Arquivo da categoria: Saúde

Saúde

Tossir com etiqueta (“cover your cough”)

Os pulmões possuem uma superfície que corresponde a cerca de 100m² no adulto. Ou seja, aproximadamente o tamanho de uma quadra de tênis.

Apesar de incômodo, a tosse é um importante aliado na proteção do organismo e um sinal de que algo não vai bem. No caso de um engasgo, por exemplo, ela é fundamental para “expelir o corpo estranho e evitar o sufocamento”.

A tosse também auxilia a detectar doenças que vão desde um resfriado, a problemas mais sérios como: gripe, pneumonia, asma, bronquite, tuberculose e câncer. Outra função é expelir a secreção respiratória (catarro), que pode conter micro-organismos (bactérias, vírus etc.).

Portanto, não se deve inibir a tosse, pois a secreção acumulada nas vias aéreas inferiores (pulmões) propicia a multiplicação de bactérias e aumenta os riscos de pneumonia.

Tosse com etiqueta

“Apesar de ser uma forma eficaz de eliminar secreções, a tosse também é um eficiente caminho de transmissão de doenças entre as pessoas”, avisa a Dra. Luci Corrêa, infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).

A maioria das doenças respiratórias pode ser transmitida por meio dela: seja resfriado comum, gripe ou outras doenças como pneumonia, sarampo, varicela, rubéola e tuberculose.

Daí a importância de tomar alguns cuidados ao tossir, uma atitude chamada por muitos especialistas de “tossir com etiqueta”.

O termo pode parecer estranho, mas assim como há a maneira correta de se comportar à mesa, há também o jeito certo de tossir. Não se trata apenas de uma questão de educação: tossir com etiqueta pode prevenir a disseminação de vírus como os da gripe e até evitar uma epidemia.

A recomendação não é apenas de especialistas, mas do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), uma organização americana de controle e prevenção de doenças, que criou a campanha Cover your Cough (“cubra sua tosse”).

As recomendações abaixo fazem parte da campanha Cover Your Cough . São atitudes simples e fáceis de tomar no dia a dia que podem evitar a disseminação de vírus, bactérias e a ocorrência de epidemias. Vale seguir esses conselhos.

  • Cubra a boca e o nariz com um lenço quando tossir ou espirrar.
  • Tussa ou espirre no seu antebraço, não em suas mãos, que são importantes veículos de contaminação.
  • Coloque o lenço usado no lixo.
  • Limpe as mãos depois de tossir ou espirrar. Lave-as com água e sabão e seque-as com papel toalha.

O que fazer quando estiver…cubra_sua_tosse_1254858778

Na rua

Cubra o nariz e a boca. Se não tiver lenço, procure um local para lavar as mãos. O ideal, nesse caso, é carregar o gel alcoólico na bolsa.

Na escola ou no trabalho

Em caso de doença febril com tosse, o melhor é evitar sair de casa, pois em escolas, creches ou no local de trabalho, o contato é bastante próximo. Mas se não for possível, respeite as regras de etiqueta da tosse.

À mesa

Quando a tosse aparecer, vire-se de lado, com a cabeça baixa e coloque o guardanapo à boca. Se a tosse continuar, levante-se e deixe a mesa. Procure beber água e espere a crise passar.

No cinema ou teatroProcure sentar nas poltronas laterais das fileiras. Quando tossir, abafe o som com um lenço ou saia da sala até que a crise passe.

Outros comentários interessantes:

SUPERPULMÃO

O pulmão é a superfície do corpo que tem maior contato com o meio externo. Para o ar que respiramos entrar em contato com o sangue levando oxigênio e trazendo gás carbônico, o pulmão possui uma superfície que no adulto corresponde a mais ou menos 100m², ou seja, aproximadamente o tamanho de uma quadra de tênis.

No caminho de ida, o ar é aquecido, umidificado e sofre um turbilhonamento cuja finalidade é fazer grudar nas paredes por onde passa as partículas que estiverem flutuando.

POEIRA

É por isso, por exemplo, que eliminamos poeira se assoarmos o nariz depois de andar por uma estrada empoeirada. Esse é um mecanismo de defesa que ajuda na limpeza dessas estruturas. Mesmo assim resíduos podem alcançar os brônquios e ficarão retidos nas paredes de suas bifurcações.

Embora sejam revestidos por cílios que, num movimento contínuo, empurram o muco para fora com a sujeira que nele aderiu, parte dela pode alcançar a área terminal do pulmão e comprometer seu funcionamento adequado. Essas partículas precisam sair de alguma forma.

REFLEXO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Para tanto, o pulmão se enche de ar. Um reflexo do sistema nervoso central fecha a epiglote e a musculatura toda se contrai para libertar o ar aprisionado. Isso gera uma pressão tão grande que, aberto o sistema, ele sai como um tiro e expulsa o que estiver lá dentro. Em termos gerais, é assim que funciona o mecanismo da tosse.

TOSSE PODE SER SINUSITE OU RGE

Normalmente, as pessoas associam a tosse ao pulmão, mas as duas causas mais frequentes desses episódios são o refluxo gastroesofágico (RGE) e a sinusite que nada têm a ver com o pulmão.

Muitos pacientes procuram os consultórios de pneumologia desanimados, porque já tiraram radiografias, tomaram xaropes e antibióticos e não melhoraram da tosse. Nesses casos, a causa do problema pode não estar no aparelho respiratório e, sim, no aparelho digestivo.

O refluxo gastroesofágico é provocado por dois fatores: o aumento da produção de ácido pelo estômago e pela incapacidade do cárdia (ou junção gastroesofágica) de fechar direito permitindo a volta do conteúdo do estômago para o esôfago.CoverCough

O estômago é revestido de tal forma que resiste à presença dessa acidez, mas no esôfago ela provoca uma reação inflamatória que por si só é capaz de ativar o reflexo da tosse. Agora, se esse ácido subir até as vias aéreas superiores, for aspirado e cair no pulmão, mesmo que esteja livre de bactérias, causa uma pneumonia extremamente grave, a pneumonia aspirativa, que também ativa o reflexo de tosse.

Para entender como é possível o ácido estomacal alcançar os pulmões, basta lembrar que todo sistema respiratório está submetido a uma pressão negativa e será aspirado tudo que vier de fora. Como muitas vezes o conteúdo do estômago sobe até a boca, é aspirado também.

MICROASPIRAÇÕES

Não precisa haver grande quantidade. Microaspirações são suficientes para desencadear a doença e o reflexo de tosse. O refluxo gastroesofágico é responsável por mais ou menos um terço dos casos de tosse crônica, principalmente da tosse seca.

TRATAMENTO DA TOSSE

 Drauzio – Vamos falar um pouco do tratamento da tosse. Você disse que dispomos de medicamentos para inibir a tosse, os xaropes. Você prescreve xaropes?

 Daniel Deheinzelin – Muito pouco. O xarope tem muito poucas indicações. O mecanismo fundamental para tratamento da tosse é a hidratação do muco. Quanto mais fácil for eliminá-lo, mais depressa a tosse vai desaparecer.

 Drauzio – Quer dizer que água é o melhor remédio para a tosse?Daniel Deheinzelin – Água é sempre o melhor remédio. Na verdade, existem diferentes tipos de xarope. Os mucolíticos, que tornam o muco mais fluido, têm eficiência muito pequena. Os broncodilatadores são mais eficientes para alguns casos de tosse, pois ajudam a abrir os brônquios para eliminar o muco acumulado. O terceiro tipo contém drogas que agem no sistema nervoso central e inibem o reflexo da tosse. São xaropes com base de codeína, normalmente derivados de morfina. Esses de fato funcionam, mas tratam da consequência e não da causa da tosse. Por isso, indico pouco o uso de xaropes.images

 Drauzio – E os tratamentos alternativos funcionam? Muita gente usa própolis, por exemplo, para diminuir as crises.

Daniel Deheinzelin – Não conheço estudos que demonstrem com solidez que esses medicamentos funcionem, mas há pacientes que dizem melhorar quando fazem uso deles.

 Drauzio – Algumas pessoas esfregam pomadas no peito quando estão com tosse. O calor local é anti-inflamatório?

Daniel Deheinzelin – Em geral, o que costuma acontecer é mais ou menos o seguinte: a pessoa pega uma tosse seca e passa uma pomada no peito. Esses produtos são extremamente irritantes, aumentam a produção de muco e a tosse que era seca vira produtiva. Daí, a pessoa acha que o fato de estar eliminando muco é sinal de melhora, o que é um engano. Ela só irritou mais as vias aéreas e mudou a característica da tosse.

 ORIENTAÇÕES PRÁTICAS

Drauzio – Além do tratamento especifico para a tosse, que medidas práticas você sugere aos pacientes?

Daniel Deheinzelin – Primeiro, é importante beber muita água. Segundo, observar se existe algum ambiente da casa onde a tosse fica mais intensa, porque existem processos alérgicos, principalmente a asma, que são desencadeados por fungos, mofo ou poeira, por exemplo. Notar se isso acontece ajuda não só no resultado do tratamento como a descobrir a causa do problema. Essas são orientações básicas para o paciente. Quanto ao médico, ele deve levantar a história o mais completa possível do paciente e procurar a causa para o aparecimento da tosse.

 Drauzio – Você manda tomar chá quente?

Daniel Deheinzelin – Só se a pessoa notar que alivia. Não é obrigatório. O importante é beber água.

 Drauzio – Fazer inalação ajuda a melhorar a tosse?Van-Gogh-Cover-Your-Cough-Poster-main

Daniel Deheinzelin – A inalação representa outra forma de fazer chegar líquido aos pulmões. Ela melhora a tosse, porque umidifica o muco e facilita sua eliminação. Feita com um broncodilatador, ajuda a abrir os brônquios. No entanto, pode-se dizer que o resultado de fazer inalação com água fervendo ou beber muita água é mais ou menos o mesmo.

 Drauzio – Tomar banho bem quente e aspirar o vapor d’água têm resultado semelhante?

Daniel Deheinzelin – O resultado será o mesmo da inalação se a pessoa aspirar bem o vapor durante o banho. Isso faz chegar líquido dentro das vias aéreas, o que ajuda a soltar o muco.

 Drauzio – Como mensagem final, poderíamos dizer que quem tem tosse deve hidratar-se bastante?

Daniel Deheinzelin – Essa é a primeira mensagem. A outra é que fundamental identificar a causa de qualquer tosse que dure mais de 10 ou 15 dias. Em geral, as pessoas acham que estão tossindo por causa de resfriado ou gripe. Nem sempre isso está certo. Tosse por tempo prolongado exige atendimento médico para diagnóstico. Terceira e última mensagem: mais da metade dos casos de tosse acontecem fora do pulmão e são provocados pelo refluxo gastroesofágico ou por sinusite, entre outras causas. Esses fatores desencadeantes não podem ser desprezados nem esquecidos no diagnóstico e para o tratamento.

Finalmente, o Ministério da Saúde explica:cubra_sua_tosse_1254858778 2

O que é resfriado?

O resfriado também é uma doença respiratória frequentemente confundida com a gripe, mas é causado por vírus diferentes. Os vírus mais comuns associados ao resfriado são os rinovírus, os vírus parainfluenza e o vírus sincicial respiratório (RSV), que geralmente acometem mais crianças.

Os sintomas do resfriado, apesar de parecidos com da gripe, são mais brandos e duram menos tempo, entre dois e quatro dias. Os sintomas incluem tosse, congestão nasal, coriza, dor no corpo e dor de garganta leve. A ocorrência de febre é menos comum e, quando presente, é em temperaturas baixas.

As medidas preventivas utilizadas para evitar a gripe, como a etiqueta respiratória, também devem ser adotadas para prevenir os resfriados.

Outra doença que também tem sintomas parecidos e que pode ser confundida com a gripe é a rinite alérgica. Os principais sintomas são espirros, coriza, congestão nasal e irritação na garganta. A rinite alérgica não é uma doença transmissível e sim crônica, provocada pelo contato com agentes alergênicos (substâncias que causam alergia), como poeira, pelos de animais, poluição, mofo e alguns alimentos.

Como se prevenir?

Para redução do risco de adquirir ou transmitir doenças respiratórias, especialmente às de grande infectividade, como vírus Influenza, orienta-se que sejam adotadas medidas gerais de prevenção, tais como:

  1. – Frequente lavagem e higienização das mãos, principalmente antes de consumir algum alimento;
  2. – Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
  3. – Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
  4. – Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
  5. – Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
  6. – Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
  7. – Manter os ambientes bem ventilados;
  8. – Evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe.

FROM CDC, U.S.A.:keep-calm-and-cover-your-cough

Stop the spread of germs that can make you and others sick!

Influenza (flu) and other serious respiratory illnesses like respiratory syncytial virus (RSV), whooping cough, and severe acute respiratory syndrome (SARS) are spread by cough, sneezing, or unclean hands.

To help stop the spread of germs,

  • Cover your mouth and nose with a tissue when you cough or sneeze.
  • Put your used tissue in the waste basket.
  • If you don’t have a tissue, cough or sneeze into your upper sleeve or elbow, not your hands.
  • You may be asked to put on a facemask to protect others.
  • Wash your hands often with soap and warm water for 20 seconds.
  • If soap and water are not available, use an alcohol-based hand rub.

Referências:

http://drauziovarella.com.br/saude_suplementar/entrevistas-videos-saude_suplementar/tosse-2/

http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/perguntas-e-respostas-influenza

http://www.cdc.gov/flu/protect/covercough.htm

http://www.einstein.br/einstein-saude/proteja-se/Paginas/tossir-com-etiqueta-faz-bem-a-saude.aspx

Tosse aguda e subaguda (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia)

II Diretrizes Brasileiras no Manejo da Tosse Crônica (da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia)

 OBS. Os números entre parênteses correspondem às referências bibliográficas do documento em apreço (II Diretrizes), disponível no final deste texto.

TOSSE

DEFINIÇÃO

A tosse constitui um sintoma de uma grande variedade de patologias, pulmonares e extrapulmonares, e por isto mesmo é muito comum, sendo, com certeza, uma das maiores causas de procura por atendimento médico.

Este sintoma produz impacto social negativo, intolerância no trabalho e familiar, incontinência urinária, constrangimento público e prejuízo do sono, promovendo grande absenteísmo ao trabalho e escolar, além de gerar grande custo em exames subsidiários e com medicamentos.Causas infecciosas da tosse

Classificação

  • Aguda: é a presença do sintoma por um período de até três semanas.
  • Subaguda: tosse persistente por período entre três e oito semanas.
  • Crônica: tosse com duração maior que oito semanas.tuberculose

TOSSE AGUDA

Apesar da falta de estudos prospectivos com grande casuística, a experiência clínica indica que as maiores causas de tosse aguda são as infecções virais das vias aéreas superiores, em especial o resfriado comum, e das vias aéreas inferiores, com destaque para as traqueobronquites agudas.(12)a02fig01

Outras causas comuns são as sinusites agudas, exposição a alérgenos e irritantes, e exacerbações de doenças crônicas como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e rinossinusites.a02tab01

Além dessas entidades com baixo risco de complicações, outras doenças potencialmente graves como pneumonias, edema pulmonar por insuficiência ventricular esquerda, embolia pulmonar e exacerbações graves de asma e DPOC podem manifestar-se com tosse aguda e, ao contrário das causas anteriores, necessitam de intervenção precoce devido ao risco de complicações.

