Giardíase

22 A Giardia intestinalis (Giardia duodenalis, Giardia lamblia) é um protozoário da porção superior do intestino delgado.

Negligenciada, segundo a OMS

Constitui causa muito frequente de doença diarreica em grande variedade de espécies animais, incluindo o homem (1, 2). Por ser um parasita frequente em grande parte do planeta, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a giardíase no grupo de doenças negligenciadas (1).

Transmissão

A transmissão da G. intestinalis pode ocorrer após ingestão de cistos infectantes através da água ou de alimentos contaminados, ou por via fecal-oral direta (3).

Sinais clínicos

Os principais sinais clínicos incluem náusea, perda de peso, edema, dor abdominal e diarreia. A infecção por G. intestinalis é multifatorial, envolvendo fatores do parasito e do hospedeiro. Evidências recentes sugerem que a gravidade do quadro clínico difere entre regiões em desenvolvimento e países industrializados (4-7).

Estudos sugerem o envolvimento do parasita em doenças intestinais crônicas, como síndrome do cólon irritável, e em doenças extraintestinais, embora o agente permaneça restrito ao trato intestinal, e há evidências de seu envolvimento no atraso do crescimento em crianças (8, 9).

Epidemiologia

A giardíase está distribuída por todo o planeta, sobretudo em regiões tropicais e subtropicais. No Brasil sua prevalência varia de 12,4% a 50%, dependendo do estudo, da região e da faixa etária pesquisada, predominando nas crianças entre zero e seis anos.

Estudo feito em Botucatu, SP, revelou acometimento de crianças em faixa etária predominante de um a quatro anos (10).

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Pode ser transmitida por ingestão de cistos que contaminam a água e alimentos (via mais frequente), por contato interpessoal (em enfermos institucionalizados — p. ex., creches e hospitais psiquiátricos) e via sexual (sexo anal/ oral), a qual é teoricamente possível, mas não plenamente aceita por todos os autores.

Giardia (1)

Creches, escolas e aglomerados

Aglomerados populacionais com precárias condições sanitárias e o convívio em creches aumentam a disseminação desse enteropatógeno. Em muitas regiões há um pico sazonal simultâneo no verão, relacionado à maior frequência a piscinas comunitárias por crianças de pouca idade, à eliminação de cistos prolongados e à pouca quantidade infectante (11).

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As parasitoses intestinais apresentam alta incidência em creches, sendo um fator de risco de infestação de enteropatógenos entre as crianças que as frequentam (12).

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Estudo realizado em praças públicas detectou esse parasito em fezes de cães, demonstrando o risco de contaminação humana, sobretudo de crianças que têm o hábito de brincar no solo e apresentam distúrbios de perversão do apetite, como a geofagia (hábito de ingerir terra).

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Normalmente os cães infectados não manifestam a doença. No entanto, o parasito é comum em cães e também em gatos com sintomas gastrointestinais, como vômito e/ou diarreia (14). O hábito de defecar em lugares impróprios e com saneamento precário também foi associado à perpetuação do ciclo do agente (15).

Cisto pode durar até 2 meses

Nestes termos, é também importante a atuação de vetores mecânicos, já que o cisto permanece viável no meio ambiente por até 60 dias, sendo destruído em temperaturas superiores a 64°C. Porém sobrevive até 24 horas no trato digestivo de moscas e por vá- rios dias no de baratas.

Atenção especial nos casos de imunodeficiência humana 

A presença de imunodeficiências humorais — como hipogamaglobulinemia comum variável e gamaglobulinemia ligada ao X — é ator predisponente de infecção sintomática crônica por G. intestinalis, corroborando a importância da imunidade humoral contra o agente (11).

Fibrose cística e giardíase

Os pacientes com fibrose cística apresentam elevada incidência de giardíase, devido à maior quantidade de muco no duodeno, o qual protege o parasito das defesas do hospedeiro.

Os bebês alimentados ao seio podem obter proteção através de glicoconjugados e anticorpos de IgA secretória, presentes no leite materno (11).

O agente e seu ciclo biológico

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A Giardia intestinalis é um protozoário flagelado, em forma de pera.

O trofozoíto mede 20 por 10μm, existindo de cada lado um disco em forma de ventosa, por meio do qual se fixa à superfície das células da mucosa intestinal, sendo encontrado em toda a extensão do duodeno. Possui ciclo biológico monoxênico (apenas um hospedeiro definitivo).

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Após a ingestão, os cistos se rompem no duodeno, formando trofozoítos, os quais se multiplicam intensamente.

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14 bilhões de cistos eliminados por dia

Os cistos são eliminados pelas fezes em grande quantidade (300 milhões a 14 bilhões por dia), ocorrendo períodos de interrupção de eliminação de sete a 10 dias.

Os trofozoítos também podem estar presentes nas fezes, mas são os cistos os responsáveis pela transmissão. Os cistos resistem fora do hospedeiro, sobrevivendo em água doce e fria. Entretanto, toleram o aquecimento, a desidratação e a exposição prolongada às fezes (16, 17).

Patogênese

O processo patológico depende do número de parasitos que colonizam o intestino delgado, da cepa do protozoário e do sinergismo entre bactérias e fungos, além de fatores inerentes ao hospedeiro, como hipocloridria e deficiência de IgA e IgE na mucosa digestiva.

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Uma alta carga parasitária pode provocar ação irritativa sobre a mucosa intestinal, levando à produção excessiva de muco e a alterações da produção de enzimas digestivas — principalmente dissacaridases —, ocasionando intolerância ao leite e derivados, além da formação de barreira mecânica. Todos dificultam a absorção (vitaminas lipossolúveis, ácidos graxos, vitamina B12, ácido fólico e ferro).

Lesões nas microvilosidades intestinais

Ocorrem também lesões produzidas pelos trofozoítos fortemente aderidos ao epitélio intestinal ao nível das microvilosidades intestinais, e até invasão da lâmina própria (18). Geralmente não são observadas alterações macroscópicas no intestino, mas em alguns casos crônicos pode-se evidenciar achatamento das microvilosidades ao estudo histopatológico (16).

Aspectos clínicos

A maioria dos casos é assintomática ou oligossintomática, sobretudo em pacientes adultos. Contudo, a doença pode apresentar amplo espectro clínico em crianças ou adultos jovens; as crianças pequenas podem, em raros casos, evoluir com hemorragia retal e fenômenos alérgicos. As manifestações podem surgir de forma súbita ou gradual.

Quadro agudo

Na giardíase aguda os sintomas surgem após um período de incubação, geralmente de uma a três semanas (16).

Quadro crônico

Na giardíase crônica os sintomas podem ser contínuos ou episódicos, persistindo por anos, e o paciente não necessariamente desenvolve manifestações agudas (16). Menos frequentemente pode ocorrer disseminação extraintestinal, na qual os trofozoítos migram para os dutos biliares e pancreáticos (11).

Diarreia = mais comum

A manifestação clínica mais frequente é a síndrome diarreica, caracterizada por diarreia de evolução crônica, contínua ou com surtos de duração variável, acompanhada por cólicas abdominais, com alternância de exonerações normais e constipação intestinal.

As evacuações em geral ocorrem duas a quatro vezes ao dia. As fezes são pastosas, abundantes, fétidas e com predomínio de muco.

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Outras manifestações importantes

Outras apresentações clínicas menos comuns são: síndrome de má absorção, que causa emagrecimento, anorexia, distensão abdominal, flatulência, desnutrição, raquitismo e esteatorreia, além de anemia; síndrome dispéptica, com sensação de desconforto epigástrico, plenitude gástrica pós-prandial, eructações, pirose e náuseas, além de vômitos; e síndrome pseudoulcerosa, constituída por dor epigástrica ou pirose, que melhora com a ingestão de alimentos e retorna com o jejum.

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Diagnóstico

A clínica é inespecífica (19). O diagnóstico definitivo é realizado a partir do encontro dos trofozoítos, cistos ou antígenos de G. intestinalis em qualquer amostra de fezes ou fluido duodenal (11).

No entanto, deve-se ficar atento, pois o diagnóstico de giardíase através da pesquisa de trofozoítos ou cistos apresenta elevada percentagem de resultados falso-negativos (20). Em relação ao laboratório, é importante ressaltar:

— Pesquisa de cistos (em fezes formadas): exame direto (a fresco) ou corado pelo lugol; podem ser também utilizados o método de Faust e colaboradores (método de escolha) ou o de Hoffman, Pons e Janer.

— Pesquisa de trofozoítos (em fezes líquidas): direto a fresco, ou corado pelo lugol, hematoxilina férrica ou mertiolate- -iodo-formol (MIF) (é a rotina, e tem menor custo). Como os trofozoítos são destruídos no meio externo em 15 minutos, é conveniente conservar as fezes com o conservante de Schaudinn ou MIF.

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Recomenda-se a aspiração ou a biopsia do duodeno e do jejuno em pacientes que apresentam manifestações clínicas e exames de fezes para G. intestinalis negativos, como também amostra de fluido duodenal, e se encaixam em um dos seguintes critérios: achados radiológicos (edema, segmentação do intestino delgado), resultado anormal no teste de tolerância à lactose, nível ausente de IgA secretória, hipogamaglobulinemia ou acloridria (11).

Para o procedimento utiliza-se uma amostra fresca, na qual os trofozoítos geralmente são visualizados por exame direto em lâmina, ou através de um método alternativo disponível comercialmente, denominado Entero-Test (11).

Imunosseparação magnética

Hoje também se encontra disponível a técnica de imunosseparação magnética, acoplada à imunofluorescência (IMS-IFA), para detecção de cistos de Giardia lamblia em fezes humanas.

Acredita-se que a eficácia desta técnica seja maior, comparada com a das técnicas parasitológicas de Faust et al. e de Lutz. Além disso, esta metodologia como procedimento de rotina proporciona o processamento de várias amostras simultaneamente, além de aumentar a recuperação de cistos de G. lamblia e reduzir o tempo de estocagem das amostras (21).

ELISA

O teste de ELISA (enzyme-linked immunosorbent assay) também se mostrou útil devido a sua alta sensibilidade, que varia de 85% a 100%. Além disso, esse método pode ajudar no diagnóstico eliminando os resultados falso-negativos que ocorrem nos exames microscópicos (22, 23).

Medicamentos podem alterar a forma

Alguns medicamentos, como antimicrobianos, antiácidos, antidiarreicos, enemas e preparações laxativas, podem alterar as características morfológicas do microrganismo, resultando em desaparecimento temporário do protozoário nas amostras de fezes (11, 24).

Tratamento

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O Ministério da Saúde propõe os seguintes tratamentos para a giardíase:

— Secnidazol 2g VO em dose única para adultos, e 30mg/kg ou 1ml/kg para crianças, em dose única, após refeição.

— Tinidazol 2g VO, em dose única.

— Metronidazol 250mg duas vezes ao dia, por cinco dias, para adultos; em crianças, 15mg/kg/dia, VO, divididos em duas tomadas, por cinco dias, não ultrapassando 250mg.

Ensaios clínicos mais recentes

Em revisão recente da literatura, Granados et al. (2012) utilizaram dados de estudos obtidos a partir das fontes the Cochrane Infectious Disease Group Specialized Register, the Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), MEDLINE, EMBASE, LILACS e the International Clinical Trials Registry Platform Search Portal. Estes autores revisaram 19 ensaios clínicos considerando albendazol, metronidazol, tinidazol e nitazoxanida, envolvendo 1.817 participantes (1.441 crianças).

Relataram que a maioria desses estudos apresentava problemas de número amostral ou outros problemas metodológicos, inclusive com a confirmação etiológica do parasito. Dez estudos, provenientes da Índia, México, Peru, Irã, Cuba e Turquia, compararam o albendazol e o metronidazol; cinco estudos, oriundos da Espanha, Reino Unido e Turquia, compararam o mebendazol e o metronidazol. Outros cinco estudos compararam o tinidazol, o metronidazol e a nitazoxanida.

Albendazol

Os autores concluíram, nessa revisão, que o albendazol apresenta efetividade similar à do metronidazol e menos efeitos colaterais, com a vantagem de ser administrado em regimes posológicos mais simplificados, e que são necessários mais estudos, com menos problemas metodológicos, para avalia ção de novas alternativas de tratamento.

Profilaxia e controle

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As medidas mais importantes para a prevenção da giardíase são o acesso a adequadas condições de saneamento, ingestão de água tratada ou fervida, cuidados com a higiene pessoal e adequada preparação e conservação dos alimentos.

Além disso, são importantes o controle de insetos e o adequado diagnóstico e tratamento dos doentes, visando interromper a cadeia de transmissão.

Considerações finais

A giardíase é uma parasitose com raras complicações. No entanto, a julgar pela alta prevalência e impacto em saúde pública, torna-se importante a disseminação dos aspectos atinentes ao diagnóstico, tratamento e, sobretudo, à profilaxia.

Saiba mais (fonte: Ministério da Saúde)

ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS

Descrição – Infecção por protozoários que atinge, principalmente, a porção superior do intestino delgado. A maioria das infecções são assintomáticas e ocorrem tanto em adultos quanto em crianças. A infecção sintomática pode apresentar diarreia, acompanhada de dor abdominal. Esse quadro pode ser de natureza crônica, caracterizado por fezes amolecidas, com aspecto gorduroso, acompanhadas de fadiga, anorexia, flatulência e distensão abdominal. Anorexia, associada com má absorção, pode ocasionar perda de peso e anemia. Não há invasão intestinal.

