam corrimão, piso antiderrapante e sejam bem iluminadas. Se possível, destacar com fitas ou cor diferente as bordas dos degraus. Além disso, deve ser bem nivelada e não pode possuir vãos.
  • Evitar sempre o uso de extensões e benjamins.
  • Tenha os números dos telefones do SAMU (192) e do CIT (0800-721-3000) anotados em lugares de fácil acesso.

 Cozinha

  • Ter, se possível, gavetas com travas para guardar facas, produtos de limpeza e outros materiais.
  • Guardar facas com corte virado para baixo.
  • Panelas no fogão, nas bocas de trás e cabo virado para dentro do fogão.
  • Fogão firmemente preso e em posição estável.
  • Prateleiras altas com produtos de limpeza, inseticidas.
  • Separação de produtos gerais e alimentos, verificando sempre a data de vencimento antes do uso.
  • Mesa com toalha sem sobras nas pontas.
  • Botijão de gás fora da cozinha.
  • Não deixar fósforos, isqueiros e acendedores.

 Quarto das crianças

 Guardar brinquedos em caixas ou local que possa ser fechado

  • Não deixar objetos espalhados no chão
  • Não manter móveis perto da janela
  • Preferir camas a beliches. Caso seja necessária a utilização da última, deve ter grade de proteção.
  • Evitar brinquedos e enfeites que possam desprender pequenas peças ou que sejam frágeis
  • Verificar estabilidade da cama e dos móveis, periodicamente.

Quarto de bebê

  • Berços com espaço pequeno entre as grades, de forma a não possibilitar a passagem da cabeça, braços ou pés do bebê.
  • Não deixar almofadas, brinquedos ou outros objetos dentro do berço.images6
  • Verificar estabilidade do berço e dos móveis, regularmente.
  • Tomar cuidado com os objetos ao redor do berço e verificar se não há possibilidade de o bebê alcançá-lo.

Prevenção

A arte de contar histórias (ao alcance de todos)

Contar histórias é uma das formas de comunicação mais antigas que existem. Mas, apesar do avanço da tecnologia, continua sendo uma das formas mais eficientes de promover a aprendizagem, a reflexão, a descoberta e também um meio de conectar as pessoas.

Além de acalmar a gestante, o feto já é capaz de ouvir e perceber pela audição (que já está apta a partir do quinto mês de vida intrauterina) a entonação da mãe, a cadência das palavras e o ritmo que ela fala.

Através dos sons das palavras, circuitos neurais são construídos. Hoje, sabemos que a aprendizagem começa antes mesmo de nascermos.

Especialistas garantem que essa arte pode se iniciar durante a gestação.

Cada faixa etária necessita de estratégias para captar a atenção e motivar a criança em participar da história. Seguem algumas dicas:

  1. A história exige concentração, portanto procure um lugar acolhedor e silencioso para que a criança possa estar voltada ao que você for apresentar. Desligue o celular e dedique este tempo exclusivo para seu filho. Observe também os melhores horários para contar história para seu filho. Depois do jantar, no final da tarde, na hora de dormir. Teste e observe quais os momentos melhores para a contação de histórias.
  2. Com bebês até 8 meses, utilize livros resistentes, livros de banho. Procure criar um texto de acordo com as figuras que aparecem no livro. Ex: Olhe o gatinho. Ele está na caixa. Vamos fazer carinho no gatinho? O gatinho faz: MIAU. Cante canções dos personagens que aparecem também. Ex: “Borboletinha está na cozinha” (canção folclórica), quando aparecer uma borboleta.
  3. A partir dos 8 meses, a criança provavelmente já senta sem apoio, já está refinando sua coordenação e suas emoções também costuma estar mais evidentes. Livros com texturas são muito interessantes nesta idade, porém os textos devem ser bem curto, com objetos e fatos que pertençam ao cotidiano da criança.
  4. Animais estão entre os temas prediletos. Retrate o ambiente sonoro da cena. Você pode imitar os sons dos personagens, cantar uma música que represente a cena, representar cada personagem através de um instrumento musical, enfim, use sua criatividade! De forma gradual, através destas atividades, serão estabelecidas as conexões cerebrais que relacionam as palavras com o objeto, desenvolvendo a imaginação, memória, além de introduzi-lo no convívio social. A criança nessa fase, ainda não entende muito bem a estrutura de sequência. Procure dar ênfase na leitura das imagens, porém contando a história de forma sucinta com começo, meio e fim.
  5. A partir dos 2 anos, as histórias continuam curtas, porém podemos dar mais ênfase à sequência dos fatos. Pois nessa faixa etária, as crianças começam a demonstrar mais concentração. Utilize figuras grandes com textos pequenos e traga histórias que trabalhem situações que a criança possa estar vivenciando (o desfralde, por exemplo). Converse com ela durante a história e pergunte o que ela acha que vai acontecer. Faça algumas pausas. Capriche na expressão facial. Criança adora surpresa e suspense.
  6. A partir dos 3 anos e até um pouco antes disso, a criança já apresenta o interesse pelas brincadeiras de faz-de–conta e demonstra a capacidade de representar coisas ou situações não presentes. O pequeno naturalmente começa a imitar ações rotineiras, depois ações de pessoas próximas. E através dessas brincadeiras, expõem seus sentimentos, frustrações e vontades. É interessante notar como a evolução das histórias, da brincadeira e da linguagem caminham juntas. Uma auxilia no desenvolvimento da outra. As  famílias podem trazer bonecos, objetos, elementos diversos para dramatizar histórias como a “Linda Rosa Juvenil”, por exemplo. Depois, a criança pode dramatizar com os fantoches para os adultos.