A seguir as características das principais causas de tosse aguda.a02tab02

Resfriado comum

O diagnóstico é altamente sugestivo em pacientes com doença das vias aéreas superiores caracterizada predominantemente por tosse, sintomas nasais como rinorreia mucosa ou hialina, espirros, obstrução nasal e drenagem pós-nasal de secreções, concomitantes a lacrimejamento, irritação da garganta, ausculta pulmonar normal, com ou sem febre.(13)

Na etiologia estão envolvidos mais de 200 vírus, em especial rinovírus, coronavírus, parainfluenza, vírus respiratório sincicial, adenovírus e enterovírus.

Quanto à fisiopatogenia, há gotejamento nasal posterior e aumento da sensibilidade dos receptores aferentes das vias aéreas inflamadas.Causas não infecciosas da toseCom relação à propedêutica, em estudos tomográficos o acometimento dos seios da face aproxima-se de 80%, e as alterações usualmente são indistinguíveis daquelas da sinusite bacteriana.(14)

Estas anormalidades resolvem-se espontaneamente em menos de vinte dias, inclusive nos casos com níveis hidroaéreos.

Por este motivo, não são indicados estudos de imagem, especialmente radiografia dos seios da face, na primeira semana de resfriado.

Os anti-histamínicos de primeira geração associados a descongestionantes de longa duração são os medicamentos mais eficazes para o tratamento.(15)

Antitussígenos periféricos, expectorantes e mucolíticos têm pouco valor no tratamento da tosse aguda.(16-17)

Os antibióticos não devem ser usados de rotina, apesar da grande dificuldade de diferenciação entre resfriado e sinusite bacteriana, e desta forma complicar o resfriado em 1% a 5% dos casos.

Traqueobronquite aguda

A traqueobronquite aguda é responsável por mais de 10 milhões de consultas médicas por ano nos EUA. Apesar de todos os avanços na área da saúde, persiste como um dos maiores motivos de uso desnecessário de antibióticos.

O diagnóstico provável dá-se com o paciente com infecção respiratória aguda manifestada predominantemente por tosse, com ou sem expectoração, que pode ou não ser purulenta, com duração inferior a três semanas, e sem evidência clínica e/ou radiológica de resfriado comum, sinusite, exacerbação da DPOC ou crise de asma.(18)

asma

A etiologia é viral na maioria dos casos, especialmente por influenza A e B, parainfluenza e vírus respiratório sincicial.

Em menos de 10% das bronquites agudas são identificadas bactérias e nestes casos as mais comuns são o Mycoplasma pneumoniae, Chlamydophila pneumoniae e ocasionalmente a Bordetella pertussis.

A traqueobronquite aguda pode causar obstrução do fluxo aéreo e hiperresponsividade brônquica transitórias, com duração inferior a seis semanas, em até 40% dos pacientes. Quanto ao tratamento, não existe medicação eficiente para a tosse da bronquite aguda.

Os antitussígenos têm pequeno efeito e os mucolíticos não são indicados.(16) Broncodilatadores podem ser úteis se houver indícios clínicos ou funcionais de obstrução do fluxo aéreo.

Estão indicados os macrolídeos em situações especiais como epidemias por atípicos e/ou quadro clínico sugestivo de coqueluche, contato com infectados, tosse emetizante e guincho, com duração de sintomas inferior a duas semanas.

Sinusite aguda

A rinossinusite aguda viral é pelo menos vinte vezes mais frequente do que a bacteriana e ambas são causas comuns de tosse aguda.(19)

O acometimento dos seios da face é comum nos resfriados, gripes e exacerbações das rinites.

A rinossinusite bacteriana complica de 1% a 5% das infecções virais de vias aéreas superiores. A suspeita de rinossinusite bacteriana deve ocorrer quando os sintomas de uma virose das vias aéreas superiores pioram após o quinto dia ou persistem por mais de dez dias.(19-20)

225-divulgacaoA presença de dois ou mais sinais maiores ou de um sinal maior e dois menores são altamente sugestivos de sinusite aguda.(21-22)

São sinais maiores: cefaléia, dor ou pressão facial, obstrução ou congestão nasal, secreção nasal ou pós-nasal purulenta, hiposmia ou anosmia, e secreção nasal ou pós-nasal purulenta ao exame.

São sinais menores: febre, halitose, odontalgia, otalgia ou pressão nos ouvidos e tosse.

O valor da radiografia de seios da face é controverso. Ela não é acurada para várias regiões da face, tem pouca utilidade para diferenciar infecção bacteriana de viral ou alterações alérgicas, e baixa relação entre custo e benefício, mesmo nos casos em que existe dúvida diagnóstica após história e exame físico.(19,23)

Não há necessidade de tratamento da sinusite viral que apresenta sintomas leves e resolução espontânea. Para as sinusites bacterianas preconiza-se amoxicilina por sete a dez dias. Dependendo da resistência local, evolução e uso prévio de antibióticos, podem ser usados amoxicilina com clavulanato, macrolídeos, cefalosporina de segunda geração e até quinolonas respiratórias (moxifloxacina e levofloxacina).(23)

A solução salina isotônica ou hipertônica e os vasoconstrictores sistêmicos podem ser usados por poucos dias. Os corticosteroides orais devem ser reservados para casos mais graves, com grande edema das mucosas e por curto período de tempo, inferior a sete dias.

Gripeestudo-dos-vrus-3-638

O diagnóstico da gripe não é difícil quando o paciente apresenta síndrome aguda caracterizada por manifestações constitucionais como febre alta, calafrios, prostração, fadiga, mialgia, cefaleia, sintomas de vias aéreas superiores e inferiores, com destaque para tosse e coriza, e sintomas oculares como lacrimejamento, fotofobia e hiperemia das conjuntivas.

Gripe ou sinusite?

Em algumas situações pode ser difícil diferenciar a gripe da sinusite bacteriana aguda e pneumonia, principalmente quando há rinorreia e/ou expectoração purulenta. Em caso de dúvida, deve-se realizar hemograma, dosagem de proteína-C e exames de imagens para esclarecimento do diagnóstico.

Principais causas

As causas mais importantes da gripe são os vírus influenza A e B, especialmente em surtos epidêmicos. O tratamento é fundamentalmente sintomático, com hidratação oral e uso de antitérmicos e analgésicos. Anti-histamínicos de primeira geração associados a descongestionantes podem ser úteis nos casos de tosse com drenagem pós-nasal.

Antitussígenos e anti-inflamatórios têm pouco valor terapêutico. Exacerbação de doença pré-existente Na avaliação do paciente com tosse aguda é fundamental identificar, através da história clínica, exame físico e quando necessário de propedêutica, casos de tosse devidos a crise de asma, exacerbação da DPOC, bronquiectasias infectadas e descontrole de rinossinusopatia.

Doença pulmonar obstrutiva crônica

As exacerbações da DPOC devidas a traqueobronquites bacterianas caracterizam-se pela piora da dispneia, mudança do aspecto do escarro para purulento e aumento do volume da expectoração.

Na DPOC leve ou moderada, em pacientes com poucas exacerbações por ano, os agentes etiológicos mais frequentes são: Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae e Moraxella catarrhalis.

Nos pacientes graves, com comorbidades ou muitas exacerbações, predominam as infecções por Gram negativos entéricos, Pseudomonas e S. pneumoniae resistente a penicilina.(24)

O tratamento da exacerbação infecciosa da DPOC inclui o uso de broncodilatadores, corticosteroides, oxigênio e antibióticos. O uso racional de antibióticos na traqueobronquite da DPOC baseia-se na sua gravidade, presença de comorbidades e número de exacerbações por ano:(24)

  • quadro leve a moderado, sem outras comorbidades e poucas exacerbações por ano – β-lactâmico associado a inibidor de β-lactamase, cefuroxima ou macrolídeo;
  • quadro leve a moderado, com co-morbidades ou muitas exacerbações por ano – antibióticos anteriores mais moxifloxacino, levofloxacina, ou telitromicina;
  • quadros graves, com ou sem co-morbidades e com muitas exacerbações por ano – moxifloxacino, levofloxacina, gatifloxacina ou ciprofloxacino (suspeita de pseudomonas).

Exposição a fatores irritantes ou alérgicos

Na avaliação de pacientes com tosse aguda é fundamental pesquisar a exposição a fatores alérgicos, ambientais ou ocupacionais que tenham relação temporal com o início ou piora da tosse.

31_maio_combate-ao-tabagismo

O afastamento da exposição, quando não houver doença respiratória pré-existente, como asma ou rinite, pode tornar desnecessário o uso de medicamentos para controle dos sintomas.

Uso de medicamentos capazes de causar tosse

É essencial identificar o uso de medicamentos capazes de causar tosse como os inibidores da enzima conversora da angiotensina (captopril, enalapril, etc) e os beta-bloqueadores. Os primeiros, por causarem tosse irritativa, sem expectoração em 10% a 20% dos seus usuários, que geralmente é diagnosticada antes de três semanas de uso. E os β-bloqueadores, inclusive na forma de colírios, por piorarem a obstrução das vias aéreas de pacientes com asma ou DPOC, e causarem tosse com ou sem dispneia e chiado.

Em geral, a tosse causada por medicamentos melhora em poucos dias após a suspensão dos mesmos. Quando necessário, deve-se utilizar broncodilatadores e/ou corticosteróides. Doenças potencialmente graves As doenças potencialmente graves, como pneumonia, edema pulmonar cardiogênico, crise grave de asma ou DPOC, e embolia pulmonar, geralmente não são difíceis de serem diagnosticadas quando causam tosse, uma vez que raramente se manifestam isoladamente por este sintoma.

O sucesso do manejo depende da instituição de propedêutica adequada e terapia específica para cada doença.

Tosse subaguda

No Consenso Norte-Americano de Tosse publicado em 2006 foi proposta nova classificação na qual a tosse com duração superior a três e inferior a oito semanas foi definida como tosse subaguda.(12)

Segundo a diretriz norte-americana, uma das causas mais comuns de tosse subaguda é a tosse pós-infecciosa, ou seja, aquela que acomete pacientes que tiveram infecção respiratória recente e não foram identificadas outras causas. Uma vez afastada a etiologia pós-infecciosa, o manejo será o mesmo da tosse crônica.

Tosse pós-infecciosa

O diagnóstico é realizado por exclusão, e devem ser considerados três aspectos fundamentais:(3)

  1. tosse com duração superior a três e inferior a oito semanas;
  2. avaliação clínica detalhada sem identificação de uma causa;
  3. história de infecção das vias aéreas nas últimas três semanas.

A fisiopatogenia é multifatorial, com extensa inflamação e lesão epitelial das vias aéreas, com ou sem hiperresponsividade transitória. Outros fatores que podem contribuir são a drenagem pós-nasal, acúmulo de secreções nas vias aéreas inferiores e agravamento de refluxo gastresofágico devido a alterações no gradiente pressórico toracoabdominal durante a tosse.

A etiologia relaciona-se, em geral, a infecções virais, ocasionalmente após infecções por B. pertussis, M. pneumoniae e C. pneumoniae.

A tosse em geral é autolimitada e resolve-se em poucas semanas. Não há tratamento específico.

Deve-se considerar o uso de brometo de ipratrópio e corticosteróides por via inalatória.(20) Em casos mais intensos, com grande repercussão na qualidade de vida, deve-se testar o efeito de prednisona ou prednisolona a 30 a 40 mg por dia, por cinco a sete dias.(25)

O uso de antibióticos deve ser reservado para casos em que haja alta probabilidade de infecção bacteriana, como nos surtos de traqueobronquite por micoplasma. Diante de um caso de coqueluche, só se justifica o uso de macrolídeo se a tosse tiver duração inferior a 14 dias (tosse aguda).

TOSSE CRÔNICA (no algorítmo e do documento abaixo):

a02anx01

Leia mais no Documento Oficial:

Suple_111_25_1texto

http://www.jornaldepneumologia.com.br/detalhe_suplemento.asp?id=25

Gorduras trans: banidas dos Estados Unidos até 2018

Gorduras trans: banidas dos Estados Unidos até 2018

Indústria de alimentos tem dois anos para se adequar. Substâncias são nocivas à saúde

Palestra de Ana 07 04 2016

Homenagem à Ana Lúcia Aylmer, nutricionista que há 30 anos se dedica à saúde pública, com sabedoria e inteligência. A maior defensora da nutrição saudável sem gorduras trans que conheço.

A indústria de alimentos norte-americana tem até 2018 para retirar a gordura trans dos alimentos industrializados, como margarinas, biscoitos, sorvetes etc.

gordura-trans-1

A decisão foi anunciada em junho de 2015 pela FDA (agência que regula alimentos e medicamentos nos EUA), que não considera a substância segura para o consumo humano.

MAIOR RISCO DE INFARTO, DIABETES E ESTEATOSE HEPÁTICA​

De acordo com o cardiologista do Einstein Dr. Antonio Gabriele Laurinavicius, os efeitos nocivos à saúde provocados pela gordura trans são bem conhecidos: aumentam os níveis de colesterol ruim (LDL) e diminuem o colesterol bom (HDL).

Além de aumentar os níveis de substâncias inflamatórias no sangue e promover o aparecimento de diabetes e de esteatose hepática (depósito de gordura no fígado).

doena-heptica-alcolica-20-638

“Por isso tudo, as gorduras trans aumentam o risco de infarto agudo do miocárdio, de acidente vascular cerebral (AVC) e representam um verdadeiro problema de saúde pública”, afirma o médico do Einstein.

FDA x gorduras trans: polêmica antiga

Desde 2006 o FDA toma medidas para frear o consumo da substância. À época, o órgão obrigou que os fabricantes divulgassem na embalagem a quantidade de gorduras trans presentes nos produtos.

“A partir desse momento muitas empresas diminuíram espontaneamente a quantidade dessas gorduras, enquanto outras começaram a buscar gorduras alternativas”, explica o dr. Laurinavicius.

infarto-agudo-do-miocrdio-6-728

Anos depois, em 2013, o FDA entrou novamente em ação e, por meio de uma “determinação preliminar”, passou a categorizar formalmente as gorduras trans como “não seguras”.

“O passo decisivo foi a determinação conclusiva, divulgada recentemente, banindo definitivamente o uso dessas gorduras. ”

Gordura trans no mundo

Seis países europeus já trabalham para banir as gorduras trans: Dinamarca, Áustria, Hungria, Islândia, Noruega e Suíça.

Na Dinamarca, o primeiro país a estabelecer restrições contra a substância, em 2003, há o limite de 2% de gorduras trans do total de gorduras dos alimentos industrializados.