Sinonímia – Enterite por giárdia.

Agente etiológicoGiardia lamblia, protozoário flagelado que existe sob as formas de cisto e trofozoíto. O cisto é a forma infectante encontrada no ambiente.

Reservatório – O homem e alguns animais domésticos ou selvagens, como cães, gatos, castores.

Modo de transmissão – Fecal-oral. Direta, pela contaminação das mãos e consequente ingestão de cistos existentes em dejetos de pessoa infectada; ou indireta, através de ingestão de água ou alimento contaminado.

Período de incubação – De 1 a 4 semanas, com média de 7 a 10 dias.

Período de transmissibilidade – Enquanto persistir a infecção.

Complicações – Síndrome de má absorção.

Diagnóstico – Identificação de cistos ou trofozoítos no exame direto de fezes ou identificação de trofozoítos no fluido duodenal, obtido através aspiração.

A detecção de antígenos pode ser realizada através do ELISA, com confirmação diagnóstica. Em raras ocasiões, poderá ser realizada biópsia duodenal, com identificação de trofozoítos.

Diagnóstico diferencial – Enterites causadas por protozoários, bactérias ou outros agentes infecciosos.

Tratamento – Conforme indicado a seguir.

Medicamentos

Adulto – Secnidazol 2g, VO, dose única

Criança – 30mg/kg ou 1ml/kg, dose única tomada após uma refeição

Tinidazol 2g, VO, dose única (para adultos)

Metronidazol 250mg, VO, 2 vezes ao dia, por 5 dias

Crianças – 15mg/kg/dia (máximo de 250mg), VO, dividida em 2 tomadas, por 5 dias

Observação – Não usar bebidas alcoólicas durante ou até 4 dias após o tratamento (efeito antabuse). Contraindicados em gestantes.

Características epidemiológicas – É doença de distribuição mundial. Epidemias podem ocorrer, principalmente, em instituições fechadas que atendam crianças, sendo o grupo etário mais acometido entre oito meses e 10 a 12 anos.

A Giardia é reconhecida como um dos agentes etiológico da “diarreia dos viajantes” em zonas endêmicas. Os cistos podem resistir até dois meses no meio exterior e são resistentes ao processo de cloração da água.

A infecção pode ser adquirida pela ingestão de água proveniente da rede pública, com falhas no sistema de tratamento, ou águas superficiais não tratadas ou insuficientemente tratadas (só por cloração). Também é descrita a transmissão envolvendo atividades sexuais, resultante do contato oro-anal.

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Objetivos – Diagnosticar e tratar os casos para impedir a transmissão direta ou indireta da infecção a outros indivíduos.

Notificação – Não é doença de notificação compulsória. Entretanto, os surtos devem ser notificados aos órgãos de saúde locais.

MEDIDAS DE CONTROLE

a) Específicas – Em creches ou orfanatos deverão ser construídas adequadas instalações sanitárias e enfatizada a necessidade de medidas de higiene pessoal.

Educação sanitária, em particular desenvolvimento de hábitos de higiene – lavar as mãos, após uso do banheiro;

b) Gerais – Filtração da água potável. Saneamento;

c) Isolamento – Pessoas com giardíase devem ser afastadas do cuidado de crianças. Com pacientes internados, devem ser adotadas precauções entéricas através de medidas de desinfecção concorrente para fezes e material contaminado e controle de cura, que é feito com o exame parasitológico de fezes, negativo no 7º, 14º e 21º dias após o término do tratamento.

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Espaçadores infantis: como utilizar (dispositivos inalatórios pressurizados)

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Dispositivos inalatórios são melhores

A asma é uma das condições crônicas mais comuns que afeta tanto crianças quanto adultos, sendo um problema mundial de saúde e acometendo cerca de 300 milhões de indivíduos. Estima-se que, no Brasil, existam 20 milhões de asmáticos, considerada uma prevalência global de 10%.

A via inalatória é a preferida para a administração dos medicamentos para pacientes asmáticos devido a seu efeito mais rápido e com menores efeitos adversos.

Os aerossóis são considerados respiráveis, ou seja, têm a propriedade de alcançar e se depositar nas vias aéreas quando mais da metade das partículas têm diâmetro aerodinâmico entre 1 e 5 μ.

A deposição pulmonar média de um aerossol varia de 6-60% da dose nominal. Os principais fatores que afetam o diâmetro e a deposição dos aerossóis nas vias aéreas são relacionados com o grau de obstrução ao fluxo aéreo, a eficácia do dispositivo, a formulação dos medicamentos e a técnica de uso.

Principais tipos

Existem três tipos básicos de dispositivos inalatórios, segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia:

  1. Inaladores pressurizados (IPs), que se servem do hidrofluoralcano (HFA) como propelente
  2. Inaladores de pó (IPo), como Turbuhaler®, Diskus®, Aerolizer® e Pulvinal®
  3. Nebulizadores de jato (NJ) ou nebulizadores ultrassônicos (NUs).

Cada um desses tipos de dispositivos tem suas vantagens e desvantagens, e sua escolha deve ser individualizada e dinâmica.

O uso inadequado dos dispositivos inalatórios é muito frequente e decorre de dificuldades relacionadas ao paciente e aos médicos

Esses medicamentos devem ser utilizados segundo prescrição e orientação médicas.

Para usar inaladores pressurizados (IP), também conhecidos como “bombinha da asma” corretamente deve-se ficar sentado ou de pé e posicionar a cabeça ligeiramente inclinada para cima para que o pó inalado possa ir diretamente para as vias respiratórias e não fique acumulado no céu da boca, na garganta ou na língua.

Como usar o medicamento em crianças

As crianças com mais de 2 anos de idade, e que usam “bombinhas” com spray devem  usar espaçadores – dispositivos que podem ser comprados nas farmácias, lojas de produtos hospitalares ou pela internet.

Esses espaçadores servem para garantir que a dose exata do medicamento chegue aos pulmões da criança.

Veja os vídeos. Para usar a bombinha com espaçador recomenda-se:

  1. Colocar a válvula no espaçador;
  2. Agitar a bombinha vigorosamente, com o bocal para baixo, por 6 a 8 vezes;
  3. Encaixar a bombinha no espaçador;
  4. Peça a criança para soltar o ar dos pulmões;
  5. Coloque o espaçador na boca, entre os dentes da criança e peça para fechar os lábios;
  6. Disparar a bombinha em spray e esperar que a criança respire pela boca (pelo espaçador) de 6 a 8 vezes de forma lenta e profunda. Tapar o nariz pode ajudar a criança a não respirar pelo nariz.
  7. Retire o espaçador da boca;
  8. Lavar a boca e os dentes e depois cuspir a água.

Se for necessário usar a bombinha 2 vezes seguida, espere cerca de 30 segundos e então repita os passos começando pelo passo 4.

Espacador

Limpeza do espaçador

Para manter o espaçador limpo deve-se lavar o interior somente com água e deixar secar, sem passar toalhas ou pano de prato, para que não fiquem resíduos em seu interior.

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Como usar em bebês

Para usar a bombinha em bebês e crianças pequenas, de até 2 anos de idade, pode-se recorrer aos espaçadores que possuem forma de nebulizador, envolvendo o nariz e a boca.

Para usar a bombinha em bebês deve-se:

  1. Colocar a máscara no bocal do espaçador;
  2. Agitar a bombinha com vigor, com o bucal para baixo, durante alguns segundos;
  3. Encaixar a bombinha no espaçador;
  4. Sente-se e coloque o bebê numa de suas pernas;
  5. Coloque a máscara no rosto do bebê, cobrindo nariz e boca;
  6. Dispare o bombinha em spray 1 vez e espere o bebê inspirar por cerca de 5 a 10 vezes através da máscara;
  7. Retire a máscara do rosto do bebê;
  8. Limpar a boca do bebê com uma fralda limpa molhada somente com água;
  9. Lavar a máscara e o espaçador somente com água e sabão neutro, deixando secar naturalmente, sem passar toalha ou pano de prato.
  10. Se for necessário usar a bombinha mais uma vez, comece pelo passo 2.

Perguntas frequentes:

1. Bombinha vicia?

Os inaladores pressurizados não causam dependência, por isso não viciam. Podem ser utilizados diariamente. Em alguns períodos pode ser necessário usar várias vezes ao dia, para alcançar o alívio dos sintomas. Isso acontece quando o paciente entra num período em que a asma está mais “atacada” e seus sintomas tornam-se mais fortes e frequentes.

Todavia, se for necessário usar a bombinha mais vezes ao dia, deve-se consultar o pneumologista para avaliar a função respiratória. Por vezes pode ser necessário realizar exames, outros medicamentos para controlar a tosse, a asma ou ajustar a dose para diminuir o uso da bombinha.

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2. A bombinha da asma faz mal ao coração?

Alguns medicamentos podem aumentar a frequência cardíaca ou, mais raramente, causar arritmia cardíaca, imediatamente após o seu uso. No entanto essa não costuma ser uma situação perigosa e não diminui os anos de vida.

O uso correto da bombinha da asma é essencial para facilitar a chegada do ar aos pulmões. A falta ou o seu uso inadequado pode causar asfixia, sendo esta uma situação grave, de emergência médica.

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A quantidade de pó inalado geralmente não é perceptível, porque ele não tem gosto, nem aroma.

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Saiba mais, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

A máscara facial deve ser confortável e firmemente adaptada à face para reduzir o escape de aerossol.

As implicações da carga eletrostática dos espaçadores plásticos para a prática clínica parecem desprezíveis; entretanto, em um estudo, foi demonstrado que a carga eletrostática dos espaçadores lavados com detergente caseiro era menor, e a deposição pulmonar era quatro vezes maior do que a obtida com espaçadores sem tratamento antiestático.

Filme antiestático

Para criar o filme antiestático no espaçador, basta deixá-lo de molho em uma solução de água com detergente neutro, duas gotas em 1 litro de água, por 30 min e, em seguida, deixá-lo secar ao ar livre. O efeito antiestático dessa solução dura um mês.

Quadro 1 – Técnica de uso dos dispositivos inalatórios (IP).

Tipos de dispositivo Descrição da técnica
IPs sem espaçador Retirar a tampa e agitar o dispositivo quando a formulação for de suspensão.
Posicionar o IP verticalmente e seu bocal a 3-5 cm da boca (acionar dentro da boca não é erro). Isso reduz a velocidade e o tamanho aerossol (evaporação de gás), aumentando a deposição pulmonar, e reduz o risco de disparo no queixo e nariz.
Manter a boca aberta (quando disparo for longe da boca) e expirar normalmente. (A expiração forçada pode provocar broncoespasmo e maior deposição em vias aéreas superiores.
Acionar no início de inspiração lenta e profunda (< 30 L/min). Isso reduz o fluxo turbilhonado de ar e aumenta a deposição periférica do aerossol.a
Fazer pausa pós-inspiratória de, no mínimo, 10 s.b
Repetir a técnica quando orientado, sem a necessidade de aguardar 30 s entre acionamentos.
IPs com espaçador Retirar a tampa do IP e agitar o dispositivo.
Acoplar o IP ao espaçador e posicionar a saída do bocal verticalmente.
Expirar normalmente e introduzir o bocal do espaçador na boca.
Disparar o IP e inspirar pela boca, lenta e profundamente (fluxo inspiratório < 30 L/min).
Tampar o nariz para evitar inspiração nasal; evitar iniciar inspiração > 2 s após o disparo, pois isso reduz a deposição pulmonar.
Fazer pausa pós-inspiratória de no mínimo 10 s.
Repetir todas as etapas anteriores para cada acionamento do IPo.
IPo Para o preparo da dose
Inaladores de cápsula: retirar ou suspender a tampa do IPo e colocar uma cápsula, em seguida perfurá-la, comprimindo várias vezes os botões laterais ou o botão na frente, dependendo de cada tipo de dispositivo.
Turbuhaler®: retirar a tampa, manter o IP na vertical, girar a base colorida no sentido anti-horário e depois no sentido horário até escutar um clique.
Turbuhaler® 1º uso: repetir estas etapas por três vezes antes de inalar pela 1ª vez.
Diskus®: rodar o disco no sentido anti-horário; em seguida, puxar a alavanca para baixo até escutar um clique.
Pulvinal®: retirar a tampa, manter o IPo na vertical, apertar o botão marrom com uma mão e, com a outra mão, girar o IPo no sentido anti-horário (aparecerá uma marca vermelha); em seguida, soltar o botão marrom e girar o dispositivo no sentido horário até escutar um clique (aparecerá uma marca verde).
Para o uso
Expirar normalmente e colocar o dispositivo na boca.
Inspirar o mais rápido e profundo possível (fluxo inspiratório mínimo de 30 L/min).
Fazer pausa pós-inspiratória de 10 s.
No caso de IPo de cápsula: fazer nova inspiração, mais profunda que a anterior, caso reste pó na cápsula.
NJ Diluir a dose de medicamento em 3-4 mL de solução de cloreto de sódio a 0,9% (soro fisiológico).
Adaptar a máscara firmemente sobre a face (cobrindo a boca e o nariz); há perda de 50% da dose com distância > 2 cm.
Ligar o compressor ou liberar o fluxo de oxigênio/ar comprimido (6-8 L/min). Atenção: compressores ineficazes e fonte de ar/oxigênio com fluxo < 5 L/min não geram aerossóis respiráveis (1-5 μ).
Respirar de boca aberta em volume corrente.
A nebulização não deve durar mais de 10 min.
Realizar manutenção e limpeza periódicas dos copinhos de nebulização e compressores elétricos.
IPs: inaladores pressurizados; IPo: inaladores de pó; e NJ: nebulizadores de jato. aAcionamentos múltiplos na mesma inspiração reduzem a deposição pulmonar em 50% (atração eletrostática e aerossol). bPacientes com obstrução grave, idosos, pacientes debilitados ou crianças pequenas: usar máscara facial; após o disparo do aerossol, realizar 5-10 respirações em volume corrente. Baseado em Pereira.(5)

ESCAPACORES

Quadro 2 – Recomendações práticas baseadas em níveis de evidência quanto ao uso de dispositivos inalatórios.