Dramatizando, a criança se expressa com a linguagem verbal, gestual e facial, tornando a atividade mais complexa e desafiadora, além de iniciar a aprendizagem de normas sociais, pois é necessário esperar sua vez para interagir conforme a história vai acontecendo. Enfim, existem muitas possibilidades para estimular o desenvolvimento de seu filho de uma forma divertida. É necessário, porém, disposição, muita pesquisa, paciência e organização para o preparo das atividades.

A partir dessa fase, é importante também que o adulto compartilhe com a criança, fatos que vivenciou compartilhar experiências e deixar que a criança também conte suas próprias histórias.

Ouvir ativamente, respeitando o tempo do outro, cria laços afetivos profundos.images12Nossa história também é uma narrativa e é muito importante este dialogo entre pais e filhos. Relate suas experiências com o objetivo de estabelecer vínculos pessoais.

Conte-a com afeto e coloque seu coração nela. Conte uma história em vez de apenas descrever fatos. Dessa forma, você poderá transmitir seu ponto de vista de uma forma muito mais impactante para a criança.

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Conforme a criança for crescendo, procure incentivá-la a contar e ler histórias pra você e diversifique os temas dos livros, deixe que ela escolha também (de acordo com sua orientação) para que ela possa ampliar seu vocabulário e no futuro tenha maior compreensão para o entendimento nas diversas áreas de conhecimento.

Ensine-a também a cuidar do livro e tratá-lo com respeito.

Outros recursos importantes:

Quanto menor é a criança, mais importantes são os recursos visuais, sejam fantoches, dedoches, bichinhos de pelúcia etc. A criança bem pequena, ainda está construindo seu repertório de imagens. Por serem concretos, esses objetos promovem uma maior interação da criança com a história proposta.

Caixas surpresas com os objetos que aparecem na história são muito interessantes e criam momentos de suspense e mais emoção à história, contribuindo também para que a criança memorize a sequência dos fatos da narrativa.

Conte histórias que você goste que te faça se sentir confortável e entusiasmado. Escolha narrativas na qual você se identifique de alguma forma.

Não se esqueça da expressão gestual. Já dizia o famoso historiador e antropólogo Luis da Câmara Cascudo: “Com as mãos amarradas não há criatura vivente para contar uma história”.

Seja expressivo tanto nos gestos, quanto na sua expressão vocal ao contar histórias para as crianças. Tente imaginar a situação, como é a vida e o sentimento deste personagem e dramatize, para que a criança se envolva, possa entender e a narrativa faça ainda mais sentido.

Os benefícios para a criança que tem o privilégio de ter pais contadores de histórias são muitos.

Momentos de afetividade, desenvolvimento na inteligência emocional e cognitiva da criança, ampliação de vocabulário e imaginação, etc. Histórias ficam na memória e quando mexem com nossa emoção (seja positiva ou negativa), jamais são esquecidas.

Que tal transformar a partir de hoje o momento da história, em uma rotina na sua família?images10

Assim, seu filho associará o prazer da sua companhia ao prazer de ler e ouvir histórias e certamente aumentará seu interesse pelos livros e pela leitura também, o que é maravilhoso, pois quanto mais lemos, mais recebemos conhecimento.

Certamente, melhores laços familiares serão criados e fortalecidos em meio a um ambiente de afeto, deixando memórias positivas e preciosas entre vocês.

O universo é feito de histórias. Conte uma boa história!