E no Brasil?

No País, a gordura trans ainda não é proibida. Porém acordos firmados pelo Ministério da Saúde e a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação têm reduzido os teores de sódio e de gorduras trans na comida industrializada.

med_trans_07Uma meta estabelecida em 2007 limitou a gordura trans a 5% do total de gorduras em alimentos industrializados e a 2% do total de gorduras em óleos e margarinas.

Origem das gorduras trans

Em 1950 as gorduras trans começaram a ser usadas para substituir a gordura saturada de origem animal na produção de alimentos industrializados.

Já que os óleos vegetais em seu estado natural não conseguem reproduzir a textura característica das gorduras saturadas, recorreu-se à hidrogenação industrial desses óleos, que, em função desse processamento, adquirem consistência sólida e passam a ser denominados “óleos parcialmente hidrogenados” (OPH), sendo comumente conhecidos como gorduras trans.

“De fato, as gorduras trans conferem textura e palatabilidade aos alimentos, além de prolongar sua durabilidade. Estas qualidades fizeram com que se tornassem muito atrativas para a indústria de alimentos processados.003-071

As gorduras trans são extremamente escassas na natureza e por isso nosso organismo não está preparado para sua assimilação. Em função disso, esse tipo de gordura provoca em nosso organismo alterações metabólicas e efeitos cardiovasculares marcadamente negativos ”

ALIMENTO CREMOSO E CROCANTE: ATENÇÃO

Gordura-no-fígado-esteatose1

“É fácil reconhecer quando um alimento é rico em gorduras trans: geralmente são os mais crocantes (biscoitos, batatas fritas) ou os mais cremosos (sorvetes, maionese, cremes industrializados)”, afirma o cardiologista do Einstein. “Os mais gostosos, diriam alguns.” Ao que tudo indica, esse “prazer” está com os dias contados. Resta saber se as novas opções adotadas pela indústria de alimentos serão de fato mais saudáveis. ​​​​

http://www.einstein.br/noticias/noticia/estados-unidos-irao-banir-gorduras-trans-ate-2018gordura-trans (1)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deveria obrigar todos os fabricantes de alimentos industrializados a indicar no rótulo do produto a quantidade de gordura trans presente.

A legislação, criada em 2006, possui uma brecha que permite que a quantidade de gordura trans seja omitida se for inferior a 0,2 gramas por porção.gorduras-que-fazem-bem-a-saude-1

Com a informação camuflada, os consumidores não conseguem controlar a quantidade de gordura ingerida e o total diário pode passar do recomendado pela Anvisa, que é de 2 gramas por pessoa.

A gordura trans é usada pela indústria alimentícia para aumentar o sabor e o tempo de conservação dos produtos. Ela é prejudicial à saúde por elevar os níveis de colesterol ruim, a Lipoproteína de Baixa Densidade (em inglês LDL) e diminuir o colesterol bom, a Lipoproteína de Alta Densidade (em inglês HDL). Essas alterações nas taxas aumentam o risco de doenças como infarto e acidente vascular cerebral.

RÓTULOS DUVIDOSOS

O consumidor precisa estar atento mesmo com o rótulo indicando zero de gordura trans no alimento. Uma pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mostrou que outros 23 ingredientes podem conter a gordura. Metade dos rótulos analisados na pesquisa citava gordura na lista dos ingredientes, mas só 18% informava que a quantidade era maior que zero por porção.gordura_trans3

De acordo com a Anvisa, as regras sobre gordura trans nos rótulos estão sendo revisadas, mas não há prazo para que as mudanças sejam feitas. A proposta é que seja reduzido o valor não significativo que hoje é de 0,2 gramas por porção.

Confira a lista de alguns ingredientes que possuem gordura trans:
– Gordura
– Gordura vegetal
– Gordura de vegetal de girassol
– Gordura vegetal de soja
– Gordura de soja parcialmente hidrogenada
– Gordura hidrogenada
– Gordura hidrogenada de soja
– Gordura parcialmente hidrogenada
– Gordura parcialmente hidrogenada e/ou interesterificada
– Gordura vegetal hidrogenada
– Gordura vegetal parcialmente hidrogenada
– Hidrogenada
– Margarina vegetal hidrogenada
– Óleo de milho hidrogenado
– Óleo vegetal de algodão
– Soja e palma hidrogenado
– Óleo vegetal hidrogenado
– Óleo vegetal líquido e hidrogenado
– Óleo vegetal parcialmente hidrogenado
– Creme vegetal
– Composto lácteo com gordura vegetal
– Margarina
– Margarina vegetal
– Mistura láctea para bebidas

http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2012/07/anvisa-alerta-para-gordura-trans-camuflada-em-rotulos-de-alimentos.html

http://www.proteste.org.br/alimentacao/nc/noticia/as-23-identidades-da-gordura-trans-n828935

Saiba mais:

GORDURAS SATURADAS, MONO E POLINSATURADAS, GORDURA TRANS.

gordura-trans

Nutrientes de nomes estranhos, mas conhecidos e que merecem atenção desde a infância, devido aos riscos para a saúde quando consumidos de forma equivocada.

Você sabe para que elas servem?

Os lipídios (gorduras) são compostos com estrutura molecular variada, apresentando diversas funções orgânicas: reserva energética (fonte de energia), isolante térmico (mamíferos), além de colaborar na composição da membrana plasmática das células (os fosfolipídios).

São nutrientes essenciais para o organismo. Fornecem energia para o organismo e são fundamentais para a absorção das vitaminas A, D, E e K; fazem parte da estrutura das células, protegem os órgãos e participam da formação de importantes hormônios.

Gorduras: todas são importantes?

As gorduras saturadas estão presentes principalmente em alimentos de origem animal, como carnes de porco, boi, cordeiro, bacon, banha de porco, frango com pele, leite integral e seus derivados como manteiga, queijos e requeijão.

Há também alimentos de origem vegetal ricos em gordura saturada: o coco, o óleo de palma ou dendê.

DOENÇAS CARDIOVASCULARESFat stomach surrounded with measuring tape with burger

Se consumida em excesso desde a infância, a gordura saturada irá colaborar para o aumento do mau colesterol (LDL colesterol) aumentando os riscos de doenças cardiovasculares (infartos etc.).

Já as gorduras “trans” podem ser encontradas em alimentos como: margarinas, cremes vegetais, tortas congeladas, salgadinhos de pacote e qualquer alimento que utilize em sua preparação gorduras vegetais hidrogenadas.

Além de aumentarem o mau colesterol também reduzem o bom (HDL colesterol), tornando-se ainda mais prejudiciais para o coração.

Qualquer quantidade consumida da gordura trans não é bem-vinda para o organismo em qualquer fase da vida.alimentos-com-aditivos-artificiais

GORDURAS INSATURADAS

As gorduras que podem ajudar a reduzir o mau colesterol são as chamadas gorduras insaturadas.

Há dois tipos principais: monoinsaturadas e poli-insaturadas.

As monoinsaturadas estão presentes no azeite de oliva, no óleo de canola, no abacate e em algumas sementes e oleaginosas como o gergelim, o amendoim e as nozes.med_trans_05a

As poli-insaturadas são encontradas nos óleos de soja, milho, girassol, na linhaça e nos peixes.

A linhaça e os peixes de água salgada e profunda, como o salmão selvagem (não de cativeiro), atum, arenque, cavala e sardinha são ricos em ômega 3, um tipo de gordura poli-insaturada essencial para a o desenvolvimento do sistema nervoso central e formação da retina do bebê durante a gestação e com potente ação no controle dos triglicérides sanguíneos e prevenção de diabetes.gorduras-saturadas-trans

Quantidades recomendadas pela Sociedade Brasileira de Pediatria

Grupo alimentar 6 a 11 meses 1 a 3 anos Pré-escolar e escolar Adolescentes e Adultos
Óleos e gorduras 2 porções 2 porções 1 porção 1 a 2 porções

1 porção = 1 colher das de sobremesa de azeite de oliva (4g) ou óleo de soja, ou canola ou milho ou girassol

1 porção = 1 colher das de sobremesa de manteiga ou margarina (5g)

E por que se preocupar com o tipo de gordura consumida desde a infância?

piores-alimentos-do-mundo

Os primeiros 1.000 dias de vida (da concepção aos 2 anos de idade) correspondem ao período conhecido como “janela de oportunidades”.

O cuidado com os nutrientes ingeridos e o crescimento/desenvolvimento adequados asseguram um futuro mais saudável.

Consumir boas gorduras, estar atento à quantidade de gordura saturada de qualquer alimento e restringir alimentos com gorduras trans na infância são medidas que podem ajudar a manter sobre gordura-trans-graficocontrole os níveis do colesterol e triglicérides, além de prevenir o aparecimento de doenças cardiovasculares no futuro.

O estímulo ao consumo de alimentos que contenham quantidades adequadas de gorduras nos primeiros anos de vida forma bons hábitos alimentares e favorece um futuro muito mais saudável.

Ainda sobre os lipídeos (biologia)

São substâncias cuja característica principal é a insolubilidade em solventes polares e a solubilidade em solventes orgânicos (apolares), apresentando natureza hidrofóbica, ou seja, aversão à molécula de água.

Essa característica é de fundamental importância, mesmo o organismo possuindo considerável concentração hídrica. Isso porque a insolubilidade permite uma interface mantida entre o meio intra e extracelular.

Os lipídios podem ser classificados em óleos (substâncias insaturadas) e gorduras (substâncias saturadas), encontrados nos alimentos, tanto de origem vegetal quanto animal, por exemplo: nas frutas (abacate e coco), na soja, na carne, no leite e seus derivados e também na gema de ovo.

Em geral, todos os seres vivos são capazes de sintetizar lipídios, no entanto algumas classes só podem ser sintetizadas por vegetais, como é o caso das vitaminas lipossolúveis e dos ácidos graxos essenciais.

A formação molecular mais comum dos lipídeos, constituindo os alimentos, é estabelecida através do arranjo pela união de um glicerol (álcool) ligado a três cadeias carbônicas longas de ácido graxo.

AINDA SOBRE GORDURAS (LIPÍDIOS MAIS CONHECIDOS)

Dentre os lipídeos, recebem destaque os fosfolipídios, os glicerídeos, os esteroides e os cerídeos.

Cerídeos → classificados como lipídios simples, são encontrados na cera produzida pelas abelhas (construção da colmeia), na superfície das folhas (cera de carnaúba) e dos frutos (a manga). Exerce função de impermeabilização e proteção.

Fosfolipídios → moléculas anfipáticas, isto é, possui uma região polar (cabeça hidrofílica), tendo afinidade por água, e outra região apolar (calda hidrofóbica), que repele a água.

Glicerídeos → podem ser sólidos (gorduras) ou líquidos (óleos) à temperatura ambiente.

Esteroides → formados por longas cadeias carbônicas dispostas em quatro anéis ligados entre si. São amplamente distribuídos nos organismos vivos constituindo os hormônios sexuais, a vitamina D e os esteróis (colesterol).

Fonte: http://www.brasilescola.com/biologia/lipidios.htm

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Manhan LK, Escott-Stump S. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 9º ed. São Paulo: Roca, 1998.

Victora CG, Adair L, Fall C, et al: Maternal and child undernutrition: consequences for adult health and human capital. Lancet ;371:340-357, 2008.

Adair LS Long-Term Consequences of Nutrition and Growth in Early Childhood and Possible Preventive Interventions. Nestlé Nutrition Institute Workshop Series, Vol. 78, 2014.

Niinikoski H, Lagström H, Jokinen E, Siltala M, Rönnemaa T, Viikari J, Raitakari OT, Jula A, Marniemi J, Näntö-Salonen K, Simell O. Impact of repeated dietary counseling between infancy and 14 years of age on dietary intakes and serum lipids and lipoproteins: the STRIP study. Circulation; 116(9): 1032-1040, 2007.

Dieta sem glúten para todos?

Dieta livre de glúten. Bom para todos?

Posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Nutrição e Alimentação

A Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição levando em consideração dados da literatura científica pertinente e o documento a seguir, posiciona-se no sentido de que:

  • a dieta sem glúten deve ser instituída na vigência de doença celíaca, alergia ao trigo e de sensibilidade não celíaca ao glúten, desde que devidamente diagnosticadas;
  • a dieta sem glúten per se não pode ser considerada benéfica para indivíduos aparentemente saudáveis e que a falta de planejamento na sua instituição pode, ainda, potencialmente afetar a saúde do trato digestório.

DOENÇAS CRÔNICAS E ESTÉTICA

É provável que as maiores prevalências de obesidade, o estabelecimento de doenças crônicas não transmissíveis e a crescente preocupação com padrões estéticos rígidos sejam os principais responsáveis por esse novo boom e levem pessoas antes desinteressadas por assuntos relacionados à sua alimentação a se tornarem “especialistas” em estratégias que contribuam para a melhora da saúde e da aparência.

RISCOS DAS “DIETAS DA MODA”

Reconhece-se como muito salutar a busca por mais informações nessa área, uma vez que a promoção da saúde e a educação nutricional dependem da conscientização popular para serem eficazes.

No entanto, através da veiculação pela mídia não especializada, observa-se a propagação do que hoje se conhece por “dietas da moda”, as quais surgem com a premissa de promoverem a perda do peso e de melhorarem a saúde de forma generalista, sendo, todavia, pautadas em constatações empíricas ou em estudos recentes que por muitas vezes se mostram incompletos ou inconclusivos.

DOS CELÍACOS E ALÉRGICOS PARA TODOS
Nessa “onda” de dietas restritivas ou monótonas, observa-se a popularização de um padrão alimentar anteriormente adotado apenas por indivíduos portadores de doença celíaca (DC) ou de alergia ao trigo, caracterizado pela exclusão de alimentos contendo glúten da dieta (gluten free diet).

GENÉTICA
Pacientes celíacos apresentam uma alteração genética que resulta na inflamação intestinal quando do contato com peptídeos oriundos da digestão do glúten presente no trigo e em outros vegetais do mesmo gênero, como a cevada e o centeio.3e

GLIADINA

De forma simplificada, a gliadina resultante do metabolismo do glúten na luz intestinal é transportada até a lâmina própria do intestino delgado onde, após metabolização, poderá induzir resposta imunológica adaptativa e inata e posterior produção de moléculas que promoverão o estabelecimento da inflamação, responsável pela atrofia dos vilos e hiperplasia nas criptas intestinais.

A alteração morfológica da borda em escova leva à redução na capacidade absortiva e é comumente observada em doentes celíacos.

NCGS: O QUE É ISSO?

Além da DC, diversas evidências recentes sumarizadas em um artigo de revisão publicado na revista Clinical Nutrition comprovam a existência de uma alteração cunhada por especialistas na área como “sensibilidade não-celíaca ao glúten” (non-celiac gluten sensitivity – NCGS).