Recomendações GR
A via inalatória é a primeira escolha para a administração de medicamentos na asma. A
Os profissionais devem saber orientar a técnica de uso, além de verificá-la e reforçá-la periodicamente. A
Prescrever inaladores somente depois de treinamento e comprovação de que o paciente sabe utilizá-los. B
A escolha do dispositivo deveria ser baseada na preferência do paciente e na avaliação da técnica. A
O funcionamento correto do conjunto dispositivo-medicamento deve ser verificado periodicamente. A
A técnica de uso do IP sem espaçador não é trivial, e mais de 50% dos pacientes cometem erros. É fundamental coordenar o disparo do jato com o início da inspiração, inspirar lenta e profundamente e fazer pausa pós-inspiratória de no mínimo 10 s.
Nos IPo, os aerossóis são gerados e inalados após um fluxo inspiratório rápido e profundo (> 30 L/min). Não há a necessidade de coordenação entre o disparo e inspiração como nos IPs.
IPo podem ser usados corretamente por crianças maiores de cinco anos de idade. A
Asmáticos graves podem não gerar fluxo inspiratório mínimo para o uso de IPo de alta resistência. B
Após o uso de corticoides através de IPo, é aconselhável lavar a boca com água para reduzir os efeitos adversos na orofaringe, em especial, candidíase.
NJ domiciliares (compressores) são raramente indicados para tratamento da asma em qualquer idade. B
Os espaçadores facilitam o uso dos IPs. Incluem-se entre os erros graves durante o uso: inspirar pelo nariz durante o uso do bocal, demorar mais de 2 s para inspirar após o disparo do jato, disparar vários jatos para a mesma inspiração e não adaptar corretamente a máscara facial.
A relação da dose de beclometasona com HFA extrafino daquela com CFC é de 1:2. Confirmar clinicamente a adequação da dose. A
A relação da dose de beclometasona suspensão, salbutamol e fluticasona com CFC daquela com HFA é de 1:1. A
Em crianças, IPs com espaçadores são mais convenientes, efetivos, têm menos efeitos adversos e menor custo que os NJ.
Em crianças < 4-5 anos de idade e adultos debilitados, optar pela prescrição de IP/espaçador com máscara facial.
Na exacerbação, o IP com espaçador é no mínimo tão eficaz quanto NJ e tem vantagens adicionais, como a redução do tempo de permanência nas emergências e dos efeitos colaterais. A
Espaçadores reduzem a biodisponibilidade sistêmica e efeitos adversos dos corticoides inalatórios.
Espaçadores não valvulados, artesanais, feitos a partir de garrafas plásticas são eficazes no tratamento das exacerbações.
IPs com espaçadores valvulados são especialmente recomendados para crianças pequenas e idosos. A
Os espaçadores devem ser lavados quinzenalmente com água e detergente caseiro, e o funcionamento e integridade das válvulas inspiratórias e expiratórias devem ser verificados periodicamente.
GR: grau de recomendação: IP: inalador pressurizado; IPo: inalador de pó; NJ: nebulizador de jato; HFA: hidrofluoralcano; e CFC: clorofluoralcano. aGR segundo o nível de evidência, quando aplicável. Baseado em Pereira(5)

Quadro 3 – Escolha dos dispositivos de acordo com a faixa etária.

Faixa etária Dispositivos
Crianças
< 4 anos IP + espaçador com máscara facial
4 a 6 anos IP + espaçador com bocal
≥ 6 anos IP + espaçador com bocal ou IP
Adultos
Qualquer faixa etária IP ou IPo
IP: inalador pressurizado; e IPo: inalador de pó. aNotas: Em pacientes de qualquer faixa etária com dificuldade de uso com IP e IPo, especialmente idosos debilitados ou com déficits cognitivos, preferir o uso de IPs acoplados a espaçadores. O nebulizador de jato é uma alternativa aceitável em qualquer idade, desde que esteja em perfeito funcionamento. Adaptado de Global Initiative for Asthma.(6)

Referências:

Comissão de Asma da SBPT, Grupo de Trabalho das Diretrizes para Asma da SBPT. J Bras Pneumol. 2012;38(supl.1):S1-S46

http://www.tuasaude.com/como-usar-a-bombinha-da-asma-corretamente/

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https://youtu.be/xXdBhu2G8Kg

Medicamentos na creche e na escola

A administração de medicamentos em creches e escolas merece uma atenção especial.

Sem uso criterioso, há riscos para a saúde da criança.

É comum o uso de remédios, especialmente nas instituições de Educação Infantil (creches e pré-escolas), onde as crianças permanecem por muitas horas.

Pode haver interferência nas atividades pedagógicas, além de potencialmente colocar em risco a integridade das crianças. Por isso, há escolas que não administram medicamentos (se for o caso, a criança falta às aulas durante o tratamento), enquanto outras permitem, com muitas restrições.

Nas situações em que o estudante precisa ser medicado, embora esteja em bom estado geral, apto para as atividades pedagógicas e para o aprendizado, é razoável que receba a medicação na própria escola.

No entanto, o uso de medicamentos deve ser restrito às situações em que é indispensável e cercado de cuidados, a fim de evitar erros e inadequações que podem ter consequências sérias para a saúde.

Em geral as creches adotam agendas para anotações diárias, onde a família registra a medicação a ser dada.

A análise dessas anotações revela muitos enganos (doses e intervalos errados, concentração da substância ativa diferente em relação à prescrita e até via de administração incorreta).

É comum o envio de remédios pelos responsáveis sem prescrição médica.

O pediatra pode contribuir bastante para corrigir tais situações, orientando as famílias a adotarem algumas atitudes, por exemplo:

  • Encaminhar sempre a receita médica para conferência, junto à anotação na agenda da criança (ou outra forma de comunicação), a fim de evitar enganos;
  • Administrar na escola o menor número de doses possível, somente quando for imprescindível, a fim de diminuir os riscos de enganos, atrasos e esquecimentos, em função de grande número de doses a serem dadas na rotina da instituição.
  • Adicionalmente, consegue-se menos interferência e prejuízo nas atividades pedagógicas;
  • Enviar os medicamentos nas embalagens originais, identificados com o nome da criança e, é claro, dentro do prazo de validade;
  • Aceitar que muitas escolas podem considerar inviável interromper suas atividades para administrar remédios em intervalos muito curtos (de duas em duas horas, por exemplo) ou que demandem muito tempo e complexidade (como nebulizações);
  • Manter contato com a equipe escolar para os esclarecimentos que forem necessários.
  • Nos casos de medicamentos de uso contínuo, é importante a conversa entre pediatra, escola e família, de modo a encontrar a alternativa mais segura para garantir o tratamento sem prejuízo das atividades escolares.

Já os adolescentes, no exercício de sua autonomia, podem se responsabilizar por sua medicação.

Situações especiais devem ser discutidas com a comunidade escolar, com o objetivo de se estabelecerem acordos que atendam da melhor forma os interesses dos estudantes.

O uso criterioso de medicamentos na escola visa a minimizar os efeitos da automedicação e diminuir interferências com as atividades pedagógicas, além de promover educação em saúde no âmbito escolar, controlando o uso abusivo de medicamentos pelos jovens.

Referências bibliográficas

Receitas especiais (saborosas)

A teoria

A professora pergunta:

– Diga 3 coisas que comprovem que verduras são importantes para a saúde.

O menino responde:

– Minha mãe diz que são, o livro e a senhora, também, professora.

A prática

Nem sempre a gente tem ideia do que servir para as crianças, não é verdade? Quem tem filho “difícil para comer”, entende bem.

As mães se desdobram, capricham e as crianças nem mexem no prato.

Recebi da Rafaella, mãe da querida Liz, algumas sugestões interessantes de pratos infantis, disponíveis no endereço:  http://www.cozinhadamonica.com/

Receita de quibe

Veja também a receita de quibe recheado de forno aqui.

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Para 15 quibes:

Ingredientes:

  • 1/2 kg de carne moída (patinho)
  • 200 gramas de trigo para quibe
  • uma pitada de canela em pó
  • uma pitada de louro em pó
  • uma pitada de noz moscada
  • 2 colheres de azeite
  • sal e pimenta a gosto
  • óleo para fritar
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Preparei assim:

Deixei de molho o trigo em água de um dia para o outro.

No dia seguinte, escorri a água e espremi bem o trigo em uma peneira, para tirar o máximo de água possível.

Separei um terço da carne moída e refoguei em uma panela com o azeite, uma pitada de cada tempero e sal.

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Reservei.

À parte, misturei o restante da carne moída que estava crua com o trigo, os temperos e o sal.

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Aí vem o pulo do gato:

Bati essa mistura no processador de alimentos.

Descobri nas minhas pesquisas que era preciso sovar muito bem a massa, como fazem os árabes, para que o trigo “soltasse a liga”, e assim quando eu fosse fritar os quibes não esfarelassem.

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Obstrução do canal lacrimal

A causa mais comum de lacrimejamento do recém-nascido é a obstrução das vias lacrimais na região do canal lacrimal. O canal lacrimal comunica a superfície ocular com o nariz e é por esse canal que a maior parte da lágrima é drenada.

Nossos olhos

A função básica dos olhos é captar a luz originada nos objetos que nos cercam. fazendo-a ser focalizada no plano posterior do globo.

Aí é transformada em impulsos eletromagnéticos, transmitidos pelo nervo óptico e vias ópticas, até os centros visuais cerebrais.

Nestes centros, se dá a percepção visual, com o reconhecimento da imagem e a localização do objeto focalizado.

Aparentemente, o olho tem a forma esférica. Por isto, é também chamado de globo ocular.

Este arcabouço arredondado tem três túnicas, uma lente e dois fluidos.

As três túnicas ou camadas são, de fora para dentro:

  • a externa ou fibrosa, com duas porções: anterior, transparente que é a córnea. posterior, opaca que é a esclerótica ou esclera.
  • a média ou vascular, com três porções: iris. corpo ciliar. coroide.
  • a interna ou neurosensorial , que é a retina.

Nesta, dois destaques:

  • mácula – região central, altamente diferenciada.
  • nervo óptico – condutor dos estímulos para o cérebro.

No interior, fica o cristalino, com o formato de lentilha.

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Funciona como uma lente dinâmica que, ao mudar sua forma para mais arredondada, permite a focalização, no plano da retina, dos raios que iriam ser focalizados atrás dela.

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Adiante do cristalino está o primeiro fluido, que, pelo seu aspecto, tem o nome de aquoso ou humor aquoso. Preenche dois espaços: um, entre a íris e a córnea, chamado câmara anterior e o outro, entre a íris e cristalino, a câmara posterior. Estes espaços se comunicam através da pupila, orifício circundado pela íris.

Atravessam a pupila, também, os raios luminosos, na direção da retina.

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Atrás do cristalino, entre este e a retina temos a câmara vítrea, preenchida por uma substância com consistência de gel, chamada de vítreo ou humor vítreo.

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Obstrução do canal lacrimal

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A obstrução nasolacrimal congênita (ONLC) é a anormalidade mais comum do aparelho lacrimal da criança.

Sua incidência varia de 1,8% a 20%.

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A causa mais frequente é a imperfuração da membrana localizada na porção distal do conduto nasolacrimal. Testes realizados na primeira semana de vida sugerem que 54,3% dos dutos nasolacrimais permanecem fechados ao nascer.

Quadro clínico e evolução

Nem todos os pacientes que apresentam obstrução das vias lacrimais relatam quadro clínico. A maioria se cura espontaneamente durante os primeiros meses de vida.

Os sinais comuns de ONLC são epífora (lacrimejamento), secreção mucopurulenta e crosta nos cílios, aparecendo nas primeiras semanas de vida.

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Em alguns casos o diagnóstico é confirmado pela secreção que reflui dos orifícios lacrimais, após a compressão no saco lacrimal.

Tratamento

O tratamento pode ser realizado com a massagem hidrostática de Crigler em crianças de até um ano de idade.

Uma segunda alternativa de tratamento é a sondagem lacrimal.

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Conjuntivite ou secreção decorrente da obstrução das vias lacrimais?

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Frequentemente, os pais pensam que existe uma conjuntivite crônica, uma vez que há secreção de aspecto semelhante ao de algumas conjuntivites e excesso de lacrimejamento.

É importante considerar que nas crianças com o canal lacrimal obstruído (“entupido”), geralmente os olhos estão saudáveis, sem sinais de inflamação ou infecção.

Já nas conjuntivites agudas, além da secreção, os olhos costumam ficam vermelhos e inchados, resultantes do processo infeccioso/inflamatório.

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As crianças com entupimento do canal lacrimal frequentemente apresentam os olhos colados ao acordar, o que também ocorre nas conjuntivites.

Nas crianças com obstrução das vias lacrimais, pode haver dermatite na pálpebra inferior, resultante do contato frequente da lágrima com a pele.

Tratamento inicial do entupimento do canal lacrimal

Felizmente, 90% das crianças com lacrimejamento devido à obstrução do canal lacrimal apresentam cura espontânea nos primeiros meses de vida, não necessitando de tratamento específico. A secreção em excesso deve ser removida e realizada uma “massagem”.

Recomenda-se o início das massagens no canto nasal do olho comprometido (onde está o saco lacrimal) o mais precoce possível.

As massagens devem ser realizadas como se estivesse comprimindo, com a polpa digital do indicador, um tubo de pasta de dente com a abertura para baixo. Bastam duas compressões por vez, pela manhã e à noite.

Essas massagens aumentam a chance de cura sem a necessidade de intervenção cirúrgica. Normalmente, não há necessidade de colírios antibióticos, uma vez que não existe quadro infeccioso como na conjuntivite bacteriana.

Entretanto, em alguns casos, pode haver o desenvolvimento de conjuntivite e estará indicado o uso de colírios antibióticos. O uso de colírios com corticoides é formalmente contraindicado e pode provocar o aparecimento de glaucoma secundário e/ou catarata.

Complicações da obstrução das vias lacrimais

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Tanto na criança quanto no adulto com lacrimejamento, pode ocorrer em alguns casos infecção dentro do “saco lacrimal” que aparece como inflamação elevada e dolorosa ao lado do nariz, chamada dacriocistite aguda.

A lágrima, que deveria ser drenada para o nariz, fica estagnada no saco lacrimal, propiciando a proliferação bacteriana.

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O tratamento deve ser realizado por oftalmologista e envolve o uso de antibióticos por via oral e analgésicos. Nos casos de agravamento da dacriocistite, o paciente deve ser internado para receber antibióticos por via endovenosa.

Depois de resolvida a infecção, o paciente deve ser submetido à cirurgia (dacriocistorrinostomia) para desobstruir as vias lacrimais e evitar recidivas.

Diagnóstico da obstrução das vias lacrimais em crianças e adultos

O diagnóstico da obstrução das vias lacrimais é clínico e através da dacriocistografia, exame em que um contraste é injetado nas vias lacrimais para detectar o ponto de obstrução.

Todas as informações aqui fornecidas têm caráter meramente informativo e o objetivo de complementar, jamais substituir as orientações do seu médico.

Renato Garcia CRM-SP 109092 – oftalmologista (Vias lacrimais e seus tratamentos)

Clique para acessar o v72n1a15.pdf

http://www.sboportal.org.br/glossario.aspx

Sobre o cuidado da casa comum (Papa Francisco)

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Formado em Química, o Papa Francisco lembra que a destruição da natureza e a miséria têm a mesma raiz, um ano após a sua Encíclica “LAUDATO SI’, mi’ Signore – Louvado sejas, meu Senhor», canto de São Francisco de Assis.

A seguir, os parágrafos finais: 243-245.

 Para além do sol

No fim, encontrar-nos-emos face a face com a beleza infinita de Deus (cf.1 Cor13, 12) e poderemos ler, com jubilosa admiração, o mistério do universo, o qual terá parte conosco na plenitude sem fim.

Estamos caminhando para o sábado da eternidade, para a nova Jerusalém, para a casa comum do Céu. Diz-nos Jesus: «Eu renovo todas as coisas» (Ap 21, 5).

A vida eterna será uma maravilha compartilhada, onde cada criatura, esplendorosamente transformada, ocupará o seu lugar e terá algo para oferecer aos pobres definitivamente libertados.

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Na expectativa da vida eterna, unimo-nos para tomar a nosso cargo esta casa que nos foi confiada, sabendo que aquilo de bom que há nela será assumido na festa do Céu.

Juntamente com todas as criaturas, caminhamos nesta terra à procura de Deus, porque, se o mundo tem um princípio e foi criado, procura quem o criou, procura quem lhe deu início, aquele que é o seu Criador.

Caminhemos cantando; que as nossas lutas e a nossa preocupação por este planeta não nos tirem a alegria da esperança.

Deus, que nos chama a uma generosa entrega e a oferecer-Lhe tudo, também nos dá as forças e a luz de que necessitamos para prosseguir.

No coração deste mundo, permanece presente o Senhor da vida que tanto nos ama.

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Não nos abandona, não nos deixa sozinhos, porque Se uniu definitivamente à nossa terra e o seu amor sempre nos leva a encontrar novos caminhos.

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Que Ele seja louvado!

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Leia mais:

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Apresenta-se, em primeiro lugar, uma visão geral da encíclica «Laudato si’» e, em seguida, o objetivo de cada um dos seis capítulos e alguns de seus parágrafos chave. Os números entre parênteses remetem aos parágrafos da encíclica

Um olhar por inteiro

«Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a
crescer?» (160). Este interrogativo é o âmago da Laudato si’, a esperada Encíclica do Papa Francisco sobre o cuidado da casa comum.

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Que prossegue: «Esta pergunta não toca apenas o meio ambiente de maneira isolada, porque não se pode pôr a questão de forma fragmentária», e isso conduz a interrogar-se sobre o sentido da existência e sobre os valores que estão na base da vida social: « Para que viemos a esta vida? Para que trabalhamos e lutamos? Que necessidade tem de nós esta terra?»: « Se não pulsa nelas esta pergunta de fundo,– diz o Pontífice – não creio que as nossas preocupações ecológicas possam surtir efeitos importantes».

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O nome da Encíclica foi inspirado na invocação de São Francisco «Louvado sejas, meu Senhor», que no Cântico das criaturas recorda que a terra, a nossa casa comum, « se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços» (1). Nós mesmos «somos terra (cfr Gen 2,7). O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos respirar e a sua água vivifica-nos e restaura-nos» (2).

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Agora, esta terra maltratada e saqueada se lamenta e os seus gemidos se unem aos de todos os abandonados do mundo. O Papa Francisco convida a ouvi-los, exortando todos e cada um – indivíduos, famílias, coletividades locais, nações e comunidade internacional – a uma «conversão ecológica», segundo a expressão de São João Paulo II, isto é, a «mudar de rumo», assumindo a beleza e a responsabilidade de um compromisso para o «cuidado da casa comum».

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Ao mesmo tempo, o Papa Francisco reconhece que se nota « uma crescente sensibilidade relativamente ao meio ambiente e ao cuidado da natureza, e cresce uma sincera e sentida preocupação pelo que está a acontecer ao nosso planeta. » (19), legitimando um olhar de esperança que permeia toda a Encíclica e envia a todos uma mensagem clara e repleta de esperança:

« A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum. » (13); «o ser humano ainda é capaz de intervir de forma positiva » (58); «nem tudo está perdido, porque os seres humanos, capazes de tocar o fundo da degradação, podem também superar-se, voltar a escolher o bem e regenerar-se » (205).

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O Papa Francisco se dirige certamente aos fiéis católicos, retomando as palavras de São João Paulo II: « os cristãos, em particular, advertem que a sua tarefa no seio da criação e os seus deveres em relação à natureza e ao Criador fazem parte da sua fé » (64), mas se propõe « especialmente entrar em diálogo com todos acerca da nossa casa comum » (3): o diálogo percorre todo o texto, e no cap. 5 se torna o instrumento para enfrentar e resolver os problemas. Desde o início, o Papa Francisco recorda que também «outras Igrejas e Comunidades cristãs – bem como noutras religiões – se tem desenvolvido uma profunda preocupação e uma reflexão valiosa» sobre o tema da ecologia (7).

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Ou melhor, assume explicitamente sua contribuição a partir do que foi dito pelo «amado Patriarca Ecumênico Bartolomeu» (7), amplamente citado nos nn. 8‐9. Em vários trechos, o Pontífice agradece aos protagonistas deste esforço – seja indivíduos, seja associações ou instituições –, reconhecendo que «a reflexão de inúmeros cientistas, filósofos, teólogos e organizações sociais que enriqueceram o pensamento da Igreja sobre estas questões» (7) e convida todos a reconhecer «a riqueza que as religiões possam oferecer para uma ecologia integral e o pleno desenvolvimento do gênero humano» (62).

O itinerário da Encíclica é traçado no n. 15 e se desenvolve em seis capítulos. Passa-se de uma análise da situação a partir das melhores aquisições científicas hoje disponíveis (cap. 1), ao confronto com a Bíblia e a tradição judaico-cristã (cap. 2), identificando a raiz dos problemas (cap. 3) na tecnocracia e num excessivo fechamento autorreferencial do ser humano.

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A proposta da Encíclica (cap. 4) é a de uma «ecologia integral, que inclua claramente as dimensões humanas e sociais» (137), indissoluvelmente ligadas com a questão ambiental. Nesta perspectiva, o Papa Francisco propõe (cap. 5) empreender em todos os níveis da vida social, econômica e política um diálogo honesto, que estruture processos de decisão transparentes, e recorda (cap. 6) que nenhum projeto pode ser eficaz se não for animado por uma consciência formada e responsável, sugerindo ideias para crescer nesta direção em nível educativo, espiritual, eclesial, político e teológico.

O texto se conclui com duas orações, uma oferecida à partilha com todos os que acreditam num «Deus Criador Omnipotente» (246), e outra proposta aos que professam a fé em Jesus Cristo, ritmada pelo refrão «Laudato si’», com o qual a Encíclica se abre e se conclui.

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O texto é atravessado por alguns eixos temáticos, analisados por uma variedade de perspectivas diferentes, que lhe conferem uma forte unidade: «a relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta, a convicção de que tudo está estreitamente interligado no mundo, a crítica do novo paradigma e das formas de poder que derivam da tecnologia, o convite a procurar outras maneiras de entender a economia e o progresso, o valor próprio de cada criatura, o sentido humano da ecologia, a necessidade de debates sinceros e honestos, a grave responsabilidade da política internacional e local, a cultura do descarte e a proposta dum novo estilo de vida » (16).

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Primeiro Capítulo – O que está acontecendo com a nossa casa

O capítulo apresenta as mais recentes aquisições científicas em matéria ambiental como modo de ouvir o grito da criação, « transformar em sofrimento pessoal aquilo que acontece ao mundo e, assim, reconhecer a contribuição que cada um lhe pode dar » (19). Enfrentam-se assim «vários aspectos da atual crise ecológica» (15).

As mudanças climáticas: « As mudanças climáticas são um problema global com graves implicações ambientais, sociais, econômicas, distributivas e políticas, constituindo atualmente um dos principais desafios para a humanidade» (25).

Se « o clima é um bem comum, um bem de todos e para todos » (23), o impacto mais pesado da sua alteração recai sobre os mais pobres, mas muitos «daqueles que detêm mais recursos e poder económico ou político parecem concentrar-se sobretudo em mascarar os problemas ou ocultar os seus sintomas » (26): «a falta de reações diante destes dramas dos nossos irmãos e irmãs é um sinal da perda do sentido de responsabilidade pelos nossos semelhantes, sobre o qual se funda toda a sociedade civil » (25).

A questão da água: O Pontífice afirma claramente que « o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos ». Privar os pobres do acesso à água significa « negar-lhes o direito à vida radicado na sua dignidade inalienável » (30).

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A preservação da biodiversidade: « Anualmente, desaparecem milhares de espécies vegetais e animais que já não poderemos conhecer mais, que os nossos filhos não poderão ver, perdidas para sempre» (33). Não são somente eventuais “recursos” exploráveis, mas têm um valor em si mesmos. Nesta perspectiva, « são louváveis e, às vezes, admiráveis os esforços de cientistas e técnicos que procuram dar solução aos problemas criados pelo ser humano », mas a intervenção humana, quando se coloca a serviço da finança e do consumismo, « faz com que esta terra onde
vivemos se torne realmente menos rica e bela, cada vez mais limitada e cinzenta » (34).

A dívida ecológica: no âmbito de uma ética das relações internacionais, a Encíclica indica que existe «uma verdadeira “dívida ecológica”» (51), sobretudo do Norte em relação ao Sul do mundo. Diante das mudanças climáticas, existem «responsabilidades diversificadas» (52), e as dos países desenvolvidos são maiores.

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Consciente das profundas divergências quanto a essas problemáticas, o Papa Francisco se mostra profundamente impressionado com a «fraqueza das reações» diante dos dramas de tantas pessoas e populações. Embora não faltem exemplos positivos (58), sinaliza «um certo torpor e uma alegre irresponsabilidade » (59). Faltam uma cultura adequada (53) e a disponibilidade em mudar estilos de vida, produção e consumo (59), enquanto é urgente «criar um sistema normativo […] que inclua limites invioláveis e assegure a proteção dos ecossistemas » (53).

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Segundo capítulo – O Evangelho da criação

Para enfrentar as problemáticas ilustradas no capítulo precedente, o Papa Francisco relê as narrações da Bíblia, oferece uma visão global oriunda da tradição judaico-cristã e articula a «tremenda responsabilidade» (90) do ser humano diante da criação, o elo íntimo entre todas as criaturas e o fato de que «o meio ambiente é um bem coletivo, patrimônio de toda a humanidade e responsabilidade de todos» (95).