Diferentemente do que ocorre na doença celíaca, na NCGS o trato gastrointestinal e a permeabilidade da barreira intestinal são preservadas, as alterações histológicas dos vilos e das criptas não são intensas, havendo, todavia, o estabelecimento de inúmeros distúrbios para o paciente que mantém uma alimentação convencional, rica em glúten.

Ainda, observa-se infiltração de linfócitos mais branda e inflamação de menor grau no trato intestinal quando comparadas com o observado em indivíduos com DC.

A prevalência de NCGS é maior do que a de DC e a de alergia ao trigo, sendo frequentemente observada em pacientes com síndrome do intestino irritável e entre indivíduos acometidos por alterações alergênicas diversas.

DIAGNÓSTICO

Para o diagnóstico clínico, sintomas comuns a essa alteração – tais como cansaço, dores de cabeça, desconforto gastrointestinal, flatos e diarreia – devem ser abolidos quando o paciente suspende a ingestão de alimentos contendo glúten. Todavia, não há nenhum exame bioquímico eficaz para o diagnóstico preciso da condição.

TRATAMENTO: EXCLUSÃO DE ALIMENTOS

Independente da condição clínica apresentada, a terapia básica para indivíduos intolerantes ao glúten conta com a exclusão de alimentos que contenham cevada, centeio e farinha de trigo.vida_sem_gluten

Curiosamente, desde o ano de 2004, o mercado de produtos livres de glúten vem crescendo aproximadamente 30% ao ano, o que não se deve ao aumento da incidência de casos de intolerância ao glúten ou ao maior rigor no tratamento dos pacientes, mas sim ao aumento da demanda gerada pela adesão à dieta gluten free (GF) entre indivíduos não-celíacos e não diagnosticados com NCGS.

Segundo os próprios consumidores, a principal razão para a escolha de produtos GF é a crença de que estes seriam mais saudáveis que os comuns, auxiliando na perda de peso e na melhora de outras condições fisiopatológicas e de desconfortos gastrointestinais.

RISCOS DA DIETA POBRE EM GRÃOS
Apesar da sensível melhora na saúde de indivíduos com alterações relacionadas ao glúten, constata-se que não existem evidências suficientes para apoiar as crenças entre indivíduos que não são sensíveis a esse peptídeo.LACTOBACILOS12

Com relação à perda de peso excessivo, por exemplo, é difícil afirmar se até mesmo pacientes celíacos são beneficiados, uma vez que estudos mostram que indivíduos obesos acometidos de DC podem ter seu IMC aumentado e que a prevalência de obesidade entre crianças celíacas pode duplicar quando da adoção da dieta GF. Além disso, esse tipo de dieta é frequentemente pobre em grãos integrais e fibras, cujo consumo é inversamente relacionado ao IMC.

No que concerne à saúde gastrointestinal, um estudo experimental publicado em uma das mais respeitadas revistas da área demonstrou possíveis efeitos negativos da dieta GF sobre a flora intestinal de indivíduos saudáveis.

Por conta da exclusão de alimentos contendo trigo, no período de um mês houve redução significativa na proporção de bactérias benéficas que colonizam o intestino em relação de bactérias patogênicas nas fezes de 10 indivíduos adultos, fato provavelmente associado ao menor consumo de oligofrutose e inulina — frutanos do tipo inulina — os quais têm ação prebiótica e, desse modo, estimulam seletivamente o crescimento de determinadas espécies bacterianas consideradas benéficas (bifidogênicas) ao hospedeiro.

MENOR RISCO DE DOENÇAS MALIGNAS

Por conta do efeito prebiótico, pode-se ainda afirmar que o consumo de farinha de trigo integral por indivíduos não sensíveis ao glúten contribui para a redução do risco de câncer intestinal, de condições inflamatórias, de dislipidemias e de doenças cardiovasculares.

Cabe, no entanto, destacar que dietas GF podem ser saudáveis para o público em geral, caso tome-se o cuidado de serem selecionados outros cereais integrais, além de hortaliças e alimentos com baixa densidade energética. Entretanto, isto não implica na retirada do glúten ser a responsável por possíveis efeitos benéficos observados.

Finalmente, é possível afirmar novamente que a falta de evidências científicas sólidas faz com seja aceita a premissa de que a dieta GF não pode ser considerada benéfica para indivíduos aparentemente saudáveis e que a falta de planejamento na sua instituição pode, ainda, potencialmente afetar a saúde do trato digestório.


Adapt. de Lucas Carminatti Pantaleão

Nutricionista pela Universidade de São Paulo, Mestre em Nutrição Experimental e Membro do Laboratório de Biologia Molecular do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
Membro da Comissão de Comunicação da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição – SBAN.

REFERÊNCIAS

Ludvigsson JF, Leffler DA, Bai JC, Biagi F, Fasano A, Green PH, et al. The Oslodefinitions for coeliac disease and related terms.Gut 2013;62:43e52.

Sapone A, Bai JC, Ciacci C, et al. Spectrum of gluten-related disorders:Consensus on new nomenclature and classification. BMC Med. 2012;10:13.

Marcason W. Is there evidence to support the claim that a gluten-freediet should be used for weight loss? J Am Diet Assoc. 2011;111(11):1786.

Dickey W, Kearney N. Overweight in celiac disease: Prevalence, clinicalcharacteristics, and effect of a gluten-free diet. Am J Gastroenterol.2006;101(10):2356-2359.

Valletta E, Fornaro M, Cipolli M, Conte S, Bissolo F, Danchielli C. Celiacdisease and obesity: Need for nutritional follow-up after diagnosis.Eur J ClinNutr. 2010;64(11):1371-1372.

De Palma G, Nadal I, Collado MC, Sanz Y. Effects of a gluten-free dieton gut microbiota and immune function in healthy adult human subjects.Br J Nutr. 2009;102(8):1154-1160.

Moshfegh AJ, Friday JE, Goldman JP, Ahuja JKC. Presence of inulin andoligofructose in the diets of Americans.J Nutr. 1999;129(7 suppl):1407S-1411S.

Glenn A. Gaesser, Siddhartha S. Angadi. Gluten-Free Diet: Imprudent Dietary Advice for theGeneral Population?J AcadNutr Diet. 2012;112(9):1330-1331.

Castillo NE, Theethira TG, Leffler DA. The present and the future in the diagnosis and management of celiac disease.Gastroenterol Rep. 2014, 1–9.

Czaja-Bulsa G, Non coeliac gluten sensitivity: a new disease with gluten intolerance. Clinic Nutr.2014, http://dx.doi.org/10.1016/j.clnu.2014.08.012.

http://www.sban.org.br/publicacoes/posicionamentos/132/dieta-livre-de-gluten-bom-para-todos

ALIMENTAÇÃO DO ESCOLAR: “O QUE HÁ DE NOVO”?

000000000_550
ALIMENTAÇÃO DO ESCOLAR

 Adapt. de Silvana Gomes Benzecry, Elza Daniel de Mello  e Maria Arlete Meil Schimith Escrivão, da Sociedade Brasileira de Pediatria.

A idade escolar é caracterizada por uma fase de transição entre a infância e a adolescência e compreende a faixa etária de 7 a 10 anos.
Esse é um período de intensa atividade física e ritmo de crescimento constante, com ganho mais acentuado de peso próximo ao início da adolescência.

TRANSFORMAÇÕES

Observa-se também crescente independência da criança, sendo o momento em que ela começa a formar novos laços sociais com indivíduos da mesma idade. Essas transformações, aliadas ao processo educacional, são determinantes para o aprendizado em todas as áreas e o estabelecimento de novos hábitos.

FAMÍLIA + ESCOLA

Além da grande importância da família, a escola passa a desempenhar papel de destaque na manutenção da saúde (física e psíquica) da criança. Durante a fase escolar, o ganho de peso é proporcionalmente maior que o crescimento estatural.

ATIVIDADES MAIS VIGOROSAS

As crianças se tornam mais fortes, mais rápidas e bem mais coordenadas. É importante o incentivo à prática de atividades físicas lúdicas, como as brincadeiras. Cerca de 10% das brincadeiras livres dos escolares nas áreas recreativas são atividades vigorosas, que envolvem lutas e perseguições, entre outras.27-01-Alimentacao-Escolar

A maioria dos dentes permanentes aparece nessa idade. Os dentes decíduos (“de leite”) começam a cair em torno dos 6 anos e são substituídos pelos permanentes, numa taxa de cerca de quatro dentes por ano, durante os cinco anos seguintes. Assim, são de fundamental importância uma dieta adequada e a correta higienização da boca.

Dependendo do padrão dietético e da atividade física, as crianças, nessa fase, podem aumentar o percentual de gordura corporal e, consequentemente, o risco para o desenvolvimento de obesidade.

download (1)

A qualidade e a quantidade da alimentação são determinantes para a manutenção da velocidade de crescimento, que deve ser constante e adequada para que o estirão da puberdade seja satisfatório.

NOVOS HÁBITOS ALIMENTARES (RISCOS)

Nesse período, a criança costuma modificar o seu hábito alimentar por influência do meio e pela maior capacidade cognitiva e autonomia. A criança na idade escolar deve receber adequada educação nutricional, para fazer a escolha correta dos alimentos e adquirir melhor qualidade de vida, e a escola pode contribuir sobremaneira nesse processo.cartilhaorganicosescola

Orientá-la quanto aos riscos que hábitos alimentares e estilo de vida inadequados pode representar à saúde é de fundamental importância. Alguns estudos têm mostrado que desordens do balanço energético são comuns nessa fase da vida, podendo haver excesso no consumo de alimentos calóricos e pouco nutritivos, além de incentivo negativo ou insuficiente para a realização de exercícios físicos.

MENOS ARROZ E FEIJÃO?

Os hábitos alimentares da família ainda continuam a exercer influência sobre as práticas alimentares dos escolares. Verificou-se redução no consumo de arroz, feijões, raízes e tubérculos, peixes e ovos e aumento no consumo de embutidos, refeições prontas e biscoitos.

Essas mudanças ocorridas no hábito alimentar da população brasileira contribuíram para o aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade e suas comorbidades.

O consumo de refrigerantes, sucos artificiais e bebidas à base de soja nos horários das refeições e dos lanches, em detrimento do consumo de leite e derivados, pode comprometer a ingestão de cálcio.

Além disso, os refrigerantes fosfatados (bebidas tipo cola) aumentam a excreção urinária de cálcio, elevando suas necessidades de ingestão e comprometendo a aquisição adequada da massa óssea.

Além da ingestão deficiente de cálcio, há também a baixa ingestão de vitamina D, ocasionada por falta de exposição solar e erro alimentar. Raros são os alimentos que contêm essa vitamina e, nos que a possuem, as quantidades são muito pequenas.

A deficiência de vitamina D e de cálcio está relacionada a retardo no crescimento, doenças autoimunes, câncer, fraturas e desenvolvimento de osteoporose na vida adulta.

Também deve ser destacado o consumo de alimentos ricos em gordura, sal e açúcar, tais como fast-foods, salgadinhos, bolachas, produtos panificados que contêm gorduras trans e saturadas, que aumentam o risco para as doenças cardiovasculares.

A adequação no consumo de sal, por meio da redução do sal de adição (5 porções/dia).

Redução dos enlatados, embutidos, salgadinhos e de condimentos industrializados, deve ser preconizada para diminuir o risco do desenvolvimento de hipertensão arterial sistêmica (“pressão alta”) no futuro.

Outro aspecto que merece ser ressaltado diz respeito aos transtornos alimentares, que já podem aparecer nessa fase. Se por um lado há a preocupação da comunidade científica e dos próprios pais com o desenvolvimento da obesidade, por outro lado, também se deve atentar para o fato de que a preocupação excessiva ou mal conduzida com o ganho de peso pode causar transtornos alimentares, como a bulimia e a anorexia.

A redução do nível da atividade física, decorrente do uso de computadores por períodos prolongados em âmbito doméstico e o tempo gasto com TV são fatores que contribuem para o aumento da prevalência de obesidade, nessa faixa etária.

A televisão, além de ser uma das causas mais importantes de sedentarismo, também propicia, por meio das propagandas veiculadas, o consumo de alimentos mais calóricos.

Os resultados de uma pesquisa financiada pelo Ministério da Saúde (MS) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), na qual foram analisadas 4.108 horas de televisão, num total de 128.525 peças publicitárias, mostraram que 72% das propagandas eram de fast-foods, guloseimas, sorvetes, refrigerantes, sucos artificiais, salgadinhos de pacote, biscoitos doces e bolos.

Medidas educativas são necessárias para que as crianças aprendam a escolher alimentos mais saudáveis, prevenindo, dessa forma, o desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis.

Recomendações Nutricionais

O cardápio deve respeitar os hábitos da família e as características regionais. O esquema alimentar deve ser composto por cinco a seis refeições diárias, incluindo-se: café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche vespertino, jantar e lanche da noite.

Resumidamente, diretrizes gerais para a alimentação do escolar:

  1. Ingestão de alimentos para prover energia e nutrientes em quantidade e qualidade adequadas ao crescimento, ao desenvolvimento e à prática de atividades físicas.
  1. Alimentação variada, que inclua todos os grupos alimentares, conforme preconizado na pirâmide de alimentos, evitando-se o consumo de refrigerantes, balas e outras guloseimas.
  1. Priorizar o consumo de carboidratos complexos em detrimento dos simples (a ingestão de carboidrato simples deve ser inferior a 25% do valor energético total, enquanto o total de carboidrato ingerido deve ser de 50 a 55% do valor energético total).
  1. Consumo diário e variado de frutas, verduras e legumes (>5 porções/dia). Os sucos naturais, quando oferecidos, não devem ultrapassar a quantidade máxima de 240 ml/dia, sendo que uma porção de fruta equivale a aproximadamente 180 ml de suco.
  1. Consumo restrito de gorduras saturadas (30% do valor energético total)
  1. Estimular o consumo de peixes marinhos duas vezes por semana.
  2. Controle da ingestão de sal (< 6 g por dia) para prevenir a hipertensão arterial.
  1. Consumo apropriado de cálcio (cerca de 600 ml de leite/dia e/ou derivados) para formação adequada da massa óssea e prevenção da osteoporose na vida adulta.
  1. Orientar o escolar e sua família sobre a importância de ler e interpretar corretamente os rótulos de alimentos industrializados.
  1. Controlar o ganho excessivo de peso pela adequação da ingestão de alimentos ao gasto energético e pelo desenvolvimento de atividade física regular.

download

  1. Evitar a substituição de refeições por lanches.
  1. Estimular a prática de atividade física (consultar o documento científico Atividade Física na Infância e Adolescência: Guia Prático, do Departamento Científico de Nutrologia da SBP, www.sbp.com.br).
  1. Reduzir o tempo gasto com atividades sedentárias (TV, videogame e computador). Limitar o tempo com essas atividades – no máximo, 2 horas/dia.
  1. Incentivar hábitos alimentares e estilo de vida adequados para toda a família.