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Na Bíblia, «o Deus que liberta e salva é o mesmo que criou o universo. […] n’Ele se conjugam o carinho e a força » (73). A narração da criação é central para refletir sobre a relação entre o ser humano e as outras criaturas e sobre como o pecado rompe o equilíbrio de toda a criação no seu conjunto: «Essas narrações sugerem que a existência humana se baseia sobre três relações fundamentais intimamente ligadas: as relações com Deus, com o próximo e com a terra. Segundo a Bíblia, essas três relações vitais romperam-se não só exteriormente, mas também dentro de nós. Esta ruptura é o pecado» (66).

Por isso, mesmo que nós « cristãos, algumas vezes interpretamos de forma incorreta as Escrituras, hoje devemos decididamente rejeitar que, do fato de ser criados à imagem de Deus e do mandato de dominar a terra, se deduza um domínio absoluto sobre as outras criaturas» (67). Ao ser humano cabe a responsabilidade de «“cultivar e guardar” o jardim do mundo (cfr Gen 2,15)» (67), sabendo que «o fim último das restantes criaturas não somos nós. Mas todas avançam, juntamente connosco e através de nós, para a meta comum, que é Deus » (83).

Que o ser humano não seja o dono do universo, «não significa igualar todos os seres vivos e tirar ao ser humano aquele seu valor peculiar » que o caracteriza; « também não requer uma divinização da terra, que nos privaria da nossa vocação de colaborar com ela e proteger a sua fragilidade » (90).

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Nesta perspectiva, « todo o encarniçamento contra qualquer criatura «é contrário à dignidade humana» » (92), mas « não pode ser autêntico um sentimento de união íntima com os outros seres da natureza, se ao mesmo tempo não houver no coração ternura, compaixão e preocupação pelos seres humanos » (91). Necessita-se da consciência de uma comunhão universal: « criados pelo mesmo Pai, estamos unidos por laços invisíveis e formamos uma espécie de família universal, […]que nos impele a um respeito sagrado, amoroso e humilde » (89).

O coração da revelação cristã conclui o Capítulo: «Jesus terreno» com a «sua relação tão concreta e amorosa com o mundo» «ressuscitado e glorioso», está «presente em toda a criação com o seu domínio universal » (100).

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Terceiro capítulo – A raiz humana da crise ecológica

Este capítulo apresenta uma análise da situação atual, «de modo a individuar não apenas os seus sintomas, mas também as causas mais profundas» (15), em um diálogo com a filosofia e as ciências humanas.

Um primeiro fulcro do capítulo são as reflexões sobre a tecnologia: é reconhecida, com gratidão, a sua contribuição para o melhoramento das condições de vida (102-103); todavia ela oferece «àqueles que detêm o conhecimento e sobretudo o poder econômico para o desfrutar, um domínio impressionante sobre o conjunto do gênero humano e do mundo inteiro» (104).

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São precisamente as lógicas de domínio tecnocrático que levam a destruir a natureza e explorar as pessoas e as populações mais vulneráveis.

«O paradigma tecnocrático tende a exercer o seu domínio também sobre a economia e a política» (109), impedindo reconhecer que «o mercado, por si mesmo[…] não garante o desenvolvimento humano integral nem a inclusão social» (109).

Na raiz se diagnostica na época moderna um excesso de antropocentrismo (116): o ser humano não reconhece mais sua correta posição em relação ao mundo e assume uma posição autorreferencial, centrada exclusivamente em si mesmo e no próprio poder. Deriva então uma lógica do «descartável» que justifica todo tipo de descarte, ambiental ou humano que seja, que trata o outro e a natureza como um simples objeto e conduz a uma miríade de formas de dominação.

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É a lógica que leva a explorar as crianças, a abandonar os idosos, a reduzir os outros à escravidão, a superestimar a capacidade do mercado de se autorregular, a praticar o tráfico de seres humanos, o comércio de peles de animais em risco de extinção e de “diamantes ensanguentados”. É a mesma lógica de muitas máfias, dos traficantes de órgãos, do tráfico de drogas e do descarte de crianças porque não correspondem ao desejo de seus pais. (123)

Nesta luz, a encíclica aborda duas questões cruciais para o mundo de hoje. Antes de tudo, o trabalho: «Em qualquer abordagem de ecologia integral que não exclua o ser humano, é indispensável incluir o valor do trabalho» (124), bem como «renunciar a investir nas pessoas para se obter maior receita imediata é um péssimo negócio para a sociedade» (128).

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A segunda diz respeito aos limites do progresso científico, com clara referência aos OGM (132-136), que são «uma questão de carácter complexo» (135). Embora «nalgumas regiões, a sua utilização ter produzido um crescimento económico que contribuiu para resolver determinados problemas, há dificuldades importantes que não devem ser minimizadas» (134), a partir da «concentração de terras produtivas nas mãos de poucos» (134).

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O Papa Francisco pensa em particular nos pequenos produtores e trabalhadores rurais, na biodiversidade, na rede de ecossistemas. É, portanto, preciso assegurar «um debate científico e social que seja responsável e amplo, capaz de considerar toda a informação disponível e chamar as coisas pelo seu nome» a partir de «linhas de pesquisa autónomas e interdisciplinares que possam trazer nova luz» (135).

Quarto capítulo – Uma ecologia integral

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O coração da proposta da Encíclica é a ecologia integral como novo paradigma de justiça; uma ecologia «que integre o lugar específico que o ser humano ocupa neste mundo e as suas relações com a realidade que o circunda» (15). De fato, «isto impede-nos de considerar a natureza como algo separado de nós ou como uma mera moldura da nossa vida» (139). Isto vale, por mais que vivemos em diferentes campos: na economia e na política, nas diversas culturas, em particular modo nas mais ameaçadas, e até mesmo em cada momento da nossa vida cotidiana.

A perspectiva integral põe em jogo também uma ecologia das instituições: « Se tudo está relacionado, também o estado de saúde das instituições de uma sociedade tem consequências no ambiente e na qualidade de vida humana: “toda a lesão da solidariedade e da amizade cívica provoca danos ambientais” » (142). Com muitos exemplos concretos, o Papa Francisco reafirma o seu pensamento: há uma ligação entre questões ambientais e questões sociais e humanas que nunca pode ser rompida. Assim, « a análise dos problemas ambientais é inseparável da análise dos contextos humanos, familiares, laborais, urbanos, e da relação de cada pessoa consigo mesma » (141), enquanto «Não há duas crises separadas, uma ambiental e outra social, mas uma única e complexa crise sócio-ambiental» (139).

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Esta ecologia integral «é inseparável da noção de bem comum» (156), a ser entendida, no entanto, de modo concreto: no contexto de hoje, no qual «há tantas desigualdades e são cada vez mais numerosas as pessoas descartadas, privadas dos direitos humanos fundamentais» comprometer-se pelo bem comum significa fazer escolhas solidárias com base em «uma opção preferencial pelos mais pobres» (158). Esta é também a melhor maneira para deixar um mundo sustentável às gerações futuras, não com proclamas, mas através de um compromisso de cuidado dos pobres de hoje, como já havia sublinhado Bento XVI: «para além da leal solidariedade entre as gerações, há que reafirmar a urgente necessidade moral de uma renovada solidariedade entre os indivíduos da mesma geração» (162).

A ecologia integral envolve também a vida diária, para a qual a Encíclica reserva uma atenção específica em particular em ambiente urbano. O ser humano tem uma grande capacidade de adaptação e «admirável é a criatividade e generosidade de pessoas e grupos que são capazes de dar a volta às limitações do ambiente, […] aprendendo a orientar a sua existência no meio da desordem e precariedade» (148).

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No entanto, um desenvolvimento autêntico pressupõe um melhoramento integral na qualidade da vida humana: espaços públicos, moradias, transportes, etc. (150-154).
Também «o nosso corpo nos coloca em uma relação direta com o meio ambiente e com os outros seres vivos. A aceitação do próprio corpo como dom de Deus é necessária para acolher e aceitar o mundo inteiro como dom do Pai e casa comum; pelo contrário, uma lógica de domínio sobre o próprio corpo transforma-se numa lógica, por vezes subtil, de domínio sobre a criação» (155).

Quinto capítulo – Algumas linhas de orientação e ação

Este capítulo aborda a pergunta sobre o que podemos e devemos fazer. As análises não podem ser suficientes: são necessárias propostas «de diálogo e de ação que envolvam seja cada um de nós seja a política internacional» (15), e « que nos ajudem a sair da espiral de autodestruição onde estamos a afundar» (163).

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Para o Papa Francisco é imprescindível que a construção de caminhos concretos não seja enfrentada de modo ideológico, superficial ou reducionista. Por isso, é indispensável o diálogo, termo presente no título de cada seção deste capítulo: «Há discussões sobre questões relativas ao meio ambiente, onde é difícil chegar a um consenso. […] a Igreja não pretende definir as questões científicas, nem substituir-se à política, mas [eu] convido a um debate honesto e transparente para que as necessidades particulares ou as ideologias não lesem o bem comum» (188).

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Com esta base o Papa Francisco não tem medo de fazer um julgamento severo sobre as dinâmicas internacionais recentes: «as cimeiras mundiais sobre o meio ambiente dos últimos anos não corresponderam às expectativas, porque não alcançaram, por falta de decisão política, acordos ambientais globais realmente significativos e eficazes» (166). E se pergunta: «Para que se quer preservar hoje um poder que será recordado pela sua incapacidade de intervir quando era urgente e necessário fazê-lo?» (57). Servem, em vez disso, como os Pontífices repetiram várias vezes, a partir da Pacem in Terris, formas e instrumentos eficazes de governança global (175): «precisamos de um acordo sobre os regimes de governança para toda a gama dos chamados bens comuns globais» (174), já que «”a proteção ambiental não pode ser assegurada apenas com base no cálculo financeiro de custos e benefícios. O ambiente é um dos bens que os mecanismos de mercado não estão aptos a defender ou a promover adequadamente”» (190), que retoma as palavras do Compêndio da Doutrina Social da Igreja).

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Sempre neste capítulo, o Papa Francisco insiste sobre o desenvolvimento de processos de decisão honestos e transparentes, para poder «discernir» quais políticas e iniciativas empresariais poderão levar «a um desenvolvimento verdadeiramente integral» (185). Em particular, o estudo do impacto ambiental de um novo projeto «requer processos políticos transparentes e sujeitos a diálogo, enquanto a corrupção, que esconde o verdadeiro impacto ambiental dum projeto em troca de favores, frequentemente leva a acordos ambíguos que fogem ao dever de informar e a um debate profundo» (182).

Particularmente significativo é o apelo dirigido àqueles que detêm cargos políticos, para que se distanciem da lógica «eficientista e imediatista» (181) hoje dominante: «se ele tiver a coragem de o fazer, poderá novamente reconhecer a dignidade que Deus lhe deu como pessoa e deixará, depois da sua passagem por esta história, um testemunho de generosa responsabilidade» (181).

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Sexto capítulo – Educação e espiritualidade ecológicas

O último capítulo vai ao cerne da conversão ecológica à qual a Encíclica convida. As raízes da crise cultural agem em profundidade e não é fácil reformular hábitos e comportamentos. A educação e a formação continuam sendo desafios centrais: «toda mudança tem necessidade de motivações e dum caminho educativo» (15); estão envolvidos todos os ambientes educacionais, por primeiro « a escola, a família, os meios de comunicação, a catequese» (213).

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O início é apostar «em uma mudança nos estilos de vida» (203-208), que também abre à possibilidade de “exercer uma pressão salutar sobre quantos detêm o poder político, económico e social» (206). Isso é o que acontece quando as escolhas dos consumidores conseguem «a mudança do comportamento das empresas, forçando-as a reconsiderar o impacto ambiental e os modelos de produção» (206).

Não se pode subestimar a importância de percursos de educação ambiental capazes de incidir sobre gestos e hábitos cotidianos, da redução do consumo de água, à diferenciação do lixo até «apagar as luzes desnecessárias» (211): «Uma ecologia integral é feita também de simples gestos quotidianos, pelos quais quebramos a lógica da violência, da exploração, do egoísmo» (230). Tudo isto será mais fácil a partir de um olhar contemplativo que vem da fé: «O crente contempla o mundo, não como alguém que está fora dele, mas dentro, reconhecendo os laços com que o Pai nos uniu a todos os seres. Além disso a conversão ecológica, fazendo crescer as peculiares capacidades que Deus deu a cada crente, leva-o a desenvolver a sua criatividade e entusiasmo» (220).

Retorna à linha proposta na Evangelii Gaudium: « A sobriedade, vivida livre e conscientemente, é libertadora» (223), bem como «A felicidade exige saber limitar algumas necessidades que nos entorpecem, permanecendo assim disponíveis para as muitas possibilidades que a vida oferece» (223); desta forma torna-se possível « voltar a sentir que precisamos uns dos outros, que temos uma responsabilidade para com os outros e o mundo, que vale a pena ser bons e honestos» (229).
Os santos acompanham-nos neste caminho. São Francisco, muitas vezes mencionado, é «o exemplo por excelência do cuidado pelo que é frágil e por uma ecologia integral, vivida com alegria» (10), modelo de como «são inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenhamento na sociedade e a paz interior (10). Mas a encíclica recorda também São Bento, Santa Teresa de Lisieux e o Beato Charles de Foucauld.

Após a Laudato si, o exame de consciência, o instrumento que a Igreja sempre recomendou para orientar a própria vida à luz da relação com o Senhor, deverá incluir uma nova dimensão, considerando não apenas como se vive a comunhão com Deus, com os outros, consigo mesmo, mas também com todas as criaturas e a natureza.

http://opusdei.org.br/pt-br/article/laudato-si-a-enciclica-do-papa-sobre-o-cuidado-da-casa-comum/

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Prevenção da obesidade na Infância

Nas fases iniciais da infância, pediatras e nutricionistas pesam e medem as crianças com a finalidade de analisar os padrões de crescimento e compará-los com as tabelas de referência.

Isto permite, entre outras coisas, verificar se a nutrição está adequada.

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Nunca é cedo demais

Nas últimas décadas também tem servido para se observar os excessos. Nunca é cedo para se iniciar a prevenção. A ingestão demasiada de energia (calorias) e proteínas nas fases iniciais da infância é fator que pode impulsionar um crescimento exagerado.

Esse crescimento pode levar a um aumento de peso em fases mais tardias. Estudos têm mostrado que o excesso de peso entre o nascimento e os dois anos de idade é grande valor para predizer a obesidade na adolescência.

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Além disso, este fato também acarreta maior probabilidade de hipertensão arterial na idade adulta, bem como alterações do colesterol, diabetes e doenças cardiovasculares.

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Prevenção

Para evitar essas intercorrências, especialistas têm orientado os cuidadores quanto aos benefícios e efeitos de proteção da amamentação.

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É importante que todos se conscientizem de que os substitutos do leite materno sejam os mais adequados, em caso de necessidade, utilizando-se fórmulas infantis próprias à idade, com menores teores de proteína, assemelhando-se às concentrações encontradas no leite materno.

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Crescimento saudável

Quando consideramos a prevenção e o tratamento da obesidade nas crianças, a restrição energética da dieta, o aumento das atividades físicas e a diminuição do comportamento sedentário não devem comprometer o crescimento e o desenvolvimento.

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Objetivo: manutenção do peso ideal

Por estas razões a manutenção do peso deve ser o principal objetivo, mais do que exigir a sua redução. Avaliações sucessivas e frequentes sem se dar extrema importância à perda de peso são medidas apropriadas.

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A origem da obesidade baseia-se num desequilíbrio do balanço energético. Nas crianças, o crescimento só é possível se o aporte de energia é positivo. A sobra exagerada de energia vai ser depositada sob a forma de gordura.

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Em todo o mundo tem ocorrido um rápido aumento da prevalência da obesidade, principalmente devido a alterações comportamentais e do meio em que a criança vive relacionada à dieta e à inatividade.

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Comportamento sedentário

O importante aumento da obesidade tem coincidido com as mudanças de como as crianças gastam seu tempo, resultando na diminuição da atividade física e de aumento no comportamento sedentário.

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Isto está associado ao maior tempo gasto assistindo televisão, jogando videogames, surfando na internet, usando celulares, alimentos industrializados de alto teor energético e falta de promoção da saúde.

7 passos

O modo de ajudar as crianças a manter um peso saudável seria estimular os pais e familiares ou cuidadores a:

  1. Garantir que as crianças tenham refeições regulares, com um bom café da manhã, de preferência com a companhia de adultos e sem distrações, como assistir televisão.
  2. Dar atenção à criança, estimulando a comer sozinha ao invés de dar a comida.
  3. Separar as refeições de outras atividades.
  4. Ensinar a comer quando tiver fome.
  5. Evitar classificar os alimentos como “bons” ou “ruins”.
  6. Não comprar alimentos considerados inadequados.
  7. Conferir os alimentos oferecidos na creche ou escola.

Considerações finais

Por esses motivos têm-se considerado como muito importantes as intervenções nutricionais nos primeiros 1000 dias de vida (desde a concepção até os dois anos de idade), sendo este considerado um período de oportunidades de se prevenir a obesidade e suas consequências na idade adulta.

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Alimentos funcionais

Manter uma alimentação equilibrada é fator importante para a promoção da saúde e diminuição dos riscos de algumas doenças crônicas

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Os alimentos funcionais fazem parte de uma nova concepção de alimentos, lançada pelo Japão na década de 80. O programa de governo japonês tinha o objetivo de desenvolver alimentos saudáveis para a população que apresentava uma grande expectativa de vida.

Diversos fatores têm contribuído para o desenvolvimento dos alimentos funcionais. Entre eles, o aumento da consciência dos consumidores que desejam melhorar a sua qualidade de vida e optam por hábitos saudáveis.

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Um alimento pode ser considerado funcional se afetar beneficamente uma ou mais funções alvo no corpo, além de possuir efeitos nutricionais adequados e combinar produtos comestíveis de alta flexibilidade com moléculas biologicamente ativas.

A estratégia principal seria a de corrigir distúrbios metabólicos, reduzir riscos de doenças e a manutenção da saúde.

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Classificação

Podem ser classificados: quanto à fonte, de origem vegetal ou animal, ou quanto aos benefícios que oferecem, atuando em seis áreas do organismo: no sistema gastrointestinal; no sistema cardiovascular; no metabolismo de substratos; no crescimento, no desenvolvimento e diferenciação celular; no comportamento das funções fisiológicas e como antioxidantes.

Características principais

Alimentos funcionais caracterizam-se por oferecer benefícios à saúde, além do valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo desempenhar papéis potencialmente benéficos na redução do risco de doenças crônico-degenerativas.

Os alimentos funcionais apresentam as seguintes características:

  1. devem ser alimentos convencionais e serem consumidos na dieta normal/usual;
  2. devem ser compostos por componentes naturais, algumas vezes, em elevada concentração ou presentes em alimentos que normalmente não os supririam;
  3. devem ter efeitos positivos além do valor básico nutritivo, que pode aumentar o bem-estar e a saúde e/ou reduzir o risco de ocorrência de doenças, promovendo benefícios à saúde além de aumentar a qualidade de vida, incluindo os desempenhos físico, psicológico e comportamental;
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  5. a alegação da propriedade funcional deve ter embasamento científico;
  6. pode ser um alimento natural ou um alimento no qual um componente tenha sido removido;
  7. pode ser um alimento onde a natureza de um ou mais componentes tenha sido modificada;
  8. pode ser um alimento no qual a bioatividade de um ou mais componentes tenha sido modificada.alimentos-funcionais-solucao-para-as-doencas-1-243-thumb-570

Manter uma alimentação equilibrada é um fator importante para a promoção da saúde e diminuição dos riscos de algumas doenças crônicas. Alguns alimentos apresentam componentes ativos capazes de prevenir ou reduzir o risco do desenvolvimento de doenças.

Consumo regular e balanceado

No entanto, para obter o benefício, é necessário consumi-los regularmente. Também vale lembrar que os resultados são obtidos quando a alimentação é balanceada. Não adianta comer carnes gordas com salada de soja, achando que a soja irá proteger contra o aumento do colesterol.

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Na lista abaixo, estão citados alguns dos principais alimentos funcionais, seus componentes, propriedades e a quantidade recomendada para consumo, segundo a equipe do Hospital Albert Einstein:

 SOJA E DERIVADOS

Componente ativo: proteína da soja

Benefício: redução dos níveis de colesterol.

Quantidade recomendada: a ingestão sugerida de proteína de soja por dia é de 25g para diminuição do colesterol ruim (LDL) e de 60g por dia para diminuição dos sintomas da menopausa*.

PEIXES COMO SARDINHA, SALMÃO, ATUM, ANCHOVA, TRUTA E ARENQUE
Componente ativo: ácidos graxos ômega-3.

Benefício: redução do colesterol ruim (LDL) e ação anti-inflamatória.

Quantidade recomendada: 3 porções por semana*.

ÓLEOS DE LINHAÇA, SOJA, NOZES, AMÊNDOAS, CASTANHAS E AZEITE DE OLIVA
Componente ativo: ácido Graxo Poli-insaturado (ácido linoleico).

Benefícios: estimula o sistema imunológico, tem ação anti-inflamatória e reduz os riscos de doenças cardiovasculares.

AZEITE, ÓLEO DE CANOLA, AZEITONAS, ABACATE E FRUTAS OLEAGINOSAS (CASTANHAS, NOZES, AMÊNDOAS)

Componente ativo: ácido Graxo Monoinsaturado (ácido oleico).

Benefícios: previne a formação de ateromas (placas de gordura que se formam nos vasos sanguíneos), e também tem ação imunológica e hipotensora (reduz pressão arterial).

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CHÁ VERDE, CEREJAS, AMORAS, FRAMBOESAS, UVA ROXA, MIRTILO E VINHO TINTO

Componentes ativos: catequinas Resveratrol.

Benefícios: podem prevenir certos tipos de câncer, reduzem o colesterol e estimulam o sistema imune, além de obterem ação antioxidante.

Quantidade recomendada (não válido para o vinho tinto): 4 a 6 xícaras por dia para diminuição do risco de câncer de esôfago e gástrico. Algumas pesquisas recomendam o consumo de 1,5 a 2 litros por dia para aumentar o gasto calórico e a queima de gordura.

TOMATE E DERIVADOS (MOLHO DE TOMATE, SUCO DE TOMATE), GOIABA VERMELHA, PIMENTÃO VERMELHO E MELANCIA (FRUTAS AVERMELHADAS)

Componente ativo: licopeno.

Benefícios: ação antioxidante, redução dos níveis de colesterol e possível prevenção do risco de certos tipos de câncer, principalmente o de próstata.

FOLHAS VERDES EM GERAL (ESPINAFRE, COUVE, MOSTARDA) E MILHO

Componentes ativos: luteína e zeaxantina.

Benefícios: ação antioxidante, proteção contra degeneração macular (alterações na visão) e catarata.

Quantidade recomendada: algumas pesquisas apresentaram bons resultados na diminuição do risco de degeneração macular (40%) e de catarata (19%), com o consumo de 6mg/dia**. Para referência, 4 a 7 porções de hortaliças e frutas fornecem 2 a 4 mg de luteína e zeaxantina.

 CENOURA, MANGA, ABÓBORA, PIMENTÃO VERMELHO E AMARELO, ACEROLA E PÊSSEGO (FRUTAS ALARANJADAS)

Componente ativo: betacaroteno.

Benefício: ação hipotensiva (reduz a pressão arterial).alimentos-funcionais (2)

COUVE-FLOR, REPOLHO, BRÓCOLIS, COUVE DE BRUXELAS, RABANETE E MOSTARDA.
Componentes ativos: indóis e isotiocianatos.

Benefícios: indutores de enzimas protetoras que podem proteger contra alguns tipos de câncer, principalmente o de mama.

SOJA, FRUTAS CÍTRICAS, TOMATE, PIMENTÃO, ALCACHOFRA, CEREJA E SALSA.

Componentes ativos: flavonóides.

Benefícios: podem prevenir o risco de certos tipos de câncer. Ação vasodilatadora, anti-inflamatória e antioxidante.

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AVEIA, CENTEIO, CEVADA, LEGUMINOSAS (FEIJÕES, ERVILHA, LENTILHA), FRUTAS COM CASCA.

Componentes ativos: fibras solúveis, insolúveis e beta-glucana (aveia).

Benefícios: podem auxiliar na redução do risco para câncer de cólon e contribuir para o bom funcionamento intestinal. Auxiliam no controle da glicemia (fibras solúveis), podem aumentar a sensação de saciedade e na diminuição dos níveis de colesterol.

Quantidade recomendada: cerca de 3g por dia de beta-d-glucanas (equivalente ao consumo de 40g de farelo de aveia ou 60g de farinha de aveia).

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ALHO E CEBOLA

Componentes ativos: sulfetos alílicos (alil sulfetos).

Benefícios: podem auxiliar na redução de colesterol, pressão sanguínea, câncer gástrico e auxiliar os processos do sistema imunológico.

Quantidade recomendada: 1 dente de alho por dia para diminuição da pressão arterial e dos níveis de colesterol.*

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LINHAÇA, NOZ MOSCADA

Componentes ativos: lignanas.

Benefício: podem auxiliar na inibição de alguns tipos de tumores.

  1. *Recomendações da American Dietetic Association
  2. ** (Nurses Health Study and Health Professionals Follow-up, 1999).

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REFEIÇÕES IDEAIS (Boa sorte!)

Cardápio

 Café da manhã

  • Chá de ervas
  • Pão integral com linhaça e queijo branco
  • Mamão com aveia

Lanche da manhã

  • 1 maçã

Almoço

  • Salada: rúcula, agrião e tomate temperada com azeite
  • Arroz integral
  • Feijão
  • Peito de frango grelhado
  • Brócolis e cenoura sauté
  • Abacaxi
  • Suco de Melancia

Lanche da tarde

  • Bebida a base de soja batida com morangos

Jantar

  • Salada: soja com cenoura a Juliene (ralada) e berinjela temperada com azeite
  • Sardinhas ao forno com pimentões e cebola
  • Purê de batata
  • Chicória refogada
  • Salada de frutas
  • Suco de uva

Ceia

Chá de hortelã ou outro chá verde

 

Fontes:

  • MORAES F. P. e COLLA L. M. Alimentos funcionais. Revista Eletrônica de Farmácia Vol 3 (2), 99-112, 2006. file:///F:/Documents/1%20Site%20FB/Alimentos%20funcionais/2082-9018-1-PB.pdf
  • https://www.einstein.br/noticias/noticia/alimentos-funcionais
  • Associação Brasileira de Alimentos Funcionais: www.abaf.org.br – “Previna Doenças, Faça do Alimento seu medicamento”, Jocelem Mastroldi Salgado Centro Valéria Paschoal de Educação (CVPE) – Curso de Pós-Graduação em Alimentos Funcionais.