Estimular a “autonomia orientada”: que a própria criança sirva seu prato com orientações adequadas das porções.

https://www.nestlenutrition.com.br/docs/default-source/Publica%C3%A7%C3%B5es-cient%C3%ADficas/pdf_manual_nutrologia_alimentacao.pdf?sfvrsn=0

Sinéquia vaginal (a “fimose feminina”)

_demosinéquia

Sinéquia vaginal: a “fimose” das meninas

Como o nome já diz (do grego synechia, significa “aderência”), a sinéquia vaginal ocorre quando os pequenos lábios ficam aderidos, “grudados”.

IDADE

A sinéquia vaginal, também conhecida como fusão ou aderência dos pequenos lábios vaginais, acomete meninas de até 10 anos, sendo mais frequente até os 2 anos de idade.

CAUSA

A causa desta aderência ainda não é conhecida, mas está relacionada a baixa produção de um hormônio chamado estrogênio, pois a sua falta determina uma maior vulnerabilidade a má cicatrização da região.

Ainda podem ser destacadas como causas secundárias as infecções crônicas por higiene inadequada, traumas leves na região ou dermatites causadas pela fralda ou pela calcinha, o que pode determinar pequenas feridas locais e favorecer a aderência.

Outra causa está associada às características anatômicas locais. Os pequenos lábios das meninas são internos, diferentemente dos das mulheres adultas, mais exteriorizados. Esta característica também facilitaria a sinéquia vaginal.

CONSEQUÊNCIAS

A aderência pode levar a infecções e retenção de urina causando dor, mau cheiro, corrimento e irritação da pele da genitália da criança. Em casos mais específicos podem ocorrer infecções urinárias de repetição, sendo o diagnóstico precoce de grande importância.

Os pais normalmente têm dificuldade para identificar o problema, porque o tamanho da sinéquia vaginal é variável. Geralmente o diagnóstico é feito pelo pediatra da criança no exame clínico inicial ou mais tardiamente.

O tratamento é simples, mas será efetivo se as orientações médicas forem seguidas rigorosamente. Costumam ser indicados cremes à base do hormônio estrogênio, que ajudam a desprender os lábios vaginais. A pomada deve ser usada com supervisão médica, pois o hor­mônio pode se absorvido e, em doses ou períodos maiores do que os recomendados, pode gerar uma pseudopuberdade precoce, caracterizada por pigmentação e aparecimento de pelos na genitália.

TRATAMENTO CIRÚRGICO

A cirurgia, indicada com cautela e após avaliação ginecológica, é necessária apenas nos casos de aderências muito acentuadas. Na maioria dos casos a cirurgia não é indicada, pois o trauma cirúrgico pode criar uma nova sinéquia vaginal, cicatricial, mais grossa e fibrosa.

http://www.vidadegestanteemae.com.br/sinequia-vaginal-sera-que-sua-filha-tem/

Saiba mais:

A fusão labial (FL) consiste na aderência dos bordos internos dos pequenos lábios sobre o introito vaginal, formando-se na linha mediana uma membrana translúcida que obstrui parcial ou completamente o canal vaginal.

3zghL6nVw3sefBSIF4vy6fqF1aRVgw01_med

Geralmente assintomática, a FL é habitualmente constatada durante a higiene íntima dos genitais da criança ou durante a consulta de pediatria.

Algumas manifestações clínicas podem estar presentes, nomeadamente diiculdade na micção e retenção de urina na vagina causando vulvovaginites de repetição, cistites, pielonefrites, pseudoincontinência urinária, disúria e prurido.

BENIGNIDADE

A FL é uma situação clínica adquirida, benigna, que se observa com alguma frequência em ambulatório pediátrico e que provoca ansiedade nos pais ao constatarem a alteração da normal anatomia vulvar.ginecologia-infanto-puberal-6-638

Embora seja uma entidade comum, nem sempre é reconhecida, e alguns casos são referenciados como suspeitas de diagnósticos de agenesia vaginal ou até de abuso sexual.

Existem outras denominações para esta alteração clínica tais como adesão, coalescência e aglutinação dos pequenos lábios, sinéquias vulvares ou fusão vulvar.

EPIDEMIOLOGIA

A FL é uma condição clínica comum ocorrendo em 0,6%-5% das meninas pré-púberes, apresentando um pico de incidência entre os 12-24 meses de idade

A maioria dos casos de FL é assintomática, podendo passar despercebidos à observação dos pais ou dos médicos quando das consultas de pediatria.

Fimose: quando operar?

Fimose (grego φῑμός, “mordaça”) é uma condição em que, no pênis humano, o prepúcio não pode ser completamente retraído para expor totalmente a glande.

A dificuldade em expor a glande ocorre quando o prepúcio possui um anel muito estreito, ou seja, a abertura do prepúcio é muito pequena para que se possa expor a glande. O problema pode ser de origem congênita ou adquirida.

O que é fimose?fimose

É quando se torna difícil ou impossível exibir a glande (cabeça) do pênis, devido a uma alteração na camada de pele que a cobre (chamada de prepúcio).  É justamente esta camada de pele que provoca um estreitamento da passagem da glande, caraterizando a fimose.

É normal o bebê do sexo masculino nascer com uma camada de pele grudada à glande, pois ela serve de proteção natural. É a chamada fimose fisiológica, que acomete aproximadamente 90% dos meninos recém-nascidos, regredindo após um período de tempo.

A intervenção cirúrgica deve ocorrer após os cinco ou sete anos de idade, em média caso o tratamento com pomada não tenha o resultado esperado.

Associações muito comuns com a fimose são as assaduras. Elas acarretam em cicatrizes que, por sua vez, encolhem a pele, tornando a abertura do prepúcio mais estreita. Nessa situação, como em todos os momentos de dúvida, procure um pediatra para indicar a melhor opção de tratamento.

O que se observa em um paciente com fimose?tm_t2

Na presença de fimose, podemos observar uma secreção esbranquiçada, chamada de esmegma, que possui mau cheiro e é formada por bactérias e fungos.

O quadro pode causar dificuldades para urinar, infecções e inflamações no pênis (as balano-postites), infecções urinárias e parafimose, que é quando o prepúcio não retorna a sua posição normal, causando inchaço e dor.

O que fazer?

Se o descolamento do prepúcio não acontecer de forma natural e se confirmar a fimose, o pediatra poderá recomendar cirurgia ou, antes disso, o uso diário de pomadas que pode ser utilizada, em média, a partir dos 12 meses de idade.

Postectomiacirurgia-de-fimose

Chamada de circuncisão ou postectomia, a cirurgia para retirada do excesso de pele, dura em média uma hora e o paciente é hospitalizado em sistema de day clinic, ou seja, recebe alta no mesmo dia de sua internação, salvo raríssimas exceções.

Porém, apesar de rápida, pode ocorrer sangramento, dor e inchaço. Ela é recomendada para ser realizada antes da adolescência devido às ereções que ocorrem com frequência nesta fase, deixando a recuperação mais dolorosa. Em crianças e adolescentes a anestesia é geral e a recuperação total da cirurgia ocorre, em média, em até uma semana. O retorno às aulas de Educação Física, futebol e lutas é que deve ser postergado, a fim de evitar lesões no local operado.

Precauções

Massagens e outros movimentos podem ocasionar lesões e outros problemas. Não realize procedimentos sem a orientação de um médico.

Assaduras ou dermatites de fraldas

criancas-dermatite_de_fraldas_159696591

As chamadas “dermatites de fraldas” são outro problema que pode causar assaduras e, com isso, um possível encolhimento da pele, dificultando a exposição da glande. As dermatites são irritações, alergias, provocadas pelo contato de fezes e urina com a pele.

doenas-exantemticas-e-dermatites-na-escola-26-638

Para preveni-las, basta não deixar o bebê com a fralda por muito tempo, trocando-a com frequência além de, após a higienização, passar pomadas que protegem a pele sensível da criança.

Ao menor sinal de inflamação ou infecção na cabeça do pênis, procure um médico.

Higieneacompanhamento-do-crescimento-e-desenvolvimento-da-criana-56-638

É necessário realizar uma limpeza repleta de atenção e cuidados, com água e sabonete neutro, para manter o pênis livre de infecções.

Como o excesso de pele atrapalha a higiene local, ele se torna mal cheiroso e propício ao surgimento de bactérias.

Em bebês, é fundamental que os pais realizem essa limpeza, sem efetuar massagens não recomendadas pelo médico.Capturar

Tratamento

Os tratamentos podem ser o uso de pomada ou circuncisão, que é a intervenção cirúrgica. O médico pode recomendar o uso de uma pomada para reverter o problema como primeira opção de tratamento e somente ele poderá indicar qual tratamento é adequado, após avaliar o caso.

Riscos

A fimose é associada às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Além disso,  é considerada um fator de risco para o surgimento do câncer de pênis, principalmente por causa da falta de higiene dificultada pelo acúmulo de pele e pela presença de secreção, o esmegma.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2009 surgiram 4637 novos casos de tumor peniano, sendo a maioria na Região Norte e Nordeste. A falta de higiene é um dos principais fatores para que isso ocorra.

Fimose e sua relação com a infecção urináriacomo-evitar-a-infecção-urinaria2

O excesso de pele que caracteriza a fimose, por dificultar uma higiene mais completa do pênis, acaba aumentando a probabilidade de se desenvolver uma infecção. E a urinária é uma delas.

A infecção urinária é causada por germes que penetram pela uretra (que é o canal que conduz a urina do pênis até a bexiga – no caso dos meninos) e chegam até a bexiga. Há ainda o risco desta infecção se deslocar para os rins, causando uma infecção ainda mais severa.

Entre as crianças, a infecção urinária é a segunda mais comum, principalmente entre os bebês- por causa do uso de fraldas. Por isso, não é demais repetir: realizar a troca das fraldas é uma forma de prevenir a contaminação por germes e bactérias presentes nas fezes e na urina.

Sintomas

Se a urina apresentar cor escura e cheiro forte, o jovem tiver febre (embora algumas vezes isso não ocorra) e sentir dor ou ardência ao urinar, além de incômodo na região da bexiga – como se quisesse esvaziá-la mesmo após já ter feito isso-, procure um médico imediatamente.

Dicas para prevenir infecções urinárias

Além de beber muito líquido, faz-se necessário ter a higiene da área genital sempre em dia.

Após o ato sexual, urine e limpe bem o pênis com água e sabão neutro.

Importante usar roupa íntima limpa, trocando-a diariamente.

É importante tratar a infecção urinária logo que seus sintomas aparecem, pois ela pode levar ao desenvolvimento de hipertensão arterial crônica – a famosa pressão alta – e insuficiência renal, que é a incapacidade dos rins de filtrar o sangue.

Balanopostitecirurgia-RJ-FIMOSE-Balanopostite-1

O que é balanopostite?

Balanopostite é uma infecção bacteriana ou fúngica num paciente em geral com fimose acentuada. Nos casos mais graves o prepúcio fica avermelhado, quente e mesmo com secreção purulento amarelada. Os meninos sentem muita dor para urinar e acabam promovendo uma retenção urinária voluntária, ou seja, prendem a micção para não sentir dor. Muitas vezes é necessário o uso de pomadas e antibióticos, além de cuidados locais.

O que é balanite xerótica obliterante?ins_0a75bb1453ba38917bbb40e75ba08725

Trata-se de doença da camada mais profunda da pele prepucial, conhecida como derme, que se apresenta com edema, espessamento e com infiltração de linfócitos. O prepúcio distal forma uma área cicatricial esbranquiçada e é vista mais em crianças na puberdade, excepcionalmente antes dos 5 anos de idade. O tratamento é sempre cirúrgico.

O que é parafimose?fimose_infantil

A parafimose é uma situação clínica decorrente de uma fimose parcial, na qual a extremidade do prepúcio forma um anel endurecido e pouco elástico, mas o suficiente para a sua retração e exposição da glande. No entanto, a pele apresenta dificuldade de retornar à sua condição original, ficando quase como uma “gravata apertada” circularmente no corpo do pênis. A conseqüência deste fato é que o crescente inchaço da glande piora o aperto do anel de prepúcio agravando a dor do paciente. Muitos casos se resolvem então apenas com cirurgia de emergência.

http://fimose.com.br/

Mais alguns comentários da urologia pediátrica, disponíveis em: http://www.uroped.com.br/tiraduv/fimose.htm

cirurgiapediatrica

A – Por que algumas crianças com fimose necessitam
de tratamento cirúrgico?

  1. Permitir a higiene adequada do pênis.
  2. Permitir no futuro um relacionamento sexual satisfatório.
  3. Evitar ou corrigir a PARAFIMOSE (quando o orifício de abertura do prepúcio, por ser muito estreito, fica preso logo abaixo da glande, com dor, inchaço imediato e dificuldade de urinar.
  4. Diminuir o risco de balanopostites (infeções do prepúcio e glande), infeções urinárias, doenças venéreas e do câncer no pênis.
  5. Diminuir o risco de câncer de colo de útero na sua futura esposa.

Observações:

  1. A fimose não impede, nem prejudica o crescimento do pênis, portanto a cirurgia (postectomia) não vai ajudar o crescimento do mesmo.
  2. Estima-se que cerca de 20% dos meninos não circuncidados podem ter indicações cirúrgicas.

B. Então não se devem fazer “exercícios ou massagens”
para ajudar a “abrir” o anel da pele (prepúcio)?

Não, pois podem ocorrer microtraumatismos com dor, inflamação local e até sangramentos, e a cicatrização pode levar a um estreitamento da abertura no prepúcio.

Os exercícios ao causarem dor e desconforto também criam na criança o medo de que alguém mexa nos seus genitais.

Esse medo interfere na higiene peniana, e ao não se realizar uma boa higiene podem ocorrer as postites (inflamações ou infeções do prepúcio), que são outra causa da fimose. Esse medo também dificulta a aceitação da cirurgia, dos cuidados pós-operatórios, e interfere na aceitação da sua sexualidade.20151103101528586646u

C – Qual a idade ideal para cirurgia da fimose?

Nos casos não complicados aguarda-se até ao redor dos 7 – 10 anos de idade, por 3 motivos entre outros:

  1. Nesse período pode ocorrer o descolamento normal do prepúcio, a cura, não necessitando mais da cirurgia.
  2. Até os 5 – 6 anos o menino realiza sua identificação sexual, chamada Fase Fálica, já entende a necessidade da cirurgia e não corre o risco de achar que foi cortado um pedaço do seu pênis (Síndrome da Castração)
  3. Antes da adolescência, quando as ereções mais frequentes tornam o pós-operatório mais doloroso e aumentam o risco das complicações.
D – A anestesia não pode ser local?

Na infância e mesmo na adolescência, prefere-se a anestesia geral, geralmente precedido pelo uso de um sedativo e de um analgésico, pois:

  • Evita que o paciente assista, participe e se assuste durante o ato cirúrgico.
  • Evita a dor das “picadas” de agulhas e introdução do anestésico local.
  • Permite que o paciente permaneça quieto, sem se movimentar durante a cirurgia.
  • O paciente não se lembrará de nada que ocorre na sala de cirurgia.