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Apraxia de fala na infância

O desenvolvimento da fala da criança ocorre de forma gradual, respeitando as etapas de maturação e por isso ocupando grande parte da infância.

Sabe-se que as crianças não nascem com os movimentos de fala já desenvolvidos e, portanto, não apresentam a praxia desenvolvida.

Desenvolvimento e transformações

Os movimentos de lábios, língua e mandíbula sofrem modificações, e os movimentos indiferenciados no início da infância passam a ser refinados e diferenciados conforme o desenvolvimento.

Essas transformações também são fundamentais para alcançar níveis mais elevados de precisão e coordenação articulatória, importantes para a efetividade da comunicação oral.Lobos-cerebrais

Os gestos articulatórios de lábios superior, inferior e mandíbula apresentam mudanças significativas durante os primeiros anos de vida e continuam o seu refinamento até depois dos seis anos.

Controle motor

O desenvolvimento do controle motor desses articuladores segue um curso não uniforme, com mandíbula precedendo o lábio. Este processo de desenvolvimento e refinamento do controle motor oral influencia significativamente na aquisição de sons da fala.

Comprometimento da fala

Quando este refinamento não ocorre, a produção da fala torna-se comprometida, podendo surgir a suspeita de uma desordem práxica na infância.

Essa desordem na infância é definida como uma suposta categoria diagnóstica atribuída às crianças, cujos erros de fala diferem dos erros de crianças com atraso no desenvolvimento de fala e se assemelham aos erros de adultos com apraxia adquirida.

Quadro

Os pacientes com apraxia da fala adquirida demonstram, geralmente, comprometimento primariamente na articulação, com alterações na sequência dos movimentos musculares para a produção voluntária dos fonemas e, secundariamente, por alterações prosódicas, caracterizadas por uma fala mais lenta que o normal e com escassez de padrões de entonação, ritmo e melodia.

As anormalidades prosódicas (*) são usualmente percebidas como sendo secundárias às dificuldades articulatórias.

A falta da fluência na fala é causada por pausas e hesitações que ocorrem na tentativa de produzir corretamente as palavras, surgindo como uma forma de compensação da contínua dificuldade na articulação.banner2-695x700

No levantamento feito pela American Speech and Hearing Association (ASHA), em um grupo de mil crianças na faixa de 1 a 5 anos de idade, 10 delas apresentaram algum distúrbio de comunicação. De 3 a 5% foram diagnosticadas com apraxia.

O que é?

A apraxia (ou “dispraxia”) é um distúrbio de origem neurológica que consiste no envio incorreto de informações para o cérebro planejar e executar determinados movimentos.

Classificação

Ela pode ser classificada como global (quando acontece em várias partes do corpo), oral (envolvendo a boca e seus movimentos) e/ou verbal (ou da fala, na qual a dificuldade é específica para a produção dos sons de fala).

Causas

Os fatores que causam a apraxia não são totalmente conhecidos e esse distúrbio pode acontecer em paralelo com outros – por exemplo, “transtorno sensorial” ou “do espectro autista.

Como acontece

A modelagem de cada som é dada por diferenças milimétricas e dos movimentos de língua, lábios, céu da boca e dentes. Por isso, qualquer falha nas etapas de processamento, planejamento e execução pode causar alguma alteração.

Por isso, muitas vezes a criança fala uma coisa querendo dizer outra. Exemplo: em vez de “casa”, ela diz “caca”. Essa é uma fala bem aquém do esperado, mas é notório perceber que ela sabe o que queria dizer.

Segundo a ASHA, o diagnóstico diferencial de apraxia só deve ser conclusivo aos 3 anos de idade. Entretanto, se houver uma desconfiança antes dessa época, o paciente deve ser acompanhado.

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Os principais sinais de apraxia de fala na infância (AFI) são:

Até os 12 meses:

Os bebês são muitos calados e/ou têm um repertório limitado de balbucios, apesar de interagirem bem com os adultos;

Entre 12 e 18 meses:

Quando se espera que as crianças aumentem o vocabulário, as crianças com AFI podem ter perda de palavras já faladas anteriormente;

Por volta dos 2 anos de idade:

É diagnosticado um atraso no desenvolvimento de linguagem oral;

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Aos 3 anos:

Nessa fase, as crianças já são bem compreendidas, apesar de um erro ou outro de pronúncia, mas as que têm Apraxia de Fala podem ainda nem estar falando ou podem ter a fala bastante ininteligível, com erros de pronúncia que mudam muito e que são incomuns (por ex: trocas de vogais), dificuldade de falar as palavras com mais sílabas, omissão da primeira sílaba.

Desde a primeira infância:

Dificuldade de imitação (ex: mostrar a língua, fazer careta, se houver Apraxia Oral associada à AFI), alterações de produção e articulação dos sons da fala e na melodia (prosódia) da fala e acentuação das sílabas.

Elas podem falar um determinado som (por ex: “p”) em algumas palavras (por ex: “pá”, “papai”) e omissão deste mesmo som na repetição de outras palavras mais difíceis  (“pedido”, “parque”, “capa”) ou em momentos de fala espontânea.

Sinais variáveis

Vale ressaltar que, como em qualquer distúrbio, os sinais da Apraxia de Fala podem variar em menor ou maior grau e em presença/ausência, o que torna o diagnóstico bem complexo.

Quando buscar o tratamento fonoaudiológico.

O que os pais, familiares, educadores e profissionais de saúde precisam observar antes de encaminhar a um fonoaudiólogo:

•  Se a ausência ou alteração da fala não é justificada por alterações na estrutura muscular da região da boca, auditivos ou psicossociais.
•  Se o ambiente é rico em estimulação, os pais ficam horas brincando com ela, está bem adaptada à escola, e a inteligência está preservada e mesmo assim há algumas falhas. Se a criança não está acompanhando as etapas do desenvolvimento de linguagem.  Nem sempre é “normal demorar para falar”.
•  Se a criança está em um longo processo terapêutico fonoaudiológico (há mais de um ano), mas não há avanços visíveis no quadro apresentado pela criança.

As pesquisas no Brasil nesta área ainda estão caminhando, bem como a formação de profissionais especializados. Por isso, nem sempre é possível fazer um diagnóstico rápido e eficaz.

Então, a sugestão é: lute por uma intervenção adequada e precoce que vise o treinamento intensivo de fonoterapia.

http://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Lilian-Kuhn/noticia/2016/05/apraxia-da-fala-na-infancia-afi-o-que-e-isso.html

  • Souza, Thaís Nobre Uchôa, Payão, Miscow da Cruz, & Costa, Ranilde Cristiane Cavalcante. (2009). Apraxia da fala na infância em foco: perspectivas teóricas e tendências atuais. Pró-Fono Revista de Atualização Científica21(1), 75-80.https://dx.doi.org/10.1590/S0104-56872009000100013

(*)  Prosódia (do grego προσῳδία, transl. prosodía, composto de προσ, pros-, “verso”, e ᾠδή, odé, “canto”) é a parte da linguística que estuda a entonação, o ritmo, o acento (intensidade, altura, duração) da linguagem falada e demais atributos correlatos na fala.

Bronquiolite e nebulização com solução hipertônica (3%)

Infecções agudas das vias aéreas inferiores (IVAI) são caracterizadas por processos inflamatórios agudos, infecciosos ou não, acometendo alvéolos, bronquíolos, brônquios e espaço intersticial.

Essas doenças são responsáveis por altos índices de morbidade e mortalidade infantil em todo o mundo.

Dados da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) referentes à prevalência e à incidência de infecções respiratórias agudas na América Latina revelam que elas são responsáveis por 40 a 60% de todos os atendimentos ambulatoriais em pediatria.

Segundo a OMS, cerca de 4 milhões de crianças menores de 5 anos morrem por IVAI anualmente.

Além disso, essas doenças geram elevados custos diretos e indiretos com assistência à saúde.

Dentre os vários agentes etiológicos causadores de IVAI, os vírus são responsáveis por bronquiolite e pneumonia, principalmente em crianças menores de 1 ano.

Principal responsável

O principal patógeno dessas doenças em crianças é o vírus respiratório sincicial humano (VRSH), que possui distribuição mundial.

Primariamente, a infecção por esse vírus ocorre em crianças menores de 2 anos, sendo que o pico de incidência é dos 2 aos 6 meses. Aos 2 anos, aproximadamente 95% das crianças já foram infectadas pelo VRSH.3403228205M

A bronquiolite aguda (BA) é a síndrome do sistema ventilatório (SV) mais frequente e grave que acomete a criança jovem nos dois primeiros anos de vida (sendo encontrada em crianças até 2-3 anos de idade) e o pico de incidência ocorre abaixo dos 12 meses de idade.

Mais frequente no inverno

Tem um padrão epidêmico com prevalência no outono e inverno. Durante o período de inverno, é a causa mais comum de hospitalização de lactentes.

Inicia-se com os sintomas das infecções virais das vias aéreas superiores (febre e coriza), que progridem em quatro a seis dias, evoluindo para o acometimento das vias aéreas inferiores (tosse e chiado).

Em geral, é uma doença autolimitada, com uma taxa de mortalidade baixa (<1%), embora possa ser mais elevada (30%) em grupos de crianças de alto risco (prematuros, com displasia broncopulmonar, cardiopatia congênita e imunocomprometidos, desnutridos, entre outros), em que está associada a doença prolongada e maior risco de óbito.

Crianças com idade inferior a seis meses apresentam risco de doença grave decorrente da bronquiolite aguda.

Ocasiona a inflamação e a obstrução dos bronquíolos.

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O agente etiológico mais frequente é o vírus sincicial respiratório, mas a BA também pode ser ocasionada pelo parainfluenza, adenovírus, influenza, Mycoplasma pneumoniae, rinovírus, Chlamydia pneumoniae, metapneumovírus humano e coronavírus.

bronquiolite (3)

Os vírus multiplicam-se nas células epiteliais ciliadas, e a inflamação e os debris celulares ocasionam obstrução da via aérea, hiperinsuflação, atelectasia localizada, chiado e alterações das trocas gasosas.

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Tratamento

Não existem evidências definitivas em relação aos tratamentos utilizados para esta doença.

O tratamento pode incluir a utilização de oxigênio, hidratação, analgésicos/antitérmicos, beta-2 agonistas por via inalatória, fisioterapia respiratória, entre outros. Medidas profiláticas: administração de anticorpos monoclonais (palivizumab).

A maioria das crianças com BA, independentemente da gravidade da doença, recuperam-se sem sequelas.

O curso natural desta doença, habitualmente, varia entre sete a dez dias, mas algumas crianças permanecem doentes por semanas.

  • Carvalho, Werther Brunow de, Johnston, Cíntia, & Fonseca, Marcelo Cunio. (2007). Bronquiolite aguda, uma revisão atualizada.Revista da Associação Médica Brasileira53(2), 182-188. https://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302007000200027
  • Salomão Junior, João B, Gardinassi, Luiz G. A, Simas, Paulo V. M, Bittar, Cintia O, Souza, Fátima P, Rahal, Paula, & Zanetta, Dirce M. T. (2011). Vírus respiratório sincicial humano em crianças hospitalizadas por infecções agudas das vias aéreas inferiores. Jornal de Pediatria87(3), 219-224. https://dx.doi.org/10.1590/S0021-75572011000300007

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Solução salina hipertônica administrada via nebulização para bronquiolite aguda em crianças

A bronquiolite viral aguda é a infeção do trato respiratório inferior mais comum em crianças com até dois anos de idade. Atualmente, não há um tratamento efetivo para a doença e o tratamento padrão consiste em medidas de apoio.

A nebulização com solução salina hipertônica pode ser um tratamento benéfico para o manejo da bronquiolite aguda porque pode melhorar a higiene das vias aéreas.

Esta revisão foi realizada para avaliar os efeitos da solução salina hipertônica (com concentração ≥ 3%) administrada via nebulização em crianças com bronquiolite aguda, comparada a nebulização com soro fisiológico (na concentração de 0,9%).

Se ficar demonstrado que a solução salina hipertônica é terapêutica, ela pode se tornar uma opção de tratamento barata e efetiva para esses pacientes.

Foram incluídos 11 estudos randomizados envolvendo 1090 crianças com bronquiolite leve a moderada.

Dez dos 11 estudos foram considerados como estudos de alta qualidade com baixo risco de erro (isto é, viés) nas suas conclusões.

A metanálise sugere que a nebulização com solução salina hipertônica pode encurtar em 1,2 dias em média o tempo de internação de crianças com bronquiolite aguda não grave e melhorar o escore clínico de gravidade da doença tanto em pacientes hospitalizados como nos não hospitalizados.

Não foram observados efeitos significativos a curto prazo (dos 30 aos 120 minutos) com uso de até três doses de nebulização salina hipertônica em pacientes em unidades de emergência.

Entretanto, mais estudos são necessários para responder esta questão. Não foram observados efeitos adversos significantes com o uso da nebulização salina hipertônica quando administrada juntamente com broncodilatadores.

Dados os benefícios clinicamente relevantes e a sua segurança, a nebulização com solução salina hipertônica usada juntamente com broncodilatadores deve ser considerada um tratamento efetivo e seguro para crianças com bronquiolite viral aguda leve ou moderada.