E – Como os pais podem preparar seu filho para a cirurgia ?

Em primeiro lugar os pais devem receber do cirurgião pediátrico orientações que lhes permitam conhecer como será realizada a cirurgia, para que eles se sintam seguros e possam transmitir esta segurança para seu filho.

Além disso, é importante não esconder do paciente o que será realizado, mas sem entrar em detalhes que ele não possa compreender e que possam assustá-lo. Ex.: a palavra “cortar”.

Demonstrar amor, segurança, e levá-lo, se possível, a conhecer o local onde será realizada a cirurgia também auxilia no preparo pré-operatório.

Influenza em 2016: vacinas, creches e gestantes

Nenhum de nós está livre de adquirir as formas mais graves da gripe, especialmente a causada pelo vírus Influenza A (H1N1) que este ano chegou mais cedo.

  1. Quais vacinas existem contra a gripe 2016?

Há duas vacinas disponíveis: a trivalente e a tetravalente (ou quadrivalente). São os seguintes os vírus nelas contidos:

Trivalente: A (H1N1); A (H3N2); Influenza B (subtipo Brisbane)

Tetra ou Quadrivalente: A (H1N1); A (H3N2); 2 vírus Influenza B (subtipos Brisbane e Phuket)

Observe que o A (H1N1) está presente nas duas.

  1. Quem deve vacinar?

A vacina está indicada para todas as pessoas, exceto para bebês com menos de 6 meses de idade.

Mas atenção: dependendo do fabricante da vacina, um dos tipos da tetravalente só pode ser aplicado em crianças maiores de 3 anos de idade.

A trivalente pode ser dada para todos acima de 6 meses. Crianças de 6 meses a 1 ano tem que tomar duas doses com intervalo de 1 mês (entre elas).

  1. A vacina da rede pública é a mesma da rede particular?

Quem determina a composição necessária dos vírus contidos na vacina é a OMS (Organização Mundial da Saúde) que se baseia na maior circulação observada de vírus no Hemisfério Norte no ano anterior.

Em novembro de 2015, a Anvisa endossou a orientação da OMS e a vacina trivalente 2016, que contem os vírus determinados pela OMS, está sendo produzida pelo Instituto Butantan de São Paulo.

Importante: todas estas vacinas – da rede pública ou privada, trivalente ou tetravalente – devem proteger eficazmente contra os vírus da gripe de 2016.

  1. Quem tomou a trivalente pode tomar a tetravalente?

Pode, se quiser. Recebe proteção a mais contra um subtipo do vírus Influenza B. Mas deve guardar um intervalo de 1 mês entre as duas doses.

  1. Quem tomou a vacina em 2015 precisa tomar em 2016?

Sim, pois a vacina tem validade de 1 ano. Além disso, os vírus foram modificados de acordo com a sua maior incidência.

  1. E quem tomou a vacina de 2015 este ano, deve tomar também a de 2016?

As duas vacinas (2015 e 2016) conferem proteção contra os vírus A (H1N1) e A (H3N2). Para estes vírus as duas protegem. Porém, a diferença está no influenza B. Portanto, é aconselhável, SIM, tomar a vacina de 2016. Lembrando que deve haver um intervalo de 1 mês entre as duas aplicações.

7. Quem pode receber gratuitamente a vacina na rede pública?

Dia 04/04: começa a vacinação gratuita dos profissionais de saúde.

Dia 11/04: podem ser vacinadas as crianças de 6 meses a 5 anos de idade, idosos, gestantes e portadores de doenças crônicas.

Dia 30/04: além dos grupos anteriores, podem receber a vacina puérperas de até 45 dias, detentos, funcionários da rede prisional e indígenas.o-que-e-o-h1n1

8. Quanto tempo leva para a vacina fazer efeito?
Uma média de 2 a 3 semanas.

9.  Quem está com febre pode tomar a vacina? E quem está tomando antibiótico?

Recomenda-se que as pessoas com febre aguardem a resolução do processo para receber a vacina. Quem está tomando antibiótico deve conversar com seu médico e seguir as orientações específicas para cada um.gripe

10. Quais as contraindicações para a vacina?

As pessoas com alergia comprovada e importante ao ovo não devem receber a vacina. Quem está com imunodepressão, natural ou medicamentosa, deve receber orientações específicas do próprio médico.

11. Vacina da gripe causa gripe?
NÃO. A vacina é composta por fragmentos dos vírus ou por vírus mortos e por isso não dá gripe. Ocorre que como a vacina é aplicada numa época em que há muitos vírus circulando, as pessoas ficam mesmo mais gripadas. Mas certamente por outros vírus que não os contidos na vacina.

12.  Quais os principais efeitos colaterais da vacina?

Essa vacina em geral não dá sintomas de desconforto depois. As reações são bastante individuais. Algumas pessoas podem apresentar febre, mal estar e um pouco de dor no local da aplicação.

13. Quais são as contraindicações para a vacina?

De acordo com o Portal da Saúde, pessoas com alergia comprovada e importante ao ovo não devem receber a vacina. Quem está com imunodepressão, natural ou medicamentosa, deve receber orientações específicas do próprio médico.

14. Quais outros cuidados que podemos tomar para evitar a gripe?
Nunca é demais lembrar:0902

  1. Lave as mãos com frequência. Superfícies como maçanetas de porta, por exemplo, podem estar contaminadas e as mãos levam os vírus para as mucosas da boca ou dos olhos da pessoa susceptível. Gripe passa, sim, pelas mãos.
  2. Ventile os ambientes. Se estiver em transporte público, ônibus, trem ou metrô, abra as janelas. Vale mais sentir frio do que pegar gripe. Lave as mãos assim que chegar em casa.
  3.  Evite coçar os olhos ou colocar as mãos na boca. Lave as mãos com frequência.
  4. Quando tossir, tape a boca com o antebraço e não com as mãos. Lave as mãos com frequência.
  5. Tome mais água que o habitual, coma saudável, durma bem e pratique esportes! Mais importante: lave sempre as mãos!

http://g1.globo.com/bemestar/blog/doutora-ana-responde/post/vacina-da-gripe-2016-esclareca-suas-duvidas.html

ministerio-da-saude

Saiba mais:

Influenza, comumente conhecida como gripe, é uma doença viral febril, aguda, geralmente benigna e autolimitada.

Frequentemente é caracterizada por início abrupto dos sintomas, que são predominantemente sistêmicos, incluindo febre, calafrios, tremores, dor de cabeça, mialgia e anorexia, assim como sintomas respiratórios com tosse seca, dor de garganta e coriza.

A infecção geralmente dura 1 (uma) semana e com os sintomas sistêmicos persistindo por alguns dias, sendo a febre o mais importante.

Os vírus influenza são transmitidos facilmente por aerossóis produzidos por pessoas infectadas ao tossir ou espirrar.

Existem 3 tipos de vírus influenza: A, B e C. O vírus influenza C causa apenas infecções respiratórias brandas, não possui impacto na saúde pública e não está relacionado com epidemias.

O vírus influenza A e B são responsáveis por epidemias sazonais, sendo o vírus influenza A responsável pelas grandes pandemias.

Os vírus influenza A são ainda classificados em subtipos de acordo com as proteínas de superfície, hemaglutinina (HA ou H) e neuraminidase (NA ou N). Dentre os subtipos de vírus influenza A, os subtipos A(H1N1) e A(H3N2) circulam atualmente em humanos. Alguns vírus influenza A de origem aviária também podem infectar humanos causando doença grave, como no caso do A (H7N9).

Algumas pessoas, como idosos, crianças novas, gestantes e pessoas com alguma comorbidade possuem um risco maior de desenvolver complicações devido à influenza.

A vacinação é a intervenção mais importante na redução do impacto da influenza.

Indivíduos que apresentem sintomas de gripe devem:

– Evitar sair de casa em período de transmissão da doença (até 7 dias após o início dos sintomas);

– Restringir ambiente de trabalho para evitar disseminação;

– Evitar aglomerações e ambientes fechados, procurando manter os ambientes ventilados;

– Adotar hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão de líquidos;GRIPE-A-PANFLETO-OFICIAL-1

* O serviço de saúde deve ser procurado imediatamente caso apresente algum desses sintomas: dificuldade para respirar, lábios com coloração azulada ou roxeada, dor ou pressão abdominal ou no peito, tontura ou vertigem, vomito persistente, convulsão.

Cuidados em Creches:

– A aglomeração de crianças em creches facilita a transmissão de influenza entre crianças susceptíveis. A melhor maneira de proteger as crianças contra influenza sazonal e potenciais complicações graves é a vacinação anual contra influenza. A vacinação contra influenza é recomendado a partir de 6 meses até 5 anos.

– Além da adoção das medidas gerais de prevenção e etiqueta respiratória, os cuidadores e crianças lotadas em creches, devem realizar a higienização dos brinquedos com água e sabão quando estiverem sujos. Deve-se utilizar lenço descartável para limpeza das secreções nasais e orais das crianças. No caso de utilização de lenço ou fralda de pano, estes devem ser trocados diariamente. Deve-se lavar as mãos após contato com secreções nasais e orais das crianças, principalmente, quando a criança estiver com suspeita de síndrome gripal.

– Cuidadores devem observar se há crianças com tosse, febre e dor de garganta, Os cuidadores devem informar aos pais quando a criança apresentar os sintomas de síndrome gripal e notificar a secretaria municipal de saúde, caso observem um aumento do número de crianças doentes com síndrome gripal ou com absenteísmo pela mesma causa na creche;

– O contato da criança doente com as outras deve ser evitado. Recomenda-se que a criança doente fique em casa, a fim de evitar transmissão da doença.

– Recomenda-se que a criança doente permaneça em casa por pelo menos 24 horas após o desaparecimento, sem utilização de medicamento, da febre.

Cuidados com gestantes; puérperas e recém-nascidos

Influenza causa mais doença grave em gestantes que em mulheres não grávidas. Mudanças no sistema imunológico, circulatório e pulmonar durante a gravidez faz com que as gestantes sejam mais propensas a complicações graves por influenza, assim como hospitalização, e óbito.

As gestantes com influenza também tem maiores riscos de complicações da gravidez, incluindo parto prematuro.

A vacinação contra influenza durante a gravidez protege a gestante, o feto e até o bebê recém-nascido até os 6 meses.

As gestantes devem buscar o serviço de saúde, caso apresente sintomas de Síndrome Gripal;

– Durante internação e trabalho de parto, se a mulher estiver com diagnóstico de Influenza, deve-se priorizar o isolamento;

– Se a mãe estiver doente, deve realizar medidas preventivas e de etiqueta respiratória, como a constante lavagem das mãos, principalmente para evitar transmissão para o recém-nascido;

– A parturiente deve evitar tossir ou espirrar próximo ao bebê. O bebê pode ficar em isolamento com a mãe (evitando-se berçários).

Aspectos clínicosflu-respiratory

Influenza sazonal

Clinicamente, a doença inicia-se com a instalação abrupta de febre alta, em geral acima de 38°C, seguida de mialgia, dor de garganta, prostração, cefaleia e tosse seca. A febre é, sem dúvida, o sintoma mais importante e perdura em torno de 3 dias. Os sintomas sistêmicos são muito intensos nos primeiros dias da doença.

Com a sua progressão, os sintomas respiratórios tornam-se mais evidentes e mantêm-se em geral por 3 a 4 dias, após o desaparecimento da febre.images

É comum a queixa de garganta seca, rouquidão, tosse seca e queimação retroesternal ao tossir, bem como pele quente e úmida, olhos hiperemiados e lacrimejantes. Há hiperemia das mucosas, com aumento de secreção nasal hialina.

O quadro clínico em adultos sadios pode variar de intensidade. Nas crianças, a temperatura pode atingir níveis mais altos, sendo comum o achado de aumento dos linfonodos cervicais. Quadros de bronquite ou bronquiolite, além de sintomas gastrointestinais, também podem fazer parte da apresentação clínica em crianças.PMC2811908_cc8183-1

Os idosos quase sempre se apresentam febris, às vezes sem outros sintomas, mas em geral a temperatura não atinge níveis tão altos. As situações reconhecidamente de risco incluem doença pulmonar crônica (asma e doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC), cardiopatias (insuficiência cardíaca crônica), doença metabólica crônica (diabetes, por exemplo), imunodeficiência ou imunodepressão, gravidez, doença crônica renal e hemoglobinopatias.As complicações são mais comuns em idosos e indivíduos vulneráveis. As mais frequentes são as pneumonias bacterianas secundárias, sendo geralmente provocadas pelos seguintes agentes: Streptococcus pneumoniae,Staphylococcus ssp. E Haemophillus influenzae.

PNEUMONIA VIRAL1806-3713-jbpneu-39-03-0323-gf01

Uma complicação incomum, e muito grave, é a pneumonia viral primária pelo vírus da influenza. Nos imunocomprometidos, o quadro clínico é geralmente mais arrastado e, muitas vezes, mais grave. Gestantes com quadro de influenza no segundo ou terceiro trimestre da gravidez estão mais propensas à internação hospitalar.

REYE EM CRIANÇAS

Dentre as complicações não pulmonares em crianças, destaca-se a síndrome de Reye, que também está associada aos quadros de varicela (catapora). Esta síndrome caracteriza-se por encefalopatia e degeneração gordurosa do fígado, após o uso do ácido acetil salicílico, na vigência de um desses quadros virais. Recomenda-se, portanto, que não sejam utilizados medicamentos do tipo ácido acetil salicílico, em crianças com síndrome gripal ou varicela.

Outras complicações incluem miosite, miocardite, pericardite, síndrome do choque tóxico, síndrome de Guillain-Barré e, mais raramente, encefalite e mielite transversa.

 Aspectos laboratoriais

No Brasil, a rede de laboratórios de referência para vírus respiratórios é composta de três (03) laboratórios credenciados junto à OMS como centros de referência para influenza (NIC – Nacional Influenza Center), os quais fazem parte da rede global de vigilância da influenza. Entre estes laboratórios há um laboratório de referência nacional, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e dois laboratórios de referência regional: o Instituto Adolfo Lutz (IAL), em São Paulo, e o Instituto Evandro Chagas (IEC), em Belém.

MAIORES REFERÊNCIAS NO BRASIL

Os Laboratórios de Referência para vírus respiratórios são responsáveis por realizar a identificação dos tipos e subtipos de vírus influenza e outros vírus respiratórios em circulação nos diversos estados e estabelecer a sua relação com os padrões regionais e mundiais.

Também são responsabilidades dos laboratórios de referência, descrever as características antigênicas e genéticas dos vírus influenza circulantes, monitorar a resistência aos antivirais dos vírus circulantes na comunidade e em meio hospitalar, identificar precocemente novos tipos, subtipos, variantes ou recombinantes de vírus influenza, identificar outros vírus respiratórios associados aos casos analisados no contexto da vigilância da Síndrome Gripal (SG) ou de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), gerar informações epidemiológicas e filogenéticas das amostras virais circulantes no Brasil e prover isolados virais sazonais representativos para envio ao Centro Colaborador da OMS das Américas para analises genéticas e antigênicas avançadas, com o intuito de fornecer dados que irão subsidiar a recomendação anual da OMS para composição das vacinas contra influenza.

As informações sobre Diagnóstico Laboratorial estão disponíveis no Guia de Vigilância Epidemiológica da SVS/MS.

Tratamento

O Protocolo de Tratamento para Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) do Ministério da Saúde- MS, atualizado em 2013 junto com as sociedades médicas, indica, além do tratamento sintomático e hidratação, o uso do antiviral a todos os casos de SRAG e SG que tenham fator de risco para complicações, independentemente da situação vacinal.

Tal indicação fundamenta-se no benefício que a terapêutica precoce proporciona na redução da duração dos sintomas e, principalmente, na redução da ocorrência de complicações da infecção por este vírus.

SUSCEPTIBILIDADE

Testes laboratoriais indicam que a maioria dos vírus influenza sazonal é susceptível aos inibidores de neuraminidase (fosfato de oseltamivir ou zanamivir), mas resistente a antivirais da família das adamantanas. Assim, amantadina e rimantadina não são recomendadas para o tratamento de infecções por influenza sazonal.

O tratamento com antiviral inibidor de neuraminidase é recomendado o mais precocemente possível para casos prováveis ou confirmados de influenza sazonal com SRAG e SG que tenham fator de risco para complicações, independentemente da situação vacinal, mesmo que transcorrido 48 horas do surgimento dos sintomas.

Gestantes possuem um alto risco de desenvolver complicações por infeção com o vírus influenza. Para gestantes com suspeita ou confirmação de infecção por influenza sazonal é recomendado o tratamento antiviral. A gravidez não deve ser considerada contraindicação para o uso de oseltamivir ou zanamivir.ABAAABqL0AF-1

A duração do tratamento com os antivirais é de 5 dias, podendo este ser estendido no caso de pacientes hospitalizados em estado grave ou imunossuprimidos. A dosagem de antiviral é baseada na faixa etária:

Tratamento – Posologia e Administração

ANTIVIRAL FAIXA ETÁRIA POSOLOGIA
Fosfato de Oseltamivir

(Tamiflu®)

Adulto 75 mg, VO, 12/12h, 5 dias
Criança maior de 1 ano

de idade

< 15 kg 30 mg, VO, 12/12h, 5 dias
> 15 kg a 23 kg 45 mg, VO, 12/12h, 5 dias
> 23 kg a 40 kg 60 mg, VO, 12/12h, 5 dias
> 40 kg 75 mg, VO, 12/12h, 5 dias
Criança maior de 1 ano

de idade

< 3 meses 12 mg, VO, 12/12h, 5 dias
3 a 5 meses 20 mg, VO, 12/12h, 5 dias
6 a 11 meses 25 mg, VO, 12/12h, 5 dias
Zanamivir

(Relenza®)

Adulto 10 mg: duas inalações de 5 mg, 12/12h, 5 dias
Criança > 7 anos 10 mg: duas inalações de 5 mg, 12/12h, 5 dias

Fonte: GSK/Roche e CDC

OBS: A indicação de Zanamivir somente está autorizada em casos de impossibilidade Clínica da manutenção do uso do fosfato de oseltamivir (Tamiflu®).

O Zanamivir é contraindicado em menores de cinco anos para tratamento ou para quimioprofilaxia e para todo paciente com doenças básicas das vias respiratórias (ex.: asma ou doenças pulmonares obstrutivas crônicas) pelo risco de broncoespasmo grave.

O Zanamivir não pode ser administrado em paciente em ventilação mecânica porque esta medicação pode obstruir os circuitos do ventilador.Gripe-H1N11

O Ministério da Saúde considera fatores de risco para complicação, com indicação de tratamento:

  • Grávidas em qualquer idade gestacional;
  • Puérperas até duas semanas após o parto (incluindo as que tiveram aborto ou perda fetal);
  • Adultos ≥ 60 anos;
  • Crianças < 2 anos;
  • População indígena;
  • Pneumopatias (incluindo asma); Cardiovasculopatias (excluindo hipertensão arterial sistêmica); Nefropatias; Hepatopatias;
  • Doenças hematológicas (incluindo anemia falciforme);
  • Distúrbios metabólicos (incluindo diabetes mellitus descompensado);
  • Transtornos neurológicos que podem comprometer a função respiratória ou aumentar o risco de aspiração (disfunção cognitiva, lesões medulares, epilepsia, paralisia cerebral, Síndrome de Down, atraso de desenvolvimento, AVC ou doenças neuromusculares);
  • Imunossupressão (incluindo medicamentosa ou pelo vírus da imunodeficiência humana);
  • Obesidade (Índice de Massa Corporal – IMC ≥ 40 em adultos);
  • Indivíduos menores de 19 anos de idade em uso prolongado com ácido acetilsalicílico (risco de Síndrome de Reye).assinatura_email
    O que é Influenza Sazonal?

A Influenza, também conhecida como Gripe, é uma infecção do sistema respiratório cuja principal complicação é as pneumonias, que são responsáveis por um grande número de internações hospitalares no país.


Qual o microrganismo envolvido?

  • É o vírus Influenza. Existem 3 tipos de vírus influenza: A, B e C. O vírus influenza C causa apenas infecções respiratórias brandas, não possui impacto na saúde pública e não está relacionado com epidemias. O vírus influenza A e B são responsáveis por epidemias sazonais, sendo o vírus influenza A responsável pelas grandes pandemias.
  • Os vírus influenza A são ainda classificados em subtipos de acordo com as proteínas de superfície, hemaglutinina (HA ou H) e neuraminidase (NA ou N). Dentre os subtipos de vírus influenza A, os subtipos A(H1N1) e A(H3N2) circulam atualmente em humanos. Alguns vírus influenza A de origem aviária também podem infectar humanos causando doença grave, como no caso do A (H7N9).0912861

Quais os sintomas?

A Gripe, ou Influenza sazonal, inicia-se em geral com febre alta, seguida de dor muscular, dor de garganta, dor de cabeça, coriza e tosse seca.

A febre é o sintoma mais importante e dura em torno de três dias. Os sintomas respiratórios como a tosse e outros, tornam-se mais evidentes com a progressão da doença e mantêm-se em geral de três a cinco dias após o desaparecimento da febre. Alguns casos apresentam complicações graves, como pneumonia, necessitando de internação hospitalar. Devido aos sintomas em comum, pode ser confundida com outras viroses respiratórias causadoras de resfriado.g_cdgraficogripe-a

Como se transmite?

A Influenza pode ser transmitida de forma direta por meio das secreções das vias respiratórias de uma pessoa contaminada ao espirrar, ao tossir ou ao falar, ou por meio indireto pelas mãos, que após contato com superfícies recentemente contaminadas por secreções respiratórias de um indivíduo infectado, podem carrear o vírus diretamente para a boca, nariz e olhos. A transmissão direta do vírus influenza de aves e suínos para o homem, pode ocorrer.

Como tratar?

O tratamento dos sintomas da influenza sem complicações deve ser realizado com, medicação sintomática, hidratação, antitérmico, alimentação leve e repouso. Nos casos com complicações graves, são necessárias medidas de suporte intensivo.

Atualmente, existem medicamentos antivirais (fosfato de oseltamivir e zanamivir) para o tratamento que devem ser prescritos pelos profissionais médicos a todos os pacientes que apresentem condições e fatores de risco para complicações por influenza (gripe) e aos casos em que a doença já se agravou (mais detalhes no Protocolo de Tratamento da Influenza ). Uma das principais complicações da influenza são as infecções bacterianas secundárias, principalmente as pneumonias. Em caso de complicações, o tratamento será específico. É fundamental procurar atendimento nas unidades de saúde, para que haja identificação precoce de risco para agravamento da doença.

  • O que é resfriado?Gripe1O resfriado também é uma doença respiratória frequentemente confundida com a gripe, mas é causado por vírus diferentes. Os vírus mais comuns associados ao resfriado são os rinovírus, os vírus parainfluenza e o vírus sincicial respiratório (RSV), que geralmente acometem mais crianças.
  • Os sintomas do resfriado, apesar de parecidos com da gripe, são mais brandos e duram menos tempo, entre dois e quatro dias. Os sintomas incluem tosse, congestão nasal, coriza, dor no corpo e dor de garganta leve. A ocorrência de febre é menos comum e, quando presente, é em temperaturas baixas.gripe e resfriado
  • As medidas preventivas utilizadas para evitar a gripe, como a etiqueta respiratória, também devem ser adotadas para prevenir os resfriados.
  • Outra doença que também tem sintomas parecidos e que pode ser confundida com a gripe é a rinite alérgica. Os principais sintomas são espirros, coriza, congestão nasal e irritação na garganta.
  • A rinite alérgica não é uma doença transmissível e sim crônica, provocada pelo contato com agentes alergênicos (substâncias que causam alergia), como poeira, pelos de animais, poluição, mofo e alguns alimentos.


Como se prevenir?

Para redução do risco de adquirir ou transmitir doenças respiratórias, especialmente às de grande infectividade, como vírus Influenza, orienta-se que sejam adotadas medidas gerais de prevenção, tais como:

  • Frequente lavagem e higienização das mãos, principalmente antes de consumir algum alimento;
  • Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
  • Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
  • Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
  • Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;00061388
  • Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou
    garrafas;
  • Manter os ambientes bem ventilados;
  • Evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe.

Boletim epidemiológico do Ministério da Saúde:

boletim-epid-influenza-se12-2016

Infecções de repetição na criança e os 10 sinais de alerta para imunodeficiência primária

hqdefault

No sentido de chamar a atenção para as condições clínicas que merecem investigação, a “Jeffrey Modell Foundation” e a Cruz Vermelha Norte-Americana lançaram os “Dez sinais de alerta para Imunodeficiência Primária”, que indicam a investigação para imunodeficiência primária:

  1. Oito ou mais novas otites no período de um ano;
  2. Abscessos cutâneos recorrentes profundos ou em órgãos;
  3. Duas ou mais sinusites no período de um ano;
  4. Monilíase oral persistente ou cutânea em maiores de um ano de idade;saia_da_bolha
  5. Antibioticoterapia por dois ou mais meses com pouca eficácia;
  6. Necessidade de antibiótico endovenoso para eliminar infecções;
  7. Duas ou mais pneumonias no período de um ano;
  8. Duas ou mais infecções invasivas (sepse, meningite, osteomielite, celulite);
  9. Insuficiência de crescimento pôndero-estatural normal com alimentação adequada para idade;
  10. História familiar de imunodeficiência.

INFECÇÕES DE REPETIÇÃO NA CRIANÇA

Dra. Beatriz Tavares Costa Carvalho

Ao nascimento, o sistema imunológico encontra-se imaturo e o recém-nascido apresenta suscetibilidade aumentada para contrair infecções.

Com o amadurecimento do sistema imunológico o numero de infecções vai reduzindo, de forma que a partir dos 4 anos de idade o uso de antibióticos é bem mais restrito.

Entretanto, o pediatra deve estar sempre atento para aquelas crianças que estão sempre doentes necessitando uso frequente de antibióticos ou que contraiam infecção grave.

Alguns aspectos são importantes para o pediatra:

  1. Identificar se a criança apresenta alguma doença de base que justifique o quadro infeccioso, crescimento inadequado e história familiar com morte precoce na família e/ou consanguinidade.Cópia de imuno
  1. Dar atenção aos fatores de risco que contribuem para causar infecções respiratórias em crianças como frequentar creche e ter exposição à fumaça de cigarro e tentar removê-los.logo
  1. Identificar atopia. Os sintomas de rinite alérgica se confundem com viroses de repetição e crises de asma são muitas vezes equivocadamente diagnosticadas como broncopneumonias de repetição levando ao uso exagerado de antibióticos.cartaz01web

As Imunodeficiências Primárias (IDP) representam um grupo de cerca de 200 doenças em que o sistema imunológico tem algum comprometimento e por isso acarreta uma maior susceptibilidade a infecções e doenças autoimunes.

As manifestações clínicas mais frequentemente observadas nas IDP são infecções de repetição e/ou graves, às vezes causadas por micro-organismos oportunistas. Pacientes com IDP podem apresentar, também, reações adversas após administração de vacinas de microrganismos vivos, como a BCG.

Na dependência do setor do sistema imunológico acometido, haverá maior predisposição a infecções por determinados microrganismos.10-sinais-da-Imunodeficiencia-primaria

Infecções por bactérias extracelulares sugere deficiência do sistema humoral, de fagócitos e do sistema complemento.

Exames laboratoriais recomendados: hemograma, imunoglobulinas séricas e CH50. Avaliar também resposta a antígenos vacinais.

Infecções por oportunistas: pensar em defeitos da imunidade celular e solicitar a dosagem dos linfócitos T (CD3, CD4 e CD8), B (CD19) e células NK.SAUDE 1

Todos os valores dos exames devem ser comparados a padrões de normalidade por faixa etária. De forma que número de linfócitos em sangue periférico < 3.000/mm3 nos primeiros meses de vida é fortemente sugestivo de IDP enquanto que uma IgA não detectável é normal nessa idade.

Um diagnóstico precoce com tratamento adequado podem controlar as infecções ou mesmo levar a cura do paciente que poderá ter uma vida normal e produtiva.

IMPORTANTE:

O sistema imunológico normal possui duas ações de trabalho para manter a função normal do hospedeiro: a resposta imunológica inespecífica e a específica.

Qualquer desequilíbrio em alguma parte da resposta imunológica pode resultar em uma inabilidade de controlar a infecção com doença subjacente.GRÁFICO_MÃOS

As imunodeficiências incluem uma variedade de doenças que deixam os pacientes mais susceptíveis a infecções e são classificadas em primárias e secundárias. Imunodeficiência primária deve ser suspeitada em todo o paciente com infecções recorrentes inexplicadas, infecções oportunistas, infecções que não respondem à terapia e que apresentam déficit ponderoestatural.ivas

As imunodeficiências primárias incluem as doenças da imunidade humoral, os defeitos da célula T, os defeitos combinados da célula B e T, as doenças dos fagócitos e as deficiências do complemento.