Conclusões dos autores: 

As evidências atuais sugerem que a nebulização com solução salina a 3% pode reduzir significativamente o tempo de internação em crianças hospitalizadas por bronquiolite viral aguda não grave e melhorar os escores de gravidade clínica tanto em pacientes ambulatoriais quanto hospitalizados.

Resumo na íntegra:

Introdução: 

O edema de vias aéreas e tampões de muco são os principais achados patológicos em crianças com bronquiolite viral aguda. A nebulização com solução salina hipertônica pode reduzir essas alterações patológicas e diminuir a obstrução das vias aéreas.

Objetivos: 

Avaliar os efeitos da nebulização com solução salina hipertônica (≥ 3%) em crianças com bronquiolite viral aguda.

Estratégia de busca: 

A busca foi realizada na CENTRAL 2013, issue 4, OLDMEDLINE (1951 a 1965), MEDLINE (1966 até a quarta semana de abril, 2013), EMBASE (1974 a maio 2013), LILACS (1985 a maio 2013) e Web of Science (1955 a maio 2013).

Critérios de seleção: 

Foram incluídos ensaios clínicos randomizados controlados (ECR) e <i>quasi</i>-randomizados usando nebulização com solução salina hipertônica sozinha ou em conjunto com broncodilatador como intervenção ativa e nebulização com solução salina a 0,9% como controle de comparação em crianças de até 24 meses de idade com bronquiolite aguda.

Coleta dos dados e análises: 

Dois revisores realizaram, independentemente, a seleção dos estudos, extração de dados e a avaliação do risco de viés nos estudos incluídos. Foram realizadas metanálises usando o pacote estatístico RevMan 5.2 da Cochrane. Foi usado um modelo de efeito randômico para as metanálises. Foi empregada a diferença de média e risco relativo (RR) como medida do tamanho do efeito.

Principais resultados: 

Foram incluídos 11 estudos envolvendo 1090 crianças com bronquiolite viral aguda leve a moderada (500 crianças internadas, cinco estudos; 65 pacientes ambulatoriais, um estudo; e 525 crianças em unidades de emergência, 4 estudos). Dez dos onze estudos incluídos eram de alta qualidade e baixo risco de viés. Um total de 560 pacientes recebeu solução salina hipertônica a 3% e 57 receberam solução salina a 5%. Os pacientes tratados com nebulização com a solução salina a 3% tiveram significativamente menor tempo médio de internação do que aqueles tratados com nebulização salina a 0,9% (DM 1,15 dias, IC 95% -1,49 a -0,82, P < 0,00001). Nos três primeiros dias de tratamento, o grupo que recebeu solução salina hipertônica também teve escore clínico pós-inalação significativamente menor que o grupo que recebeu nebulização salina a 0,9% (dia 1: DM -0,88, IC 95% -1,36 a -0,39, P = 0,0004; dia 2: DM -1,32, IC95% -2,00 a -0,64, P = 0,001; dia 3: DM -1,51, IC95% -1,88 a -1,14, P < 0,00001). A melhora nos escores clínicos foi observada tanto em pacientes internados quanto em pacientes ambulatoriais. Quatro estudos que avaliaram pacientes em unidades de emergência não encontraram efeitos significantes na melhora dos escores clínicos e na saturação de oxigênio a curto prazo (30 a 120 minutos) com o uso de até três doses de nebulização salina a 3%. Nenhum efeito adverso significante relacionado à inalação de solução salina hipertônica foi relatado.

Notas de tradução: 

Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Gabriela Souto Nogueira)

http://www.cochrane.org/pt/CD006458/solucao-salina-hipertonica-administrada-via-nebulizacao-para-bronquiolite-aguda-em-criancas

Hypertonic saline (HS) for acute bronchiolitis: Systematic review and meta-analysis.

Maguire C; Cantrill H; Hind D; Bradburn M; Everard ML.

BMC Pulm Med; 15: 148, 2015.

Artigo em Inglês | MEDLINE | ID: mdl-26597174

Resumo

BACKGROUND: Acute bronchiolitis is the commonest cause of hospitalisation in infancy. Currently management consists of supportive care and oxygen. A Cochrane review concluded that, “nebulised 3 % saline may significantly reduce the length of hospital stay”. We conducted a systematic review of controlled trials of nebulised hypertonic saline (HS) for infants hospitalised with primary acute bronchiolitis. METHODS: Searches to January 2015 involved: Cochrane Central Register of Controlled Trials; Ovid MEDLINE; Embase; Google Scholar; Web of Science; and, a variety of trials registers. We hand searched Chest, Paediatrics and Journal of Paediatrics on 14 January 2015. Reference lists of eligible trial publications were checked. Randomised or quasi-randomised trials which compared HS versus either normal saline (+/- adjunct treatment) or no treatment were included. Eligible studies involved children less than 2 years old hospitalised due to the first episode of acute bronchiolitis. Two reviewers extracted data to calculate mean differences (MD) and 95 % Confidence Intervals (CIs) for length of hospital stay (LoS-primary outcome), Clinical Severity Score (CSS) and Serious Adverse Events (SAEs). Meta-analysis was undertaken using a fixed effect model, supplemented with additional sensitivity analyses. We investigated statistical heterogeneity using I(2). Risk of bias, within and between studies, was assessed using the Cochrane tool, an outcome reporting bias checklist and a funnel plot. RESULTS: Fifteen trials were included in the systematic review (n = 1922), HS reduced mean LoS by 0.36, (95 % CI 0.50 to 0.22) days, but with considerable heterogeneity (I(2) = 78 %) and sensitivity to alternative analysis methods. A reduction in CSS was observed where assessed [n = 516; MD -1.36, CI -1.52, -1.20]. One trial reported one possible intervention related SAE, no other studies described intervention related SAEs. CONCLUSIONS: There is disparity between the overall combined effect on LoS as compared with the negative results from the largest and most precise trials. Together with high levels of heterogeneity, this means that neither individual trials nor pooled estimates provide a firm evidence-base for routine use of HS in inpatient acute bronchiolitis.

RESULTADOS: Quinze ensaios foram incluídos na revisão sistemática (n=1922), a solução hipertônica obteve redução média LoS por 0,36, (IC 95% 0,50 a 0,22) dias , mas com uma considerável heterogeneidade (I (2) = 78%) e sensibilidade à alternativa métodos de análise. Observou-se uma redução no CSSs. CONCLUSÕES: Há disparidade entre o efeito combinado global em comparação com os resultados negativos dos ensaios maiores e mais precisos.

Using hypertonic saline to manage bronchiolitis in infants.

Canty WB; Colomb-Lippa D.

JAAPA; 27(7): 45-9, 2014 Jul.

Artigo em Inglês | MEDLINE | ID: mdl-24979497

Resumo

Bronchiolitis is the most common lower respiratory tract infection in young children and the leading cause of infant hospitalizations. Treatment is centered on supportive measures. Recent studies suggest hypertonic saline is an effective treatment option in admitted infants, demonstrating promising reductions in length of stay and clinical severity scores.

A bronquiolite é a infecção mais comum do trato respiratório inferior em crianças pequenas e a principal causa de hospitalizações infantis. O tratamento é centrado em medidas de suporte. Estudos recentes sugerem que a solução salina hipertônica é uma opção de tratamento eficaz em crianças internadas, demonstrando reduções promissoras na duração da estadia e nos escores de gravidade clínica.

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Nebulized hypertonic saline/salbutamol solution treatment in hospitalized children with mild to moderate bronchiolitis.

Luo Z; Liu E; Luo J; Li S; Zeng F; Yang X; Fu Z.

Pediatr Int; 52(2): 199-202, 2010 Apr.

Artigo em Inglês | MEDLINE | ID: mdl-19674354

Resumo

BACKGROUND: The objective of this study was to determine the efficacy and safety of nebulized 3% hypertonic saline solution and salbutamol in the treatment of mild to moderate bronchiolitis. METHODS: In a randomized controlled trial, 93 infants with mild to moderate bronchiolitis were divided into two groups. The infants received inhalation of 2.5 mg (0.5 mL) salbutamol dissolved in either 4.0 mL normal (0.9%) saline (control group, n= 43) or 4.0 mL hypertonic (3%) saline (treatment group, n= 50). The therapy was repeated three times daily until discharge. Cough, wheezing, pulmonary physical signs, and the length of hospital stay were recorded. RESULTS: Wheezing remission time was 3.8 + or – 1.1 days in the control group and 2.7 + or – 0.9 days in the treatment group (P < 0.01). Cough remission time was 6.3 + or – 0.9 days in the control group and 5.3 + or – 0.8 days in the treatment group (P < 0.01). The moist crackles disappeared at 5.4 + or – 0.8 days in the treatment group versus 6.2 + or – 0.9 days in the control group (P < 0.01). Furthermore, the average length of hospital stay decreased from 7.4 + or – 1.5 days in the control group to 6.0 + or – 1.2 days in the treatment group (P < 0.01). No obvious adverse effects were observed. CONCLUSIONS: Inhalation of nebulized 3% hypertonic saline solution and salbutamol is a safe and effective therapy for patients with mild to moderate bronchiolitis.

Pediatrics

December 2015, VOLUME 136 / ISSUE 6

3% Hypertonic Saline Versus Normal Saline in Inpatient Bronchiolitis: A Randomized Controlled Trial

Alyssa H. Silver, Nora Esteban-Cruciani, Gabriella Azzarone, Lindsey C. Douglas, Diana S. Lee, Sheila Liewehr,Joanne M. Nazif, Ilir Agalliu, Susan Villegas, Hai Jung H. Rhim, Michael L. Rinke, Katherine O’Connor

Abstract

BACKGROUND AND OBJECTIVES: Bronchiolitis, the most common reason for hospitalization in children younger than 1 year in the United States, has no proven therapies effective beyond supportive care. We aimed to investigate the effect of nebulized 3% hypertonic saline (HS) compared with nebulized normal saline (NS) on length of stay (LOS) in infants hospitalized with bronchiolitis.

METHODS: We conducted a prospective, randomized, double-blind, controlled trial in an urban tertiary care children’s hospital in 227 infants younger than 12 months old admitted with a diagnosis of bronchiolitis (190 completed the study); 113 infants were randomized to HS (93 completed the study), and 114 to NS (97 completed the study). Subjects received 4 mL nebulized 3% HS or 4 mL 0.9% NS every 4 hours from enrollment until hospital discharge. The primary outcome was median LOS. Secondary outcomes were total adverse events, subdivided as clinical worsening and readmissions.

RESULTS: Patient characteristics were similar in groups. In intention-to-treat analysis, median LOS (interquartile range) of HS and NS groups was 2.1 (1.2–4.6) vs 2.1 days (1.2–3.8), respectively, P = .73. We confirmed findings with per-protocol analysis, HS and NS groups with 2.0 (1.3–3.3) and 2.0 days (1.2–3.0), respectively, P = .96. Seven-day readmission rate for HS and NS groups were 4.3% and 3.1%, respectively, P = .77. Clinical worsening events were similar between groups (9% vs 8%, P = .97).

CONCLUSIONS: Among infants admitted to the hospital with bronchiolitis, treatment with nebulized 3% HS compared with NS had no difference in LOS or 7-day readmission rates.

  • Accepted September 17, 2015.
  • Copyright © 2015 by the American Academy of Pediatrics

http://pediatrics.aappublications.org/content/136/6/1036?sso=1&sso_redirect_count=1&nfstatus=401&nftoken=00000000-0000-0000-0000-000000000000&nfstatusdescription=ERROR%3a+No+local+token

Zhang L, et al. Nebulized hypertonic saline for acute bronchiolitis in infants. Cochrane Database of Syst Rev. 2013;(7):CD006458.

The efficacy of nebulized salbutamol, hypertonic saline and salbutamol/hypertonic saline combination in moderate bronchiolitis.

Ipek IO; Yalcin EU; Sezer RG; Bozaykut A.

Pulm Pharmacol Ther; 24(6): 633-7, 2011 Dec.

Artigo em Inglês | MEDLINE | ID: mdl-21978929

Resumo

BACKGROUND: The mainstay of treatment in bronchiolitis includes oxygenation, aspiration of secretions from the respiratory tract and maintenance of hydration. The first choice medical agent in clinical practice is nebulized bronchodilators, although their place in treatment is controversial. OBJECTIVES: We investigated the therapeutic benefit of nebulized hypertonic (3%) saline (HS), by comparing four different nebulized regimens in the treatment of bronchiolitis in the emergency department. METHODS: A total of 120 infants were included in this randomized, double-blind, prospective study. Infants were grouped according to the nebulized treatment they received: group 1 – salbutamol + normal saline (NS), group 2 – salbutamol + HS, group 3 – HS, group 4 – NS. Heart beat, Clinical Bronchiolitis Severity Score (CBSS) and oxygen saturation of the patients were determined before and after the nebulizations and at 48-72 h after admission by the designated study physician. RESULTS: Post-treatment mean CBSS were significantly lower than pre-treatment scores in all groups (p = 0.0001) with no significant difference within groups. Improvement percentages for CBSSs were significantly higher in infants without a history of atopy treated with HS and NS (p = 0.023, p = 0.0001, respectively). CONCLUSIONS: The CBSSs of all the infants improved after three doses of nebulized therapy regardless of the treatment regimens. The combination of salbutamol with hypertonic saline did not lead to an additive effect in the improvement of CBSSs compared to the standard salbutamol + NS combination. Atopic children benefited from salbutamol/NS combination whereas non-atopic children improved with HS and NS nebulizations based on improvement percentages of CBSS.