ARTIGOS CIENTÍFICOS NA ÍNTEGRA:

v27n4a13Texto-Qd_Pensar-em-IDP-PortalSBP-Persio2014INFECÇÃO RESPIRATÓRIA_DE_REPETIÇÃO_COMO_ABORDARcriterios_infeccao_trato_respiratorio

Sites de referência: www.imunopediatria.org.br; www.info4pi.org; www.esid.org

Fonte: http://www.nestlenutrition.com.br/comentarios-dos-especialistas/detalhe/dra-beatriz-tavares-costa-carvalho/2015/04/23/infeccao-de-repeticao-na-crianca?utm_source=News_57&utm_medium=Pediatras&utm_content=Comentarios_do_Especialista&utm_campaign=Email_Mkt&__akacao=2369756&__akcnt=a0def971&__akvkey=893c&renewlogin

AUTISMO: dia mundial, sinais dos 2 aos 24 meses e vídeo interessante

{A91F1488-33D1-477D-8B0D-BBFD64A9F9DD}_Painel Autismo

Autismo-DAY-EMKT

Apple divulga vídeo emocionante no Dia Mundial da Conscientização do Autismo

Criado em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Mundial de Conscientização do Autismo é comemorado no dia 2 de Abril.

autismoNeste ano, a Apple resolveu aproveitar a data para publicar em seu canal dois vídeos que mostram como a tecnologia pode transformar a vida de pessoas com necessidades especiais. Para abordar o tema, a empresa escolheu Dillan Barmache como personagem central.

Dillan é um jovem autista não verbal de 16 anos, mas sua história pode ser contada por meio de suas próprias palavras graças ao auxílio de um iPad e um aplicativo de comunicação alternativa aumentada (CAA). O adolescente usa o tablet para se comunicar há cerca de três anos, e o produto já se tornou parte integrante da sua rotina. O iPad permite que Dillan converse com seus pais, amigos, família e professores. “Ouvir a voz de Dillan é incrível”, diz a mãe do jovem. “Ele é perspicaz, inteligente e criativo”.

MUITO INTERESSANTE

Nos vídeos divulgados pela Apple podemos ver como Dillan usa o gadget em sua casa, na escola e em vários contextos sociais para expressar seus pensamentos. A ação é muito interessante, uma vez que nos faz lembrar como é importante garantir que todos sejam ouvidos, independente de suas limitações.

Matéria completa:

http://canaltech.com.br/noticia/apple/apple-divulga-video-emocionante-no-dia-mundial-da-conscientizacao-do-autismo-61293/

4_zpsc783c7ee

Autismo: os sinais dos 2 aos 24 meses que os pais precisam observar

A americana Temple Grandin, atualmente com 67 anos, é professora de ciências animais da Universidade do Estado do Colorado, nos Estados Unidos, e autora de vários livros sobre autismo.

O indiano Tito Mukhopadhyay, hoje com 26 anos, é autor de três livros de poesia, um deles escrito quando ele ainda era criança. Temple e Tito são dois ótimos retratos do que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA), distúrbio do neurodesenvolvimento que compromete a capacidade de a pessoa se relacionar com o mundo que a cerca.Infantil

Temple é uma autista altamente funcional, de uma inteligência bem acima da média, e nunca teve grandes dificuldades de se expressar. Os sintomas de Tito, por outro lado, são muito mais graves. Ele praticamente não fala, chegou a ser chamado de “retardado” e precisa de cuidados permanentes. Eles são totalmente diferentes. Assim é o TEA. Não há duas pessoas com o transtorno que sejam iguais.

DENOMINADOR COMUM

Os TEAs caracterizam-se por uma constelação de sintomas, mas há um denominador comum a eles: a dificuldade de interação social e de comunicação e a presença de comportamentos repetitivos e a necessidade de manter uma rotina.ciclo6_zpsda53416c

Desde as primeiras semanas de vida, os bebês, instintivamente, procuram por quem fala com eles e dão enorme atenção aos olhos da mãe e do pai.

INTERAÇÃO

Afinal, é por meio dessa interação social básica e primitiva que eles vão estabelecer laços com quem vai cuidar deles e garantir a sua sobrevivência. Crianças com autismo não conseguem se sociabilizar e, sem essa capacidade, acabam se isolando para viver não mais em um mundo em que as pessoas dão a tônica, mas em um mundo em que as coisas, os objetos, são os protagonistas.autismo (4)

“O TEA afeta o que chamamos de cérebro social, ou seja, por alguma razão as estruturas cerebrais envolvidas no processamento das informações relacionadas à comunicação e à interação social não funcionam bem”, explica Helena Brentani, professora-assistente do Departamento de Psiquiatria da USP. Ou seja, a criança tem dificuldade de compreender o mundo tal como ele é, pois este é dominado, justamente, pelas relações entre pessoas.

Para Jair Mari, coordenador do programa de pós-graduação do Departamento de Psiquiatria da Unifesp e diretor da ONG Autismo e Realidade, essa falta de atenção aos estímulos sociais pode explicar alguns dos comportamentos que ocorrem nos TEAs, como o interesse centrado em um determinado objeto ou tema.

AUTODESCOBERTA9-autismo-frases-2-638

Esse talvez seja um dos grandes “nós” quando se fala do distúrbio. Como o diagnóstico é feito com base em uma lista de sintomas e sinais e no quanto eles comprometem a vida do portador (leia quadro “Atenção a Esses Sinais”), e sendo eles muitas vezes sutis, um grande número de crianças passa a vida lutando com as dificuldades que apresentam e nunca se descobrirão portadoras do transtorno.

20150831-ANDESFUSC-AUTISMO-DANI-POSTFUNDAMENTAIS AO DIAGNÓSTICO: PAIS E FAMILIARES

Por ser totalmente baseado na observação e no relato dos pais, o diagnóstico nem sempre é acertado na primeira tentativa, pois bater o martelo com base apenas na análise clínica exige profissionais especializados e bem treinados, algo em falta no Brasil.

Com isso, muitos pais são obrigados a fazer um périplo até chegar ao veredito. “A Nina nunca se desenvolveu como as outras crianças.

autismoazulDesde muito pequenininha ela não olhava no olho, não atendia pelo nome, não seguia movimentos, até que um dia fui chamada na escola com a notícia de que ela não fazia nenhuma atividade.

Eu não fazia ideia do que era autismo. Fui a diferentes médicos, de quem ouvi até que ela precisaria operar o cérebro. Foram dois meses de peregrinação até chegar ao diagnóstico”, conta Andrea Ribeiro, mãe de Nina, 6 anos.Transtorno do Espectro Autista TEA

INTERVENÇÃO PRECOCE: MAIS MENINOS DO QUE MENINAS

Embora muito se tenha avançado, as causas do TEA ainda são um grande mistério para a medicina. Não se sabe, por exemplo, porque o autismo é de três a quatro vezes mais frequente em meninos do que em meninas e porque uma em cada 88 crianças, aproximadamente, vai desenvolver a condição.

O que se sabe é que o autismo é um transtorno complexo – alguns portadores também têm epilepsia, outros, QI alto, enquanto outros tantos podem apresentar QI baixo -, com diferentes genes envolvidos em cada caso.AutismoHISTÓRIA FAMILIAR

“Até recentemente, imaginava-se que fatores genéticos seriam responsáveis por 90% das causas da doença. Estudos recentes mostraram que eles só conseguem explicar 50% da probabilidade de uma criança desenvolver o transtorno. De qualquer forma, o histórico familiar é muito importante”, diz Guilherme Polanczyk, professor de psiquiatria da infância e adolescência da USP.Info-autismo-03

Quer dizer, gêmeos idênticos possuem maiores possibilidades de desenvolver o distúrbio, enquanto o risco de pais cujo filho tem TEA terem outra criança com o mesmo problema são dez vezes maiores que de pais sem filhos com TEA.autismo-2

OUTROS FATORES

Fatores ambientais também cumprem o seu papel. “É provável que mais de um fator esteja envolvido no aumento do risco para o TEA, entre eles, baixo peso ao nascer, prematuridade e idade avançada do pai – por mutações que podem ocorrer nos espermatozóides”, explica o doutor Jair Mari.Espectro do Autismo

A boa notícia é que diversos estudos atestaram que, quanto mais cedo for feito o diagnóstico e mais precocemente o tratamento começar, maior chance a criança tem de conseguir se comunicar e se relacionar com o mundo que a cerca. “Existe o que se chama janela de oportunidade para a intervenção, um momento em que agir aumenta grandemente as chances de sucesso, devido ao próprio estágio do desenvolvimento do cérebro”, afirma a professora Helena.OLYMPUS DIGITAL CAMERA

ATENÇÃO E DIAGNÓSTICO PRECOCE

Segundo Jair Mari, o objetivo dos estudos atuais é tentar avaliar, o mais cedo possível, quanto essas crianças se distanciam do desenvolvimento normal, para mapear como isso vai afetar sua adaptação social e, assim, buscar maneiras de reconstruí-las. Um dos modos mais promissores para o diagnóstico já nos primeiros meses de vida é um aparelho chamado eye-tracking.

“Como crianças com TEA não conseguem manter o contato visual, o eye-tracking, que rastreia o movimento dos olhos quando ela, por exemplo, vê um desenho ou um filme, poderá ser, no futuro, uma poderosa ferramenta para o diagnóstico precoce”, declara o professor Guilherme Polanczyk.autismo (3)

A MUDANÇA COMEÇA EM CASA

Atualmente, há quatro ou cinco tipos de intervenção que vêm mostrando bons resultados. “São modelos cujas evidências ajudam a dar suporte, entre eles a análise comportamental aplicada (ABA, da sigla em inglês), os modelos desenvolvimentistas, a intervenção híbrida, que mescla características dos dois primeiros e o TEACCH, aplicado pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos”, conta Fred Wolkmar, do Centro de Estudos da Criança da Universidade Yale e editor-chefe do Journal of Autism and Developmental Disorders.Autismo_2abril1

A forma de tratamento mais usada no Brasil é a ABA. “A ideia por trás da ABA é transformar comportamentos que no autista são estereotipados em comportamentos que sejam funcionais, quer dizer, que permitam à criança ‘funcionar’ no mundo que a cerca”, explica Antonio Celso Goyos, do Laboratório de Aprendizagem Humana Multimídia Interativa e Ensino Informatizado (LAHMIEI), do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos. De acordo com Goyos, é essencial que a criança faça, durante dois a três anos pós-diagnóstico, de 30 a 40 horas semanais para que os resultados sejam evidentes.

BARREIRAS DOS ADULTOSautismo-06

Trazer a criança a um mundo baseado na linguagem verbal e nas relações sociais não é tarefa fácil e depende, e muito, dos pais. “Muitas vezes são os próprios adultos que, por medo, colocam barreiras ao desenvolvimento da criança”, analisa a pedagoga Andréia de Fátima Silva, colaboradora do Programa de Transtornos do Espectro Autista do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (PROTEA).

Assim, parte do tratamento começa em casa. Com a devida orientação e treinamento, os pais podem (e devem) trabalhar para estabelecer uma correspondência com a criança, ainda que ela não esteja interagindo com eles plenamente.

DESENVOLVER TALENTOSmusica

O fato de uma criança ser portadora de TEA não significa, necessariamente, que ela não possa desenvolver talentos. “Não dá para saber como será o futuro dos nossos filhos. Todos nós temos fortalezas e fraquezas.

A criança com TEA só precisa trabalhar mais as suas fraquezas”, declara Helena Brentani. Como disse uma vez Temple Gradin, portadores de TEA têm uma perspectiva diferente do mundo. Pensam e encaram o mundo diferente, enfim. Mas o mundo precisa de todos os tipos de mente.

DESAFIO: INCLUSÃO NA ESCOLAcoral

A inclusão de uma criança autista na rede de ensino regular é fundamental para que ela desenvolva as suas capacidades e habilidades criativas e está na lei – mas a integração delas na escola ainda não é uma realidade.

Aos poucos, porém, esse cenário vem mudando. “O nosso grande desafio é fazer com que a escola se transforme em um espaço em que as diferenças sejam respeitadas. E isso se aplica a crianças com qualquer condição ou doença”, declara Andréia Silva.

FALTA CONHECIMENTO E SABEDORIA130402_autismo

Segundo a pedagoga, embora as escolas ainda sejam resistentes, os educadores hoje estão bem mais instrumentalizados para lidar com a questão. “O problema, mais do que qualquer coisa, é a falta de conhecimento sobre o assunto.

Um exemplo é achar que o cuidador de uma criança com TEA – muitas delas só conseguem frequentar a escola acompanhadas deles – é alguém que vai atrapalhar a aula, quando ele pode ser um facilitador de seu aprendizado.” Andrea Ribeiro, mãe de Nina, 6 anos, conta que sempre teve uma participação ativa na escola e que isso foi determinante para que professores, pais e alunos aceitassem a filha e suas limitações.sinais-autismo“Foi um aprendizado para mim e para a escola, que nunca havia recebido nenhuma criança autista antes. Tive de começar do zero. Como a Nina frequentava essa escola desde muito pequena, as outras crianças sempre foram muito solícitas, pois a conheciam desde pequenininha.

Aos poucos, nas reuniões de pais, fui ganhando o apoio de outros pais, que foram percebendo que a acompanhante da Nina não era um elemento perturbador da dinâmica da classe.

Minha filha hoje consegue acompanhar os coleguinhas até nas viagens – claro, é feita toda uma preparação para que ela não estranhe algo que não seja parte da rotina dela”, relata. De acordo com a pedagoga, há um movimento crescente entre os especialistas em TEA para gerar conhecimento nas escolas e capacitar os educadores a trabalhar com crianças com o distúrbio. “O que a gente deseja é que a escola, assim como a sociedade, tenha um olhar mais justo para as diferenças.”

ATENÇÃO AOS SINAISautismo (1)

Geralmente, uma criança com TEA recebe o diagnóstico quando tem entre 3 e 5 anos, período em que o comprometimento social acaba ficando mais evidente. Mas os pais podem ficar atentos a alguns sinais muito antes disso.

“Tudo indica que as anormalidades começam entre 6 e 12 meses. No início da vida das crianças com TEA, a interação social pode não estar totalmente reduzida, mas começa a cair após os 6 meses”, afirma o doutor Jair.

Se, por acaso, você observar um ou mais sinais, procure um psiquiatra ou um especialista em desenvolvimento infantil. Atenção para não entrar em pânico se constatar que seu filho apresenta alguma dessas manifestações, pois outros distúrbios do desenvolvimento e linguagem também compartilham alguns desses sintomas. A melhor orientação é, percebido um ou mais sinais, levar o seu filho a um especialista.

Entre 2 e 3 meses: não faz contato com os olhos.

6 meses: não sorri.

Cerca de 8 meses: não acompanha você com o olhar quando se afasta dele.

Cerca de 9 meses: não balbucia palavras. Não estende os braços quando a mãe entra no quarto.

Cerca de 1 ano: não procura por você quando o chama pelo nome, nem dá “tchauzinho”.

20130329194428

Cerca de 1 ano e meio: ainda não pronunciou nenhuma palavra inteligível.

Cerca de 2 anos: ainda não elaborou nenhuma frase com começo meio e fim.

http://autismoerealidade.org/noticias/autismo-os-sinais-dos-2-aos-24-meses-que-os-pais-precisam-observar/

dia-do-autismo_005

Em anexo, a dissertação de Mestrado da Professora Dra. Adriana Rocha Brito, neuropediatra, uma das maiores autoridades em autismo, apresentada à Faculdade de Medicina da UFF.

adriana brito